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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 24 de fevereiro de 2019

SANTA PRISCA, VIRGEM E PROTOMÁRTIR DA IGREJA DE ROMA.



Assim nos conta o ilustre Cardeal Autor: “A vida que escolhemos em primeiro lugar, é a da Virgem Mártir Santa Prisca, nobre Romana, descendente da nobre família cujo nome herdou; família não só senatorial, mas consular, tendo seu mesmo Pai duas vezes desempenhado este sublimado cargo durante o império, ela teve a fortuna de ser batizada pelo Príncipe dos Apóstolos e primeiro Santo Pontífice, São Pedro. Sofreu o martírio, talvez mais cruel do que nenhuma outra Virgem depois padecesse, e na tenra idade de 13 anos.

Duas causas decidiram esta escolha, ambas plausíveis. A primeira, que se infere da história e monumentos que nos restam, é ser ela a Protomártir não só de Roma, mas da Igreja Romana. O que dá lugar a descrever o princípio desta Igreja à universalidade dos fiéis agora ignorantes, os costumes gentílicos de Roma, e o contraste com os dos Cristãos primitivos; de que resulta sobressair melhor o heroísmo desta Menina, que foi depois o exemplo das ilustres virgens que floresceram nos três séculos seguintes, as Bonosas, as Cecílias, as Martinhas, as Domitilas, as Inêz, e outras semelhantes, e não teve Prisca antes de si exemplo que seguir.

A segunda causa da escolha, é a mais importante; perdoem-nos os Romanos, se nós, apaixonado amador da verdade, e leal e singelo escritor, começamos por uma repreensão, que embora eles a mereçam, os chamados para juízes de si próprios. Percorrendo esta santa Cidade (Roma), não achamos quem nos indicasse o lugar do Templo de sua excelsa Protomártir, enfim, com muito custo tendo o achado, qual foi nosso espanto, e mesmo nossa indignação, vendo deserto o caminho que para lá conduz, o vestíbulo do Templo cheio de erva, este fechado, desemparado, sem adornos! É esta pois, pensamos nós, a Igreja que é uma das Estações de Roma, e tem um Título! Maior foi nosso escândalo quando entramos nos subterrâneos do Templo, que conserva tão nobres monumentos da nossa Fé, vimos e soubemos que as preciosas Relíquias daquele virginal corpo, foram barbaramente roubadas por mão estranha, sem que os Romanos que reivindicam os monumentos profanos da arte, se tenham lembrado há meio século de reaver tão santo tesouro! Não podendo atribuir semelhante negligência a falta de Religião e de amor pátrio, visto terem tantos outros Templos e magníficas Basílicas, e é muito conhecida a piedade romana, somos forçados a chegar a esta conclusão: que isto aconteceu pelo esquecimento da grandeza da virtude, e da glória desta Heroína. Com efeito, a vimos tão desconhecida, que não podemos encontrar seu doce nome em nenhuma dama romana, o que não acontece com as outras Santas. Manifesto sinal que a devoção a Santa Prisca se desvaneceu.

Parece pois conveniente recordar a Roma e à Itália, sua primeira glória, afervorar a devoção dos Fiéis por esta Primogênita e Protomártir de sua Igreja, para que as donzelas Nela tenham o mais nobre, e glorioso exemplo de heroica e viril coragem na defesa da Fé, e zelosa solicitude pela flor de sua virgindade; e Roma, a Itália e a Igreja possam nestes calamitosos tempos recorrer a seu poderoso patrocínio.

Conservaremos a exatidão histórica; e referiremos os fatos como então se passaram, e quando faltarem documentos individuais, nos cingiremos aos gerais daquela época, sendo certo que a Protomártir, podemos dizer a Primogênita da Igreja Romana, teria escrupulosamente executado as leis eclesiásticas então em vigor”. Até aqui o ilustre Cardeal.

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Obs: Santa Prisca não é Santa Priscila como alguns comentam, mas, Santa Priscila é a irmã mais velha de Santa Prisca, filhas do Senador Romano Vinício Prisco II. Sua mãe, Júlia, descendente de Augusto, filha de Germânico, irmã do imperador Calígula e da princesa Agripina, que foi mulher e mãe de imperadores e de Drusila (Muratori, An XIX). Sua mãe Júlia, era discípula de Sêneca, o grão filósofo moral de Roma (Rollin, Hist. dos Imp. Romanos, liv. III, 55, I).

Seu martírio deu-se no ano 54 d.c.

Em momento oportuno postarei o seu Martírio, como está descrito nesta raríssima obra.

Santa Prisca, Virgem e Protomártir da Igreja de Roma, rogai por nós.


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Fonte: Cardeal Wiseman, “Prisca - Narração Histórica do Reinado de Cláudio: Primeiro Século da Era Cristã”, Advertência Preliminar, pp. VIII-XI; Traduzido do Italiano, B.L. Garnier, Livreiro Editor, Rio de Janeiro, 1879.


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