Comemorar o quê? Celebrar o
quê? O pecado? O vício? A apostasia das almas e das nações? Como
comemorar ou celebrar a Revolução Protestante? Quando ela afirma,
através de seu Profeta Lutero:
Sobre
o Ódio ao Papa
"Quem não crê como
eu é destinado ao Inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são
a mesma coisa. Meu juízo é o juízo de Deus… Tenho certeza que
meus dogmas vem do Céu… Eles hão de prevalecer e o Papa há
de cair, a despeito de todos os poderes dos ares, da terra, e do
mar”.
“Não devemos ceder aos
ímpios papistas… Nossa soberba contra o Papa é necessária…
Não havemos de ceder nem a todos os Anjos do Céu, nem a Pedro, nem
a Paulo, nem a cem imperadores, nem a mil Papas, nem a todo o mundo…
a ninguém, cedo Nulle”.
Em 1520, Lutero tece o
seguinte elogio: O Papa Leão X é o anticristo, e a Igreja Romana
“uma licenciosa espelunca de ladrões, o mais impudente dos
lupanares, o reino do pecado, da morte e do Inferno”.
Deus é a Causa de
nós pecarmos
“… Sabes como Deus
procede para se conservar o regente da humanidade? Paralisa os velhos
e cega os jovens, e com isto se conserva mestre…
Se Deus não me perdoasse os
pecados, eu os jogaria pela janela…
É verdade, diz Lutero, que
seria quase lamentável que nós fizéssemos tudo o que Deus ordena,
pois Deus faria isso por sua divindade; tornar-se-ia um mentiroso e
não poderia manter-se no posto…
Deus tudo ordenou sobre o
pecado, a fim de que pudesse ter piedade de nós…
Ah! Mas eis que tudo vai bem!
Pequemos no interesse de Deus…
Cristo cometeu adultério
pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala João.
Não se murmurava em torno dele: 'Que fez, então, com ela?' Depois
com Madalena, em seguida com a mulher adúltera, que Ele absolveu tão
levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve de fornicar,
antes de morrer”.
Sobre
a graça e o livre arbítrio
“A vontade do homem é
semelhante a um jumento. Cavalga-o Deus? Ela vai aonde Deus a guia.
Monta-lhe em cima o Diabo? Ela vai aonde ele a conduz… Tudo se
realiza segundo os decretos imutáveis de Deus. Deus opera em nós o
mal e o bem. Tudo quanto fazemos, fazemo-lo não livremente, mas por
pura necessidade”.
“Foi
o Diabo quem introduziu na Igreja o nome de livre arbítrio”.
Após 15 séculos de liberdade
cristã, eis-nos novamente precipitados na escravidão do
fatalismo antigo.
Quereis ver ainda até a que
baixezas o homem é degradado na pena de Lutero? Lede esta página,
que peço desculpas ao leitor de transcrever em toda a nudez cínica
do seu realismo cru:
“Sei que, se alguém
experimentou o temor e o peso da morte, preferiria ser um porco a
ver-se continuamente acabrunhado pelo vexame de semelhante opressão.
Na sua lama, o suíno julga-se num leito de plumas: descansa
pacificamente, ronca suavemente, dorme tranquilamente; não teme reis
nem senhores, morte nem Inferno, Demônio nem cólera divina; não o
agita a menor preocupação, não se inquieta mesmo com a bolota que
há de comer.
E, se o sultão de todas as
Turquias acertasse de passar-lhe ao lado no fausto de seu poder e de
sua realeza, ele conservaria toda a sua altivez e não sacudiria em
sua honra uma só das suas cerdas.
Se o enxotam, solta um
grunhido, e se pudera falar diria: pobre insensato, por que te
irritas? Não tens a décima parte da minha felicidade, não passarás
nunca uma só hora tão tranquila, tão suave, tão calma, como todas
as minhas, ainda que sejas dez vezes mais rico e poderoso.
Numa palavra, o porco vive
numa segurança completa, sua vida é toda doçuras. Se o levam
para o matadouro, pensa simplesmente, que é um tronco de madeira ou
uma pedra que o incomoda. Até morrer, não espera a morte. Antes, no
momento e depois da morte, não experimenta o que é morrer; a vida
lhe pareceu sempre boa e eterna.
Neste
ponto, nenhum rei, nem mesmo o Messias dos judeus (o que eles ainda
esperam), homem algum por mais hábil, rico, santo e poderoso, o
poderá imitar”.
Nos
inquilinos das pocilgas achou o reformador o ideal da felicidade!
Hino
agora ao emancipador da dignidade humana, palmas ao libertador das
consciências!
Inúteis
as boas obras; não só, senão ainda nocivas. Fale Lutero, no seu
Comentário da epístola aos Gálatas: “A lei, as obras,
a caridade, os votos não só não resgatam, mas, agravam a maldição.
Quanto mais obras fizermos tanto menos poderemos conhecer e apreender
a Cristo”.
E
aí temos como Lutero e os seus aniquilam o valor da personalidade.
Sem livre arbítrio não há imputabilidade, não há mérito, não
há moralidade. Em tudo o que se refere à sua atividade moral, o
homem não passa de uma ‘estátua’, de um ‘tronco inerte’, de
uma ‘pedra’. São ainda comparações do chefe reformador, que
considerava este artigo da vontade escrava como a quinta essência, a
fina-flor
da sua doutrina, “omnium optimus, et rerum nostrarum summa”.
Sobre
a inutilidade das boas obras
Os
reformadores não recuaram ante a enormidade dessas consequências.
Antes de tudo, a inutilidade das obras na justificação do pecador.
“Rejeitamos e condenamos as proposições em que se
afirma a necessidade das boas obras para a salvação”.
Pouco antes, a mesma Fórmula da Concórdia, símbolo oficial do
luteranismo, assim exprimira o artigo da nova fé: “Cremos,
ensinamos e confessamos, que as boas obras se devem totalmente
excluir (penitus excludenda), não só quando se trata da
justificação pela fé, senão ainda, quando se discute acerca de
nossa eterna salvação”.
À
vista das consequências imorais desta doutrina, um professor de
Wittenberga, Jorge Maior, tentou modificá-la, proclamando as boas
obras, necessárias, como condição sine qua non, à salvação
eterna. Por toda a parte, surgiram os contraditores. Nicolau
d'Amsdorf, amigo de Lutero e por ele consagrado “bispo” de
Naumburgo, saiu à estacada com uma obra apostólica a que deu por
título: Que a proposição 'as boas obras são nocivas
à salvação' é justa, verdadeira, cristã, pregada por S. Paulo e
S. Lutero (1559).
Tal
a teoria da justificação nos primeiros reformadores.
Lutero considerava a
Justificação pela fé sem as Obras como capital, “artigo do
qual nada poderá subtrair, ainda que o Céu e a terra venham a
desmoronar”.
Lutero rejeita a
Bíblia
Mas, não basta haver criado
um novo Evangelho, um Evangelho seu. Todos os Livros santos da
primeira à última palavra protestam energicamente contra o seu
erro. Que fará o grande paladino da Escritura? Desprezará e
rejeitará todos os Livros inspirados. Ouçam
protestantes e não protestantes: “Se
os nossos adversários fazem valer a Sagrada Escritura contra Jesus
Cristo, nós fazemos valer Jesus Cristo contra
a Escritura.
Do meu lado, tenho o Senhor, eles tem os servos, nós, a cabeça,
eles, os pés e os membros que se devem sujeitar e obedecer à
cabeça. Se é necessário sacrificar-se a lei ou Jesus Cristo,
sacrifique-se a lei, não Jesus Cristo”.
“Tu fazes grande caso da Escritura que é serva de Jesus Cristo;
eu,
pelo contrário, dela
não me importo.
À serva liga a importância que quiseres, eu
quero valer-me de Jesus Cristo, que é o verdadeiro senhor e soberano
da Escritura e que mereceu e conquistou com a sua morte e
ressurreição a minha justiça e a minha salvação eterna”.
Assim,
depois de haver o heresiarca levantado a Escritura como pendão de
revolta contra a Igreja, sacrifica ora a Escritura a Jesus Cristo.
Mas, sem a Igreja e sem a Escritura, que sabe Lutero de Jesus? Cristo
será apenas nos seus lábios um passaporte para todos os devaneios
doutrinais, para todas as licenças de sua ímpia reforma. Tão
verdade é que Cristo, a Escritura e a Igreja constituem uma trilogia
inseparável; impossível
impugnar uma destas verdades sem destruir as outras.
Destarte,
atropelando a razão, conculcando a Igreja, menosprezando e
falsificando a Escritura, injuriando sacrilegamente a Jesus Cristo,
conseguiu o frade apostata estabelecer a mais imoral das doutrinas
que ainda viram os homens; a apoteose do pecado arvorado em
instrumento eficaz de salvação. Toda essa indignidade se acha
condensada nas célebres palavras: “Sê
pecador, e peca a valer,
mas com mais firmeza ainda crê e alegra-te em Cristo vencedor do
pecado, da morte e do mundo. Durante
a vida presente devemos pecar.
Basta que pela misericórdia de Deus conheçamos o Cordeiro que tira
os pecados do mundo. Dele não nos há de separar o pecado, ainda
que cometêssemos por dia mil homicídios e mil adultérios”.
Lutero
aconselha a Poligamia e a Poliandria
|
Mulheres que se destacaram no Protestantismo |
Num
comentário sobre o Gênesis, afirmara Lutero que “não é proibido
ao homem ter mais de uma mulher”. Havendo Carlostadt autorizado uma
bigamia, o chefe, consultado, respondia a 13 de janeiro de 1524:
“Confesso
francamente
não poder proibir
que alguém tenha muitas mulheres. A Escritura não repugna;
não quisera, porém, ser o primeiro a introduzir este exemplo entre
cristãos”.
Em 1527: “Não é proibido que um homem possa ter mais de uma
mulher; eu ainda hoje não o poderia impedir, mas não o quero
aconselhar”.
O mesmo repete em 1528,
e em 1539.
No
De
Captivitate Babyloniae,
aconselhava desassombradamente a poligamia e a poliandria.
Um
episódio tirou-o logo desta hesitação e ofereceu-lhe a
oportunidade de uma aplicação solene de sua edificante teoria.
Filipe,
landgrave de Hasse, não estava satisfeito com uma só esposa; queria
outra de sobressalente para as frequentes viagens fora dos seus
domínios. Uma segunda consorte volante, além de muitas outras
vantagens, representava a economia de enorme dispêndio no
deslocamento da corte. Mas, evangélico de consciência delicada,
queria estar em
paz com Deus e a sua igreja. Recorre, para isto, aos representantes
autorizados do novo cristianismo. Na instrução dada a Bucero, o
príncipe luterano declarava “que não queria por mais tempo ficar
nos laços do Demônio, mas que, para se libertar deles, não podia
nem queria tomar outra via senão a que indicava (a da bigamia), e,
por isso, pedia a Lutero, a Melanchthon e ao próprio Bucero que lhe
dessem uma declaração por escrito, autorizando a segui-la”.
Assim, acrescentava ele, “se poderia viver mais alegremente, morrer
pela causa do Evangelho, e empreender-lhe a defesa” contra os
adversários. Uma vez obtida a almejada licença, “far-lhes-ia tudo
o que razoavelmente lhes pedissem como os bens
dos mosteiros
ou outras coisas semelhantes”. Em caso de recusa, ameaçava-lhes
politicamente de recorrer ao imperador.
O
landgrave sabia tocar todas as teclas sensíveis aos reformadores: o
receio de um apelo ao imperador (era Carlos V), a perspectiva de
novos bens eclesiásticos, a promessa de pôr as armas ao serviço do
evangelho contra os papistas. Quem, por um pontinho insignificante de
moral cristã, havia de resistir à bateria de tantas seduções?
Reuniu-se o conselho, folheou-se a Escritura… e tudo se pode
legitimar. “Em
consciência
tranquila
podia o landgrave esposar segunda mulher, se a isto estivesse
decididamente resolvido, contanto que o caso se conservasse secreto”.
O crime, praticado às ocultas, deixava de o ser. De fato, o segundo
matrimônio foi celebrado em forma. O príncipe declarou tomar
segunda esposa “não por leviandade ou curiosidade”, senão por
“necessidades inevitáveis do corpo e da consciência, que sua
alteza havia explicado a muitos doutos, prudentes, cristãos e
devotos pregadores, os quais lhe haviam aconselhado de assim
tranquilizar a alma e pôr em paz o espírito”, escrupuloso e
delicado. Com efeito, o precioso documento de autorização havia
sido assinado por Lutero, Melanchthon, Bucero e cinco outros
evangélicos teólogos de Wittemberga.
Custa a crer, mas a realidade histórica entra-nos pelos olhos com a
força convincente de uma evidência irrecusável.
O
exemplo do landgrave não ficou sem imitadores nas cortes
protestantes. Jorge IV (m. 1694), príncipe eleitor da Saxônia,
vivendo a primeira mulher, casou-se publicamente com uma concubina,
alegando a autoridade da Escritura e os exemplos de concessão
semelhante outorgada “pela nossa igreja”. Frederico Guilherme II,
que já tinha dado a mão direita à rainha, deu a esquerda a Julia
de Voss. O Rev. Zoellner, pregador da corte, a 25 de maio de 1787
abençoou o novo matrimônio na capela do castelo de Charlottemburgo.
Eberhardo Luiz (m. 1739), duque de Würtemberg, Carlos Luiz (m.
1680), príncipe eleitor palatino, Frederico IV (m. 1730) rei da
Dinamarca, com público matrimônio, duplicaram solenemente as
respectivas esposas.
A
abolição do celibato, a permissão do divórcio, a sanção oficial
da poligamia, pregadas, praticadas, inculcadas, autorizadas pelos
chefes reformistas, fácil é de ver que repercussão corruptora
teriam nas multidões iluminadas pela luz do novo e consolador
evangelho. A dissolução extravasou como uma cheia imunda e ameaçou
afundar a sociedade numa inundação de lama.
Lutero,
tardiamente, reconhece
a
impiedade da Revolução Protestante
“Os
evangélicos são 7 vezes piores que outrora.
Depois da pregação da
nossa doutrina, os
homens entregaram-se ao roubo, à mentira, à impostura, à crápula,
à embriaguez e a toda espécie de vícios. Expulsamos um Demônio (o
papado) e vieram sete piores.
Príncipes, senhores, nobres, burgueses e agricultores perderam de
todo o temor de Deus”.
Qual a causa deste
desencadeamento do mal? A nova doutrina.
“Depois que compreendemos não serem as boas obras necessárias
para a justificação, ficamos
muito mais remissos e frios na prática do bem.
É admirável
(dictu mirum) com que fervor nos dávamos às boas obras outrora,
quando por meio delas nos esforçávamos por alcançar a
justificação. Cada qual porfiava em vencer os outros em piedade e
honestidade. E, se hoje, se pudesse voltar ao antigo estado de
coisas, se de novo revivesse a doutrina que afirma a necessidade do
bem-fazer para ser santo, outra seria a nossa alacridade e prontidão
no exercício do bem”.
O heresiarca leva a sinceridade ao ponto de confessar os efeitos
dissolventes da Reforma sobre a própria consciência. Num sermão
pregado em 1532; “Quanto
a mim confesso
– e muitos outros poderiam sem dúvida fazer igual confissão –
que sou desleixado
assim na disciplina como no zelo, sou muito mais negligente
agora que sob o papado; ninguém
tem agora pelo Evangelho o ardor que se via outrora”.
“Quanto
mais certos estamos da liberdade que nos conquistou Cristo, tanto
mais frios e negligentes somos em pregar, orar, fazer o bem e sofrer
o mal”.
À
medida que o “novo evangelho” se propagava, avultava e engrossava
também a onda da imoralidade. Com o tempo as expressões do
Reformador carregam-se de tintas cada vez mais escuras. Em 1542
escrevia a Amsdorf: “É
tanto o desprezo pela Palavra de Deus, tão desmesurado o crescer dos
vícios, da avareza, da usura, da licença, dos ódios, das
perfídias, das invejas, da soberba, da impiedade e das blasfêmias,
que não é provável que Deus use ainda de misericórdia com a
Alemanha”.
No
ano seguinte, ao mesmo amigo: “Tal era o mundo antes do Dilúvio,
antes do cativeiro de Babilônia, antes da destruição de Jerusalém,
antes da devastação de Roma, antes da perda da Grécia e da
Hungria, tal será
e é, antes da ruína da Alemanha”.
Um ano antes de sua morte, em 1545, em carta a Gaspar Beier: “O
mundo está cheio de Satanás e de homens satânicos”.
Último
pensamento, enfim, que o consola em meio do dilúvio de males por ele
desencadeado é a iminente destruição universal. A aniquilação do
mundo, ele a invoca com esperança como supremo remédio. “Desejo
sair, com todos os meus, deste mundo satânico; desejo pelo supremo
dia que porá termo aos furores de satã e dos seus”.
Ao
mesmo amigo J. Prosbt escrevera dois anos antes, em 1542: “O mundo
ameaça ruína; disto tenho certeza: tal é o furor de Satanás, tal
o embrutecimento geral. Só me resta como consolo a iminência do dia
derradeiro… a
Alemanha foi e nunca voltará a ser o que foi”.
Finalizando
Enfim, eu poderia estender
este cortejo fúnebre de blasfemas heresias por longas páginas, mas
isso os nossos maiores já o fizeram, mormente, o Rev. Pe. Leonel
Franca, jesuíta brasileiro, com sua monumental e garbosa obra “A
Igreja, a Reforma e a Civilização”, obra ímpar e perene.
Não. A Revolução
Protestante não merece comemoração e muito menos celebração por
parte dos católicos, porque “o protestantismo de Lutero, é o
eco sobre a terra do 'Non Serviam' de Lúcifer. Ele proclama a
liberdade, a dos rebeldes, a de Satã: o Liberalismo. Ele diz aos
reis e aos príncipes: Empregai vosso poder para sustentar e para
fazer triunfar minha revolta contra a Igreja e eu vos entrego toda a
autoridade religiosa”.
___________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário