A Comunhão.
Deve-se comungar
ao menos em espírito.
Vem-se à comunhão: hora terrível, hora desejável. O Padre comungou: preparai-vos, vossa vez chegará dentro de um momento. Comungai primeiro em espírito; crede, adorai, desejai. É a minha comida; é a minha vida; desejo-a, quero-a. Não estais preparado para comungar? Chorai, gemei. Ai, onde está o tempo em que ninguém assistia, a não serem os comungantes, em que expulsavam, em que repreendiam, ou pelo menos censuravam, os que assistiam ao banquete sagrado sem comer? Efetivamente, assistir a ele sem comer não é desonrar o festim e desprezar-lhe as iguarias? Que desprezo! Que doença! Que desgosto! Mas não é mais o costume. Escutai o que diz a Igreja no Concílio de Trento: O Santo Concílio desejaria que todos os que assistem ao Sacrifício participassem dele. E porque é que o Santo Concílio o deseja, senão porque Jesus Cristo o deseja? Porque Ele não se converte em vianda senão para ser comido. A Igreja deseja, pois, que comungueis, vós todos que assistis ao Sacrifício. O Concílio todavia, não diz que deseja; diz que desejaria: Optaret sancta synodus. Porque? A Igreja não ousa formular desejo absoluto de tão grande bem; desejaria que todos o fizessem, que todos fossem dignos dele.
Ó Sacerdote, desejai também que todos comunguem convosco! E vós todos que assistis, correspondei a esse desejo da Igreja e do seu Ministro. Se não comungais, repito, chorai pelo menos, gemei, reconhecei tremendo que o cristão deveria viver de maneira que pudesse comungar todos os dias. Prometei a Deus preparar-vos para comungar quanto antes: tereis comungado ao menos em espírito. O Sacerdote comunga: o Sacerdote acaba, aflito, de comungar sozinho; não é culpa sua; não se deve deixar de armar a mesa, ainda que nem todos se aproximem dela. Tal é a liberalidade, tal é a bondade do grande Pai de família.
Finalmente, o Sacrifício está consumado: retirai-vos com dor de não terdes tido nele toda a parte que vos era destinada.
______________________
Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo “A Eucaristia”, Cap. XVII, pp. 84-85. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.
Nenhum comentário:
Postar um comentário