“Tu és a Glória de Jerusalém,1
a Alegria de Israel
e a Honra do nosso Povo!”2
I – A vitória alcançada por Judite sobre os inimigos do povo de Deus era a figura profética do triunfo de Maria. Foi a Virgem quem, por sua Conceição Imaculada, lançou a confusão entre as legiões do Inferno. Somente Ela escapou ao contágio do Pecado Original, e realizou esta predição do Gênesis, que abre a história da humanidade: “Uma mulher esmagará a cabeça da Serpente”.3 Os profetas são unânimes em proclamar as maravilhas dessa mulher, na qual não há labéu4; a Ela é que se aplicam as aclamações gloriosas feitas à ilustre Judite. Mas a Virgem Imaculada acresceu de mérito pessoal sua inata perfeição; conservou-se humilde em meio as suas excelsas prerrogativas; mostrou-se vigilante, embora fosse inacessível aos perigos do pecado; aliou, finalmente, a penitência à sua inocência, porque participou voluntariamente de todas as humilhações da Cruz. Nós, que tão distanciados estamos da santidade de Maria, quanta razão temos para sermos humildes e vigilantes!
II – O Batismo, chamado por São Jerônimo: Sacramento de concepção espiritual, produz na alma um renascimento imaculado. Apaga o pecado e restaura a primitiva pureza. Conservando essa graça ou readquirindo-a, mediante uma penitência salutar, é que dignamente ostentaremos o título de filhos de Deus e da Virgem. Cultivemos em nós a vida nova, pela mortificação, desvencilhemo-la dos obstáculos que impedem seu progresso; alimentemo-la com o suco divino da oração e da comunhão, e fortifiquemo-la pelo exercício das virtudes evangélicas. Então o Mistério da Imaculada Conceição produzirá em nós seu fruto, fruto de vida santa e celestial!
Considerações sobre
a Imaculada Conceição5
“O Dogma de Maria Imaculada nos lembra o momento feliz em que Nossa Senhora começou a existir, tendo sido concebida nas puras entranhas de Sant’Ana. O seu primeiro momento de vida foi todo puro e sem mancha: diferente do primeiro instante de vida de todos os demais descendentes de Adão. O Demônio que se apodera de toda a criatura humana desde o primeiro instante em que recebe a centelha da vida e a domina até que o Santo Batismo o desaloje daí; o Demônio não teve parte, não tomou nenhuma posse, não exerceu nenhuma influência sobre a Conceição da Virgem. Fica assim claramente explicado, em termos que todos podem compreender em que consiste a Conceição Imaculada de Nossa Senhora…
Maria, nascendo sem mancha original, não precisou do Batismo, como aconteceu a nós que somos irmãos pela natureza. Graça tão extraordinária, privilégio tão singular lhe foi conferido por Deus, em virtude e pela previsão dos méritos infinitos do Filho de Deus que Dela devia nascer mais tarde”.6
Doutrina
O Pecado Original, de que a Augusta Mãe do Divino Redentor ficou isenta, não é uma lenda, mas uma verdade revelada por Deus, motivo particular da vinda de Jesus Cristo a este mundo. Para nos livrar desta mancha, foi por Jesus instituído o Sacramento do Batismo, no qual recebemos a mesma graça divina que tornou Maria Santíssima Imaculada. Pelo Batismo a criança, de simples filha dos homens, se torna filha adotiva de Deus, de pura criatura humana torna-se criatura divina, participando quanto possível da natureza do próprio Deus.
Daqui se conclui a necessidade de receber o Batismo para se entrar no Céu. Achando-se alguém em perigo de morte, qualquer pessoa pode e deve batizá-lo, ainda que seja o pai ou a mãe do moribundo. Batiza-se derramando água natural sobre a cabeça do pagão e dizendo ao mesmo tempo: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Quem derrama a água é que deve pronunciar as palavras, sem mudar, omitir ou introduzir coisa alguma. Toda pessoa deve saber batizar. Quem não souber, deve aprender.
2. Migalhas Evangélicas, pelo Pe. Teodoro Ratisbonne, Suplemento, pp. 431-432. Editora Vozes Ltda, Petrópolis/RJ, 1941.
3. Gên. 3, 15.
4. Desonra.
5. “Mês de Maria Brasileiro – Meditações, Exemplos, Orações para o Mês de Maio”, pelo Frei José de Monsano, O.F.M., Dia 4, pp. 32-34. Editora Mensageiro da Fé, Salvador/BA, 1957.
6. Frei Marcelino de Milão, Palestra “Maria Imaculada”.
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