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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 24 de março de 2022

Do Valor de Saudarmos a Virgem Maria, Mãe de Deus.


Um cavaleiro, cujo castelo ficava ao lado de uma estrada, espoliava sem piedade os transeuntes, mas cotidianamente saudava a Virgem, Mãe de Deus, e nada que acontecesse fazia-o passar um dia sem realizar a saudação. Certa feita, um santo religioso passava por ali e o cavaleiro mandou que o espoliassem, mas o santo homem rogou aos assaltantes que o conduzissem até seu senhor, porque tinha certos segredos a lhe comunicar. Levado diante do guerreiro, pediu-lhe que reunisse todas as pessoas da sua família e de seu castelo, para lhes pregar a Palavra de Deus.

Quanto todos estavam reunidos, o religioso disse: “Não estão todos aqui, ainda falta alguém”. Como lhe garantissem que todos estavam presentes, ele insistiu: “Olhem bem, e verão que falta alguém”. Então, uma deles percebeu que o camareiro não viera. O religioso disse: “Sim, é ele que está faltando”. Imediatamente mandaram buscá-lo, mas ao ver o homem de Deus, ele virava os olhos de forma horrível, agitava a cabeça como louco e não ousava aproximar-se. O santo homem falou: “Eu te conjuro, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a nos dizer quem és e a revelar diante dessa gente o motivo de ter vindo aqui”. E o camareiro respondeu:

Ai de mim! É por ter sido conjurado e forçado, que revelo não ser homem, mas um Demônio, que assumiu o aspecto humano, permanecendo assim catorze anos com este cavaleiro. Nosso príncipe (Lúcifer) mandou-me aqui para observar com atenção o dia em que ele não recitaria a saudação à sua Maria, a fim de então me apoderar dele e estrangulá-lo sem demora, pois morrendo sob o efeito de suas más ações, ele seria nosso. Mas como todos os dias ele dizia a saudação, não pude exercer poder sobre ele. Dia após dia eu o vigio com cuidado, e ele não passou um só sem saudá-La”.

Ouvindo isso, o cavaleiro foi tomado de grande pavor, jogou-se aos pés do homem de Deus, pediu perdão, e a partir desse dia mudou sua maneira de viver. O santo homem disse ao Demônio: “Eu te ordeno, Demônio, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, sai daqui e nunca mais vá a um lugar onde alguém invoque a gloriosa Mãe de Deus”. Imediatamente o Demônio desapareceu, e com reverência e gratidão o cavaleiro deixou o santo homem partir.


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Fonte: Beato Jacopo de Varazze, Dominicano, Arcebispo de Gênova, “Legenda Áurea – Vidas de Santos”, Cap. 50 (A Anunciação do Senhor), pp. 311-318. Tradução do latim por Hilário Franco Júnior, Companhia das Letras, Editora Schwarcz Ltda, São Paulo, 2003.


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