A Eucaristia, força da alma
e do corpo. Ela faz predominar
o espírito sobre a carne.
Espiritualiza-nos o corpo.
Porém, que necessidade havia de termos o Corpo de Jesus Cristo em verdade, em substância? De termos a Carne desse sacrifício? De termos nesse Sangue o sinal certo da consumação da remissão dos pecados? De sermos unidos a Jesus Cristo todo, como uma casta esposa a um esposo querido, e nessa qualidade termos poder sobre o seu Corpo, para lhe fruirmos ao mesmo tempo do Espírito?
E por falar do Corpo em particular, não há nada a fazer no nosso corpo? Não é a carne que cobiça contra o espírito? Quem pode melhor temperá-la do que o Corpo de Jesus Cristo aplicado sobre ela? Não há nos nossos membros uma lei que combate a lei do espírito? Quem melhor pode enfraquecê-la, e pôr os nossos membros mortais sob o jugo? Não nos cumpre trazer nos nossos corpos a mortificação de Jesus? Mas quem pode imprimir melhor neles o caráter dela, e santificar as penas dum corpo afligido? Mas não se faz mister que esse corpo mortal saia um dia do túmulo e da corrupção? E quem melhor pode tirar-nos dela do que esse Corpo que nunca a sentiu? Para nos tornarmos com Jesus Cristo um corpo espiritual, como o chama São Paulo, que havia para isso de mais eficaz do que a sua união com esse mesmo corpo, e a impressão dessas divinas qualidades?
Meu Salvador! Se me tocardes o corpo, sairá dele uma virtude: e será preciso que ele se torne semelhante ao vosso. A virtude que d'Ele sairá não me dará como àquela mulher, uma saúde fraca e frágil, mas a verdadeira saúde que é a imortalidade.
Mas as crianças que não comungaram não ressuscitarão então — Grosseiros e carnais, que não entendeis que esse Corpo é dado a toda a Igreja, e que esse fermento misterioso é capaz de vivificar toda a massa? Essas crianças de que falais não receberam com o Batismo um direito sobre esse Corpo? Ele é delas, ainda que elas o não recebam a princípio, segundo o costume presente; mas aquilo que é recebido por alguns, é para todos um mesmo penhor de imortalidade. Consolai-vos em Nosso Senhor, e fruí duma doce esperança.
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Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo “A Eucaristia”, Cap. XXIV, pp. 109-110. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.
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