“Muitos fiéis das nossas Paróquias, vivem habitualmente em pecado mortal.
Bispos,
Párocos, Missionários, Sacerdotes com curas de almas, e ótimos apóstolos
leigos, concordam com esta afirmação.
O
próprio Papa Pio XII a confirma: '... há de ser fomentada – com a ânsia de quem
assiste a uma lamentável tragédia – a Vida da Graça em milhares de almas, cadáveres
ambulantes pelas ruas que vós atravessais, pelos lugares que frequentais' (Exortação aos sócios da
Primária Associação Artístico – Operária: L'Osservatore Romano, de
9-10 de Dezembro de 1952).
E a 8
de Outubro de 1953 o mesmo Sumo Pontífice, ao dirigir-se aos Assistentes da
Juventude Católica Italiana, lamentava com palavras cadentes a 'catástrofe
espiritual' que dizima a primavera juvenil das almas. 'Conhece o Senhor –
prossegue o Santo Padre – a nossa tristeza perante este espetáculo de
morte... Desfila pelas nossas estradas como que um macabro cortejo de
almas mortas ou moribundas'.
Bem
semelhantes a estas são as palavras que o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa
dirigiu aos catequistas da sua Diocese no dia 6 de Maio de 1956:
'Quando
se passa por essas ruas, sobretudo a certas horas – e já não digo por essas praias,
por esses lugares de divertimentos, por certas festas profanas – nós não
podemos deixar de ter a impressão de que a maioria dos homens estão mortos – são
cadáveres, espiritualmente falando. A Graça de Deus não está nessas almas...
E
à Santa Igreja o que importa é comunicar um Deus Vivo não um Deus Morto. A
Igreja é doadora do Deus Vivo, do Deus que quer ser a nossa vida, do Deus que
se nos comunica para nos associar à Vida da Santíssima Trindade.
E
se abrirmos os olhos diante do espetáculo que nos rodeia – não poderemos
concluir que a maior parte dos 90% de católicos que há no Patriarcado estão
mortos? ... Temos a impressão de estarmos assistindo a uma procissão de mortos
a caminho do Inferno'.
'Macabro
cortejo de almas mortas' e 'procissão dos mortos a caminho do Inferno', eis como duas autorizadíssimas
vozes qualificam com força e incisão a população de uma Nação e de uma Diocese
Católicas: Itália e Patriarcado de Lisboa.
Citemos
ainda outros testemunhos do Episcopado:
'Quantos
cristãos vivem em nossos dias na Graça de Deus, especialmente entre os homens?'
- perguntava-se anos atrás o Episcopado da Sardenha. E respondia: 'Muitos,
embora conheçam um pouco de Doutrina, na prática não a observam e vivem no
pecado, sem se preocuparem com isso... A nossa tristeza é grande, pensando no
estado miserável destes nossos filhos desgraçados. E ainda é maior quando nos
damos conta de que a maioria dos cristãos de hoje, em muitíssimas Paróquias,
é composta por almas... em pecado mortal...
Muitos
cristãos, durante as Santas Missões, ou na Quaresma, aproximam-se dos Sacramentos.
Mas a sua mentalidade está tão deformada, que crêem ter assim cumprido toda a
sua obrigação e que podem ficar tranqüilos durante o ano inteiro, sem voltarem
a confessar-se, embora acumulem pecado sobre pecado. É erro gravíssimo, contra
o qual Sacerdotes e fiéis devem reagir, porque põem as almas em grande perigo
de se perder...
Quem
vive meses e anos com o pecado grave na alma, ou não compreende nada do Cristianismo,
ou é um verdadeiro delinquente e quer continuar a sê-lo...
Dirá
alguém: − são povoações cheias de Fé, enfeitam a igreja e os altares, fazem festas
tão lindas...
Mas,
que interessam a Nosso Senhor tão lindos altares, tão esplêndidas iluminações, cantos
tão harmoniosos e estátuas tão artísticas, se as almas estão tão manchadas...
se causam asco a seus olhos... se se aliaram aos Demônios para combatê-Lo e
desonrá-Lo? O louvor das almas que vivem na sua Graça é o que glorifica ao
Senhor. Se ele falta, tudo o mais vale menos do que zero. E aqueles que
preparam grandes festas para Deus e, ao mesmo tempo, violam suas Leis, e vivem
habitualmente em pecado mortal, são piores que os fariseus, são verdadeiros
sepulcros caiados, que têm boa aparência no exterior, enquanto que no interior
estão repletos de imundície. Provocam a ira de Deus, que os amaldiçoa' (“Viver na Graça de Deus”,
Pastoral Coletiva do Episcopado Sardo na Quaresma de 1938, p. 21).
Afirmações
graves, mas que infelizmente correspondem à realidade.
O
Santo Padre Pio XI dizia: 'Também em países católicos... são demais aqueles
que, embora sigam mais ou menos fielmente as práticas mais essenciais da Religião
que se ufanam de professar, não se preocupam com que ao verniz exterior
corresponda o esplendor de uma consciência reta e pura' (Carta Encíclica “Divini
Redemptoris”, Oss. Rom., de 19 de Março de 1937).
Salientava-o
o Santo Padre Pio XII: 'Longe de todo o pessimismo injustificado, que contrasta
com a própria Esperança Cristã.. Nós não podemos, todavia, deixar de salientar
a crescente maré de faltas particulares e públicas que procuram submergir as
almas no lodo... ' (L'Oss. Rom., de 27-28 de Março de 1950).
Mas
há uma averiguação ainda mais dolorosa, frisada pelo Cardeal Dalla Costa
quando, dirigindo-se aos membros de várias Confrarias, Congregações e
Associações Religiosas, admoesta: 'Mesmo entre aqueles que frequentam assiduamente a igreja, recebem os Sacramentos, e pertencem às nossas
Associações Religiosas, são verdadeiramente muitos os que não vivem na
Graça de Deus, ou perdem esta Graça tão frequentemente, que a volta da Confissão
à culpa, é quase um hábito de vida' (Pastoral Quaresmal de 1938).
Como somente
quem está na Graça de Deus possui a Vida Cristã mesmo aquelas povoações que
na aparência se apresentam superficialmente como centros irradiantes de vida, na
realidade são o reino da morte. É Nosso Senhor quem desautoriza os
nossos juízos e repudia as nossas apreciações, porque valem para tais povoações
as palavras do Apocalipse: 'Conheço as tuas obras. És
considerado vivo, mas estás morto' (3, 1).
Falando,
desde o começo, do mau moral da sociedade de hoje, não se quer, com isso,
ignorar ou negar quanto de bom se está fazendo ou amadurecendo...
'Mas
essa onda de sereno otimismo não nos deve impedir de ver, para além dos pontos
luminosos, as manchas escuras no quadro religioso da vida social hodierna' (R. Pe. Brambilla,
“Realidade de almas e métodos de apostolado”, Civiltà Cattolica, 17 de Julho e
21 de Agosto de 1943).
Precisamos
salvar as nossas populações do abismo, como fizeram todas as almas verdadeiramente
apostólicas.
Uma
das primeiras companheiras da Bem-aventurada Madalena Canossa, Teresa Pasciani,
teve uma espécie de sonho que lhe entreabriu o futuro.
Viu 'um
campo imenso que, a custo podiam seus olhos abraçar: estava cheio de povo, mas
dissipado, irrefletido, gregário, que caminhava sempre para diante, sem pensar
aonde chegaria.
Olhei
–
escreve – para os confins da comprida esplanada e percebi que, bordejando o lado
esquerdo, a um certo ponto, todos se precipitavam numa espécie de voragem.
Girando o olhar pela grande massa, vi um grupo de pessoas vestidas de preto, e
deduzi que seriam Padres. Conversavam alegremente entre si, e só de vez em
quando relanceavam os olhos para o lugar do abismo, sem comoção alguma. Queria
lançar-me naquela direção. Uma força invencível tinha-me como que cravada ao
solo. No paroxismo da dor lancei um grito, sufocado pelo pranto: − Compaixão!
Compaixão! Não vedes a desgraça? Correi por amor de Deus!' A invocação
perdeu-se no vazio.
Estando
assim inquieta, cheia de terror, Teresa ouviu uma voz que falou distintamente: 'Não
vês? São infelizes que vão diretamente para o Inferno por falta de guia' (La B. Madalena di
Canossa, Isola dei Liri, p. 163, 1941)” (RR. PP. Mário Corti e G. M. Gardenal,
S. J., ob. cit., cap. I, 2).
Pensando
nestes lugares e nessa gente, voltam irresistivelmente à memória as palavras do
Santo Fundador dos Trapistas:
“Ou o Evangelho se enganou,
ou esta é a antecâmara
do Inferno”.
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
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