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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

O MESSIAS É, FILHO E SENHOR DE DAVI.


E1, estando juntos os fariseus,* Jesus interrogou-os, dizendo: Que vos parece do Cristo? De quem é ele filho? Responderam-Lhe: De Davi.2 Jesus disse-lhes:** Como, pois, lhe chama Davi,3 em espírito,4 Senhor,5 dizendo: Disse o Senhor*** ao meu Senhor: Senta-te à minha mão direita,**** até que***** eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?****** Se, pois, Davi O chama Senhor, como é ele seu filho?*******

E ninguém podia responder-Lhe uma só palavra; e daquele dia em diante não houve mais quem ousasse interrogá-lO”.6



COMENTÁRIOS


* Este dia deve ser a 4ª feira, 13 de Abril, porque desde o dia em que ninguém mais se atreveu a fazer-Lhe perguntas até a última Ceia, deve ter continuado a ensinar no Templo, pelo menos um dia, sem ser incomodado por perguntas insidiosas. De mais a mais, São Mateus nota que os Fariseus estão reunidos e que Jesus ensina no Templo, observações que podiam dispensar-se, se a pergunta do Salvador tivesse sido feita na 3ª feira.

** Salmo CIX, 1 – É o mais célebre dos salmos, e um dos mais difíceis de interpretar. É inteiramente profético, tendo por assunto as principais grandezas de Cristo, que são o Seu Reino Eterno e o Seu Sacerdócio Eterno. É citado várias vezes no Novo Testamento.7

O Messias era chamado pelo povo o Filho de Davi, porque segundo as profecias devia descender de Davi e de Abraão; por isso, é que São Mateus abre seu Evangelho por estas palavras: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abrão”.8

*** Disse o Senhor… Sentido: Deus Pai disse ao seu Filho Unigênito, meu Senhor, e Deus como Ele, e feito homem por amor de nós.

Cristo mostra ter duas Naturezas: a Divina, pela qual é Senhor de Davi e a Humana, pela qual é filho de Davi.9

Se Davi chama a Cristo filho e também Senhor e Mestre, é Este não só homem, senão Deus também” (Teodoreto).10

**** Senta-te à minha direita, isto é, governa e reina Comigo sobre todo o ser criado, com poder igual ao meu, como Deus que és.

***** Até que… estas palavras não estabelecem um limite à Suprema Realeza do Messias, porque Ele está sentado para sempre à direita de Deus:11 indicam apenas que a completa submissão dos inimigos do Salvador, no fim do mundo, será o prelúdio de uma era nova em que o Império de Cristo será mais glorioso e absoluto.

****** Está sentado para sempre à direita de Deus.12 Os sacerdotes do Antigo Testamento se têm de pé (omnis sacerdos praesto est ministrans) no santuário terrestre, Jesus Cristo está sentado para sempre (sedet in sempiternum) à destra de Deus, isto é, esses sacerdotes servem, e Jesus Cristo reina.13

******* Se, pois, Davi O chama Senhor..., Jesus era chamado filho de Davi por todo o povo; Ele aceita esse título e é como filho de Davi que vai falar. Ora, Davi o chama seu Senhor enquanto Deus.

Estas palavras projetam tanta luz sobre a dupla Natureza de Jesus, que os fariseus, confundidos, se calam e não se atrevem mais a interrogá-lO. O argumento acertara no alvo, e se os fariseus não confessaram a Divindade do Messias, não foi porque lhes faltassem os meios de O conhecer, senão porque eram cegos voluntários. – Costumavam os vencedores pôr os pés sobre o pescoço dos vencidos, em sinal de triunfo, de sorte que, fazer de um inimigo o escabelo de seus pés, era submetê-lo ao seu poder.14

Jesus não diz que não é filho de Davi, mas, quer obrigá-los a reconhecer que é mais alguma coisa: Filho de Deus.15



Questão Cristológica:16


Desde que Davi chama ao Messias “seu Senhor”, destinado a ter parte no poder do próprio Deus, insinua que, além da Natureza Humana, deve haver n’Ele o que O eleve até ao trono da Majestade divina. O erro fundamental dos judeus a respeito do Messias, consiste em que O consideravam tão somente como homem, fechando os olhos sobre os muitos lugares da Sagrada Escritura que, se não ensinam explicitamente, ao menos insinuam a Sua Divindade. Apontando o Senhor uma dessas palavras, quer instigá-los a pensarem na questão, e corrigirem os seus erros.

Os judeus17 não viam coisa de maior no Messias senão descender de Davi. Assim o dizem todos os vossos doutores, redarguiu o Filho de Deus, e dizem a verdade, mas não dizem tudo, porque se o Messias não é mais do que filho de Davi, como é que este rei profeta lhe chama Senhor?… É evidente que Jesus Cristo queria afirmar-lhes que Davi, chamando-O seu Senhor, falava também de Sua Natureza Divina, pela qual é Filho de Deus; e que, sendo filho de Davi e também Filho de Deus, é Deus.



Luzes Proféticas18


I – Consideremos que o texto do salmo, citado por Jesus, prediz claramente que o Messias deveria ser ao mesmo tempo filho de Davi e Filho de Deus; mas estas palavras proféticas não projetaram luz alguma nesses espíritos voluntariamente fechados aos testemunhos da verdade. Permaneceram em silêncio e não compreenderam que em seu meio estava Aquele que viera dar plena observância à Lei, cumprir todas as promessas e realizar todas as profecias. Tal é a razão que obsta aos homens cheios de si e presos as suas opiniões, o entendimento das coisas de Deus; e, ao passo que se revelam os divinos Mistérios aos humildes, ocultam-se aos espíritos orgulhosos e escapam à percepção dos que preferem as trevas à luz.

II – No texto sagrado mencionado por Jesus, Davi profetiza a glória de Seu Filho e adora-O, ao mesmo tempo, como seu Senhor e seu Deus. É a misteriosa revelação da dupla Natureza de Jesus Cristo. Por sua geração eterna, é Ele o Filho de Deus bendito em todos os séculos; por Sua Encarnação no seio de Maria, é o filho do homem saído da raça de Davi. Ora, a aproximação deste texto com os dos dois Mandamentos de Deus, que Jesus cita juntamente, demonstra-nos que precisamos aplicar ao divino Salvador o Mandamento de amar a Deus e o de amar o nosso próximo; isto é que, sendo Jesus nosso Deus, devemos amá-lO com toda nossa alma, com todo nosso coração e com todas as nossas forças; e que, ao fazer-Se homem, tornou-Se nosso próximo e, sob este novo título, exige que O amemos como a um dos nossos semelhantes.

Amemos, pois, a Jesus, com duplo amor e Nele concentremos os sentimentos que nos inspiram o Criador e as criaturas.



Cristo é filho de Davi

e Senhor Deus de Davi.19


A resposta devia ser: Cristo é também Deus, e, como Deus, é Senhor de Davi, mas os doutores de Israel isto ignoravam, e, por isso, não puderam dizer uma só palavra.

Jesus confunde os seus inimigos. – Abater o orgulho dos que se julgam sábios é, por vezes, um grande remédio… Corrigir os que erram, ensinar os ignorantes, é uma obra de misericórdia.

A pergunta de Jesus era uma graça; era a porta aberta para uma confissão da Sua Divindade. Atacado pelos seus inimigos, Jesus responde com o perdão e com a misericórdia… Belo exemplo para todos os cristãos…

Ninguém, daí em diante, ousou propor-Lhe questões. – Os inimigos foram completamente vencidos; a verdade triunfou. A exposição calma e serena da verdade produz maravilhas; converte as almas, e faz calar os inimigos.


________________________

1.  Bíblia Sagrada – traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares. 13ª Edição; Edições Paulinas, p. 1207. São Paulo/SP, 1960.

2.  Mat. IX, 27.

3.  II Rs. 23, 1-2.

4.  Em espírito, isto é, em virtude de uma inspiração celeste (Marc. XII, 36).

5.  II Sam. 7, 1-29.

6.  Mat. 22, 41-46.

7.  Mat. XXII, 41; Marc. XII, 35; Luc. XX, 41-44; Act. II, 34; etc.

8.  Synopse Evangélica ou Texto harmonizado dos Quatro Evangelhos, segundo os últimos dados da ciência, por um Padre da Congregação da Missão, 62º leitura, p. 107. Estabelecimentos Brepols, A.G., Editores Pontifícios, Turnhout (Bélgica/Europa), 1913.

9.  Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, versão portuguesa segundo a Vulgata Latina, por Mons. Vicente Zioni, com uma adaptação do comentário do Pe. Eusébio Tintori, O.F.M., Ev. de São Mateus, Cap. XXII, 44, p. 95. Edições Paulinas, São Paulo/SP, 1949.

10.  Os Santos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, tradução portuguesa segundo a Vulgata Latina, por um Padre da Missão, com notas da Edição Francesa dos PP. Da Assunção, Ev. S. Mateus, Cap. XXII, 45, pp. 73-74. Colégio da Imaculada Conceição (Botafogo), Rio de Janeiro/RJ, 1905.

11.  Heb. X, 12.

12.  Novo Testamento – Santos Evangelhos, tradução portuguesa segundo a Vulgata Latina…, por Mons. Dr. José Basílio Pereira, Ev. de S. Mateus, Cap. XXII, 41-46, pp. 96-97. Editores – Os Religiosos Franciscanos, Typ. de S. Francisco; Bahia, 1912.

13.  Allioli.

14.  Concordância dos Santos Evangelhos ou Os Quatro Evangelhos Reunidos em Um Só, pelo Côn. Duarte Leopoldo, VIII Parte, Cap. XIII, pp. 306-307. 4ª Edição, Linográfica, São Paulo/SP, 1951.

15.  Synopse Evangélica ou Texto harmonizado dos Quatro Evangelhos, ob. cit., 185º leitura, p. 284-285.

16.  Novo Testamento – Epístolas dos Apóstolos e Apocalypse, tradução portuguesa segundo a Vulgata Latina…, por Mons. Dr. José Basílio Pereira, Epístola aos Hebreus, Cap. X, 12, p. 317. Editores – Os Religiosos Franciscanos, Typ. de S. Francisco; Bahia, 1912.

17.  Ano Cristão, pelo Pe. Croiset, S.J., Vol. XV, 17º Domingo depois de Pentecostes, p. 118-122. Traduzido do Francês, revisto e adaptado às últimas reformas litúrgicas pelo Pe. Matos Soares, Professor do Seminário do Porto, Porto, 1923.

18.  Migalhas Evangélicas, pelo Pe. Teodoro Ratisbonne, Sexta-feira da 17ª Semana depois de Pentecostes, pp. 361-362. Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1941.

19.  Manual da Paróquia, compilado pelo Mons. Leovigildo Franca, V Parte, I – 17º Domingo depois de Pentecostes, pp. 498-499. 5ª Edição, Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1950.


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