Dom Fernando Arêas Rifan*
Além
de mês das Missões e do Rosário, outubro é o mês de Nossa
Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, cuja
festa celebramos dia 12 último.
A
devoção a Nossa Senhora foi trazida ao Brasil pelos descobridores
portugueses, cujas caravelas eram ornadas com a cruz da Ordem de
Cristo. Pedro Álvares Cabral trouxe na sua nau capitânia a imagem
de Nossa Senhora da Esperança.
Mas
a devoção a Nossa Senhora Aparecida começou em 1717, quando, por
ocasião da visita do Conde de Assumar à cidade de Guaratinguetá,
SP, foi pedido aos pescadores locais peixes para o banquete do nobre
visitante. Três pescadores, amigos entre si, João Alves, Domingos
Garcia e Vicente Pedroso, tentavam e não conseguiam os peixes que
necessitavam, quando apanharam em suas redes uma pequena imagem
truncada de Nossa Senhora da Conceição e a seguir, num lance de
rede sucessivo, a cabeça da mesma imagem, conseguindo, num terceiro
lance, imensa quantidade de peixes. A esse milagre sucederam muitos
outros. A imagem foi chamada de “Aparecida” e colocada numa
pequena capela que, com o tempo, tornou-se o monumental Santuário
Nacional, maior centro de peregrinação do país.
Em
1904, Nossa Senhora Aparecida foi coroada Rainha do Brasil. No
Congresso Mariano de 1929, quando se comemorou o Jubileu de Prata
dessa Coroação, os bispos do Brasil decidiram enviar um pedido ao
Papa para que declarasse Nossa Senhora Aparecida Padroeira de toda a
nação brasileira. Este pedido tornou-se realidade através do
Decreto do Papa Pio XI, de 16 de julho de 1930, no qual diz: “...
Na plenitude de nosso Poder Apostólico, pelo teor da presente Carta,
constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem
mancha, conhecida sob o título de Aparecida, Padroeira principal de
todo o Brasil junto de Deus... concedendo isso para promover o bem
espiritual dos fiéis no Brasil e para aumentar, cada vez mais, sua
devoção à Imaculada Mãe de Deus...”.
A proclamação oficial se
realizou numa grande manifestação popular de um milhão de pessoas,
no Rio de Janeiro, então capital federal, com o reconhecimento
oficial do Governo do país, pela presença do Presidente da
República, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, e de outras autoridades
civis, militares e eclesiásticas. Era o Brasil reconhecendo
oficialmente sua padroeira.
Que
o Brasil, que nasceu católico desde a sua descoberta, cujo primeiro
monumento foi um altar e uma cruz, que teve como primeira cerimônia
uma Missa, que tem essa Senhora Padroeira, sobretudo neste Ano da Fé,
mostre-se digno de tais origens e de tal Patrona, em suas
instituições, suas leis, seus governantes, sua política, seus
legisladores, sua população e seu modo de viver, na verdadeira
justiça e caridade, na ordem e no verdadeiro progresso, na harmonia
e no bem comum, na lei de Deus e na coerência com os princípios da
fé cristã, base da nossa identidade pátria e princípio de toda a
convivência honesta, solidária e pacífica.
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São
João Maria Vianney
Nenhum comentário:
Postar um comentário