Três prisões atam a todos os que deste mundo partem: a do pecado: porque nenhum de per si é inocente, nem está livre da pena, se Cristo não lhe perdoa e o justifica; a da morte: porque não podem por forças próprias resistir à região da vida; e a do Inferno: porque não está na sua mão ir para este, ou aquele lugar, ou sair dele, até que o ordene poder superior. Só Cristo esteve desatado de todas estas prisões, e por isso, diz de Si pelo Real Profeta: Que foi entre os mortos livre; livre do pecado, porque era a mesma Inocência e Santidade; livre da morte, porque a ela se sujeitara voluntariamente, e na Sua mão estava ressuscitar quando quisesse; livre do Inferno, porque quando ali desceu, estava como Rei, e não como cativo; antes, libertando muitos cativos, os levou Consigo para aumentar o Seu triunfo: Ascendens in altum captivam duxit captivitatem.1
Pondera que pasmo causaria àqueles Príncipes do Reino das Trevas, e Potestades infernais; e pelo contrário, que alegria e consolação aos Pais do Limbo, ver ali uma Alma tão Senhora daquele lugar, refulgindo raios de incomparável claridade; e onde todos estavam presos, nem jamais se tinha visto liberdade, estar ela tão livre e dominante!
Ó meu amorosíssimo JESUS: eu adoro e glorifico vosso poder, liberdade, domínio e virtude; e confesso que era bem, que pois o amor Vos fizera como cativo entre os vivos, a virtude Vós fizesse livre entre os mortos. Rogo-Vos com todas as veras que posso, que aqui entre os vivos me purifiqueis de toda a dívida do pecado; para que no mesmo ponto em que pagar a da morte, possa ir gozar da liberdade dos filhos de Deus, que é vossa visão Bem-aventurada. Amém.
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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, "Luz e Calor" - Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição", 2° Parte, Opúsculo III, Meditação XXVI, Ponto III, pp. 386-387. Nova Edição, Lisboa, 1871.
1. Ad Ephes. 4, 8.
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