Dom
Fernando Arêas Rifan*
Aproximam-se
as eleições. Devemos encará-las com seriedade para votar certo e
bem, pois do nosso voto também depende o futuro do nosso país e a
definição da vida política de nossa pátria. Por isso, nós,
Bispos do Estado do Rio de Janeiro, fizemos uma pequena cartilha de
recomendações para essas eleições, que tem sido distribuída nas
igrejas.
A
Igreja não tem partidos nem candidatos. Não impõe nomes a serem
sufragados nem obriga a votar em determinados candidatos. Somos
contra o clientelismo e o chamado “voto de cabresto”. Assim como
a Fé, o voto deve ser racional. A Igreja deixa à livre e
responsável decisão dos eleitores católicos a escolha em quem
votar. Ajuda-nos, porém, nessa reflexão. Diz, sobretudo, em quem
não votar. Há candidatos e partidos que não podem receber o nosso
apoio.
Procure
conhecer os candidatos: conduta, ideias e partidos. Observe se seus
candidatos estão comprometidos com a justiça, segurança, combate à
violência, dignidade da pessoa, respeito
pela vida humana desde a concepção até a morte natural.
Não vote em candidatos ou partidos, que sejam favoráveis ao aborto
e à eutanásia. Vote apenas em candidatos que promovam e defendam
a família, segundo sua identidade natural conforme o plano de Deus.
Jamais
se deve votar em candidatos comprovadamente corruptos. “É muito
difícil que um corrupto consiga voltar atrás”, falou o Papa
Francisco aos Parlamentares italianos. Dê o seu voto apenas a
candidatos com “ficha limpa”, pois o homem público deve ter
honestidade. Diga não à corrupção. Mas não só dos políticos e
candidatos como à tentação de corrupção, que cada um de nós
sente: não favoreça a corrupção eleitoral, à compra de votos,
votando por interesse material e não com consciência. Voto não é
troca de favores.
Ademais,
observe se o candidato trabalha para o bem comum ou para o seu
próprio interesse. Veja se ele representa apenas o seu grupo ou
partido ou se pretende promover políticas que beneficiam a todos: o
bom governante e legislador governa e faz leis para todos.
Vote
em candidatos comprometidos seriamente com a superação da pobreza,
com a educação, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à
vida e ao meio ambiente. “Rezo ao Senhor para que nos conceda mais
políticos que levem verdadeiramente a sério a sociedade, o povo, a
vida dos pobres” (Papa Francisco, Evangelii
Gaudium,
205).
Vote
em candidatos que respeitem a liberdade religiosa e de consciência,
não sejam fanáticos nem fundamentalistas religiosos, e que garantam
o ensino religioso confessional e plural nas escolas públicas.
Pelo
seu passado e pelo seu discurso se pode conhecer o candidato. E
acompanhe os políticos depois das eleições, para cobrar deles o
cumprimento das promessas de campanha e apoiar suas ações políticas
e administrativas.
Essa
participação na política é o importante e correto exercício da
cidadania. Lembre-se que voto não tem preço, não se compra nem se
vende. E tem várias e sérias consequências.
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