A Serpente de metal1 arvorada em um madeiro no deserto dava saúde aos feridos, que neste sinal empregavam a vista. Cristo exaltado na Cruz, remedeia e sara do pecado aos que n’Ele creem sem ficção, e meditam com diligência. Emprega, pois, ó minha alma, teus olhos neste sinal admirável, e cobrarás saúde. Quanto mais meditares em Cristo crucificado, maior sinal tens de tua salvação. Se te achas mordido da avareza, olha para o Crucificado, vê como está nu e pobre; se te achas mordido da serpente da ira, olha para o Crucificado, vê como está manso e paciente; se te achas mordido do rancor contra teus próximos, olha para o Crucificado, vê como Ele está benigno e amante; se te achas ferido d serpente dos falsos deleites do mundo e da carne, olha para o Crucificado, vê como está atormentado e aflito. Enfim, que esta mística Serpente é o sinal prodigioso que tem virtude para nos curar de todos os nossos males: In omnibus adversitatibus (diz Santo Agostinho) non inveni tam efficax remedium, quam vulnera Christi: in illis dormio securus, et dormio intrepidus.2 Em todas as adversidades não achei tão eficaz remédio, como as Chagas de Cristo: nelas durmo seguro, e descanso sem cuidado. E em outra parte deu a razão, dizendo: Vulnera Jesu Christi plena sunt misericordia, plena dulcedine, et charitate.3 As Chagas de Jesus Cristo, estão cheias de misericórdia, cheias de piedade, cheias de doçura e caridade. Oh, bendito e glorificado seja para sempre este Senhor; que onde abundou o nosso delito, superabundou a Sua graça.
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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, Oratoriano, “Luz e Calor – Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição”, 2ª Parte, Opúsculo III, Meditação XXIII, III Ponto, pp. 379. Nova Edição, Lisboa, 1871.
1. Núm. 21, 9; et Joan. 10, 14.
2. In Manuali c. 22.
3. Ibid. c. 21.
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