Fr.
Tiago de São José
INTRODUÇÃO
“Eis que vos enviarei o Profeta Elias, antes que venha o dia grande
e horrível do Senhor. Ele converterá o coração dos pais aos
filhos e o coração dos filhos aos pais, para não suceder que eu
venha e que fira a Terra com anátema” (Mal. 4, 5-6).
Revolução de 1835, Barcelona, Espanha. Um jovem de vinte e três
anos saía debaixo das ruínas de seu convento que estava sendo
incendiado. Ele desejava ali mesmo consumar seu martírio, mas Deus
lhe preparava uma outra forma de testemunho... “destruído meu
convento, incendiado meu claustro, minha Amada tomou asas de águia;
voou, se elevou sobre o mundo e tudo que há no século e foi
repousar no deserto e em lugares solitários. Eu A segui...”
Assim, Frei Francisco de Jesus Maria José, iniciava sua aventura
espiritual. Nascido em Aytona, Espanha, em 29 de Dezembro de 1811,
entregou o espírito em Tarragona, em 20 de Março, aos 61 anos.
Foi beatificado por João Paulo II em 24 de Abril de 1988. Sua Festa
Litúrgica é celebrada no dia 7 de Novembro.
Em tempos de grandes conturbações políticas e religiosas, ele foi
uma testemunha privilegiada da articulação do mistério da
iniquidade (II Tes. 2, 7).
Neste livrinho, reunimos alguns textos selecionados dos seus
escritos, com a finalidade de divulgar para as pessoas interessadas,
o carisma deste sacerdote que fundou o nosso instituto religioso. Que
a graça de Deus nos ajude a entender o desígnio da sua Providência
para o nosso Carmelo nestes tempos de prova…
Amemos a Igreja Santa como amamos a Jesus Cristo Nosso Senhor!
“Se me amas, cuida de mim; meus interesses sejam teus interesses,
minha glória seja tua glória.” (R. Frag. IV, 2).
Coloquemo-nos na presença de Deus... “Vive o Senhor em cuja
presença estou!” (I Reis 17, 1).
I
VOCAÇÃO
“Levantando-se,
partiu e seguiu Elias” (I Reis 19, 21).
No Evangelho, encontramos as três dimensões da vocação masculina,
representadas nas pessoas de Pedro, Tiago e João. É por isso que o
Senhor sempre levava estes três consigo, pois eles representam o
conjunto completo dos seus discípulos. Em Pedro, vemos o Sacerdote,
a figura de autoridade na Igreja. Em Tiago, o profeta ou mártir, que
sustenta a espada da fé. Em João, o monge, ou eremita,
contemplativo solitário, que repousa no peito de Jesus. No Carmelo,
é possível viver perfeitamente essa tríplice vocação, pois Elias
era Sacerdote, Profeta e Eremita. O Carmelita Descalço, Francisco
Palau, como um ícone moderno de Elias, teve também essa tríplice
vocação. Assim, viveu para a Igreja, como Sacerdote; pela Igreja,
como Profeta e na Igreja, como Eremita. De tal forma a amava que
costumava dizer: “se vivo é para ti que vivo, ó Igreja Santa!”
Como Santa Teresinha, ele descobriu que sua vocação era o Amor, e
encontrou no amor da Igreja o cumprimento dos dois mandamentos: amar
a Deus e ao próximo.
“Minha vida tem três períodos:
No primeiro procedia sem guia, sem rumo. Meu coração devorado pela
paixão do amor, desprendido de todo objeto carnal e terreno, buscava
fora das criaturas o objeto de seu amor; mas ai! Não conhecia minha
Amada e não A conhecendo, quê delírios, quê ilusões, quê
extravios, quê loucuras! “Amava, e para dar um testemunho de amor
À que sabia que existia, porém, que não conhecia, resolvi morrer
por Ela” (R 8, 17).
“Até a idade de sete anos eu não conhecia que coisa era amar: o
amor era um fogo entre cinzas. Porém, logo se incendiou e até os 21
anos amei com paixão e sem conhecimento de minha Amada. Aos 21 anos
de idade, ao desprender-se o coração dos objetos estranhos ao
verdadeiro amor, ao deixar as coisas que não merecem os afetos do
coração, me encontrei em uma situação horrível: impulsionado
pelo amor buscava minha coisa amada em Deus: mas, ai! Eu não A
conhecia, e Ela não se revelava. Não obstante a paixão do amor não
estava em mim ociosa, senão, que crescia, de ano em ano, até
devorar o coração. Desde os 21 anos de minha idade até os 33,
coisa estranha, eu amava com tal paixão, que busquei mil ocasiões
para acreditar que dava e oferecia minha vida e meu sangue em
testemunho de minha lealdade; e a Amada me salvou a vida mil vezes
exposta aos perigos de uma guerra tal qual a sustentava a Espanha,
minha pátria, contra si mesma. ”Eu te amo – dizia eu à minha
Amada – aceita meu sangue em prova da verdade de meu amor”. Estou
vivo porque minha Amada não aceitou o sacrifício. Coisa estranha:
eu não A conhecia e A buscava, porém entre véus A olhava gloriosa
no empíreo; e crendo que só ali podia vê-la, desejava que acabasse
logo minha vida sacrificada e consagrada ao seu amor” (R 10, 14).
1.
O Sacerdote.
“Senhor
Deus de Abraão, de Isaac e de Israel,
mostra
hoje que tu és o Deus de Israel e que eu sou teu servo” (I Reis
18, 36).
É difícil encontrar um Sacerdote que compreendeu tão profundamente
a grandeza do seu ministério como o Beato Palau. Cada Missa era para
ele uma ocasião de se unir à Igreja como o esposo se une à sua
esposa. “Cada dia me darei tão de novo a ti no Altar como se fosse
o primeiro dia de nossa união” (R 9, 14).
Por muitos anos em várias ocasiões em sua vida, estava sozinho e
exilado, mas celebrava a Missa todos os dias, com plena consciência
do poder do Santo Sacrifício. Nessa passagem podemos ver como a
mística desses momentos era intensa: “Aproxima-te de mim, me
disse, e me aproximei ao pé de seu Trono. E apareceu à minha frente
um Altar onde havia as vestimentas sacerdotais; e dois dos primeiros
Príncipes que a rodeavam me disseram, pondo-se à direita e à
esquerda: “Veste-te, ó Sacerdote do Altíssimo”. E ajudado pelos
dois Príncipes me vesti com vestiduras brancas e puras como o candor
da luz. Revestido com as insígnias sacerdotais, a um sinal dado pela
Rainha, subi os degraus do Altar; e a Jovem Guerreira me entregou o
cálice e a hóstia, e me disse: “Tu és meu ministro e
representante sobre o Altar; cumpre teu ministério”. O Trono da
Rainha estava sobre o Altar. E vi outro Trono e sentada nele a
Suprema Autoridade, figurada em um venerável Ancião, e os Príncipes
rodeavam os dois Tronos. E veio sobre mim o Espírito do Senhor,
espírito de oração e de súplicas” (R 12, 6).
2.
O Profeta.
“Que
fazes aqui, Elias?” (I Reis 19, 9).
O Profeta é sempre incompreendido e perseguido. Seu anúncio
incomoda e abala as estruturas. Assim aconteceu na vida de Elias e o
Carmelo nunca pode perder sua dimensão profética. Pe. Palau tinha
consciência disso. Ele também vivia ardendo de zelo pelo Senhor
Deus dos Exércitos... “Estava examinando, esta manhã, qual era o
objeto de todas as minhas relações com Deus na oração e na
solidão. A voz doce de minha Amada se fez sentir ao nascer da aurora
deste dia e me disse: “tua ação individual se concentra na missão
da Ordem religiosa a que pertence.” “A tua ação como filho dos
Profetas está confundida com a situação que eu tenho sobre a
terra”. Como se dissesse: se eu, Igreja, sou tão perseguida, você
deverá ser também... “Estando outra vez perseguido de morte por
causa da Religião, me encontrava entre os assassinos, e sem um
milagre eu não podia escapar de suas mãos carnívoras e manchadas
com o sangue dos ministros do Altar. Eu estava em um bosque,
escondido dentro de uma cova; e sabendo que eu estava ali, entraram,
eu creio que eram três, ficando os demais fora. Naquela ocasião era
para mim a morte minha ventura e minha glória, porque os desejos que
tinha de ver a minha Senhora, cara a cara, e sem véus me atormentava
de um modo intolerável. Ao entrar na cova os assassinos, por ordem
de seu chefe que estava fora, eu me retirei a um canto que estava
algo obscuro; ajoelhei-me, preparando-me e esperando minha última
hora tão desejada; tinha em minhas mãos o Lignum Crucis e estava
com o hábito religioso. Entretanto fiquei invisível aos seus
olhos!” Não lhe faltaram lutas, fugas, combates e perseguições...
“Quando fiz minha profissão religiosa a revolução já tinha em
sua mão a tocha incendiada para abrasar todos os estabelecimentos
religiosos e o temível punhal para matar os indivíduos refugiados
neles. Não ignorava eu o perigo acelerador a que me expunha, nem as
regras de previsão para subtrair-me a ele; me comprometi, todavia,
com votos solenes a um estado, cujas regras acreditava poder praticar
até a morte, independente de todo humano acontecimento...” Seu
carisma profético lhe permitia ouvir a voz da Igreja! Ouviu-se a voz
do Pai, e disse: “Esta é minha filha muito amada; nela tenho
minhas complacências, escutai-a” (R 12, 1). Em busca de sua Amada,
nas vigílias noturnas na solidão, ouviu: “Diz-me, Filho dos
profetas que buscas à noite nestes bosques? - Te busco minha
pomba... – Que queres de mim? - Peço que me reveles os destinos da
Providência sobre ti, sobre a Ordem Religiosa a que pertenço... -
Vem ao monte sozinho e ali te revelarei os segredos do meu
coração...” (R 21, 1).
3.
O Eremita.
“Retira-te
daqui e vai para o Oriente
e
esconde-te junto à torrente” (I Reis 17, 3).
A autêntica vocação carmelitana caracteriza-se por um grande amor
à solidão. Frei Francisco não só vivia isto, mas defendia a vida
eremítica com todo o vigor: “Este gênero de vida, não é acaso
uma língua a mais eloquente que anuncia os mistérios de nossa Santa
Religião de um modo prático? Nosso Senhor Jesus Cristo nos deu um
assinalado exemplo dela; antes de começar sua vida Apostólica quis
ser solitário, e, durante o tempo de sua pregação, frequentemente
se retirava pelas noites às montanhas. Seu Precursor viveu desde sua
infância nos desertos e os Profetas haviam dado antes este exemplo
nas montanhas do Líbano, do Horeb e do Carmelo. E os Santos do Novo
Testamento do mesmo modo seguiram a Cristo nos desertos” (Elogio da
Vida Solitária). “Para viver no Carmelo só necessitava de uma
coisa que é a vocação; muito persuadido estava dele, como todavia,
também estou, de que para viver como anacoreta, solitário ou
eremita, não necessitava de edifícios que logo iam desmoronar-se;
nem me eram indispensáveis as montanhas da Espanha, pois acreditava
haver em toda a extensão da terra bastantes grutas e cavernas para
fixar nelas minha morada. De nenhum modo temia que as revoltas
políticas da sociedade me pudessem ser obstáculo para o cumprimento
de meus votos, nem por outra parte podia duvidar, tampouco, de que o
estado religioso deixaria de ser reconhecido pela Igreja Universal e,
portanto, por todos os seus membros. Com estas considerações, em
nenhum momento vacilei em contrair obrigações, que estava bem
persuadido de que poderia cumprir fielmente até a morte; se por um
instante houvesse eu duvidado sobre um ponto tão essencial para
abraçar meu estado, oh, não! Certamente não seria agora eu
religioso, pois teria seguido outro gênero de vida; e até quando
meus superiores me anunciaram que devia ordenar-me, mas me parece que
jamais aceitaria o Sacerdócio, se me houvessem assegurado que em
caso de ver-me obrigado a sair do convento, deveria viver como
Sacerdote secular, pois, a meu parecer, nunca senti essa vocação, e
se consenti em ser sacerdote foi sob a firme persuasão de que esta
dignidade de modo algum me distanciaria de minha profissão
religiosa.” Havia nele um constante apelo à oração: “Em
cumprimento de minha palavra, subi até o cimo do monte para orar, e
não encontrei A que buscava no lugar do encontro (a Igreja);
chamei-A e não me respondia. Subi a outro pequeno monte, mais
elevado, coberto de bosque, e A encontrei solitária e em profunda
meditação. E uma voz forte procedente do mesmo monte me disse:
”Oração, oração”. E me pus em silêncio e em oração (R 9,
8).
E
também descreve seu amor à Cela:
A
Cela é meu Céu,
O
Céu é minha Cela.
Da
Cela ao Céu,
Do
Céu à Cela (R 4, 5).
II
FUNDAÇÃO
DO CARMELO EREMÍTICO
Certa vez, na gruta do Vedrá, ouviu da Igreja: “Sobre três
cláusulas vou fixar tua missão: 1º) A revelação de minhas
glórias ao mundo; 2º) A restauração da Ordem do Grande Profeta
Elias; 3º) A missão deste Grande Profeta na terra” (R 9, 47).
Foi dessa experiência mística que nasceu o Carmelo Eremítico. Ele
devia “Restaurar a Ordem do Grande Profeta Elias!” De fato, no
princípio da Ordem, todos os Carmelitas eram Eremitas, ou seja,
habitantes da solidão. Na segunda metade do século XIII, com a
migração para a Europa, houve a mudança de carisma e se tornaram
frades mendicantes de vida mais ativa, vivendo em conventos, nas
cidades. Esta mudança ocasionou alguns protestos dentro da Ordem,
como o do Prior Geral, Nicolau, o Francês, que escreveu o famoso
Ignea Sagitta. Na Reforma Descalça houve uma maior valorização da
vida contemplativa e eremítica, principalmente através dos Santos
Desertos Carmelitanos, que foram instituídos pouco depois da morte
de Santa Teresa. Entretanto, normalmente só podiam permanecer nestes
desertos por um ano, e depois voltavam para as atividades normais.
Entretanto, Frei Francisco, como filho de Santa Teresa, também
recebia esta missão fundacional, visando a restauração da Ordem no
seu carisma original. Sem entender bem esse desígnio, Pe. Palau quis
ainda questionar: “Quanto ao segundo, me importaria conhecer o
destino desta sociedade de homens, que refugiando-se sob as armas do
Carmelo, fujam do mundo e se salvem nos desertos. São teus filhos,
tu cuidarás melhor que eu...” Porém a Igreja lhe ordenava:
“Desdobra as armas do Monte Santo do Carmelo, para que se acolham à
sua proteção os que são escolhidos para filhos do Grande Profeta
Elias, e dirige-os nos desertos, preparando-os ali para receber o
duplo espírito deste Grande Profeta. Entende-te sobre eles com teu
Pai Santo Elias; e diz-lhe que estão sob teu cuidado e direção,
que lhe reconheçam por seu Geral e que o Superior Geral tenha o
título de secretário do Geral; que peçam-lhes de Deus o espírito
forte do Profeta” (R 8, 29).
Nestas palavras reconhecemos o estatuto da nossa fundação. Nosso
Carmelo deveria ser, portanto, essa restauração da Ordem no seu
carisma primitivo de índole Eremítica e Eliana.
Nesse sentido, o Beato Palau começou a organizar a vida dos
Carmelitas Eremitas de Mallorca, após o seu regresso da França, em
1851. Escreveu as Constituições em torno de 1863. Entretanto, após
sua morte, em 1872, não permaneceram por muito tempo. Sabemos que o
último deles faleceu em 1936. As Irmãs Carmelitas Missionárias,
também fundadas por ele, conseguiram subsistir até os dias de hoje
e estão presentes em muitas partes do mundo. Em Atibaia, iniciamos a
experiência do nosso Eremitério, em 2002, vivendo a regra primitiva
do Carmelo. Em 2009, tivemos acesso aos textos do Pe. Palau e às
Constituições que ele escreveu. Percebemos os desígnios da
Providência para recomeçarmos o mesmo instituto dos Irmãos
Carmelitas Eremitas.
III
A
VISÃO DA MULHER
Durante muitos anos, Pe. Palau recolheu suas experiências místicas
num escrito seu, chamado Minhas Relações com a Igreja. Aí se
encontram revelações muito profundas, sobre o mistério da Igreja e
acontecimentos futuros. A própria Igreja Santa personificada na
imagem da Mulher, lhe transmitia estas mensagens representada por:
1.
Figuras da Igreja no Antigo Testamento.
“Foi,
pois, a mulher e fez como Elias tinha dito” (I Reis 17, 15).
Como a viúva de Sarepta, ou outras mulheres importantes do Antigo
Testamento: “Rebeca, Sara, Ester, Judite, Débora, Raquel e as
demais mulheres, que na Bíblia representam a Igreja, te visitaram,
pois através delas, Deus te dava uma luz cada vez mais clara da
representação de tua esposa, a Igreja” (R 1, 15).
2.
Nossa Senhora, a Imaculada: Ícone perfeito da Igreja.
“Apareceu
no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol” (Ap. 12).
A Teologia identifica a profunda relação entre Maria e o mistério
da Igreja. Sendo Maria a mais perfeita figura para representar a
Igreja, é através dela que o Beato Francisco Palau inicia sua
relação de amor até atingir o matrimônio espiritual: “Entre
outras figuras, a de uma Mulher nos descreve as relações entre
Cristo e os Santos, no Matrimônio Espiritual entre Cristo e sua
Igreja” (R 11, 14). “Olhei para esta imagem e vi então, em
Maria, minha amada: vi a Igreja Santa. Como és bela dizia meu
coração arrebatado de amor! Como és pura, oh Virgem Amada, como és
amável! És perfeita e tão formosa, oh minha esposa! Em ti vejo
toda a hierarquia dos coros celestes unidas às almas glorificadas e
os justos na terra, unidos a Cristo sua cabeça formando o corpo da
minha Amada” (R 4, 3). “E agora me apresento a ti com minha
figura e meu nome próprio que é Maria. E te dou este sinal: serás
agora livre de todas as tuas misérias” (R 2, 9). “Disse-me a
Virgem: Toma este presente, recebe estes Rosários como testemunho e
sinal do amor de tua Esposa contigo. A Igreja, esta virgem
infinitamente amável, amando-te em correspondência a teu amor se dá
toda a ti, toda se entrega a ti, és toda tua, é tua Amada e tu,
Amante, é tua herança, é carne de tua carne, osso de teus ossos:
os dois são um. No Augustíssimo Sacramento do Altar, ali todos os
dias representada em sua Cabeça invisível, Jesus, meu Filho, ali
Ela se unirá contigo de novo. Dando-te sua Cabeça sacramentalmente,
se te dá toda Ela, por amor, mística e moralmente; e unindo-te ali
sacramentalmente com a Cabeça, te unirás moralmente com todo o seu
corpo. Ali, comendo a Carne de Cristo, sua Cabeça, te farás com ela
carne de suas carnes, ossos de teus ossos; ali te unirás com Ela e
Ela contigo em Matrimônio Espiritual, e gozarás dela e Ela contigo
com aquele gozo espiritual que o mundo e a carne não conhecem. Tua
Amada, tua Esposa, tua Filha, está e estará no Templo do Deus Vivo,
dia e noite, junto a Cristo Sacramentado, reclinada sobre o Altar.
Cuida dela, enxuga suas lágrimas, consola-a em suas aflições,
alivia seus pesares; o que tu farás por Ela na Terra, Ela te
devolverá e fará por ti no Céu. Dito isso, ouviu-se uma música
celeste, e os coros respondiam: ”Amém. Aleluia” (R 1, 31).
A este amor, ele procurava corresponder cada vez ardentemente:
“Virgem fecunda, abre teus braços e recebe este miserável
viajante, este peregrino que vive sobre a Terra. Não mais figuras,
nem véus! Veja-te eu face a face! (R 2, 15)
Após muitos anos de noite escura, entrou na união transformante
descrita por S. João da Cruz: “Ó noite que me guiaste, ó noite
mais amável que a alvorada! Ó noite que juntaste amado com amada!
Amada no amado transformada!” A diferença contudo, é que o Beato
Pala u se une a Deus através de sua Amada! (Igreja) “Onde está
Cristo está sua Igreja e onde vai um vai o outro, porque não se
pode conceber um corpo separado de sua cabeça, nem uma cabeça
separada de seu corpo” (R 3, 1 2). “Eu sou Deus e os próximos, o
objeto de amor designado pela lei da graça. Acharás a mim solitária
nos claustros, desertos, ermidas e pastora em meio aos povos,
peregrina nos caminhos e em todas as partes onde se faz a caridade”
(R 20, 9.11).
3.
A Igreja Militante.
“O
dragão irou-se contra a Mulher e foi fazer guerra aos outros seus
filhos” (Ap. 12, 17).
Entretanto, a Igreja se apresentava geralmente como uma jovem
guerreira, indicando o combate espiritual dos nossos tempos... “Quem
és tu ó belíssima e valente guerreira? - Eu sou Judite, sou tua
amada. Fora de mim e sem o meu poder, fora da Igreja e sem minha
autoridade pouco vales” (R 10, 19). “Tu és a Igreja Romana? Eu
sou. Ouve e atende as lágrimas e lamentos desta tua Filha. Quero que
saibas meu futuro. O dragão infernal, vencido na Cruz por meu Esposo
Jesus, foi lançado de todas as partes pela mão de meus Apóstolos e
encerrado nos calabouços do inferno ”por mil anos” (Ap 20, 1-3).
Ao pé da Cruz, no Gólgota, meu Pai me deu uma autoridade e um poder
onipotente sobre todos os demônios, e em virtude deste poder foram
ligados pelas mãos de meus Apóstolos todos os príncipes do império
infernal; e era tanta e tão geral em meus primeiros filhos esta fé,
que o menor deles se acreditava capaz para desalojá-lo dos ídolos e
expulsá-lo dos corpos humanos. Vinda a paz depois de quatro séculos
de guerra e de sangue, esta fé em minha autoridade me valeu por um
tempo, maiores vitórias e triunfos. Com o passar dos séculos, fui
diminuída, até ao ponto em que a vês agora. E solto o dragão
infernal outra vez, atacou com seus príncipes meus povos; e pelo
cisma grego, pelo protestantismo e ultimamente pela revolução
atual, invadiu o mundo inteiro. E arrogante em suas conquistas entrou
nos corpos de minhas virgens, e cheio de soberba, gloriando-se em
suas vitórias, está me provocando, dia e noite, e me reduziu à
situação em que me vês. Antes que tu me conhecesses te tomei pela
mão, e tirando-te dentre a multidão te conduzi à solidão deste
monte, e aqui hei descoberto e revelado minha glória. Meu Pai
Celestial te deu para comigo amor de pai, e me disse: “Este é teu
pai”, e a ti: “Aí tens minha Filha e tua Filha”, e desde
então, devorado pelo amor de pai para comigo, buscas ocasiões para
servir-me e fazer crer no teu amor paternal. Sou também tua Esposa,
porque Jesus, meu Esposo, me disse: “Este é teu Esposo”, e a ti:
“Esta é minha Esposa e tua Esposa”. Sou tua Rainha e Senhora, e
tu, meu ministro, sou tua Mãe; e sob todos estes títulos eu me dei
a conhecer, e tive e tenho relacionamento contigo. Pois bem, crês
que eu tenho todo poder sobre os demônios?
– Sim, eu o creio” (R 17, 4).
IV
1º
JULGAMENTO
“Abandonaram
a vossa aliança” (I Reis 19, 10).
Francisco Palau percorreu um longo caminho em sua experiência
mística, subindo o Monte (I Reis 19, 8) sustentado com a força da
Eucaristia. No cume do monte, ele pôde ver a dimensão da batalha
espiritual que estamos vivenciando nestes nossos tempos de apostasia
e tribulação (Mt. 24). “Revelar-te-ei o segredo. O príncipe das
trevas, correndo por seu curso estes últimos séculos, se apoderou
de todos os tronos, cetros e coroas dos grandes da Terra; sendo
visível neles, por eles ataca e desafia minha autoridade e poder;
visível nos corpos humanos que possui, provoca minha autoridade e
com grande arrogância diz que não tem inimigo que lhe quebre a
cabeça. Tenho rezado a meu Pai que tem escutado propício minhas
súplicas. A hora é chegada: enviará dois Príncipes ou Apóstolos,
e estes, cheios de fé em mim e no mistério da redenção e
revestido de toda minha autoridade, encadearão o príncipe tenebroso
que tem corrompido todos os reis da Terra; arrancarão dos falsos
pastores a pele de ovelha e mostrarão a todo o mundo sua hipocrisia;
cairão no abismo todos os demônios, e com eles todos os poderes
fundados em sua malícia.
- Quando será isto?
- Logo.
- Haverá sinais desta grande catástrofe?
- Sim, haverá, e ninguém acreditará neles.
- Quais são?
- Te darei os seguintes: Especialmente nestes três últimos séculos,
os demônios, visíveis nos corpos humanos, provocam e desafiam minha
autoridade que reside em meus Sacerdotes, e ante vós se mantém
firme, em pé, e cheio de arrogância. Os demônios, visíveis nos
corpos humanos, resistindo e não cedendo ante a autoridade
sacerdotal, são cometas no firmamento do mundo intelectual, e
significam...
- Que significam?
- A incredulidade dos povos, e as nações, antes cristãs e agora
pagãs, caem na ruína e destruição. Os demônios cairão, e com
eles cairá a incredulidade dos incrédulos.
- Esse sinal é distante... Há outro de imediato?
- Sim. Quando vires que os demônios são expulsos dos corpos
humanos, então acontecerá o que te hei revelado. Os demais sinais,
a ninguém os manifeste, porque são um segredo” (R 18, 10). “E
houve uma grande batalha. Meu espírito foi elevado ao Trono de Deus;
e o consistório celeste se reuniu ante Deus, e foram julgadas em
justiça e equidade todas as nações. Apresentou-se diante de Deus
sua Igreja Santa, e Judite pediu a cabeça de Holofernes, isto é,
que Satã fosse outra vez encadeado e encerrado ao abismo. O dragão
infernal foi lançado da presença de Deus. E sabendo que tem pouco
tempo, prepara para o dia da batalha quantos elementos tem sobre a
terra e no inferno, contra a Igreja Santa (R 22, 10).
- Juiz: Fiat. Abram-se os livros, e principie-se o Juízo.
Compareça aqui aquele que dia e noite está acusando diante de mim a
esta nação (Ap. 12, 10). Satanás: Aqui estou, Senhor.
- Juiz: Unde venis? ”De onde vens”? (Jó 1, 7; 2, 2).
- Satanás: Dei voltas em toda a terra, e a visitei inteira. Todos os
povos se submeteram a mim (L 30).
1.
A Primeira Besta.
“E
vi levantar-se do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres
e
sobre seus chifres dez diademas” (Ap. 13, 1).
“Esta besta são todos os reis e poderes da Terra que seduzidos
pelos demônios sacudiram o jugo da Igreja e se separaram dela, e
coligados com os demônios formam um só corpo e se unem na guerra
contra a Igreja e seu Pontificado. Pela razão de que estes formam um
só corpo com o dragão, se este cai, há de cair também essa besta;
por isso não te assuste ao ver a resistência que fazem os demônios
na batalha que tu tens contra eles. O dragão e esta besta cairão no
mesmo dia; continua batalhando” (R 13, 13).
2.
O Anjo.
“Vi
descer do céu um Anjo que tinha a chave do abismo
e uma
grande cadeia na mão” (Ap. 20, 1).
“Esse Anjo representa Cristo e seus Apóstolos. O dragão foi
vencido no Céu com o Sangue do Cordeiro e foi encerrado no inferno
por Cristo e seus Apóstolos. Foram encerradas aquelas cabeças de
serpente coroadas e com chifres, que eram os que com suas doutrinas
seduziam os reis e poderosos do mundo. Estes receberam a fé dos
Apóstolos e renderam suas coroas e cetros aos pés da Igreja
constituindo-se seus guardiães e defensores. Pelas causas, que já
sabem e que não podem revelar, depois de mil anos da vinda de Cristo
voltou o dragão outra vez a sair de seu cárcere, começando outra
vez uma batalha horrenda; pouco a pouco seduziu e conquistou, ora com
forças de armas, ora com a corrupção de suas doutrinas, o coração
dos reis e poderosos da Terra. E seu poder tendo chegado ao apogeu,
agora, será vencido outra vez pelo Sangue do Cordeiro na oração e
lançado da presença de Deus. É chegada a hora de ser outra vez
aprisionado! Levanta cárceres sobre a terra, encerra-lhe ali, e
lança-lhe no abismo. Isto é o que te manda Deus: ”Expulsai os
demônios!” (R 13, 15.17).
3.
Remédio: Penitência.
“Veio
um vento impetuoso e forte que quebrava os rochedos” (I Reis 19,
11).
“Uma horrível tempestade de ventos batia com tal força o monte,
que parecia fundir-lhe os fundamentos; mas o monte estava quieto e
inalterável. Em meio do furacão se amontoaram ao meu espírito, em
multidão, tantas ideias adversas e desfavoráveis, que me deixavam
sob uma tremenda opressão. Já no dia anterior ao anoitecer, se
haviam preparado ao meu redor quantos elementos dispõem o espírito
do erro para afligir, renovando nele penas que há mais de vinte anos
me atormentavam; e uma força e auxílio extraordinário veio a mim
procedente do Céu. Ouviram-se no monte essas vozes: ”Batalha.
Arma-te, porém, não temas; vencerás”. Eu me levantei em pé e
esperava o inimigo; eu mirava um espírito mau que há muitos anos me
atormentava, e alentado pela virtude do Céu, reuni todas minhas
forças para o combate” (R 9, 21).
Percebemos claramente, nos dias de hoje, com se cumpriram estas
profecias. As doutrinas do inferno conseguiram seduzir todos os povos
da terra. O orgulho e o pecado se difundem cada vez mais, com a busca
desenfreada do prazer, a prostituição e uso de anticoncepcionais e
toda a idolatria do sexo. Como lemos no Apocalipse: “Todas as
nações beberam do vinho da ira da sua prostituição e os reis da
terra se corromperam com ela e os mercadores da terra se fizeram
ricos com o excesso de suas delícias” (Ap. 17). Em contrapartida,
Deus dispõe o sofrimento de seus escolhidos... “Desde então, uma
só coisa aliviava minhas penas, e era a esperança de morrer vítima
entre as chamas vorazes da revolução da época, sendo-me menos
horrível o fogo material, o punhal do verdugo, e a espada do homem
mau, que o fogo interno do amor que devorava meu coração.
Ofereci-me, ainda que sem te conhecer, como vítima propiciatória em
tempo de ira e vingança; e tu me salvaste a vida mil vezes, porque
me tinhas preparado outro martírio mil vezes mais cruel (R 22, 15).
A penitência é mais uma vez apresentada como remédio contra o
pecado…
“Para um povo que tem pecado, e que por seus pecados se vê
açoitado pela Mão de Deus, é bem fácil designar-lhe remédio.
Como quando a causa é quitada se quitam os efeitos que dela nascem,
quitado o pecado pela penitência fica salva a nação dos açoites
da Divina Justiça, que não a descarrega o Senhor senão para que se
converta. No capítulo 30, v. 1 a 3 do Deuteronômio, em que se leem
estas memoráveis palavras: ”O Senhor, teu Deus, reconduzirá teus
cativos; se com padecerá de ti e te congregará outra vez” (L 3,
pág. 98).
V
2º
JULGAMENTO
“Destruíram
vossos altares” (I Reis 19, 10).
A apostasia generalizada que se instalou nos nossos tempos teve seu
grande impulso no século XIX. No livro “Luta da Alma com Deus”,
o Beato Palau apresenta esta situação. O lamento pela sua Pátria
expressa bem o quadro tenebroso que se instalou na Igreja em toda
parte do mundo: “Oh! Espanha! Ó doce Pátria minha! Tão rica e
poderosa no tempo quando teus governantes, sendo católicos de
verdade, eram os primeiros a prostrar-se diante das terras de teu
Deus e não permitiam que teu ditoso solo fosse profanado pelas
pegadas de nenhum imundo nem incircunciso; quando teus filhos sem
diferença de idades, de condições, nem sexo, vinham todos a dobrar
seus joelhos ante o Deus Sacramentado, a ouvir com docilidade a
palavra de vida, a receber os Sacramentos da saúde, e a oferecer o
sacrifício de louvor ao Senhor Deus, que os cumulava de seus bens. E
agora, quantos de teus Santuários vemos desertos, profanados e
roubados? Quantos se têm convertido em estábulos para os cavalos,
em teatros mundanos, em quartéis para soldados, e em habitações de
mulheres públicas e abandonadas? Quantos têm sido pasto das chamas
e tumba de seus santos moradores? E quantos outros têm arrasado o
martelo destruidor? E os que ainda estão abertos para não chocar
demasiado com a proverbial piedade espanhola, em que estado de
miséria e abandono se encontram! Quão expostos de contínuo às
irreverências e mofas dos profanos que se tem multiplicado sem fim!
Vemos desaparecer de teus caminhos e de tuas ruas os inumeráveis
monumentos que davam crédito à tua piedade; e em seu lugar se têm
erguido o símbolo da liberdade ímpia, da liberdade de pecar, da
liberdade de viver entregado sem freio à desordem de suas paixões e
longe de Deus. Oh Espanha! O ímpio prossegue cortando ramos da
Árvore Sacrossanta da Religião Católica! Seus golpes são
contínuos. Seu empenho é destruí-lo de todo e arrancá-lo pela
raiz. E se o Deus das misericórdias – que a fez plantar em teu
solo, que o regou com o sangue de tantos mártires e com os suores de
tantos Pontífices e Sacerdotes, e que lhe deu um aumento tão
prodigioso – não detém a mão do ímpio, chegará a lograr este
seu intento. Porque vê que já se dirigem alguns golpes à raiz; é
proposto formalmente o cisma, e se persegue o Clero que ousa levantar
a voz e manifestar-se adepto ao centro da unidade católica, que é o
Papa (L 7).
1.
A Segunda Besta.
“Vi
levantar-se da terra uma besta.
Tinha
dois chifres como um cordeiro,
mas
falava como um dragão” (Ap. 13, 11).
Esta segunda besta saiu do mar, isto é, do mundo; donde se formaram
as heresias, cismas, falsas religiões, com o auxílio das más
paixões do mundo: ali nasceu, ali cresceu, ali se fortaleceu, ali
chegou, como vês, a dominar todos os reinos, povos e nações (Ap.
13, 1-10)” (R 13, 13). “Esta segunda besta são todos os reis
que dizem ser católicos e não o são, senão que reunidos em
conjunto com os povos que eles governam, falam como os demônios
contra Cristo e sua Igreja e formam liga com todos os demais na
guerra contra Deus. A esses poderes representados em seus chifres se
une toda a massa de cristãos, que o são só na aparência, porém
na realidade não tem nem a fé nem a caridade verdadeira; e estes
são os que, mesclados entre os justos, lhes fazem uma guerra
entranhada que é a mais cruel, pois que vestidos como cordeiro
entram até o santuário de Deus, lhe enchendo de abominações; e é
esse o corpo desta besta que combate na parte de dentro, enquanto que
a primeira, combate por fora. Esta besta é a que se servindo de toda
a arte da magia, associada, assim como a primeira, com o dragão, faz
curas prodigiosas nos corpos humanos; a que se esconde por agora
entre o magnetismo (Nova Era) e o espiritismo e com sinais renderá
aos pés da primeira Besta todos os povos da terra, sem que nem um só
escape de sua corrupção” (R 13, 14).
2.
A Apostasia dos Sacerdotes.
“Eu,
porém, tenho lhe dado tempo para que se converta,
mas
não quer se converter de suas imundícies” (Ap. 2, 21).
“Escuta. Todos os Sacerdotes no dia da Ordenação são entregues a
Mim por meu Pai Celestial. O Sacerdote, seja qual for seu grau ou
dignidade, é, desde o dia da Ordenação, meu esposo, e estes
desposórios se celebram na devida forma ante o público. Pode um
marido ou esposo, não obstante os laços do matrimônio, ser esposo
infiel, adúltero, impuro, e por isso mesmo indigno de sua esposa.
Pode um Sacerdote, não obstante os laços sagrados do Sacerdócio
com O que está ligado a Mim, ser infiel, adúltero e mau esposo.
Pois bem, eu sou virgem, sempre o fui e sempre o serei, e o que se
une comigo em matrimônio espiritual é tanto mais puro quanto mais
Eu lhe abraço, é tanto mais casto quanto com mais força me ama, e
ninguém é digno de Mim senão o que vem ao Sacerdócio com
intenções puras. Queres saber a causa de minha dor?” (R 18, 5).
“Choro a morte dos infelizes que com intenções impuras
pretenderam minha mão de Esposa, e foram entregues por sua impureza
ao furor de Asmodeo” (R 18, 1).
3.
Remédio: Oração.
“Depois
do vento, houve um terremoto” (I Reis 19, 11).
“A oração unida ao sacrifício é a arma invencível da Igreja
Santa” (R 4, 32). A oração pode parecer uma verdadeira “luta
com Deus”, como aconteceu com Jacó (Gên. 32,28): “À meia-noite
um relâmpago penetra por minha cova; e ao rebentar a eletricidade
tremeram as bases do monte; os trovões se sucedem uns a outros, o
raio fere as rochas e abate troncos enormes. E Deus, sentado sobre as
nuvens, com Voz de trovão me chama e me diz: “Filho dos Grandes
Profetas, sai de tua caverna e vê se te atreves a lutar comigo”.
Levantei-me cheio de terror, horror e espanto. E, ao sair, uma voz
amiga me disse em silêncio: “Caminha, não temas”. E eu,
revestido de força, me apresentei ante o Deus de majestade que veio
sobre as nuvens. O Trono de Deus despendia uma chuva de raios” (R
17, 8).
“Apresentando-se diante do Supremo Juiz: - Quem é você?
- Senhor, em minha fronte está gravado o nome de todas as nações
da Terra, sou teu representante, e revestido das insígnias sagradas,
venho apresentar as súplicas para que nos defenda das criminalidades
de Satanás.
- Sobe e cumpre as funções de teu ministério. Subi os degraus do
altar e repeti minha demanda:
- Senhor, seja o diabo encerrado no inferno e salva de sua tirania a
sociedade humana existente na terra, sua prisão será a vida e a
liberdade das nações.
- Em que fundas a justiça da tua petição?
- Senhor em vossa palavra, vós dissestes esta lei: “tudo quanto
pedirdes em oração, crede e vos será concedido.”
- Crês?
- Sim” (Citações do livro Luta da alma com Deus).
VI
3º
JULGAMENTO
“Mataram
vossos profetas ao fio da espada” (I Reis 19, 10).
Intercessor: “Escuta minha súplica, ó Senhor, Deus Grande
e Terrível, que guardais Vossa Aliança e Vossa Misericórdia aos
que amam e guardam Vossos Mandamentos! Temos pecado, temos cometido
iniquidade, temos agido impiamente, e nos temos afastado e decaído
de Vossos Mandamentos e Juízos” (L 54).
A articulação do mistério da iniquidade nestes
últimos três séculos no sentido de destruir a Igreja: “A
Revolução está servindo ao diabo para completar na terra a
anarquia, dissipou nas nações toda a ordem. Falta dar um passo, um
último passo é estabelecer sobre estas mesmas ruínas sociais um
império, um só império universal sob o lema: um rei! Uma só
religião! Um só Deus! Preparadas as coisas, tanto na ordem
política, como religiosa, como moral, espiritual e moral, verão com
estupor todos os povos e nações da terra o poder nas mãos de um só
homem. Deus se servirá deste filho iníquo e perverso para tentar a
fidelidade dos escolhidos e castigar os crimes. Satanás e os reis
que atualmente tem sobre a terra, sobre os tronos, não podem se
constituir com ordem porque sua obra e sua missão é destruir e
dissolver. Depois de concluir sua abominável missão de implantar
tudo o que não agrada a Deus e não convém à sua Igreja, cairá em
um só dia pela ação imediata de Deus. Cairá para não se levantar
mais e sobre suas ruínas, construirá seu império Jesus Cristo, Rei
verdadeiro e legítimo” (R 13, 36).
1.
O Dragão.
“Depois
apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho
com
sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete coroas” (Ap. 12,
3).
“O Dragão e estas duas bestas são uma só coisa no espírito do
mal. Aqui tens o poder do inferno: o poder que está fora do Templo,
e um poder dentro mesmo do Santuário, reunidos sob uma só bandeira
contra Deus e sua Igreja. Por isso não é muito que resistam tanto a
estas duas bestas, porque as três cairão no abismo no mesmo dia e a
uma mesma hora” (R 13, 15).
“Este Dragão representa todo o poder dos demônios reunidos em
grupo na guerra contra a Igreja. Essas cabeças coroadas são aqueles
demônios que atacam, tentam e combatem aos reis e príncipes da
terra, e quando os vence com algum dos sete vícios capitais,
figurados nas sete cabeças, voltam seu poder, figurados nos chifres,
contra a Mulher. Não te admires que os demônios, que possuem os
possessos, confiados ao teu cargo, resistam tanto. Já verás o
mistério: todos juntos formam um corpo de guerra, e se caem uma
dessas cabeças coroadas ou duas, se caem muitos demônios e subsiste
o corpo, pouco adiantamos: terão que cair todos, terá que cair o
dragão com suas sete cabeças, e nesta batalha se há de aplicar
muita oração, fé e sacrifícios. Caindo os demônios, hão de cair
os reis que têm levantado seus tronos sobre sua malícia no mundo, e
que promoverão uma revolução tal, que jamais houve nem haverá
outra igual” (R 13, 11).
“Apresentou-se um Altar ante um trono sobre o qual estava sentada a
Majestade de Deus. E aproximando-se de mim um dos sete Príncipes me
disse: Veste, ó Sacerdote de Deus, veste teu uniforme”. E
trouxeram os Anjos as vestimentas Sacerdotais, e me vesti como
preparado para celebrar o Sacrifício. Olhando para a terra vi uma
besta muito feia: era um dragão com sete cabeças, e nas cabeças
tinha sete coroas, como as dos reis, e dez chifres; era loiro, e
atrás dele, lhe seguia uma terceira parte de anjos, aqueles que
foram jogados do Céu. E o dragão enviou seus anjos sobre a terra; e
ele, levantando-se no alto, foi admitido à Presença e ao Trono de
Deus, e se pôs em frente à Mulher. Era esta Mulher Virgem, e também
Mãe fecundíssima, e pensava proteger seus filhos ao nascerem.
Levantou-se Miguel Arcanjo e com ele os sete príncipes que guardavam
a Rainha, e deu-se uma batalha: o dragão, a antiga serpente, por
outro nome Satanás ou diabo, batalhava contra a Mulher, e A
sustentavam os Príncipes advogando em seu favor” (R 13, 8).
2.
O Zelo pela Vinha do Senhor.
“Eu
me consumo de zelo pelo Senhor, Deus dos exércitos” (I Reis 19,
10).
“Apenas peguei no sono, me despertou cheio de espanto e de terror a
visão de mil espectros, a qual mais horrível. Vi essa mesma jovem
em apuros os mais críticos. Entre as trevas mais espessas de uma
noite terrível, ela estava só, seu aspecto muito triste, vestida de
luto, coberta com um véu negro, e orava ao pé de uma enorme árvore.
Não pude distinguir senão seu vulto, e não obstante, eu a conhecia
e entendia que estava amargurada... Estava em pé, abraçada com uma
cruz mais alta que ela, como quem se prepara para uma catástrofe.
Logo vi, não muito longe, uns quantos guerreiros, que se dispunham
para a batalha e eram seus soldados; se agregaram a mim muitos amigos
e gente de guerra. E ao levantar-me para oferecer à minha Senhora
meus débeis e fracos, porém, leais serviços, saiu da espessura
daquele bosque uma manada de bestas as mais cruéis e selvagens:
leões e tigres, ursos, lobos, basiliscos, serpentes, e sem
interrupção, entre nós e ela. Minha pena foi então muito
terrível. Travou-se uma horrenda batalha e nela morreram muitos. Eu
conjurava aquelas feras em Nome de Jesus, porque entendia que eram
demônios; a presença de minha Senhora me dava força, vigor, alento
e vida. E esvaziado o campo, eu ia voando até onde Ela estava. Deu
um grito de horror: ”Meu Pai! Meu Pai!” E desapareceu. Esta vez
era muito jovem, apenas tinha uns doze anos. A vi muito no obscuro,
coberta com seu véu” (R. Frag. VII, 2.3).
“Ao subir em cima da montanha, esta apareceu cheia da Glória de
Deus. Ouviu-se a Voz do Pai, que disse: “Esta é tua Filha e minha
Filha muito Amada”. Então, pondo-me a Estola, pedi ao Pai dizendo:
“Pai, Eterno Deus, até quando vossa Filha a Igreja Romana gemerá
sob a pena que lhe causa esse homem mau que intentou dominar tudo,
que entrando em vosso Santuário, insulta tua Filha, a aflige
fazendo-a crer-se só e abandonada? Arrancai, Pai Celestial, arrancai
quanto antes a esse filho do diabo do meio de vossa Casa e salvai a
vossa Filha de suas seduções; abreviai estes dias amargos de
perdição e de ruína e dai glória ao vosso Santo Nome”. E a
resposta que deu o Céu foi: “Caminha em meu Nome e no de tua Filha
e minha Filha, lança batalha por esse ser humano perdido, e arrancai
esse demônio de meu Templo; Eu estarei contigo” (R 8, 40).
3.
Remédio: Exorcismos.
“Depois
do tremor, veio um fogo” (I Reis 19,12).
- “Maldito, estas são minhas filhas! Vai-te, entrega-as.
- Não, são minhas: eu as colhi nos bailes, galanteios e vaidades; o
mundo as possuía e entregou-as a mim; são minhas!
- Se foram tuas, agora já não o são. Eu apresentei sobre o Altar o
preço da redenção à Eterna Justiça de Deus, e Ele o aceitou; e
de justiça, de direito, deves entregá-las” (R 10, 25.27).
O poder do exorcismo está na fé, na oração e na integridade de
vida do Sacerdote: “A fé do exorcista há de ser apurada, sem que
lhe falte nem um cabelo de quanto requer as leis da justiça de Deus.
À fé se há de unir a oração. E à oração e à fé, tal retidão
de obras, que nada haja do diabo no exorcista por onde possa
prender-se” (R 10, 29.20).
O lamento da Igreja pela falta de exorcistas: “A causa é um
secreto e um grande mistério; te revelarei, porém, fecha o livro e
guarda até seu dia o segredo. Eu não posso encadeá-los e
encerrá-los no abismo senão por vosso ministério. Cresceu pouco a
pouco a incredulidade sobre o objeto do exorcismo, até chegar a crer
que os demônios não exercem influência sobre os destinos da
sociedade, que os possessos, ou são raros, ou não existem. E esta
incredulidade que ataca de cheio o mistério da redenção, tem por
resultado estar ociosas estas funções, e os demônios, livres,
completarão sua obra na pessoa do Anticristo. Então, já me tem
preparado a Providência homens cheios de fé, que, fazendo uso do
poder que Jesus Cristo lhes deu sobre os demônios, os colocarão em
retirada em todas as partes onde estiverem”. Entretanto
escutemos a afronta do demônio:
- “Senhor, - interpelou Belzebu – sobre a terra não tenho mais
inimigos que me combatam: reduzi à nulidade e à inatividade, o
poder exorcista dado a vossos Sacerdotes. Diga-me quem são e onde me
combatem! Tenho vencido, tem triunfado a incredulidade, caminho
seguro, porque tenho conseguido não só estabelecer em todo o mundo
meu sacerdócio (a magia), sem contradição alguma, senão que com
estes e por estes me faço visível nos corpos humanos, sem que nas
pessoas que possuo encontre um sacerdote apenas que me ataque. Ou não
creem em mim, ou dizem que são raras as pessoas que possuo; e se
algum crê e o intenta, não pode nem deve entrar em batalha comigo,
porque este o reservou para si, o Bispo. Como resultado desta
reserva, todos os Sacerdotes se retiraram deste ministério. E por
outra parte, atendida a incredulidade nos Sacerdotes, eu, valendo-me
dos médicos, deixei resolvido, como por princípio de medicina, que
tais pessoas são loucas, fantasiosas, sem juízo, e têm
enfermidades nervosas incuráveis. Daí se explica a fundação de
tantos manicômios que tenho, cheio de corpos humanos que possuo.
Estando o poder exorcista quase sem ação em todo o mundo, sendo que
foi dado ao Sacerdote a missão de encadear-me e lançar-me no
inferno, eu, pouco a pouco, fui ficando livre; e usando da liberdade
que conquistei nas batalhas, com o curso dos anos, me apoderei de
todos os tronos, cetros e coroas, e as consegui agregar a mim na
batalha contra vossa Igreja. Minha são as nações, e minhas são
estas jovens que estão possuídas pelos príncipes de meu império”
(R 12, 13).
“Para encadeá-los e lançá-los ao inferno e salvar o mundo de sua
escravidão, Deus deu, sobre todos eles, poder aos exorcistas. A fé
neste poder e a ação é a que há de aplicar a redenção, porque
os demônios são o espírito do mundo; e morto este pela expulsão
dos demônios, já não pode resistir à pregação do Evangelho. Os
demônios, visíveis nos corpos humanos, apresentam visivelmente
batalha ao poder eclesiástico; se vencem, o mundo é seu; se nesta
batalha são derrotados, esta vitória é a salvação do mundo” (R
17, 14.15).
Chegou a hora decisiva em que o combate espiritual deverá ser
acirrado entre a Mulher (Igreja) e o Dragão (poderes do inferno).
Falamos da verdadeira Igreja Militante, fiel ao Papa e à Tradição
e à doutrina católica autêntica. “Estará exposta aos combates
mais terríveis, pois há de se sustentar a cátedra da verdade, não
só a fé católica, impugnada por todos os flancos da filosofia
moderna, mas também as demais virtudes cristãs e os princípios da
sã moral em que se apoiam contra este vulcão devastador de
doutrinas ateias e materialistas que vomita o mundo corrompido”
(Escola da Virtude, pp. 393).
VII
O
TRIUNFO DO CORDEIRO
“Eles
o venceram pelo sangue do Cordeiro” (Ap. 12, 11).
“Nesta horrenda batalha eu estava tremendo e muito afligido, e a
Jovem Virgem Mãe, me fez sinal para subir ao Altar preparado ante o
Trono de Deus, e os sete Príncipes me assistiram. E posto sobre o
Altar, a Mulher do Cordeiro me entregou um Cálice que encerrava todo
o Sangue de Jesus e uma Hóstia, e me disse: “Cumpre o teu
ministério”. Então, baixou sobre mim o Espírito do Senhor,
espírito de súplica e de oração, e disse revestido da autoridade
que me dava o ministério que exercia. Dito isto um dos primeiros
Príncipes que assistiam ao Altar tomaram o Cálice e a Hóstia;
apareceu ao lado Direito do Pai, sentado em um Trono, o Filho de
Deus; outro Anjo, tomando um turíbulo de ouro, apresentou as
súplicas de todos os justos da Terra ante os Tronos. E ouviu-se a
Voz do Pai que, dirigida a todos os assistentes, disse: “Esta é
(aludindo à Mulher), minha filha muito Amada e a Esposa de meu
Filho. Todas as nações do mundo são sua herança: estão compradas
e redimidas do poder do dragão e de seus reis com o Sangue do
Cordeiro. Tirem o dragão e seus anjos de minha presença” (R 13,
9.10).
1.
O poder da Santa Missa
“Destas
pedras erigiu um altar ao Senhor” (I Reis 18, 32).
“O sacrifício do Altar, que é o do Gólgota, uma vez consumado e
celebrado com fé, é a redenção do mundo contra a potestade
diabólica e dos príncipes do mundo” (R 12, 3).
Celebrando, ao levantar o Cálice: “Pai Celestial, aí tens
o cálice do Novo e Eterno Testamento que derramou Vosso Filho para a
remissão dos pecados, para merecermos a glória e todos os auxílios
que necessitamos para consegui-la. Nela se funda o direito que temos
ao Vosso Reino e a possuir neste mundo a Religião, que tem em
depósito as chaves para abrir-nos sua entrada. Se o povo por seus
pecados perdeu seus direitos, volte a recobrá-los agora por esta
Oblação do Sangue de Jesus, que em seu Nome e no da Igreja Vos
apresento” (L 75).
Juiz: Tens razão, porém agora quero examinar tua fé.
Suposta a bondade de meu Filho em querer subir o patíbulo da Cruz
para salvar a seu povo, por justiça devo salvá-lo se a virtude
deste sacrifício se aplica devidamente. Para que tu o tenhas
aplicado devidamente e não possa minha justiça recusar tua petição
é necessário que tua fé esteja no ponto. Neste tribunal a fé é a
que vence. Quem não crê firmemente, quem vacila, por isso mesmo já
é julgado indigno de receber o que pretende. Crês tu que este
Sacrifício que se acaba de celebrar tem suficiente virtude para
aplacar minha indignação? Crês que um de seus efeitos é ele ser
propiciatório?
Intercessor: Assim me manda crer nossa Mãe Igreja, e assim o
quero crer.
Juiz: Crês e estás plenamente persuadido que com este
sacrifício e com demais que me ofereces fica satisfeita minha
indignação e meu Braço desarmado para com a Espanha, e confias que
sem dúvida alguma levantarei o castigo que a oprime?
Intercessor: Assim o creio e o quero crer, assim confio que o
fareis. Porém, Senhor, eu tenho oferecido este sacrifício, em nome
de minha Mãe, a Igreja; não olheis os meus pecados nem a minha
pouca fé, senão à fé com que todos os dias Vos oferece em todo o
mundo a Igreja Universal. Eu o creio do modo que ela o crê, e com
sua fé creio que estais já satisfeito e espero que cessará logo o
castigo.
Juiz: Faça-se segundo tua fé” (L 77).
Intercessor: Pois bem, meu Jesus, Redentor do mundo, Cordeiro
enviado pelo Pai, para tirar os pecados do mundo (Jo. 1,29), vês-me
aqui rendido a Vossos Pés. Este é o momento em que me haveis de
ajudar, como o tens feito. Em Vossas Mãos está a salvação de
Nossa Mãe a Igreja, e só Vós nos podeis salvar do poder do
príncipe das trevas. Quereis Jesus meu, oferecer-Vos ao Pai em
Vítima de propiciação para aplacar sua justa ira, em pagamento
pela dívida de penas infinitas que temos contraído com sua Justiça,
e em preço da Redenção, para sermos resgatados da escravidão em
que estamos sob o poder de Satanás. Quereis oferecer Vossos Méritos
para desvanecer nossos deméritos?” (L 58).
“Deus recebe propício o sacrifício do Altar, Deus aceita a hóstia
que se oferece sobre o Gólgota pela redenção do mundo. Consumado o
sacrifício, as nações todas, sem que fique faltando um canto sobre
a Terra, estão redimidas do poder dos demônios e de seus reis; e a
Redenção sendo um fato consumado sobre a terra, nem um dia a mais,
nem um instante a mais, podem estar sob a escravidão. Eu peço, e
peço em justiça a Deus, que sem retardar mais nenhum dia, sejam
todos os demônios encerrados no abismo” (R 17, 17).
Acabada a Missa prossegue em defesa de sua causa dando satisfação
ao Juiz pelos pecados de sua nação: “Juiz Retíssimo, os Anjos,
os Santos e a Rainha de todos Maria, com todos os que assistem a este
tribunal, os Céus, as estrelas, os elementos, todos os habitantes da
terra e até os mesmos demônios me são testemunho de que agora
mesmo acaba de morrer vosso Filho Jesus para salvar o povo espanhol
do poder do príncipe das trevas, a quem por seus pecados lhes
abandonastes. São-me testemunho de que Jesus já está morto; é a
Vítima de vossa indignação depois de haver sido o alvo de vossas
setas, e já está sacrificado no Altar Santo com a intenção e a
fim de aplacar a ira que tão justamente havíeis concebido contra
minha infeliz Pátria e dar-Vos uma inteira satisfação por seus
pecados” (L 73).
Intercessor: “Retíssimo Juiz, vossa Justiça inflexível
descarrega sobre nós tantos castigos que nos acabam de consumir.
Porém, Senhor, Vosso Unigênito Filho e Salvador nosso Jesus se
encarrega de satisfazer-Vos por nossas dívidas e Vos apresenta
créditos, não só iguais, senão de um preço superabundante e
infinitamente maior!” (L 79). “Sim. Eu creio que, consumado sobre
o Altar o Santo Sacrifício, a redenção de todas as nações contra
a escravidão dos demônios e reis ímpios que as possuem é um ato
realizado; creio que de justiça é devida a todas as nações a
redenção” (R 18, 10).
2.
A Missão do Carmelo Eremítico
“Reservei
para mim sete mil homens” (I Reis 19, 18).
Identificamos claramente, pelos escritos de nosso fundador, a nossa
vocação de lutarmos pela Santa Igreja nestes tempos difíceis:
“Apenas saltei da ferrovia em direção a Cervelló aonde ia de
missão, senti ao meu lado a minha Amada, que no caminho me comunicou
muitas coisas relativas à Ordem de Nossa Senhora do Carmo para os
últimos tempos. Pela tarde, ao despertar do descanso: ”Vem – me
disse – e sobe a meu Castelo‟. E segui, e, ao subir, saiu dentre
as ruínas do Castelo uma voz, e disse:
- Jura-me amor, lealdade e fidelidade?
– Sim!
Quando será isso? Que homens serão?
- Serão homens de tua Ordem que combaterão, e na frente o Profeta
Elias; e isto será tão logo como o desejas!
Nossa Senhora nos pede a Penitência
“És a Virgem Carmelitana?
- Sim, sou a Virgem que preside e reside no Carmelo e demais montes
santificados com a penitência dos Profetas e de meus Santos.
- És a Mãe de todos os anacoretas, solitários, eremitas e de todos
aqueles que fazem penitência nos desertos?
- Sim, sou a Virgem Carmelitana, sou uma Virgem que está com os
penitentes nos desertos. E em sinal que estais todos sob os meus
cuidados, tremeram os demônios sob a invocação do meu nome. Eu
tenho meu trono no Monte e minhas armas se dirigem a salvar do fogo
eterno todos aqueles que se põem sob o meu estandarte.
- Sob o estandarte do Carmo?
- Sim, minhas armas ameaçam o império de Satanás.
- Que se renda Satanás ante teu trono, ó Rainha invicta!
- “Eu sou a Mãe de Deus, Maria sempre virgem, que sob o título do
Carmelo ordeno a destruição do império de Satanás” (R 9, 47).
Somos o exército de Maria, nesta batalha decisiva contra os poderes
infernais! (cf. Gên. 3, 15).
3.
Vitória final da Santa Igreja
“Ouviu-se
o murmúrio de uma leve brisa” (I Reis 19,12).
Intercessor: Juiz Santo, Justo e Terrível, aquela nuvem de
pecados que impedia que penetrasse até vosso Trono o incenso da
oração de vosso povo (Lm 3, 44), já está dissipada. Toda a dívida
que os pecados dos homens tinham contraído com vossa Justiça já
esta satisfeita e já não existe o obstáculo que punha Satanás
para que minha petição não fosse atendida neste tribunal. Com o
odor frangantíssimo do Holocausto que no Corpo e Sangue de Jesus
Cristo Vos tenho apresentado ficou desarmada vossa Justiça. De agora
em diante já não Vos quero chamar Juiz, e, sim, Nosso Pai, Vos
direi, que estais nos Céus. Já, enfim, Satanás ficou desarmado e
vencido com o Sacrifício da Cruz! (L 83).
Juiz: Satanás, que respondes a isto? Quão grande é tua
confusão! Tens perdida tua causa e Eu vou destruir teu reino de
impiedade” (L 10).
“Assim aguardamos novos céus e nova terra segundo sua promessa”
(II Pedro 3, 13). A vitória da Santa Igreja contra o império do
mal.
Bendigamos a Deus pela vida e a mensagem do Bem-aventurado Padre
Francisco Palau. Ele foi um instrumento providencial para a
Igreja e para o Carmelo nestes nossos tempos. No Espírito
de Elias, subamos com Ele o
Monte Carmelo e rezemos sem cessar... Que venha o Reino de Deus!
Que triunfe o Imaculado Coração de Maria! Que vença a Santa Igreja
Católica!
“E me conduziu a um monte grande e alto e me mostrou a cidade
santa, Jerusalém que descia do céu, de junto de Deus, toda
resplandecente da luz de Deus” (Ap. 21, 10.11).
“Eu
os fiz entrar na terra do Carmelo,
para
que possam saborear
a
abundância dos seus frutos!”
(Jer.
2, 7).
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