Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Sobre o Dom de Profecia.


Assim ensina S. Tomás de Aquino: “Houve ainda um outro modo de confirmação, a saber, quando os pregadores da verdade buscaram dizer verdades sobre coisas ocultas, que pudessem ser após manifestadas, acreditou-se que eles diziam a verdade sobre coisas que excedem a experiência dos homens. Por isso, existiu o Dom de Profecia, pelo qual pudessem conhecer e comunicar aos outros, por Dom de Deus, coisas futuras, e as que comumente estão ocultas aos homens. Assim sendo, vendo os outros que eles diziam a verdade sobre estas coisas, acreditavam na palavra



deles referente à Fé. Donde ter dito o Apóstolos:
‘Ora, se todos profetizassem, entrando algum infiel, ou algum homem do povo, sentir-se-á questionado por todos, julgado por todos, e os segredos do seu coração tornam-se manifestos; cairá ele, então, com a face na terra adorando a Deus, e dizendo que Deus está verdadeiramente em vós’ ...1

Por isso, a manifestação profética do futuro é argumento suficiente para a Fé, porque, embora os homens cheguem ao conhecimento de algumas coisas futuras, contudo, o conhecimento do futuro contingente não é certo, como certo é o prenúncio profético. Embora, às vezes, receba o profeta alguma revelação segundo a ordem das causas para algum efeito, no entanto, simultaneamente, ou posteriormente, lhe é revelado como será mudado o efeito no acontecimento futuro, como a cura de Ezequias foi revelada a Isaías, e a libertação de Nínive a Jonas.

Os espíritos malignos, porém, querendo corromper as verdades da Fé, assim como abusam de obras miraculosas para induzirem ao erro e enfraquecerem o testemunho da verdadeira Fé (não operando, no entanto, milagres verdadeiros, mas coisas parecidas com milagres...), também abusam do prenúncio profético (na verdade não profetizando), mas prenunciando coisas ocultas aos homens na ordem das causas, dando a impressão de preverem o futuro em si mesmo. E embora os efeitos contingentes provenham das causas naturais, os referidos espíritos, devido à sutileza das suas inteligências, podem saber mais do que o homem quando e como podem impedir os efeitos das causas naturais. Assim é que, no prenúncio do futuro, apresentam-se mais miraculosos e verossímeis do que os homens mais sábios...

Não é ilustrando a mente que predizem as coisas que prenunciam, como acontece na Revelação Divina, pois a intenção deles não é levar a mente humana ao conhecimento da verdade, mas, antes, afastá-la da verdade...

... É, outrossim, refutado o erro de Priscila e Montano, que DIZIAM QUE OS PROFETAS, COMO OS POSSESSOS, NÂO COMPREENDIAM O QUE FALAVAM, e isto não está de acordo com a Revelação Divina, pois, A MENTE DOS PROFETAS É, ANTES DE TUDO, ILUMINADA...

Nos efeitos supracitados da graça, há ainda outra diferença a ser considerada. Pois, alguns desses efeitos são necessários para toda a vida do homem, visto que sem eles não pode haver salvação, como: crer, esperar, amar, e obedecer os Preceitos Divinos. E para esses efeitos é necessário existirem nos homens algumas perfeições habituais de modo que mediante elas possam agir no tempo oportuno. Outros efeitos, porém, não são necessários para toda a vida, mas apenas para determinados tempos e lugares, como, por exemplo, fazer milagres, prever o futuro, etc. E, para estes, não são dadas perfeições habituais, sendo apenas produzidos certos influxos Divinos, os quais cessam quando o ato cessa, e devem ser iterados (repetidos) quando necessária a iteração do ato, como por exemplo, a mente do Profeta que é iluminada por nova luz em cada Revelação; e, também, em cada obra miraculosa deve haver nova eficácia da virtude Divina”.2


Confirmando


... e quanto maiores as graças, maior o entendimento”.3


O Espírito Santo esclarece o intelecto recolhido, e na proporção de seu recolhimento. Ora, essa potência não pode achar melhor recolhimento do que na Fé; portanto, somente na Fé receberá a iluminação do Espírito de Deus. Quanto mais pura e perfeita está a alma na Fé, mais Caridade infusa de Deus possui; e quanto mais Caridade tiver, mais a ilustrará o Espírito Divino concedendo-lhe seus Dons Divinos... e a luz da Fé comunica à alma toda a sabedoria de Deus em geral, isto é, o próprio Filho de Deus que se comunica à alma na pura Fé”.4


___________________

1.  I Cor. 14, 24 ss.

2.  Santo Tomás de Aquino, “Suma Contra os Gentios”, – “De donis gratiae gratias datae; in quo de divinationibus daemonum”, Tom. II, Liv. III, Part. III, Cap. CLIV, nn. 3263-3269, 3277c, 3279.

3.  Santa Teresa de Jesus, “Livro da Vida”, Cap. 15, n. 14.

4.  São João da Cruz, “Subida do Monte Carmelo”, Liv. II, Cap. XXIX, n. 6.


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