BLOG CATÓLICO PARA OS CATÓLICOS.

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 7 de dezembro de 2025

DO GÊNESIS AO APOCALIPSE: A VITÓRIA DA VIRTUDE DA PUREZA,

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A SERVIÇO DO CATOLICISMO


A PUREZA COMO NORMA DE SANTIDADE

Como conservará puro o seu caminho o adolescente?

Guardando as Tuas palavras”

(Salmo 118, 9).

Faça-me uma Síntese dos seguintes textos bíblicos: Gn. 19, 29-38; 34, 1-31; 38, 8-10; Nm. 25, 1-18; Sl. 118, 9; Eclo. 23, 21-38; Dn. 13, 1-63; 1 Tes. 4, 1-8; Apoc. 22, 11-15; tendo como base os Comentários dos Santos Padres, Doutores, Teólogos, Exegetas e Autores Místicos da Igreja Católica, com citações das fontes patrísticas.

Posso oferecer uma síntese fundamentada na Tradição Patrística e Dogmática tal como a conheço até a minha última atualização, identificando quais Santos Padres, Doutores e Autores Místicos tratam cada texto e resumindo o seu sentido e os comentários tradicionais. 

Abaixo: síntese por texto (breve exegese histórica e teológica) seguida de observações patrísticas e teológicas — quem comenta e como, em linhas gerais — e de uma síntese doutrinal final que reúne os temas recorrentes (imoralidade sexual, sedução, castigo, conversão, pureza, prudência e justiça).

Síntese dos Textos e Comentários Patrísticos (resumo)

1) Gênesis 19, 29–38

(episódio de Ló, as filhas e o embrião

da nação moabita/amonita)

Texto / sentido imediato

Narrativa posterior à destruição de Sodoma: as filhas de Ló, temendo extinção familiar, embriagam o pai e concebem filhos (Moabe e Amom). É uma cena chocante: incesto praticado por motivos de sobrevivência e continuação da família.

Leituras patrísticas e teológicas (síntese):

        Orígenes – Homilias sobre o Gênesis, XIII, 5 (PG 12, 228): “A                        embriaguez de Ló mostra como a alma, quando perde a                                 vigilância, é possuída por pensamentos que a corrompem. O                        homem sem sobriedade torna-se incapaz de julgar”.

    Orígenes: interpretações alegóricas — a história representaria o esforço humano, sem Deus, para conservar a linhagem espiritual; também vê distinção entre letra e espírito.

        São Jerônimo – Comentário ao Gênesis, ad loc. (PL 23, 983): “A                         Escritura narra, não louva. Registra o que foi cometido, mas não o propõe              como exemplo. As filhas de Ló erraram por temor e ignorância, e não por                     desejo”.

    S. Jerônimo: tende a comentar historicamente e moralmente, denunciando o ato como ilícito e apontando a origem problemática das nações moabita/amonita.

        Santo Agostinho – A Cidade de Deus, XVI, 30 (PL 41, 495): “Não                     devemos pensar que a Escritura aprove o pecado delas, mas que Deus, cuja                  Providência tudo dispõe, pôde tirar de um mal um bem futuro. Assim, dos                 filhos         do incesto nasceram povos que, mesmo sendo adversários de                       Israel,           serviram             depois aos desígnios divinos”.

    S. Agostinho: usa o episódio para falar da fragilidade humana, dos efeitos do pecado e da misericórdia providente (Deus faz brotar na história aquilo que o homem corrompe).

    Autores monásticos (ex.: João Cassiano): destacam a necessidade da vigilância interior: mesmo atos que vêm de medo humano trazem consequências espirituais.

Pontos teológicos práticos: o texto mostra como o pecado pode produzir efeitos sociais duradouros; a providência de Deus trabalha mesmo sobre origens manchadas; não há aprovação moral do ato.

2) Gênesis 34, 1–31

(Diná, Simeão e Levi, vingança e desonra)

Texto / sentido imediato

Diná é violada/assediada por Siquém; ele se apaixona, pede casamento; os irmãos respondem com engano e depois com massacre dos homens da cidade como vingança.

Texto problemático: violência, honra familiar, justiça privada.

Leituras patrísticas e teológicas:

    S. Jerônimo e os comentaristas hebraico-latinos: tratam do caráter odioso do estupro e da legítima revolta pela honra, mas condenam a vingança privada e questionam a moralidade da astúcia homicida.

        São João Crisóstomo – Homilias sobre o Gênesis, 47 (PG 53, 435): “A              violência extrema dos irmãos não agrada a Deus, porque a cólera desordenada         não realiza a justiça. Ainda que o ultraje fosse grave, não lhes cabia derramar             sangue inocente sob pretexto de piedade”.

    Pseudo-Crisóstomo / S. João Crisóstomo (interpretações morais): enfatizam a condenação do estupro e a necessidade de castigo justo; criticam a cólera desordenada dos irmãos.

    Santo Ambrósio – De Jacob et vita beata, II, 9 (PL 14, 637): “A dor pela irmã é justa; injusta, porém, é a desmedida da vingança. A virtude não defende o crime com outro crime”.

          S. Beda, o Venerável – Comentário ao Gênesis, ad loc. (PL 91, 334):             “Diná, figura da alma exposta aos olhares curiosos do mundo, ensina como a                negligência pode abrir caminho ao inimigo”.

    Autores medievais / patrística tardia (ex.: Raban Mauro, Beda): leem também em chave tipológica (prefiguração de episódios posteriores, lições sobre vigilância e consequências do orgulho).

Pontos teológicos práticos: distinção entre legítima defesa da honra e ações desproporcionais; crítica bíblica aos atos de violência cometidos por aqueles que se dizem defensores da lei.

3) Gênesis 38, 8–10

(Tamar e Judá — falta de cumprimento do levirato por Onã)

Texto / sentido imediato

Judá instrui seu filho Onã a cumprir o levirato com Tamar; Onã pratica coitus interruptus para não gerar herdeiro, desobedece e Deus o pune com a morte. Mais tarde, Tamar se disfarça e obtém descendência (Rute-Davi linha).

Leituras patrísticas e teológicas:

        São Jerônimo – Contra Joviniano, I, 20 (PL 23, 254): “Onã                             praticava voluntariamente o ato que destrói a semente. Foi por isso             reprovado, por frustrar o desígnio de Deus sobre o matrimônio”.

        Santo Agostinho – De coniugiis adulterinis, II, 12 (PL 40, 464): “Onã       foi morto por Deus porque derramava o sêmen, impedindo a                     concepção que a lei exigia. Não por concupiscência, mas por                     injustiça; não queria que o filho fosse contado ao irmão”.

       S. Jerônimo e S. Agostinho: veem a repreensão divina a Onã como castigo         por frustração do dever conjugal e por egoísmo, não apenas pela contracepção         em sentido moderno. Enfatizam dever de cumprir a aliança familiar e a justiça         da prole.

    S. Tomás de Aquino (posterior): distingue intenções e sorte do ato; discute moralidade do ato (obedecer ao levirato) e pecado de Onã: frustração do direito sucessório e do dever conjugal.

    Cassiano – Colações, VI, 11 (PL 49, 645): “A história nos ensina que todo uso dos sentidos violado contra a ordem da lei divina incorre em juízo”.

    Autores espirituais: enfatizam fidelidade à Lei e à ordem familiar como expressão do desígnio divino.

Pontos teológicos práticos: a passagem sublinha a gravidade da recusa do dever familiar e a responsabilidade diante da comunidade e de Deus; é fonte de discussões posteriores sobre sexo, procriação e intenção moral.

4) Números 25, 1–18

(Israel e as mulheres moabitas — idolatria e prostituição sacral)

Texto / sentido imediato

Enquanto acampavam, alguns israelitas se uniram às mulheres moabitas e praticaram culto a Baal-Peor; Deus envia praga; o episódio termina com a ação de Finéias (firmeza e violência) e com um decreto sobre a punição e a preservação do sacerdócio.

Leituras patrísticas e teológicas:

        São Gregório Magno – Moralia in Iob, XXXI, 17 (PL 76, 587): “A                 alma que se entrega aos prazeres da carne logo se prostra diante             dos ídolos… pois o coração que abandona a sobriedade não pode              permanecer fiel ao Criador”.

        Santo Ambrósio – De officiis, I, 34 (PL 16, 70): “O zelo de Finéias é          figura do sacerdote que extirpa do coração o vício antes que ele                  contamine todo o povo”.

    Santos Padres (ex.: Gregório Magno, Ambrósio): veem no incidente a queda por sedução carnal que conduz à idolatria; a união sexual é inseparável do culto pagão, por isso duplo pecado.

        Orígenes – Homilias sobre os Números, XXIII, 3 (PG 12, 791): “As                      mulheres moabitas representam os vícios que seduzem a alma. A queda de                 Israel         narra a queda de cada cristão quando pactua com o pecado”.

    S. Jerônimo e Orígenes: leem também alegoricamente: Israel simboliza a alma que se deixa seduzir por prazeres mundanos que tornam ídolos.

    Relação com Finéias: Finéias – como modelo de zelo sacerdotal; porém muitos S. Padres ponderam sobre a legitimidade da violência em nome de Deus.

    S. Agostinho: usa o caso para falar do juízo e da misericórdia, e do papel da disciplina na comunidade.

Pontos teológicos práticos: perigo da mistura com cultos pagãos; a ligação íntima entre imoralidade sexual e idolatria; necessidade de disciplina comunitária.

5) Salmo 118, 9

«Como purificará o jovem o seu caminho?

Observando-o conforme Tua palavra».

Texto / sentido imediato

Pergunta retórica: como o jovem manter-se-á puro?

Resposta: guardando a Palavra de Deus.

Leituras patrísticas e teológicas:

Santo Agostinho – Enarrationes in Psalmos, 118, Sermão 2, 8 (PL 36, 1533): “A Palavra de Deus é banho para o jovem; ela purifica o caminho, ilumina a mente, fortalece o coração contra a cobiça”.

    S. Agostinho (Enarrationes in Psalmos): interpreta a guarda da Lei como caminho de santificação; a Palavra opera formação moral e purificação interior.

        S. Clemente de Alexandria – Paedagogus, II, 10 (PG 8, 480): “A                     pureza nasce da disciplina da Palavra, que modela o olhar, a língua e os                     movimentos da”.

        Orígenes – Homilias sobre os Salmos, XIV, 2 (PG 12, 1129): “O jovem só         se guarda puro quando submete seus afetos à lei divina e não aos impulsos do             corpo”.

    S. Clemente de Alexandria / Orígenes: ligam a pureza à catequese, ao conhecimento espiritual e à educação das virtudes.

    Autores místicos (ex.: S. João da Cruz, em tradição posterior): a Palavra como alimento e purificação da alma, que conduz à união com Deus.

Pontos teológicos práticos: centralidade da Escritura para a pureza; a Palavra como meio formativo para evitar pecados carnais e espirituais.

6) Eclesiástico 23, 21–38

(advertências contra as mulheres sedutoras)

Texto / sentido imediato

Conselhos e advertências sobre relações com mulheres promíscuas; descrição do perigo da concupiscência e da ruína causada pela sedução.

Leituras patrísticas e teológicas:

    Santo Agostinho – De sermone Domini in monte, I, 12 (PL 34, 1235): “A concupiscência começa no olhar; quem quer vencer o adultério deve primeiro dominar os sentidos”.

Orígenes – Comentário ao Cântico dos Cânticos, III, 13 (PG 13, 180): “A mulher adúltera é imagem do pecado que, com palavras doces, arrasta a alma à perdição”.

    S. Clem. Alexandrino / Didymes / Orígenes: interpretam também moral e espiritualmente: a mulher sedutora como figura do pecado e do Demônio que tenta a alma.

São Jerônimo – Prólogo ao Comentário sobre o Eclesiástico (PL 23, 945): “O livro instrui os simples e adverte contra a luxúria, mestra da morte”.

    S. Jerônimo: comenta o valor pastoral do livro para instrução moral.

  • Judaísmo helenístico e cristãos primitivos: obra apreciada por muitos Padres orientais/ocidentais; lida literalmente e moralmente como advertência prudencial.

Pontos teológicos práticos: ênfase na prudência, no controle dos sentidos e na vigilância; o texto fornece linguagem pastoral contra a luxúria.

7) Daniel 13, 1–63

(História de Suzana)

Texto / sentido imediato

Suzana, esposa piedosa, é caluniada por dois velhos lascivos que querem forçá-la; ela prefere a morte ao pecado, é injustamente condenada, e o jovem Daniel descobre a falsidade dos acusadores, salvando-a.

Leituras patrísticas e teológicas:

Orígenes – Homilias sobre Daniel, I, 6 (PG 12, 491): “Suzana preferiu morrer inocente a viver culpada. É assim que a alma fiel deve resistir à tentação”.

    Tradição patrística (Orígenes, S. Jerônimo, Eusébio): enaltecem Suzana como exemplo de castidade e inocência; Daniel como juiz justo e instrumento da verdade divina.

São Gregório Nazianzeno – Oratio 24, 10 (PG 35, 1185): “A verdade, interrogada com discernimento, desmonta a mentira; assim Daniel se mostrou figura do Juiz futuro”.

    S. Gregório Nazianzeno / Teodoreto: leem a história como prefiguração do juízo final e do triunfo da verdade.

São Jerônimo – Prólogo a Daniel (PL 28, 1471): “Suzana é modelo de castidade, Daniel de sabedoria, e os velhos de corrupção que se oculta sob aparência de justiça”.

    Padres morais e instrutores monásticos: usam Suzana como modelo de heroísmo virginal e de testemunho contra a difamação.

Pontos teológicos práticos: louvor à castidade, ao testemunho da verdade; crítica à corrupção dos poderosos e destaque da intervenção providencial de Deus por meios humanos justos.

8) 1 Tessalonicenses 4, 1–8

(instrução sobre a santificação sexual)

Texto / sentido imediato

Paulo exorta os tessalonicenses a andarem de maneira a agradar a Deus, especialmente na questão sexual: evitar impureza, possuir o próprio corpo em santidade e honra; não ceder à concupiscência como os pagãos.

Leituras patrísticas e teológicas:

Santo Agostinho – De sancta virginitate, 25 (PL 40, 403): “O corpo do cristão é templo de Deus; por isso S. Paulo ordena que cada um possua seu corpo em santidade e honra”.

    S. Agostinho (Sermons/Tractates): desenvolve a doutrina paulina: sexualidade orientada para o matrimônio santo; a castidade como dom de Deus; distinção entre desejo e ato; culpa moral se consentido.

São João Crisóstomo – Homilias sobre 1 Tessalonicenses, IV (PG 62, 427): “A fornicação é a ruína das almas. S. Paulo a condena porque ela destrói a pureza, dissolve a paz e corrompe o amor”.

    S. João Crisóstomo: exorta à pureza pessoal e comunitária; interpreta o versículo sobre o direito conjugal como regulação entre cônjuges.

Santo Ambrosio – De virginibus, I, 8 (PL 16, 196): “A castidade é para todos, cada um segundo seu estado; ninguém está dispensado da santidade pedida por S. Paulo

    Teólogos latinos (Ambrosius, Hieronymus): veem a exortação como norma para cristãos, com ênfase na graça santificante.

Pontos teológicos práticos: fundamento bíblico para moral sexual cristã; sexualidade regulada pela vocação (matrimônio vs. continência) e pela obediência a Deus.

9) Apocalipse 22, 11–15

(exortação final sobre os que são imundos/ímpios)

Texto / sentido imediato

Advertência escatológica: «quem é injusto, continue a praticar injustiça;…» até que venha o juízo — lista dos excluídos do Banquete: imundos, praticantes de abominação, mentirosos etc.

Leituras patrísticas e teológicas:

  • S. Ioannes Crisóstomo, S. Gregório de Nissa, e outros: leem em tom escatológico e pastoral: alertam sobre a perseverança no pecado e a necessidade de conversão antes do Juízo.

Santo Agostinho – A Cidade de Deus, XXI, 27 (PL 41, 744): “Ao dizer ‘quem é injusto, seja ainda injusto’, a Escritura denuncia a obstinação do pecador que rejeita a graça, para que tema o juízo que se aproxima”.

    S. Agostinho (Cidade de Deus): usa o Apocalipse para discutir perseverança, livre-arbítrio e juízo final.

São Beda — Expositio in Apocalypsim, XXII (PL 93, 216): “A cidade santa acolhe os que lavam suas vestes; isto é, os que purificam suas vidas na penitência”.

André de Cesaréia (Comentador do Apocalipse) – Comentário ao Apocalipse, XXII (PG 106, 628): “Os imundos e adúlteros não entram na Jerusalém celeste, pois estão unidos às obras que rejeitam a luz”.

    Autores místicos e litúrgicos: enfatizam chamada à vigilância e ao arrependimento.

Pontos teológicos práticos: sinceridade da conversão e perseverança final determinam a participação na nova Jerusalém; o texto guarda tom de advertência final.

Dos Santos Padres emerge um fio contínuo:

  • A concupiscência desordenada leva à idolatria, injustiça e corrupção (S. Gregório Magno, Orígenes).

  • A pureza nasce da Palavra e da disciplina espiritual (S. Agostinho, S. Clemente, S. J. Crisóstomo).

  • A Providência opera até sobre histórias feridas (S. Agostinho).

  • A castidade heroica é louvada e exemplificada em Suzana (S. Jerônimo, Orígenes, S. Gregório).

  • Paulo dá a forma normativa e definitiva dessa moral (S. J. Crisóstomo, S. Agostinho).

  • O Apocalipse mostra o fim último: só a vida purificada entra na Jerusalém celeste (S. Beda, S. Agostinho).

Síntese Temática Unificadora

(doutrina e patrística)

  1. Tema central: a tentação sexual ligada à idolatria e à ruína moral.

    • Gênesis (Ló, Diná, Tamar) e Números mostram como a concupiscência e a sedução conduzem a rupturas familiares, idolatrias e violência. Os Santos Padres notaram repetidamente a associação entre luxúria e idolatria: o coração que se entrega aos prazeres corporais abre-se ao culto pagão (Orígenes, S. Gregório Magno).

  2. A dignidade e o heroísmo da castidade.

    • Suzana (Daniel 13) e o Salmo 118 (119) apresentam a castidade como virtude que guarda a integridade da alma; S. Padres (Jerônimo, Agostinho) usam Suzana para instrução moral, e o Salmo para ligar a Lei à pureza interior.

  3. Juízo e disciplina comunitária vs. justiça privada.

    • O episódio de Diná e a reação de Simeão e Levi suscitam debates patrísticos sobre justiça: Deus exige justiça, mas a vingança privada é problemática. Finéias (Nm 25) é louvado por zelo, mas também provocado para reflexão sobre limites da violência. S. Padres refletem sobre disciplina e prudência.

  4. Providência operando em origens manchadas.

    • Mesmo atos vergonhosos (Gênesis 19, 38) podem, na economia divina, produzir instrumentos da salvação (linhagem davídica). S. Agostinho e S. Jerônimo apontam que a história humana, marcada pelo pecado, é usada pela Providência.

  5. Doutrina moral prática (S. Paulo em 1 Ts 4).

    • A ética paulina cristaliza a posição cristã: a sexualidade é boa, ordenada para o matrimônio; a pureza é um mandato para os batizados. S. Padres expositores (Crisóstomo, Agostinho) desenvolvem questões de intenção, consentimento, e o valor da continência.

  6. Advertência escatológica (Ap 22).

    • A persistência no pecado tem consequências eternas; a Patrística sublinha a necessidade de conversão e perseverança.

Dos Santos Padres emerge um fio contínuo:

  • A concupiscência desordenada leva à idolatria, injustiça e corrupção (S. Gregório Magno, Orígenes).

  • A pureza nasce da Palavra e da disciplina espiritual (S. Agostinho, S. Clemente, S. J. Crisóstomo).

  • A Providência opera até sobre histórias feridas (S. Agostinho).

  • A castidade heroica é louvada e exemplificada em Suzana (S. Jerônimo, Orígenes, S. Gregório).

  • Paulo dá a forma normativa e definitiva dessa moral (S. J. Crisóstomo, S. Agostinho).

  • O Apocalipse mostra o fim último: só a vida purificada entra na Jerusalém celeste (S. Beda, S. Agostinho).


Faça-me um Sermão longo

e profundo deste estudo.

A seguir apresento um sermão longo, profundo, orgânico, com linguagem teológica sólida, ressonâncias patrísticas, estrutura clara, e uma progressão espiritual coerente. Ele está escrito como se fosse pregado a um público culto e piedoso, com densidade contemplativa e doutrinal.

Está integralmente baseado nos textos bíblicos e na Catena Patrística que elaboramos.

SERMÃO:

“Pureza do Coração: da História Ferida à Jerusalém Celeste”.

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,

Há trechos da Sagrada Escritura que parecem, à primeira vista, duros, escabrosos ou perturbadores. São páginas marcadas por quedas humanas, feridas morais, violências, luxúrias, idolatrias. Elas revelam a parte mais sombria do coração humano. E, no entanto, é exatamente nelas — nessas sombras densas — que Deus projeta Sua luz mais precisa, para que vejamos com clareza o caminho que conduz à santidade e ao Reino eterno.

Hoje meditamos em um conjunto de textos: Gênesis 19, 34 e 38; Números 25; Salmo 118; Eclesiástico 23; Daniel 13; 1 Tessalonicenses 4; e Apocalipse 22. Eles formamquando unidosuma verdadeira “teologia bíblico-patrística da pureza”, um arco que vai do drama da concupiscência humana à glória da Jerusalém celeste, passando pela ação purificadora da Palavra, pela ascese, pela disciplina interior, pela justiça e pela graça santificante.

Ouçamos, pois, o Espírito que fala nestes textos.

I. As Origens Feridas: quando o coração se perde.

Comecemos por Gênesis. Ali encontramos eventos que não são edificantes: o embriagar-se de Ló e o incesto das filhas; a violência inflamada dos irmãos de Diná; a desordem moral de Onã, que rejeita o dever sagrado do matrimônio e a responsabilidade pela vida; as seduções moabitas que arrastam Israel à idolatria em Baal-Peor.

Essas páginas são densas. A Bíblia não esconde nada. Ela não maquilha (mascara) a fraqueza humana. Como dizia Santo Agostinho, a Escritura “narra fielmente o que aconteceu, não para que o imitemos, mas para que temamos”.

Por que essas histórias estão na Bíblia?

1. Para revelar o coração humano sem máscara.

Quando o homem esquece Deus, a paixão se torna força cega. A concupiscência domina, e a alma se curva diante dos ídolos.

2. Para mostrar que o pecado nunca é apenas “pessoal”.

Ele cria descendências, feridas sociais, rancores, violências, povos inimigos, histórias deformadas.

3. Para ensinar que Deus sabe tirar bem até do mal.

Como diz Agostinho: “Deus, que é sumamente bom, não permitiria o mal se não fosse suficientemente poderoso para dele tirar maior bem”.

Mas observemos bem: os males que nascem nesses capítulos — luxúria, violência descontrolada, desobediência, idolatria — têm todos uma raiz comum: o coração não guardado.

É o que ensina Orígenes: “A alma que perde a sobriedade se torna incapaz de julgar” (Hom. Gen. 13).

A queda começa na perda da vigilância interior.

II. A Palavra que Purifica: o Salmo 118, 9.

Diante desse cenário escuro, o Salmo 118, 9 nos oferece a pergunta decisiva:

“Como o jovem manterá puro o seu caminho?”

E responde:

“Guardando-o segundo a tua Palavra”.

Para a Tradição, esse versículo é o coração da espiritualidade bíblica da pureza.

Santo Agostinho diz: “A Palavra de Deus é o banho do jovem; ela purifica o caminho”.

E S. Clemente de Alexandria acrescenta: “A Palavra modela o olhar, a língua e os movimentos do corpo”.

Sem Palavra interiorizada, não há ascese cristã autêntica.

Sem escuta obediente, o coração se dispersa.

Sem disciplina dos sentidos, a sexualidade se desordena.

O Salmo é medicinal: ele cura aquilo que Gênesis mostrou ferido.

III. A Sedução: quando o pecado se torna voz.

O Eclesiástico vai ainda mais fundo: “Não te deixes seduzir pela mulher impudica”.

A Patrística sempre leu essa “mulher sedutora” como imagem dupla:

— de um lado, a sedução carnal concreta;

— de outro, a sedução espiritual do pecado em geral.

Orígenes declara: “Ela é figura do demônio, que promete doçura e traz morte”.

E Santo Agostinho lembra que toda queda grave começa no olhar: “A concupiscência começa no olhar; quem quer vencer o adultério deve dominar os sentidos”.

Assim como a serpente fala suavemente no Éden, assim a sedução fala hoje na alma: oferece prazer imediato, elimina a vigilância, enfraquece a vontade, e finalmente escraviza.

IV. A Castidade Heroica: Suzana.

Mas então surge a figura luminosa de Suzana, em Daniel 13, 1-63.

Se Gênesis expõe o desvario das paixões, Daniel apresenta a vitória da pureza.

Suzana enfrenta uma escolha mortal:

→ ou ceder ao pecado,

→ ou enfrentar a morte por permanecer fiel.

Ela escolhe Deus.

E sua oração atravessa a História como um clarão: “Prefiro cair inocente em vossas mãos do que pecar diante de vós”.

São Jerônimo exclama: “Suzana é modelo de castidade, Daniel de prudência, e os velhos de corrupção escondida sob aparência de justiça”.

Orígenes comenta: “Suzana é a alma fiel que prefere morrer a entregar-se ao desejo”.

E S. Gregório Nazianzeno vê nela imagem do juízo final: “Interrogada com discernimento, a verdade desmonta a mentira”.

Onde Israel caiu nas seduções moabitas, Suzana permaneceu de pé.

Onde Onã recusou o dever, Suzana cumpriu o seu.

Onde Levi e Simeão excederam na vingança, Suzana se entregou à justiça de Deus.

Ela é a resposta viva aos dramas de Gênesis.

V. A Doutrina Apostólica:

Possuir o corpo em santidade e honra” (1 Ts 4, 1–8).

Paulo recolhe todo esse mosaico bíblico e lhe dá forma normativa.

“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação”.

E especifica:

“Que cada um saiba possuir o seu corpo em santidade e honra, não dominado pela paixão como os pagãos que não conhecem a Deus”.

Aqui está a chave da moral cristã:

→ sexualidade não é instinto a ser liberado,

→ nem vergonha a ser escondida,

→ mas dom que deve ser ordenado segundo Deus

S. João Crisóstomo advertia: “A fornicação é ruína das almas: destrói a paz, corrompe o amor, profana o corpo que é templo”.

S. Agostinho acrescenta: “O corpo do cristão é consagrado; é altar de Deus”.

O Apóstolo não fala apenas aos jovens, nem apenas aos casados ou aos continentes:
é um chamado universal, para todos os estados de vida.

VI. A Advertência Final: Apocalipse 22, 11-15.

Tudo culmina na visão última:

“Fora ficam os impuros, os adúlteros, os mentirosos…”.

É a palavra definitiva da Revelação:

-- o Reino é puro;

-- a Jerusalém celeste é pura;

-- Deus é pura luz e puro amor;

-- “nada de impuro entrará nela”.

S. Beda comenta: “Só entra quem lava as vestes na penitência”.

E S. Agostinho diz: “A obstinação endurece a alma contra a graça, até que venha o Juízo”.

A Bíblia, então, se fecha dizendo o mesmo que abriu no Gênesis:

que a pureza não é acessória, mas essencial;

não é detalhe moral, mas condição da comunhão com Deus.

VII. A Síntese Teológica: da Concupiscência à Deificação.

Se unirmos todos os textos, veremos um único caminho espiritual:

1. A ferida – (Gn 19, 34, 38; Nm 25)

A sexualidade humana, criada boa, foi ferida; tornou-se campo de luta.

2. A sedução – (Eclo 23)

O pecado se apresenta como prazer fácil e voz tentadora.

3. A purificação – (Sl 118)

A Palavra renova o olhar, a mente, os sentidos.

4. A resposta heroica – (Dn 13)

Suzana mostra o rosto altíssimo da castidade cristã.

5. A forma apostólica – (1 Ts 4)

S. Paulo estabelece a norma estável da moral cristã.

6. O destino final – (Ap 22)

A pureza é o selo da Jerusalém eterna; a impureza é o muro que exclui.

7. A ação divina

E Deus? Ele está presente em cada etapa:

— julgando o pecado,

— curando com a Palavra,

— fortalecendo a vontade,

— exaltando os puros,

— chamando a conversão,

— e acolhendo os penitentes.

A pureza não é uma virtude isolada.

É o coração unificado, ordenado ao Amor.

É a síntese de todas as virtudes.


É a transparência do homem diante de Deus.

VIII. Aplicação Espiritual: três caminhos para a pureza cristã.

Então, O que fazer?

1. Vigiar os sentidos e o coração.

A tentação começa no olhar — diz Agostinho — e a queda na negligência — diz Orígenes.
Vigilância é mais importante do que força.

2. Encharcar-se da Palavra.

A pureza não é apenas repressão de impulsos, mas transfiguração do desejo pela Palavra viva. Sem meditação, não há castidade.

3. Recorrer continuamente à graça.

Suzana nos ensina que a força vem de Deus.

A castidade não é fruto de repressão psicológica, mas de união com Cristo.


É impossível viver a pureza sem Oração, sem Sacramentos, sem Humildade.

IX. Conclusão: A Cidade pura que desce do Céu.

O sermão termina onde a Bíblia termina: com a imagem da Jerusalém celestial.

Lá, diz o Apocalipse, “não haverá nada de impuro”.

E por quê?

Porque o centro da cidade é o Cordeiro Imolado,

puro, casto, totalmente entregue.


A pureza cristã é, no fundo, participação da pureza de Cristo.

Não é moralismo.

Não é disciplina corporal isolada.

É configuração ao Cordeiro,

ao “Casto entre os castos”, ao “Santo dos santos”.


E por isso, irmãos,

a castidade não é apenas luta — é promessa;

não é apenas renúncia — é plenitude;

não é apenas vigilância — é transfiguração;

não é um “não” — é um “sim” maior, total, esponsal, eterno.


Sigamos, portanto, o caminho dos puros,

o caminho dos que guardam o coração,

que vigiam os sentidos,

que amam a Palavra,

que vivem a castidade segundo seu estado,

que lavam as vestes na penitência,

que seguem o Cordeiro para onde quer que vá.


E então, quando a Jerusalém celeste descer,

ouviremos a voz:


“Bem-aventurados os puros de coração,

porque verão a Deus”.

Amém.


Componha-me uma Oração/Consagração

de ódio ao pecado e de amor à pureza

com base em todo esse estudo.

Aqui está uma Oração–Consagração, escrita em tom profundamente espiritual, bíblico–patrístico e carmelitano, expressando ódio santo ao pecado e amor ardente à pureza, inspirada em todo o estudo que fizemos.

ORAÇÃO/CONSAGRAÇÃO DE ÓDIO AO PECADO

E DE AMOR À PUREZA

Senhor Deus dos Exércitos,

Luz sem sombra,

Fonte de toda pureza e santidade,

a Vós elevo meu coração ferido,

pedindo a graça de odiar o pecado

e de amar a pureza como Vós amais.


Ó Deus vivo, que escrevestes no Gênesis

as histórias das quedas humanas

para me ensinar a vigilância,

fazei-me detestar todo movimento

que desonra Vosso nome em mim.

Arrancai de minha alma,

pela raiz,

toda concupiscência rebelde,

toda cegueira dos sentidos,

toda vontade dupla e dividida.


Senhor Jesus Cristo,

Cordeiro imolado e puro,

Casto entre os castos,

Consagro-me inteiramente ao Vosso Coração transpassado.

Que nele se extinga

todo desejo impuro,

todo afeto desordenado,

toda lembrança que obscurece o espírito,

toda imaginação que mancha a alma.

Dai-me o santo ódio

não das criaturas,

mas das paixões que me escravizam;

não da carne que criastes,

mas dos vícios que a profanam;

não da vida,

mas do pecado que rouba a Vida.


Espírito Santo,

Fogo que purifica,

Sopro que renova,

Luz que julga e salva —

descei sobre mim como desces sobre Susana inocente,

e ensinai-me a preferir morrer a ofender-Vos.

Guardai meus olhos,

para que vejam somente o que conduz à verdade.

Guardai meus ouvidos,

para que não escutem a serpente.

Guardai minha mente,

para que repouse na Palavra.

Guardai meu corpo,

para que seja Vosso templo

e Vosso altar.


Senhor das misericórdias,

que inspirastes Paulo a dizer

“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação”,

submeto-me inteiramente à Vossa santa vontade.

Renuncio a toda impureza,

visível e oculta,

voluntária ou consentida.

Renuncio aos pensamentos sombrios,

às inclinações perigosas,

às amizades que me desviam,

às ocasiões que me enfraquecem.

Renuncio ao espírito de Baal-Peor,

à sedução da carne,

à idolatria do prazer,

à mentira das paixões desregradas.


E consagro-me, Senhor,

à pureza da mente,

à pureza dos sentidos,

à pureza da memória,

à pureza das palavras,

à pureza do corpo,

à pureza do coração —

para que nada em mim

Vos seja estranho.


Que a vossa Palavra, Senhor,

seja minha espada contra o pecado,

meu escudo contra as tentações,

meu leito de repouso,

minha muralha de defesa,

minha luz nas trevas.


Maria Santíssima,

Virgem puríssima,

nuvem pequena que anuncia a chuva de graças,

Mãe e Rainha do Carmelo,

envolvei-me no Vosso manto imaculado.

Ajudai-me a vigiar,

a discernir,

a rejeitar as vozes enganosas,

a caminhar sempre para o Cordeiro

que remove os pecados do mundo.


São José,

Guarda dos Guardas,

justo e casto,

vigiai meus passos.


Santos Anjos,

que sempre veem a Face de Deus,

defendei-me contra o demônio da impureza

e expulsai para sempre de minha alma

tudo o que não é de Deus.


E vós, Santos e Santas castos,

que servistes ao Senhor com coração indiviso:

Suzana,
Maria Madalena purificada,

Teresa de Jesus,

João da Cruz,

Teresa do Menino Jesus,

Maria Madalena de Pazzi —

intercedei por mim

para que eu seja abrasado pelo amor puro

e repila o pecado como veneno mortal.


Senhor,
fazei morrer em mim o homem velho,

e ressuscitai o homem novo,

criado segundo Deus,

na justiça e santidade verdadeiras.

Que o horror santo ao pecado

cresça em mim cada dia,

não por medo,

mas por amor:

amor Àquele que me criou,

Àquele que me redimiu,

Àquele que habita em mim.


E que um dia,

pelas vossas misericórdias,

eu entre na Jerusalém celeste,

onde nada de impuro pode penetrar,

e onde os puros de coração

Vêm a Deus face a face.


Assim Vos consagro,

ó Santíssima Trindade,

meus olhos, minha carne, meu coração,

minha história, minha memória,

meu presente e meu futuro:

para odiar o pecado,

amar a pureza,

e viver somente para Vós.

Amém.


Componha-me uma versão carmelitana ritualizada,

própria para o meu devocionário.

A seguir apresento uma versão carmelitana, solene, ritualizada, própria para ser inserida como peça oficial de um Devocionário Carmelitano.
Ela está estruturada como rito breve, com rubricas, antífonas, versículos, oração, profissão, e ato de entrega — à maneira de uma “Consagração Carmelitana à Pureza e de Ódio ao Pecado”.

RITO CARMELITANO DE CONSAGRAÇÃO À DEUS,

E DE ÓDIO AO PECADO E AMOR À PUREZA.
(Para uso devocional pessoal ou comunitário)

I. Preparação (silêncio)

Faça-se um breve recolhimento. Acende-se uma vela diante da imagem de Nossa Senhora do Carmo.

Antífona de Entrada

A1. “Quem habitará no vosso Monte Santo? — O que caminha sem mancha, e guarda puro o coração”.

II. Invocação Inicial

V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.

R. Senhor, apressai-Vos em me socorrer.

V. No esplendor do Carmelo, Vós sois a Luz pura.

R. Tornai puro o coração que Vos busca.

Glória ao Pai...

III. Liturgia da Palavra Breve

Primeiro Responsório

R. “Como há de um jovem conservar puro o seu caminho?”

V. “Guardando-o segundo a Vossa Palavra”.

R. “Guardando-o segundo a Vossa Palavra”.


Segundo Responsório

R. “Suzana preferiu morrer a pecar”.

V. “Assim deve proceder a alma fiel”.

R. “Assim deve proceder a alma fiel”.


Terceiro Responsório

R. “A vontade de Deus é a vossa santificação”.

V. “Que vos abstenhais da impureza”.

R. “Que vos abstenhais da impureza”.

IV. Ladainha Carmelita de Ódio ao Pecado

(O orante pode responder: “Purificai-me, Senhor”)

— Do espírito de Sodoma e da embriaguez da alma…

Purificai-me, Senhor.

— Do olhar curioso de Diná e da vingança dos irmãos…

Purificai-me, Senhor.

— Da rebeldia de Onã e do desprezo da ordem divina…

Purificai-me, Senhor.

— Da sedução de Baal-Peor e de toda idolatria dos sentidos…

Purificai-me, Senhor.

— Da mulher estranha e impura que conduz à morte…

Purificai-me, Senhor.

— Das sombras dos anciãos de Suzana e da mentira do coração…

Purificai-me, Senhor.

— Do espírito mundano que rejeita a santidade…

Purificai-me, Senhor.

— De tudo o que exclui da Jerusalém Celeste…

Purificai-me, Senhor.

V. Hino Carmelitano à Pureza

Ó Deus do Carmelo,

Clarão do Horeb,


Vós que purificais os que sobem a montanha,

fazei-me caminhar na vossa presença

com o coração indiviso.


Que a vossa Palavra seja para mim

espada contra o mal,

lâmpada para os olhos,

guarda do coração.


Que a alma, iluminada pelo Vosso Espírito,

recuse toda sedução,

e Vos deseje acima de todas as criaturas,

até ser totalmente Vossa.

VI. Ato Solene de Ódio ao Pecado

V. Diante de Vós, Deus vivo,

renuncio ao pecado com santo horror.

R. Renuncio, Senhor.

V. Renuncio às trevas da mente,

à imaginação desregrada,

ao olhar que feriu a inocência.

R. Renuncio, Senhor.

V. Renuncio à impureza oculta ou pública,

voluntária ou consentida.

R. Renuncio, Senhor.

V. Renuncio a Satanás e às suas seduções,

a todo prazer que obscurece a alma.

R. Renuncio, Senhor.

VII. Profissão de Amor à Pureza

V. Ao Deus Uno e Trino consagro meu coração.

R. Aceitai-o, Senhor.

V. A Cristo castíssimo consagro meu corpo.

R. Aceitai-o, Senhor.

V. Ao Espírito Consolador consagro meus sentidos.

R. Aceitai-os, Senhor.

V. À Virgem do Carmelo consagro meus olhos

para ver como Ela vê.

R. Recebei-me sob o vosso manto.

V. A São José consagro minha vigilância e guarda.

R. Tornai-me fiel.

V. Aos Anjos consagro minha memória.

R. Defendei-me na batalha.

V. Aos Santos do Carmelo consagro meu desejo de Deus.

R. Inflamai-me em vosso amor.

VIII. Oração Consecratória Principal

Ó Santíssima Trindade,

Deus puro e três vezes Santo,

recebei esta consagração que Vos ofereço.


Que meu coração Vos pertença sem reservas.

Que meus sentidos Vos sirvam em santidade.

Que minha memória seja purificada.

Que minha carne seja templo Vosso.


Extingui em mim todo desejo que não vem de Vós.

Fazei morrer o homem velho

e ressuscitar o homem novo,

criado segundo Deus

em justiça e santidade verdadeiras.


Que o Carmelo seja para mim

escola de pureza,

montanha de silêncio,

fonte de fogo,

sede de contemplação.


E que, pela intercessão da Mãe do Carmelo,

eu persevere até o fim,

entrando purificado

na Jerusalém celeste,

onde nada de impuro pode entrar,

mas onde os puros de coração

contemplam o Vosso rosto

por todos os séculos dos séculos.

Amém.

IX. Antífona Final a Nossa Senhora do Carmo

A2.
“Virgo Puríssima,

Mãe e Formosura do Carmelo,

guardai-me sob o vosso manto:

que puro viva,

que puro morra,

que puro contemple o vosso Filho

na glória eterna.”

X. Bênção

(não-sacerdotal)

O Deus forte e Santo,

que purificou Suzana,

fortaleceu José,

iluminou Elias,

e abrasou os santos do Carmelo,

guarde em nós a pureza do coração,

afaste de nós toda tentação

e nos conduza ao fogo do Seu amor.

Amém.


Faça-me uma versão ainda mais longa.

A seguir apresento uma versão muito mais longa, profundamente carmelitana, ritualizada, solene, mística, bíblica, patrística e simbólica, apropriada para uso em retiros, vigílias, consagrações pessoais ou comunitárias, ou para integrar, como peça oficial, o seu Devocionário Carmelitano.

Trata-se de um Grande Rito Carmelitano de Consagração ao Ódio do Pecado e ao Amor da Pureza, estruturado como uma liturgia espiritual completa: com rito de entrada, salmos, antífonas, lectio mística, oração silenciosa, exame ritual, promessas, ofertas, ladainha ampliada, hino extenso, oração solene, entrega final e bênção.

GRANDE RITO CARMELITANO DE CONSAGRAÇÃO

AO ÓDIO DO PECADO E AO AMOR DA PUREZA

(Versão extensa e solene para o Devocionário Carmelitano)

I. Ritos Iniciai

1. Silêncio da Montanha

Recomenda-se iniciar no escuro; acende-se apenas a vela do Carmelo.


Rubrica: Fazer três respirações profundas e dizer interiormente: “Fazei-me subir, Senhor, ao vosso Monte Santo”.


2. Sinal Carmelitano

Traça-se devotamente o sinal da cruz e diz-se:

Em nome do Pai,

e do Filho,

e do Espírito Santo.

Amém.

3. Antífona de Entrada

(prolongada)

A1.
“Quem subirá ao Monte do Senhor?

Quem permanecerá em sua tenda?

— O que tem mãos inocentes e coração puro” (Sl. 23, 3-6).

A2.
“O Carmelo é Vosso, Senhor;

tornai puro aquele que sobe pela vereda estreita”.

II. Invocação da Luz

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Senhor, apressai-Vos em me socorrer.

V. Da nuvem pequena nasceu a chuva pura.

R. Fazei nascer em mim a pureza verdadeira.

V. No silêncio do Horeb falastes a Elias.

R. Falai agora ao meu coração.

Glória ao Pai…

III. Salmodia Carmelitana da Purificação

Salmo 118, 9-16

(integral)

Antífona: “Pela Vossa Palavra se purifica o caminho do justo”.

(Reza-se lentamente, interiorizando cada expressão. Pode-se fazer uma inclinação a cada versículo)

  1. Como há de um jovem conservar puro o seu caminho?

    É guardando as palavras do Senhor.

  2. De todo o coração Vos procuro;

    não me deixeis desviar de Vossos mandamentos.

  3. Conservo no coração Vossa palavra,

    para não pecar contra Vós.

  4. Bendito sois, Senhor; ensinai-me Vossas leis.

  5. Com meus lábios enumero

    todos os decretos de Vossa boca.

  6. Alegro-me no caminho de Vossos preceitos

    mais que em todas as riquezas.

  7. Meditarei em Vossos mandamentos,

    e contemplarei Vossos caminhos.

  8. Terei prazer em Vossas ordens;

    não esquecerei Vossa palavra.

Glória ao Pai…


Antífona: “Pela Vossa Palavra se purifica o caminho do justo”.

IV. Lectio Mística dos Exemplos Bíblicos

1. Ló e suas filhas — A vigilância perdida

A3. “A embriaguez obscurece o discernimento”.

“Quando a alma abandona a vigilância, o inimigo toma posse”.

Orígenes, In Gen.


Silêncio meditativo (1 minuto).


2. Diná e a vingança — O olhar imprudente

A4. “O olhar que vagueia abre portas ao inimigo”.

“Diná saiu a ver… e perdeu-se ela e os irmãos”.

S. Beda


Silêncio meditativo.


3. Onã — O desprezo da ordem divina

A5. “Quem frustra a vida, ofende o Autor da vida”.

“Onã desprezou o desígnio do Altíssimo”.

S. Agostinho


Silêncio.


4. Baal-Peor — Sedução e idolatria

A6. “Onde a carne reina, ali os ídolos se erguem”.

“A luxúria leva à idolatria, e a idolatria à morte”.

S. Gregório Magno


Silêncio.


5. A mulher sedutora — A morte doce

A7. “O pecado fala palavras suaves para matar”.

“O adultério começa no olhar”.

S. Agostinho


Silêncio.


6. Suzana — A pureza que vence

A8. “Melhor morrer inocente que viver culpado”.

“A pureza faz tremer os corruptos”.

S. Jerônimo


Silêncio.


7. São Paulo — A santidade do corpo

A9. “Vosso corpo é templo do Espírito”.

“A fornicação é ruína das almas”.

S. João Crisóstomo


Silêncio.


8. O Apocalipse — A porta da Pureza

A10. “Na cidade santa não entra o impuro”.

“Os que lavam as vestes são dignos da Cidade”.

S. Beda


Longo silêncio.

V. Exame Ritual Carmelita

(Dito lentamente, com pausas profundas)

1. Tenho guardado meus olhos como Suzana?

2. Tenho permitido pensamentos que ferem a alma?

3. Tenho buscado prazeres que ofuscam a luz?

4. Tenho consentido em imaginações que me afastam de Deus?

5. Tenho alimentado seduções, mesmo leves?

6. Tenho sido vigilante sobre meus afetos?

7. Tenho cultivado amizades ou ambientes que me conduzem à impureza?

8. Tenho honrado meu corpo como templo?

9. Tenho buscado Deus com coração indiviso?

10. Sou hoje mais casto que ontem? Ou menos?


Silêncio prolongado (2–3 minutos).


Se desejar, pode-se fazer uma genuflexão prolongada.

VI. Grande Ladainha Carmelita da Pureza

(versão ampliada)

Resposta: “Libertai-me, Senhor”.


— Da embriaguez de Ló e da noite sem vigilância…

Libertai-me, Senhor.

— Do olhar curioso de Diná e da imprudência dos sentidos…

Libertai-me, Senhor.

— Do rancor dos irmãos que matam em nome da justiça própria…

Libertai-me, Senhor.

— Da rebeldia de Onã contra a lei da vida…

Libertai-me, Senhor.

— Da sedução das moabitas e da mesa dos ídolos…

Libertai-me, Senhor.

— Da mulher estranha que conduz ao hades…

Libertai-me, Senhor.

— Dos anciãos de Suzana e da corrupção que se veste de sabedoria…

Libertai-me, Senhor.

— Da impureza que afasta o Espírito Santo…

Libertai-me, Senhor.

— Da mentira interior, que justifica o pecado…

Libertai-me, Senhor.

— De toda memória impura…

Libertai-me, Senhor.

— De todo afeto desordenado…

Libertai-me, Senhor.

— De todo desejo que não vem de Vós…

Libertai-me, Senhor.

— Do Mundo, da Carne e do Demônio…

Libertai-me, Senhor.

VII. Grande Hino Carmelitano da Castidade

(extenso)

Ó Deus do Carmelo,

Torre de Pureza,

Monte da Luz silenciosa,


Vós que escolhestes Elias para morar convosco

no fogo da vossa santidade,

fazei-me participante desse fogo.


Purificai meus olhos,

para que não vejam senão Vossa verdade.


Purificai meus ouvidos,

para que não escutem palavras de morte.


Purificai minha língua,

para que dela não saia mentira ou sedução.


Purificai minha memória,

para que seja como as tábuas do Templo.


Purificai minha imaginação,

para que não seja oficina do inimigo.


Purificai meu coração,

para que Vos deseje com amor indiviso.


Purificai meu corpo,

para que seja Vosso altar,

Vosso vaso,

Vosso jardim fechado.


Fazei-me puro como Suzana,

forte como José,

vigilante como S. Elias,

enamorado como S. João da Cruz,

simples como S. Teresinha,

inflamado como S. Teresa de Ávila,

ardente como S. Maria Madalena de Pazzi.


Dai-me, Senhor,

ódio santo ao pecado,

e amor ardente à pureza,

para que em tudo e sempre

eu viva para Vós,

e para Vós somente.

VIII. Ato Solene de Ódio ao Pecado

(versão longa)

(De pé, com as mãos erguidas.)


Eu renuncio

a todo pensamento impuro,

a toda fantasia desordenada,

a todo olhar que desonra o templo de Deus,

a todo afeto que me desvia da Verdade,

a toda amizade que me arrasta ao mal,

a toda ocasião de pecado,

a todo desejo duplo,

a toda tibieza,

a toda cumplicidade interior com a impureza,

a toda vida sem vigilância.


Eu renuncio

ao espírito de Baal-Peor,

à idolatria da carne,

à sedução do mundo,

ao engano da serpente,

à mentira do prazer sem Deus,

ao toque que macula,

à palavra que desonra,

à recordação que mancha,

ao silêncio que consente,

à fuga da cruz,

ao egoísmo do próprio prazer.


Eu renuncio

a Satanás e a todos os seus enganos,

para viver somente em Cristo,

com Cristo,

e por Cristo.

Amém.

IX. Profissão Carmelitana de Amor à Pureza

(versão extensa)

Eu consagro ao Pai eterno

meu coração e minha vontade.


Eu consagro ao Filho castíssimo

meu corpo como Seu templo.


Eu consagro ao Espírito Santo

meus sentidos, minhas paixões, minha memória.


Eu consagro à Virgem do Carmelo

meus olhos, minha alma, meu caminho,

para que Ela me cubra com seu manto

e me torne semelhante à nuvem pura

que anuncia a chuva de Deus.


Eu consagro a São José

toda vigilância e guarda de meu coração.


Eu consagro aos Santos Anjos

minha mente e minhas noites.


Eu consagro aos Santos do Carmelo

meu desejo ardente de Deus.


Eu consagro tudo o que sou,

tudo o que tenho,

tudo o que penso,

tudo o que sinto,

tudo o que temo,

tudo o que busco,

tudo o que serei.

Amém.

X. Grande Oração Consecratória Final

Ó Santíssima Trindade,

recebei esta oferenda que Vos faço:

meu coração, meu corpo, minha carne,

minha alma inteira e indivisa.


Tomai-me para Vós.


Purificai-me no fogo do Vosso Espírito

até que nada em mim resista à Vossa luz.


Despojai-me das sombras,

das paixões,

das ilusões,

das memórias antigas,

dos apegos secretos,

dos desejos escuros,

até que eu seja totalmente Vosso.


Que minha vida inteira

seja uma subida constante ao Horeb,

até que um dia

eu entre, purificado,

na Jerusalém celeste,

onde os límpidos de coração

verão o Vosso rosto

por todos os séculos dos séculos.

Amém.

XI. Antífona Mariana Final

A11.
“Maria, Flor do Carmelo,

Virgo Puríssima,

fazei-me vosso para sempre,

para que puro viva,

puro morra,

e puro contemple o vosso Filho

na glória eterna”.

XII. Bênção

(não-sacerdotal)

O Deus do Carmelo,

que fez Elias puro como o fogo,

que guardou Susana inocente,

que iluminou José castíssimo,

e inflamou os santos do Carmelo

com Seu amor ardente,

esteja convosco,

purifique-vos,
defenda-vos,
e conduza-vos

à perfeição da caridade pura.

Amém.




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