“Três
inimigos porfiam nesta tentativa sacrílega (de
expulsar Deus da sociedade humana como um Hóspede
importuno):
a falsa ciência, a falsa política e a falsa religião. Um
guerreia a Deus nos domínios da criação material; outro O
guerreia no regime e governo das sociedades humanas; e o terceiro O
guerreia dentro do próprio Templo! Um nega o Dogma da Criação do
Mundo por Deus, e, já para uma multidão de homens, o Mundo é
eterno, não teve princípio nem terá fim! Outro nega o Dogma da
Providência Divina na marcha das sociedades humanas, e já para
uma multidão de homens Deus nada tem que ver com as Leis, os
Códigos, a Educação, o Ensino, nem mesmo com o Casamento, o
Lar doméstico e a Família! O terceiro não respeita e
despreza o que importa negar praticamente, o Dogma da
Eucaristia, isto é, a Presença Real de Jesus Cristo no Templo,
e já para uma multidão de falsos devotos, o Templo não é
verdadeiramente a Casa de Deus!
Três
abominações! Três grandes calamidades da nossa época! E como são
absurdas! ..."
Falaremos
apenas do terceiro inimigo mortal de Deus.
"Sem
dúvida, o universo inteiro é um templo cheio da glória de Deus,
presente em todos os lugares (como
Criador e Provedor),
tendo direito a receber as homenagens do homem! Impossível
ao homem, onde quer que esteja, evitar a Presença de Deus!
A
Presença de Deus, de tal modo consagra o universo que, em todos os
lugares, por toda a parte, devemos estar puros e isentos de toda
mácula, certos de que o olhar divino está fixo sobre cada
um de nós, e pecar não podemos sem profanar o universo. Há no
universo, entretanto, lugares especialmente consagrados à
Divindade, e onde o Deus Redentor quer habitar verdadeiramente
no Mistério inefável da Eucaristia, que responde e perpetua a
Vida de Jesus Cristo dando-se aos homens, em todas as suas
prodigalidades, tão realmente como se deu nos 33 anos da vida Humana
na Judéia.
Belém,
Egito, Nazaré, Cafarnaum, Tabor, Betânia, Jerusalém, Getsêmani
e Calvário, ─
não são para os que penetram num Templo Católico, cidades ou
lugares remotos; são episódios vivos que devemos
contemplar; Mistérios, de que podemos nos utilizar;
continuações místicas, porém, reais, do Verbo Divino,
porque a Eucaristia reproduz realmente a Sua Encarnação,
e, reproduzindo-a, de novo Ele nasce, de novo cresce, de novo se
desenvolve, de novo prega, de novo se imola e se crucifica,
de novo morre e de novo ressuscita.
Ó!
Como é bela, como é sublime esta Verdade da Fé! Também a
Eucaristia é a Glória da Igreja! E se dos nossos Templos
tirardes o Deus oculto, mas Real, que reside nos Tabernáculos,
esses Templos não serão mais do que casas de pedra, vazias como as
casas de oração dos Protestantes...
À
beleza e à sublimidade da verdade eucarística corresponde
necessariamente um dever, cuja infração não pode deixar
de ser a Abominação do Templo: ─
o dever da reverência ─
que, se em todo o universo é devido a Deus, no Templo o é de um
modo especial, e não se pode compreender que se realize sem uma
disposição de Inocência, ou ao menos, de Penitência,
sem o Recolhimento do espírito, sem a Decência ou a Modéstia
exterior.
Quanto
à Inocência ou à Penitência, quantos homens atualmente frequentam os Templos com esta disposição?! A Igreja não
repeli nenhum pecador, mas quer que o pecador, vindo
ao Templo, comparecendo perante a Majestade do Deus Redentor, traga
ao menos desejos de justiça e de penitência, quer que
compreenda que, sentir-se culpado de pecados e não pensar nos
meios de resgatá-los; ter o coração corrompido e não
querer os remédios, que o podem regenerar; separar-se
de Jesus Cristo, e nem no lugar onde Ele reside aceitar a União
que a Igreja lhe propõe, é desprezar Jesus Cristo, insultar o seu
amor, e zombar do Ministério de seus Sacerdotes.
Quanto
ao Recolhimento, é preciso que ele se traduza em adoração, ação
de graças e súplica. Quantos homens, dos que frequentam
atualmente os Templos da Cristandade, verdadeiramente se
prostram diante do Deus Redentor?! Como compreender que tantos
homens estejam nos Templos sem nenhum sinal de aniquilamento
perante a Majestade de Deus, sem consciência da miséria de que
estão cheios, sem nenhum sinal, nem indício em sua
conduta, em seus atos, de que compreendem as grandezas e as
maravilhas da Redenção?!
É
no Templo que se reproduz incessantemente a Morte de um Deus, não
sendo o altar, no Sacrifício da Missa, senão um outro Calvário, e
a Missa, a mesma Imolação da mesma Vítima. É no Templo que
está patente, como um poço de abundância, o poço
Sacramental em que se lavam as máculas do pecado, e de onde o
pecador sai mais puro e mais brando que a neve. É no Templo que o
banquete das almas é servido à humanidade com uma simplicidade
que disfarça a opulência, pois que o manjar desse banquete é
a Carne, e o vinho desse banquete é o Sangue de um Deus. É no
Templo que, rivalizando com os Sacramentos, a palavra do Padre,
seja nas alturas do discurso sublime, seja nas simples efusões de
uma prática familiar, reproduz os Ensinos do Divino
Mestre! Desprezar tudo isto não é verdadeiramente profanar o
Templo?!
Quanto
à Decência e à Modéstia exterior, não são profanações sem
nome fazer do luxo uma arma de guerra contra o Deus dos Pobres, mas
que o é também dos Ricos?! Aparecer nos Templos não só com fausto
e vaidade, mas também com imodéstia e imprudência,
opondo aos gemidos e às lágrimas, que a Igreja pede pelos
pecados, o brilho louco dos diamantes que deslumbram o
mundo?! Fazer dos vestuários que não têm por fim senão o
recato do corpo humano, meios, pelo contrário, de
expor o corpo humano, como uma carne pública, às cobiças da
luxúria?! Vir aos Templos disputar com Jesus Cristo os olhares e as
homenagens que somente a Ele são devidos?!
Dança durante adoração ao Ss. Sacramento
Ah!
Os católicos que vem ao Templo, não para humilhar-se, mas para
saciar os vermes da consciência, esses profanam o Templo!
E o seu proceder é, sem dúvida alguma, muito pior, muito mais
abominável do que o orgulho da falsa ciência e a incapacidade
da falsa política!
Ó!
De todos os crimes desta época, o maior de todos e o que mais
ultraja a Majestade Divina é a profanação do
Templo, donde hoje, como de todos os outros lugares da terra, parece
que O querem expulsar até mesmo aqueles que fazem profissão
de piedade.
O
Templo! Eis a última cidadela que resta a Jesus Cristo! Pouco falta,
porém, que lhe seja arrancada; e, arrancada que seja, sitiada
como já está pelo exército inimigo, cujas legiões são os
Protestantes, os Espíritas, os Positivistas e os Maçons,
entrará nele, arrogante, altivo, soberbo, esse que todas
as línguas chamam o Anticristo!” (R.
Pe. Júlio Maria, C. Ss. R., "A Segunda Vinda de Jesus
Cristo", Cap. X, Estabelecimento de Artes Gráficas −
C. Mendes Júnior, 1932).
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
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