CONHECIMENTO HISTÓRICO1
Quais são as principais festas da Santíssima Virgem?
– As principais festas da Santíssima Virgem são as da sua Imaculada Conceição, da sua Natividade, da sua Apresentação, da sua Anunciação, da sua Purificação, da sua Compaixão (Dores) e da sua gloriosa Assunção.
Explicação: Instituindo estas diferentes festas, propôs-se a Igreja honrar as principais circunstâncias da vida da Santíssima Virgem, recordar-nos as suas sublimes virtudes e excitar-nos assim a imitá-La e a depositar n’Ela toda a nossa confiança.
É muito antiga a festa da Imaculada Conceição?
– A festa da Imaculada Conceição remonta aos primeiros séculos.
Explicação: A festa da Imaculada Conceição já estava estabelecida no Oriente no século V; menciona-a Santo André de Creta, que vivia no século IV. São João Damasceno, em 721, fala da festa da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Em uma constituição do imperador Manoel, em 1150, citada por Belzamon, lê-se que havia longo tempo que se celebrava a sua festa nas igrejas do Oriente. Encontraram-se também, em alguns antigos monumentos, vários discursos feitos em sua honra pelo imperador Leão VI, cognominado o Sábio, cujo reinado começou no fim do século IX. O Padre Perrone cita três discursos de Jorge, Arcebispo de Nicomédia, um dos quais, relativo à Conceição da Santíssima Virgem: o que prova que esta festa era muito importante nessa época nas igrejas do Oriente. No Ocidente, segundo Bento XIV e Barônio, foi Santo Anselmo, Arcebispo de Cantorbery, quem a instituiu na Inglaterra, cerca do ano 1100, por ocasião de um milagre, que referem alguns historiadores contemporâneos. Outros, dizem que se deve atribuir a origem desta festa à Igreja de Nápoles, que a celebrou no século IX. Finalmente, os escritores normandos afirmam que foi na Abadia de Bec, em Neustria, que ela começou a celebrar-se, e daí passou a Ruão. – De tudo o que acabamos de dizer, cumpre concluir, que a festa da Imaculada Conceição remonta aos primeiros séculos da Igreja, e que já estava muito propagada no Ocidente, quando o Papa Sixto IV2 ordenou, que se celebrasse em todas as igrejas. – Em 1439, o Concílio de Bale, posto que não se considere como Ecumênico, mostra-nos qual era a opinião da Igreja, antes da instituição de Sixto IV. Na sua 36ª sessão, declara que a crença da Imaculada Conceição, é pia e conforme ao culto da Igreja, à fé católica, à reta razão e às Sagradas Escrituras; que não é lícito ensinar nem pregar o contrário; e que a festa se celebraria segundo o Rito Romano; o que mostra claramente, que esta festa já existia em muitas igrejas latinas.
No século XVI, Pio V introduziu no Breviário Romano o Ofício da Imaculada Conceição, e fixou a sua festa no dia 8 de Dezembro. Gregório XVI adicionou às Ladainhas da Santíssima Virgem esta invocação: “Rainha concebida sem mácula original, orai por nós”. Finalmente, a festa da Imaculada Conceição, é por toda a parte um dos elementos da piedade católica.
Que honramos nós na festa da Imaculada Conceição?
– Honramos a Santíssima Virgem preservada da culpa original, e isenta de todo o pecado.
Explicação: A bendita Alma de Maria, unindo-se ao seu Corpo, foi, pela virtude da Graça Santificante em que foi criada, preservada da culpa original. Quem teria ousado duvidar, que este belo privilégio fosse concedido a Maria? Não era ele devido à Filha de Deus Pai, à Mãe do Filho, à Esposa do Espírito Santo? Não deviam as relações íntimas, imediatas de Maria com a Santíssima Trindade, elevá-La acima da condição dos pecadores? Não convinha, com efeito, que uma Virgem destinada a ser a Mãe d’Aquele que por Sua morte havia de destruir o império do pecado, fosse isenta do pecado? Podia Aquela que havia de dar à luz o Vencedor da morte, ser sujeita ao império da morte? Era possível, finalmente, imaginar a menor mácula n’Aquela que havia de conceber e dar à luz o Santo dos Santos? “Não, não era possível, que a Mãe de Deus, fosse um só instante maculada e inimiga de Deus”.
É a crença da Imaculada Conceição um Dogma?
– Sim; a crença da Imaculada Conceição da Mãe de Deus é, hoje, um Dogma.
Explicação: Desde há longo tempo, desejava o mundo católico ver no número dos Dogmas da sua fé, a crença da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. A Igreja não ignorava os votos dos seus filhos; mas o Espírito Santo, que a dirigia, fazia-lhe diferir o cumprimento deles até o dia marcado nos eternos decretos. Este dia, para sempre, bendito e memorável chegou finalmente. A 8 de Dezembro de 1854, na presença de 200 Bispos, que acudiram de todas as partes do mundo, proclamou o Sumo Pontífice Pio IX solenemente na Basílica de São Pedro, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria. Recebendo esta notícia, todos os fiéis cristãos exultaram e por toda a parte se felicitou Maria deste nobre privilégio, cuja certeza e revelação acabavam de ser autenticamente reconhecidas e proclamadas.
Que devemos fazer para celebrar dignamente a festa da Imaculada Conceição?
– Devemos louvar a Maria, excitar em nós uma grande confiança nesta Virgem Santíssima, e imitar, quanto possível, as suas virtudes.
Explicação: 1º) Nós devemos louvar a Maria, depositando todos os dias sobre o seu altar, o tributo da nossa ternura filial, quer por meio de algumas mortificações, quer de algumas breves, mas fervorosas orações. 2º) Devemos excitar em nós, uma grande confiança nesta Virgem Santíssima: Ela é Mãe de Deus; é também nossa Mãe, nossa Advogada. 3º) Devemos imitar, quanto possível, as suas virtudes, porque é o melhor modo de A honrar e de Lhe agradar. “Quereis agradar a Maria, diz São Bernardo, imitai-A”.3
Indulgência com que a Igreja enriqueceu,
a Devoção à Imaculada Conceição.
Por um rescrito de 21 de Novembro de 1793, Pio VI, desejando afervorar os fiéis na veneração do grande Mistério da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, concedeu 100 dias de indulgência por cada vez, que, com o coração contrito, recitarem devotamente um ou outra das seguintes jaculatórias:
Bendita seja, a Santa e Imaculada Conceição, da Bem-aventurada Virgem Maria.
Ou esta:
Foste, ó Virgem Maria, Imaculada na vossa Conceição, rogai por nós ao Pai, cujo Filho Jesus, concebido do Espírito Santo, destes à luz.
Por um Breve de 22 de junho de 1855, dignou-se sua Santidade Pio IX conceder a todos os fiéis, que, com o coração ao menos contrito, recitarem a seguinte coroinha, 300 dias de indulgência; e a quem por espaço de um mês a tiver recitado todos os dias, concedeu indulgência plenária no dia que escolher, se nele, confessando-se e comungando, orar segundo a intenção de sua Santidade.
Coroinha
em Honra da Imaculada
Conceição de Maria Santíssima4
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Primeira Parte: Seja bendita, a Santa e Imaculada Conceição, da Beatíssima Virgem Maria. Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.
Segunda Parte: Seja bendita… Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.
Terceira Parte: Seja bendita… Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.
EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO5
“Apareceu no Céu um grande sinal: Uma mulher vestida de sol, com a lua aos pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça”.6
A VIRGEM MARIA, por privilégio único, em atenção à sua missão divina, foi concebida sem pecado. O Demônio nunca teve poder algum sobre Ela, por ter sido isenta da mancha original. Devemos honrar de modo especial esta prerrogativa da Mãe de Deus, por ser o fundamento da sua glória. Alegremo-nos com Ela pela ventura, que teve, de ser isenta do pecado de Adão e de receber mais graças, nesse feliz momento da sua Conceição, do que os homens e os Anjos em conjunto jamais receberam.
Meditação sobre a Imaculada Conceição
1. Maria foi concebida sem pecado; foi uma graça que Deus, pode conceder-lhe, porque nada é impossível à Sua Onipotência. Rainha dos Anjos, Mãe do Salvador, encho-me de alegria, quando penso que o pecado nunca Vos entrou na Alma, e que, no momento da vossa Conceição, fostes cheia de graça. Creio, Virgem Santa, e por toda a parte defenderei, a honra da vossa Conceição Imaculada.
2. Deus devia, por uma certa conveniência, preservar Maria do Pecado Original. Eterno Pai, poderíeis permitir que a vossa Filha tão amável, a Mãe de vosso Filho, fosse, por um só momento sequer, escrava do Demônio? Poderíeis, Espírito Divino, permitir que o vosso Inimigo entrasse no Coração de vossa Esposa tão amada? E Vós, Verbo Eterno, consentiríeis em deixar profanar este Templo, em que um dia havíeis de habitar? Ó não, seria fazer injúria ao vosso amor filial só pensar nisso! Cremos, pois, com a Igreja Católica, que a Bem-aventurada Virgem Maria, por um privilégio singular de Deus, foi inteiramente preservada da mancha original, desde o primeiro instante da sua Conceição. – Atas de Pio IX.
3. Quando, depois de ter contemplado a Virgem Imaculada, olhamos para nós, quão diferentes nos encontramos de nossa Mãe! Nascemos pecadores, vivemos no crime, e estamos expostos a morrer em pecado! Mas, ó Virgem Santíssima, vinde em nosso auxílio; não haveis de querer a perda dos vossos filhos. “Quem recorre a Maria, não pode perecer; é Ela o fundamento de toda a esperança”. (São Bernardo).
Oração
Ó Deus que, pela Imaculada Conceição da Virgem, preparastes um Santuário condigno a vosso Filho, dignai-Vos, depois de A ter preservado de toda a mancha, na previsão da morte desse mesmo Filho, conceder-nos, por Sua intercessão, a graça de chegarmos até Vós, purificados de toda a culpa. Pelo mesmo Jesus Cristo vosso Filho e Senhor Nosso. Amém.
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1. “Catecismo – Explicação Histórica, Dogmática, Moral, Litúrgica e Canônica – com a resposta às objeções extraídas das Ciências contra a Religião”, Tomo IV, Lição XXXVII, pp. 352-356; traduzida da 12ª edição de Paris por Rev. Pe. Francisco Luiz de Seabra, 3ª edição portuguesa, Livraria Chardron de Lello & Irmãos editores, Porto, 1903.
2. Bula de 1 de Março de 1476.
3. Si vultis et placere, aemulamini. (São Bernardo).
4. “Manual das Missões e Devocionário Popular”, por um Presbítero da Congregação da Missão, Orações e Meditações, p. 382. 1908.
5. “Vida dos Santos – com uma Meditação para cada dia do Ano”, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., Segunda Parte, 8 de Dezembro, pp. 339-340. Edição Portuguesa. “União Gráfica”. Lisboa. 1928.
6. Apoc. XII, 1.
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