A
Possibilidade e a
Conveniência
da Castidade
Almas,
flores murchas; almas perturbadas; almas inocentes. O instinto
santificado. Naquelas páginas
tão simples e tão belas, tão elegantes e tão doces do Peril
des sens,
– páginas tão embaladoras, que nos parece, ao lê-las, ouvir
ruflar asas de Anjos e sentir a suavidade acariciante de brisas
frescas, cheias de aromas do Céu –, encontro uma nomenclatura de
almas simpáticas, – algumas que por sinal subiram de muito baixo,
do fundo de abismos negros e tumultuantes – ouro que andou
enterrado em escórias – e provam exuberantemente que o exercício
da castidade é possível em todos os estados, a todos os indivíduos
e a todas as classes.
Há
as almas aviltadas, flores murchas, a quem o mundo cospe os baldões
do seu desprezo… e diante de quem se roja, numa incoerência e num
cinismo revoltantes, a reclamar prazer…
Chegar
um dia em que essas tristes almas – astros apagados no lodo – se
desgostam entranhadamente de si mesmas, e, pouco a pouco, se sentem
conquistadas pela beleza dominadora e irresistível de Deus.
Correm,
então, pressurosas, como fez a Madalena, – almas resgatadas,
carnes redimidas – e lançam-se aos pés do Redentor, banhando-os
de lágrimas, ungindo-os de beijos e de perfumes, enxugando-os com os
cabelos, – a oferecer humildemente a homenagem de um coração
despedaçado pelo arrependimento, cheio da fidelidade garantida por
muita desilusão, por muito desengano…
E
permanecem, transformadas e fortes, não se afastando jamais da Cruz,
– verdadeira âncora salvadora no mar proceloso em que eram
náufragas.
Há
outras almas, perturbadas
pela sedução, pelo artifício do pecado. Sentem o atrativo
estonteante do vício; e, sem se deixarem cair, são o ludíbrio
constante das inquietações horrorosas, que o delírio da imaginação
e dos sentidos produz. Suspensas entre Deus e o mal, são almas
hesitantes.
Imitam
constantemente a Pedro: juram agora fidelidade; e, logo, negam a
Cristo, abraçando o partido dos seus inimigos… que são os
inimigos da alma.
Mas,
como Pedro, rapidamente encontram o olhar doloroso do Mártir divino;
e, confundidas, horrorizadas na consideração do crime que andavam a
cometer e das vergonhosas preferências a que desciam, acolhem-se ao
terno abrigo dos braços da Misericórdia – sempre abertos ao
Pródigo desenganado – e encontram delícias íntimas, – que são
divinos reconfortantes
– em partilharem dos Seus
martírios: tentações diabólicas, solitárias agonias, injustiças,
ingratidões, irrisões, desprezos, desamparos, privações
horríveis: maceradas sempre de ultrajes e angústias; mas nesta via
de amarguras, por vezes incomportáveis, erguem sempre o olhar para o
alto, para a Cruz –
única esperança firme
que lhes resta, entre tantas ilusões desfeitas.
Finalmente,
há almas felizes entre todas as almas, perfumadas e douradas sempre
pelo brilho da inocência, consumidas constantemente pelo desejo de
Deus, sem jamais ansiarem por outro objeto, que não seja o
Amabilíssimo Senhor, que por elas foi crucificado.
Procuram
vivamente corresponder-lhe, servindo-O em perpétuo holocausto de
sacrifícios, consagrando-lhe todas as suas afeições, todas as suas
energias, todas as faculdades e sentidos, sem restrição alguma.
São
almas de fogo e como o fogo, subindo sempre, sem jamais se inclinarem
para a terra.
“Tudo
posso naquEle que me conforta”
(São
Paulo aos Filip., 4, 13).
“Como
é bela e esplendorosa
a
geração casta!
… Ela
triunfa perpetuamente coroada”
(Sabedoria
4, 1-2).
____________
Levantam-se
clamores altivos, acusando a Igreja de impor uma legislação
despótica contra o próprio direito natural, colocando aos ombros da
humanidade um peso insuportável.
É
a voz dos que deformam o ensino da Igreja, não distinguindo entre
Conselhos e Preceitos de Cristo.
A
Igreja não condena, jamais condenou o apetite natural, de que o
sensualismo é a alteração e o abuso.
A
Igreja não desconhece nenhuma das legítimas reclamações da
fisiologia humana.
Para
a Igreja, o instinto sexual torna-se mau, quando obedece como escravo
as indisciplinadas tendências. Torna-se bom, quando se faz dele uso
legítimo. E por uso
legítimo a Igreja
entende o que é regulado pelo Autor da Natureza e pela Razão com
que o mesmo Autor nos dotou.
A
Igreja eleva a função do instinto sexual a uma alta dignidade,
santificando-a até. Reconhece no poder procriador uma honra e uma
prerrogativa sagrada, visto que o homem é, por meio de tal poder,
associado à Paternidade de
Deus, tomando ativa parte nos desígnios da Providência sobre os
destinos da espécie.
A
Castidade é possível e é útil.
E, de inteira harmonia com a ciência imparcial e austera, a Igreja
afirma a possibilidade e alta conveniência da Castidade, – a
virtude sublime que enobrece e angeliza as criaturas.
A
afirmação contrária é um preconceito anticientífico, irreverente
e blasfemo.
Não
venham dizer, clama Gibergues, que a castidade é contra a natureza.
Também
a obediência, a paciência, a caridade, a dedicação, o trabalho, a
solidariedade, e a fraternidade, – todas estas admiráveis virtudes
são contrárias à natureza, contrárias ao egoísmo de cada um. Mas
são belas, convenientes e necessárias.
Utilizam
aos outros e a nós próprios.
Combatem
os gérmens viciosos e os princípios de morte, que existem
entranhados na pobre natureza humana, e desenvolvem todas as
aspirações nobres e generosas.
Assim
a Castidade.
Só
os surdos e os cegos voluntários negam a possibilidade da
Continência. A ciência afirma
tão peremptoriamente a possibilidade da virtude da castidade, que o
sr. Dr. Georges Surbled sustenta que só “os
surdos e os cegos voluntários”
ousam negá-la.
Se
abrirmos o seu magnífico, precioso livro La
vie de Jeune homme,
veremos, documentalmente provado, que só “os
espíritos fortes”
estão ainda agarrados às velhas ideias, às banalidades antigas, às
calúnias e aos sofismas de um materialismo que passou de moda.
O
sr. Dr. Cardia Pires, que foi Guarda-Mor de saúde, em Leixões,
publicou, ainda não há muito, na revista do Porto A
Medicina Moderna, muitos
e bem fundamentados artigos, sustentando, calorosamente, a
possibilidade da continência e as suas vantagens incalculáveis;
mostrando que “há
preceitos higiênicos que favorecem o
domínio de nós mesmos na esfera genital”
e que “o domínio da
sensualidade é uma consequência lógica e necessária da educação
da vontade”.
O
Lente da Universidade de Coimbra Dr. Daniel de Matos, muitas vezes,
na sua própria cátedra, preconizou a possibilidade, a conveniência
e a necessidade da castidade.
O
sr. Dr. Luís Antunes Serra disse, ainda há pouco, em Coimbra,
diante de mestres e condiscípulos da
Universidade, em uma conferência importante sobre o assunto: “A
medicina não contradiz a verdade cristã; confirma-a até em nome
dos clínicos”. E
acrescentou… “posso
afirmar-vos que não se lê em parte alguma da literatura médica,
autenticamente científica, absolutamente nada que vá de encontro à
castidade.
Os
tratamentos e manuais médicos são, em
geral, mudos neste ponto… Se algum diz alguma coisa, é para deitar
asneira de pôr os ossos de Charcot em pé.
É
o que acontece com o nosso professor Júlio de Matos...”
E
referindo-se a um trabalho do sr. Egas Moniz sobre a vida sexual,
esclareceu: “Seguiu
este professor a sua época, caracterizada pelo ódio gratuito ao
Catolicismo, ódio disfarçado com o nome de ciência, mais nada”.
E
afirmou categoricamente: “A
castidade é a mais sábia medida da higiene moral, social e médica
e principalmente terapêutica”.
E
concluiu que todo o
homem, para cumprir a sua missão social, deve guardar a castidade
própria do seu estado e nunca contra as leis da fisiologia humana”.
O
Celibato. Em algumas
nacionalidades, por exemplo na Holanda, as professoras de instrução
primária são obrigadas ao celibato. E, ainda agora, o
Conselho Municipal de Londres
decidiu que as médicas não sejam admitidas nos hospitais de
Inglaterra, desde que venham a contrair Matrimônio.
E
ninguém se escandalize, pois um sábio e ilustre Médico diz, que é
necessário, não pode ser nem impossível nem perigoso. E ao mesmo
tempo afirma que os males da incontinência são conhecidos e
incontestados, mas que os resultantes da castidade são imaginários,
são inventados.
E
Fonsagrives confirma, escrevendo que “as
estatísticas despidas de toda a prevenção deixam ver que a
continência voluntária, em vez de ser perigosa, é antes a origem
de grande vigor físico e de grande energia moral”.
O
celibato digno, íntegro é, portanto, fecundo em abnegações, em
benefícios sociais de toda a ordem.
O
Dr. Pedro Filipe Nery Pinto, na sua obra “O
Casamento e o Celibato”,
escreve a seguinte página muito interessante: “A
frutificação das plantas, entre as herbáceas, é sinal da morte
próxima e completa.
A
frutificação dos vegetais vivazes causa-lhes a morte parcial. Se se
promove, mediante bons adubos, a frutificação de plantas bisanuais
durante o primeiro ano da sua existência, elas morrem no mesmo ano.
Pelo contrário, a reseda de cheiro (minhonete) torna-se lenhosa e
vivaz, se lhe cortam as flores antes da formação do grão. Os
insetos vivem mais tempo, quando lhes seja embaraçada a união
sexual; e muitos, como as borboletas másculas, morrem às vezes logo
depois de executado o ato da procriação. O início das funções
reprodutoras nos invertebrados, é o prenúncio da sua morte, ao
passo que, os vertebrados, em que ela é mais tardia, vivem mais
tempo. Nos animais e nos mesmos vegetais vemos, portanto, um – por
assim dizer – estado celibatário conveniente para o prolongamento
da vida, sem contudo, deixar de haver a reprodução da espécie em
geral, para o que não é necessário que todos os seres exerçam as
funções da geração.
Pelos
dados que a Biologia nos oferece, vemos que a ausência do ato
reprodutor parece prolongar a vida nos vegetais e
nos animais, e o seu exercício encurtá-la. Como não deve suceder o
mesmo com o homem, que pertence a um desses reinos, e havendo em
ambos eles identidade de condições? Assim como o homem, apesar do
natural instinto de conservação,
sacrifica a vida a bem dos seus semelhantes, tornando-se imortal pelo
seu heroísmo, até pelo martírio, igualmente pode vencer o instinto
da propagação que também não é despótico,
nem pode ter mais império que o outro”.
E
prova assim, magnificamente,
que o celibato não prejudica a vida do indivíduo.
Opinião
sem argumento sério – Opinião falsa e perniciosa.
O Dr. Dir. Leonel Beabe, professor
no Colégio Real de Londres, ensina: “Aqueles que sustentam que,
nos casos em que o Matrimônio se torna impossível por causas
diversas, é indispensável, por motivos fisiológicos, substituí-lo
por outras uniões, esses não baseiam a sua opinião sobre nenhum
argumento sério.
Nunca
se repetirá de mais que a abstinência
e a pureza mais absolutas são perfeitamente compatíveis com as leis
fisiológicas e morais, e que a satisfação dos desejos sexuais não
se justifica mais pela fisiologia e pela psicologia do que pela moral
e pela religião”
O
célebre Dr. Toulouse deseja que os jovens sejam bem educados na
ideia de que podem permanecer castos sem perigo.
E afirma que é falso e pernicioso dizer-lhes que a função sexual
deve ser exercida, sob pretexto de que todos os órgãos têm um
destino fisiológico.
E
o Dr. Georges H. Napheys, no seu livro La transmission
de la vie, calorosamente,
energicamente condena as teorias que pretendem fazer derivar qualquer
mal de um celibato castamente observado. Considera-as das mais
perniciosas doutrinas, sustentadas para servir o mal e para fomentar
a pior forma do vício.
Júlio
Payot, nA Educação da Vontade,
incisivamente chama a essas teorias “pretensos axiomas, que servem
para legitimar o triunfo da besta humana sobre a vontade racional”.
São palavras textuais da obra de Payot, traduzida pelo sr. Jaime
Cortezão.
O
mesmo autor diz que os chamados perigos da continência são apenas
problemáticos, e que a Igreja tem razão em ver na castidade a
garantia suprema da energia da vontade, energia que por sua vez
garante ao Padre a possibilidade de todos os outros sacrifícios.
Este depoimento é muito interessante e de valor qualificado, por vir
de quem vem. Júlio Payot, não é católico, nem o sr. Jaime
Cortezão, seu tradutor. São dele ainda estas preciosas
considerações:
– “Quando,
só em Paris, há dois hospitais para as doenças dessa origem,
quando cada ano o número de pessoas atingidas de amolecimento da
medula espinhal e de ataxia locomotriz, em consequência de excessos,
vai aumentando, é pelo menos irrisório ver o autor de um enorme
livro de 1.500 páginas, em 8º, sobre higiene, proclamar que a
continência definha a saúde”.
E
houve em Portugal um professor que afirmou isso…
Mas,
continuemos a ouvir Payot:
“Não
é evidente que o prazer venéreo é ruinoso, e que, ao contrário, a
continência dá ao organismo, à inteligência, um vigor, uma
plenitude de energia admiráveis?
Ou
será que o meio de triunfar dos nossos apetites consista em lhes
ceder sempre? Não sabem, até mesmo os principiantes em psicologia,
que o caráter essencial dos apetites, quaisquer que sejam, é uma
espécie de insaciabilidade, que se exaspera tanto mais, quanto mais
facilmente se lhes cede?
Curiosa
maneira de reprimir a audácia do inimigo, essa de bater em retirada
apenas ele aparece!
É
principalmente dar provas de uma grande ignorância do eu, esperar
dominar os apetites sexuais por meio de concessões.
Aqui,
ceder não é apaziguar, mas exasperar”.
Não
há uma só doença produzida pela castidade, diz Paulo Good e
Mantegazza. E, energicamente, o
Dr. Paulo Good lança um repto audacioso aos contraditores desta
doutrina salutar:
“Desafio-vos
a que me encontreis, em toda a história da medicina, entre todos os
povos, uma só doença, – ouvi bem! – uma só,
que possa ser causada por uma vida continente, uma vida casta.
Os
que dizem o contrário fazem pornografia médica, mas são indignos
do nome de servidores da ciência”.
O
Dr. Paulo Mantegazza, insuspeito de preocupações religiosas, diz
que todos os homens e particularmente os rapazes podem fazer
experiência dos benefícios imediatos da castidade. A memória é
pronta e fiel, o pensamento vivo é fértil, a vontade enérgica, o
caráter toma uma firmeza de que os libertinos não têm ideia
alguma. Nenhum prisma nos mostra tudo o que nos rodeia sob cores tão
celestes como o da castidade, que ilumina com seus raios os menores
objetos do Universo e nos transporta às alegrias mais puras de uma
felicidade constante, sem sombra e sem decadência.
E
também garante que nunca viu uma só doença produzida unicamente
pela castidade.
“A
castidade não prejudica o corpo nem a alma. A sua disciplina é
preferível a todas as outras”, afirma também o Doutor Sir James
Paget.
A
melhor salvaguarda dos jovens é a castidade.
O Dr. Emílio Perier, o célebre fisiologista Dr. Krafft Ebing, o Dr.
Acton e Oesterlen, higienista de fama universal proclamam, com sua
reconhecida autoridade indiscutível, que a melhor salvaguarda
física, moral e intelectual dos jovens é a integral observância da
castidade.
O
Dr. Oesterlen, com outros médicos afamados que cita, quer que se
vulgarize entre a mocidade, a afirmação científica de que todo o
rapaz auferirá da continência uma saúde florescente.
O
Dr. Gramacho, lente da Faculdade de Medicina, do Porto, – casado,
pai de bastantes filhos, faleceu há pouco, tendo mais de noventa
anos. Perguntando-lhe alguém o segredo da sua longevidade e saúde
constante, o venerando Professor de Medicina referiu ter sido
moderado sempre no comer e beber, e também escrupuloso, austero
observante da virtude da castidade, em qualquer estado da sua vida.
O
Dr. Neisser, professor em Breslau, afirmando que é urgente levantar
o nível moral da população, categoricamente propõe a todos que,
por qualquer título, são encarregados da instrução e educação
da juventude, mostrem a
possibilidade da continência. E concluiu por estas palavras
textuais:
“Esta
científica reação em favor da sã higiene e da velha moral é
salutar e preciosa”.
O
Dr. Augusto Forel e o próprio Krafft Ebing subscrevem a mesma
opinião, sendo esta, aliás, a de todos os clínicos sérios,
comenta o prestigioso autor dos Sofismas
da Mocidade.
Leão
Tolstoi, na primeira página do seu livro Amor
e Liberdade, deixou
dito: “O homem, casado ou solteiro, deve ser sempre, em todas as
ocasiões, o mais casto possível, e não considerar a união sexual
como um gozo. Creio que nenhum homem sério e sincero pode pensar de
outro modo”.
Barbier,
Baudrillart, Agostinho Gemelli, e quantos outros, consagrados
apóstolos da ciência e mestres consumados, – todos quantos não
sacrificam a preconceitos sectários a verdade científica, proclamam
a possibilidade, a conveniência e a necessidade manifesta da
castidade.
Mozart
e Vítor Hugo – Duas cartas.
A necessidade da continência é evidente em todas as idades; mas
impõe-se particularmente aos jovens, desde o início da puberdade ao
casamento. É verdadeira garantia de uma união sã e fecunda; é
simultaneamente a honra dos esposos e a condição da boa harmonia. É
sobretudo, o meio de assegurar o desenvolvimento completo do
organismo e de fazer atingir, sem dificuldades, a idade adulta, diz
o citado autor de “La vie de Jeune homme”.
E,
entre provas científicas e históricas, apresenta duas cartas de
dois homens notabilíssimos, cartas que devem ser motivo de confusão
e de vergonha para muitos.
Mozart,
diz, chegou aos 26 anos sem violar a continência e pôde escrever a
seu pai esta carta, que é uma honra:
“A
natureza fala em mim tão alto como em todos os outros… no entanto,
torna-se-me impossível regular a minha conduta pela de muitos
rapazes do meu tempo. Por um lado, tenho o espírito muito
sinceramente religioso… para me resolver a enganar alguma inocente
criatura. Por outro lado, a minha saúde me é bastante preciosa para
que a arrisque num comércio equívoco. Assim, posso jurar diante de
Deus que, até hoje, não tenho a censurar-me nenhuma queda”.
Vítor
Hugo também escrevia à sua noiva, em vésperas do casamento, esta
carta em que palpita o sentimento puro, encantador:
“É
o desejo de me tornar digno de ti, que me torna severo para com os
meus defeitos.
Tudo
te devo, e apraz-me repeti-lo.
Se
eu mesmo me tenho preservado, constantemente, dos defeitos tão
generalizados entre os meus contemporâneos e que o mundo tão
facilmente desculpa, não é porque as ocasiões me tenham faltado,
mas é porque a tua recordação me tem protegido continuamente.
Graças
a ti, tenho conservados intactos os únicos bens que hoje posso
oferecer-te: um corpo puro e um coração virgem”.
A
Faculdade de Medicina de Cristiânia.
A Faculdade de Medicina da Universidade de Cristiânia declara:
“A
asserção, proferida recentemente por muitas pessoas e reproduzida
nos jornais e nas assembleias públicas, de que uma vida de pureza e
moralidade seria prejudicial à saúde, não repousa, segundo as
nossas experiências, unanimemente averiguadas, sobre nenhum
fundamento”.
A
Conferência Internacional de Bruxelas.
A Conferência Internacional de Bruxelas, por unanimidade de mais de
300 votantes, declarou:
“Nunca
tivemos conhecimento de qualquer prejuízo que, para a saúde
resultasse de uma vida absolutamente pura e absolutamente moral. É
preciso sobretudo ensinar à juventude masculina que não só a
castidade e a continência não são nocivas, mas ainda que essas
virtudes são das mais recomendáveis, sob o ponto de vista puramente
médico e higiênico”.
O
Dr.
Good citando isto, nomeia vários sábios da Alemanha, Bélgica,
Brasil, Bulgária, Chile, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha,
Itália, Japão, Noruega, Países Baixos, Portugal, Romênia, Rússia
e Suíça, que subscrevem a mesma opinião.
Dr.
Serras e Silva.
O sr. Dr. Serras e Silva, Professor da Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, ilustradíssimo escritor, uma figura
marcante, uma glória inconfundível, – para documentar a
afirmativa de que a castidade é possível, altamente conveniente ao
indivíduo, à
família e à sociedade, baseia a sua argumentação em dados de
ciência, – “não
a dos sábios improvisados, mas a dos verdadeiros sábios e
conscienciosos observadores”, diz
S. Exª., e afirma: “Não
é portanto, em nome da higiene, nem com os sufrágios da ciência,
que se pretende sustentar a tese da castidade absurda e
fisiologicamente impossível. Defenda-se, por motivos de sensualidade
e de prazer, essa tese dissolvente, porque a ciência não a pode
sustentar”.
D.
Antônio Forjaz. E
o mesmo ensinou, em duas conferências notabilíssimas em Lisboa, o
Lente da Universidade da Capital, sr. D. Antônio Pereira Forjaz,
dizendo:
“Newton
– a mais elevada produção do espírito humano – no
conceito de Lagrange, diante do qual não há direito a ser-se
invejoso, como dizia Voltaire, – Newton, irritável, orgulhoso, de
forma alguma, cristão modelar, morreu alheio a qualquer impureza.
Podia
citar-vos trechos numerosos, colhidos no estudo da correspondência
particular dos homens célebres de todos os séculos, por exemplo, na
dos insuspeitos d’Alembert e Lagrange, para vos mostrar como o
simples grau de cultura é suficiente para anular, às vezes, as
solicitações da carne.
Muitos
conhecerão o que se passou com um filósofo virtuoso da Grécia –
Xenócrates – da escola de Platão.
Laís,
prodígio de formosura, que calcara aos pés Aristippes e Diógenes,
que desprezara Demóstenes e deslumbrara a dissoluta Corinto, aceitou
a aposta de fazer abalar a virtude filosófica de Xenócrates.
Recorre aos mais ardilosos expedientes e é, friamente, altivamente
derrotada.
Aque,
cuja fascinadora beleza mereceu à exigente Grécia um sepulcro
faustoso, nos campos da Thessália e um monumento na voluptuosa
Corinto, fora vencida, com simplicidade e firmeza, por qualquer coisa
de mais forte e de maior: a virtude”.
Xenócrates,
entre os filósofos pagãos; Víctor Hugo, entre os homens de letras;
Newton, entre os cientistas antigos; Edson, entre os intelectuais de
superior engenho; Mozart, entre os artistas, provam exuberantemente a
possibilidade da continência, afirmo e concluo com o prestigioso
autor citado:
“Se
tais figuras puderam resistir às solicitações da carne, como não
considerar a tarefa mais leve, o combate menos rude, quando se tenha
o Evangelho nas mãos e o crucifixo diante dos olhos…?
O
segredo da possibilidade da continência. A ciência dizendo hoje o
que S. Agostinho dissera já no princípio do IV século.
E aqui está, finalmente, o segredo da possibilidade da continência,
– a mais elevada, a mais perfeita mesmo.
A
pureza, é uma doce realidade – viva e reconfortante, porque o
Sangue do Calvário purificou as almas e elevou-as, dando aos homens
uma energia nova, energia prodigiosa, porque é sobrenatural, porque
é divina.
Como
disse um escritor, um dia: “César, talvez só com dificuldade
encontrasse cem virgens em toda a vastidão do Império; se vivesse
hoje, encontra-las-ia aos milhares me toda a redondeza da terra, onde
reina o Sacrossanto lábaro da Cruz, o símbolo da Religião Augusta
do Divino Crucificado”.
A
Igreja, ao fixar o esplendoroso cortejo dos seus filhos, que
desveladamente cultivam a flor branca e mimosa da Pureza, pode
cantar, em arroubos de entusiasmo, a saudação do livro da
Sabedoria: Ó quam
pulchra est casta generatio cum claritate…
– “Oh!
Como é bela a geração dos castos, no esplendor da virtude! Imortal
é a sua memória, porque é conhecida de Deus e dos homens. Quando
ela está presente imitam-na; depois de perdida, deixa saudades;
triunfa na eternidade, coroada com o prêmio dos seus combates sem
mácula”.
Uma
blasfêmia. E os que, numa
estólida soberba, em um orgulho obstinado, proclamam legítimas as
reclamações desordenadas da natureza decaída, implicitamente
consideram a Deus um monstro perverso, um tirano odioso, que oprime e
tortura as suas criaturas, comprazendo-se no martírio delas,
sarcasticamente, porque lhes impõe Mandamentos impossíveis de
cumprir. Considerar assim a Deus Nosso Senhor um tal carrasco, é uma
irreverência inaudita, é uma blasfêmia sem nome.
Por
isso, o Concílio de Trento fulminou de anátema, a quem disser que
os Preceitos de Deus são impossíveis de guardar, mesmo ao homem
justificado e com o auxílio da Graça.
Os
servos maus continuamente vão repetindo o non
serviam, que é o brado
sacrílego de Lúcifer; mas, em um amplexo admirável, surpreendente
e majestoso, em uma perfeita harmonia empolgante com a Religião, a
Ciência e as Letras proclamam a grandeza e a bondade de Deus para
conosco, – afirmando hoje, pela alta palavra dos seus mais
eminentes representantes, a verdade que Santo Agostinho, – o Grande
Doutor da Igreja – enunciou há tantos séculos, isto é: que “Deus
jamais ordena coisa alguma que não seja para o maior bem daqueles
a quem transmite as suas
ordens”.
A
Lei e a Graça. É certo que
alguns esmorecem, desanimam, na consideração das forças próprias,
– mesquinhas e falazes.
Mas
o Santo Doutor explica ainda: “a lei foi dada para pedirmos a
graça, e a graça nos é concedida para podermos observar a lei”.
De modo que podemos concluir com S. Paulino: “Deus não impõe
Mandamentos senão para nos conceder a graça de nos recompensar”.
A
recompensa. A intuição de Deus.
E, no sopé da montanha sobranceira ao Lago de Tiberíades, erguendo
o olhar para o alto – para Jesus que fala à multidão, envolvido
em aromas e em brisas suaves, escutamos atentamente a doçura meiga,
infinita da voz divina:
Bem-aventurados
os puros, os castos, porque verão a Deus.
Ah!
Ver, gozar a intuição do resplendor da Luz Eterna de Deus!
Mergulhar-se a alma naquelas torrentes de delícias inefáveis, –
enebriada eternamente, absolutamente!…
É
a promessa consoladora e bendita de Jesus, – a Verdade que jamais
falta.
E
o condicionamento da ventura suprema, – a eterna felicidade de ver
a Deus – é a pureza, a castidade.
As
almas sublimadas no exercício desta virtude incomparável,
serão como lírios frescos, brancos, rescendentes, transplantados
para o Céu.
E
muitíssimas, – as que aparecerem “sem mácula diante do trono de
Deus” seguirão por toda a parte o Cordeiro, cantando um hino tão
suave e estranho – um
cântico novo –,
de harmonia tão embaladora e alta, que as outras almas eleitas não
poderão acompanhar, nem compreender.
Fonte: Ensaio intitulado "Sodomia - Pederastia - Homossexualismo", neste endereço: https://onedrive.live.com/?id=8278C2ED5B87800A%21206&cid=8278C2ED5B87800A
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