“… e Conhecereis a Verdade,
e a Verdade vos tornará livres (do pecado)”
(João 8, 32).
1ª Parte
O Divino Espírito Santo ensina:
1. A Sodomia é um Pecado que brada ao Céu pedindo vingança.1
“Disse, pois, o Senhor2: O clamor de Sodoma e de Gomorra aumentou, e o seu pecado agravou-se extraordinariamente. Descerei, e verei se as suas obras correspondem ao clamor que chegou até Mim, ou, se assim não é, para o saber.”3
Comentário: “Deus, tendo aparecido sob a forma humana, usa a linguagem de um juiz humano, que se quer informar antes de dar a sentença; porém, já conhecia perfeitamente os crimes de Sodoma, como se vê no versículo 20”.4
2. O Santo Patriarca Abraão afirma que o sodomita é um ímpio.
“E, aproximando-se (Abraão de Deus), disse5: ‘Perderás Tu o justo com o ímpio?… Longe de Ti, que faças tal coisa, e mates o justo com o ímpio, e o justo seja tratado como o ímpio, isto não é próprio de Ti; Tu, que julgas toda a terra, de nenhuma sorte farás tal juízo’. E o Senhor disse-lhe: ‘Se Eu achar no meio da cidade de Sodoma 50 justos, perdoarei por amor deles a toda a cidade...’.”
Comentário: Neste “diálogo sublime… vê-se de um modo claro a eficácia da oração e a bondade de Deus”.6 Vê-se também que, “Deus está pronto a salvar a cidade, não por causa da justiça dos seus habitantes, mas pelo ‘pequeno resto’ de justos que nela se encontram”, pois, o Divino Espírito Santo falou pela boca do Profeta Isaías nestes termos: “Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse conservado alguns da nossa linhagem, teríamos sido como Sodoma, e ter-nos-íamos tornado semelhantes a Gomorra”.7 O Profeta Ezequiel,8 dá a entender que, mesmo para Sodoma condenada existe uma salvação possível. Deve-se entender que, esta possível salvação, está condicionada à graça do arrependimento, da oração e da penitência.
“Parou de falar Abraão, e desapareceu o Senhor;9 Abraão não se decidiu a passar mais adiante com suas súplicas, já pelo sumo respeito que lhe causou o Senhor, já porque acreditava que numa cidade tão populosa como Sodoma, não deixaria de haver sequer 10 justos; mas, desgraçadamente, não se acharam senão 4, que foram seu sobrinho Lot, a mulher deste, e suas duas filhas; e o Senhor levou a efeito seu castigo.
Nesta memorável passagem, vemos que 10 justos haveriam bastado para salvar a uma cidade tão populosa e tão criminosa como Sodoma, e se Abraão houvesse baixado para 5, talvez houvéssemos de ver, que bastavam 5 justos para salvá-la. Ó cristãos! Quanto pode na estimação de Deus a presença dos justos! Quanto interessa aos homens, aos povos e aos reinos o abrigarem justos no seu seio! Quanto deveríamos todos desejar que se aumentasse este precioso número! E quanto não deveríamos trabalhar cada um de nós por pertencermos a ele! Os justos cobrem, como escudo, os pecadores e os povos em que habitam; suspendem os raios da divina justiça que os seus delitos provocam, e conseguem da sua misericórdia tempo para se converterem; e isto quer dizer, que as obras dos justos, ou dos que estavam na graça de Deus, são propiciatórias e pertencem à Comunhão dos Santos”.10
3. A perversidade dos Sodomitas.
“Mas, antes que se fossem deitar os Anjos na casa de Lot, os homens da cidade, desde os meninos até aos velhos, e todo o povo junto cercaram a casa (de Lot). E chamaram por Lot, e disseram-lhe11: ‘Onde estão aqueles homens que entraram em tua casa ao cair da noite? Faze-os sair para que os conheçamos’. Saiu Lot, fechando nas suas costas a porta e disse-lhes: ‘Não queirais, vos rogo, meus irmãos, não queirais fazer este mal’.”
Comentário: “Faze-os sair para que os conheçamos”. Para os hebreus, esta palavra significa bem mais do que pura percepção intelectual. Inclui ideia de participação, experiência e, por este motivo, se aplica particularmente a designar o ato sexual. Neste sentido, o homem conhece a mulher: Gên. 4, 1.17; I Sam. 1, 19-20; Jz. 11, 39; 19, 22-30; 20, 1-6 ss; Judit. 16, 26; Mat. 1, 25; Luc. 1, 34.
Lot disse ainda: “Tenho duas filhas, que ainda são virgens; eu vo-las trarei, e abusai delas como vos agradar, contanto que não façais mal algum a estes homens; porque se acolheram à sombra do meu telhado”.12
Comentário: “Lot emprega todos os esforços para defender os seus hóspedes. Chega a sacrificar os seus deveres de pai, ofendendo deste modo a Deus, embora a sua culpa possa ser um pouco atenuada pela perturbação em que se encontrava, segundo diz Santo Agostinho”.13 Ele devia resistir até a morte.
Os sodomitas respondem para Lot: “Retira-te para lá… Tu entrastes aqui como estrangeiro; será talvez para nos julgares? A ti, pois, trataremos pior do que a eles. E forçavam Lot com grande violência; e já estavam a ponto de arrombar a porta. E eis que os (dois) homens (que estavam dentro) estenderam as mãos, e introduziram Lot em casa, e fecharam a porta. E feriram de cegueira os que estavam fora, desde o mais pequeno até ao maior, de sorte que não podiam encontrar a porta”.14
4. A justa recompensa da Impenitência na Sodomia: A destruição eterna.
Um pouco mais à frente, veremos que a Sodomia é um pecado tão asqueroso que, os próprios Demônios não o podem suportar.
Justa Recompensa
“E (os Anjos) disseram a Lot: ‘Tens aqui algum dos teus?…, faze sair desta cidade todos os que te pertencem, porque nós vamos destruir este lugar, visto que o clamor (dos seus crimes) aumentou diante do Senhor, o qual nos enviou para que os exterminemos’… Fez, pois, o Senhor da parte do Senhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo (vindo) do Céu; e destruiu estas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes das cidades (homens e mulheres, velhos e crianças), e toda a verdura da terra… Ora, Abraão, tendo-se levantado de manhã, foi ao lugar onde antes tinha estado com o Senhor, e olhou para Sodoma e Gomorra, e para toda a terra daquela região, e viu que se elevavam da terra, cinzas inflamadas, como o fumo de uma fornalha...”.15
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1. “Os pecados que bradam ao Céu e pedem vingança a Deus são quatro: 1º homicídio voluntário; 2º pecado impuro contra a natureza; 3º opressão dos pobres, principalmente órfãos e viúvas; 4º não pagar o salário a quem trabalha” (Catecismo Maior, ou, Terceiro da Doutrina Cristã, publicado por Ordem de São Pio X, Parte V, Cap. VI, Parág. 963, p. 174; Editora Vera Cruz, São Paulo, 1976).
2. Gên. 18, 20-21.
3. Bíblia Sagrada, 13ª Edição Portuguesa, traduzida da Vulgata e Anotada, pelo Pe. Matos Soares; Edições Paulinas, São Paulo, 1961.
4. Pe. Matos Soares.
5. Gên. 18, 22-33.
6. Pe. Matos Soares.
7. Isaías 1, 9.
8. Ezequiel 16, 53-55.
9. Gên. 18, 33.
10. “O Catecismo da Doutrina Cristã Explicado, ou, Explicações do Catecismo de Astete, as quais convém igualmente ao de Ripalda”, por D. Santiago José Garcia Mazo, 1ª Parte, Explicação LXXIV, pp. 74-76; obra traduzida em Português por D. José de Urcullú, 6ª Edição, Livraria Chardron de Lello & Irmão – Editores, Porto, 1905.
11. Gên. 19, 1-17; cfr. Juízes 19, 1-30.
12. Gên. 19, 8.
13. Pe. Matos Soares.
14. Gên. 19, 9-11.
15. Gên., 19, 12-29.
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