“Ó
Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida amei, por
que desejei outra coisa senão Vós? Onde estava eu quando não
pensava em Vós?
Fizeste-nos
para Ti [Senhor], e inquieto está o nosso coração, enquanto não
repousa em Ti.
Com
um secreto e doloroso sofrimento, provocas em mim a inquietude, para
que eu me mantivesse insatisfeito, até que Te tornasses uma certeza
ao meu olhar interior.
Tarde
Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu Te procurava do lado de fora!
Eu, como um monstro, lançava-me sobre as belas formas das Tuas
criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava Contigo.
Escravizavam-me longe de Ti as Tuas criaturas, que não existiriam se
em Ti não existissem. Tu me chamaste, e Teu grito rompeu a minha
surdez. Resplandeceste e brilhaste e a Tua luz afugentou a minha
cegueira. Espalhaste a Tua fragrância e, respirando-a, suspirei por
Ti. Eu Te saboreei, e agora eu tenho fome e sede de Ti. Tu me
tocaste, e agora eu estou ardendo no desejo de Tua paz.
Ah!
Senhor Jesus! Que, pelo menos, a partir deste momento o meu coração
somente deseje a Vós e por Vós se abrase. Desejos de minha alma,
correi, porque já bastante tardastes; apressai-vos para o Fim a que
aspirais; procurai em verdade aquEle que procurais. Ó Jesus, anátema
seja quem não Vos ama. Aquele que não Vos ama seja repleto de
amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de
todo coração dignamente consagrado à Vossa glória. Deus de meu
coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em Vós o meu coração
desfaleça, e sede Vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a
brasa ardente de Vosso amor e se converta num incêndio todo divino,
a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o íntimo
do meu ser, e abrase o âmago de minha alma; para que no dia de minha
morte, eu apareça diante de Vós, inteiramente consumido em Vosso
amor... Amém”.
Fonte:
Textos coligidos das Obras de Santo Agostinho: “Confissões”,
Liv. I, I. 1; Liv. VII, VIII. 12; Liv. X, XXVII. 38; Oração “Tu
es Christus, Pater meus”).
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