O
Monte Carmelo na Bíblia
“E
Eu vos introduzi na terra do Carmelo,
para que comêsseis os seus frutos, e o melhor dela - Et
induxi vos in terram carmeli, ut comederetis fructum ejus et optima
illius” (Jer. II, VII)”.
“E
(então) habitará no deserto a caridade, e a justiça terá o seu
assento no (novo) Carmelo - Et habitabit in solitudine
judicium, et justitia in charmel sedebit” (Isaiae, XXXII, XVI).
Para os Profetas e os Poetas, o Monte
Carmelo simboliza a beleza. Por exemplo, o noivo é comparado ao
Monte Carmelo para a noiva:
“A tua cabeça é como o Monte Carmelo; e os cabelos da tua cabeça são como a púrpura do rei atada (tingida) nos canais (dos tintureiros)” (Cântico 7, 5).
O
Monte Carmelo é referenciado na maioria das vezes como um símbolo
de beleza e fertilidade. Para ser dado o “esplendor do Carmelo”,
era para ser abençoado de fato:
“Lançando
germes, ela brotará copiosamente, e exultará de alegria e de
louvores; a glória do Líbano lhe será dada, a formosura
do Carmelo e de Saron; os seus habitantes verão a glória
do Senhor, e a magnificência do nosso Deus” (Isaías 35, 2).
“… (o rei Ozias) Edificou também torres no deserto, e mandou abrir muitas cisternas, porque tinha muito gado, assim nos campos, como pela vastidão do deserto; tinha também vinhas e vinhateiros nos montes e no Carmelo, porque era homem afeiçoado à agricultura” (2º Paralipômenos 26, 1-10).
O
Carmelo acha-se ainda revestido daquela excelente vegetação que
sugeriu aos profetas algumas das suas favoritas ilustrações:
“A
terra chora e desfalece; o Líbano está em confusão e num estado de
vilipêndio; e Saron converteu-se num deserto; e Basan e o
Carmelo foram talados” (Isaías 33, 9).
“Apascenta
(ó Senhor) com a tua vara o teu povo, o rebanho da tua herança, os
que habitam sozinhos no bosque, no meio do Carmelo”
(Miquéias 7, 14).
Ele também simboliza o julgamento sobre
o belo. Os profetas Amós e Naum previram que o Senhor secaria a
vegetação no Monte Carmelo (conhecido pela proliferação e
beleza), como um julgamento altamente visível sobre a apostasia do
Reino do Norte:
“E disse: O Senhor rugirá de Sião,
e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os deliciosos prados dos
pastores chorarão, e o cume do Carmelo secará” (Amós 1,
2).
“O
Senhor é um Deus zeloso e vingador… Ele ameaça o mar, e o seca; e
converte (quando quer) todos os rios em deserto. Basan e o Carmelo
perderam a força, e a flor do Líbano murchou...” (Naum 1, 2-4
ss).
Do
Monte Carmelo Jeremias teve a visão do domínio de Nabucodonosor
sobre o Egito e Israel:
“Juro
pela minha vida, disse aquEle Rei, cujo nome é Senhor dos Exércitos,
que, assim como o Tabor (se eleva) entre os montes, e o
Carmelo sobre o mar, assim virá (sobre o Egito o
instrumento do meu castigo)” (Jeremias 46, 18).
A
esta região do Monte Carmelo foi atribuída à tribo de Aser:
“E a quinta sorte caiu à tribo dos filhos de Aser, segundo as suas famílias; e a sua fronteira foi… e chega até ao Carmelo do mar…” (Josué 19, 24-31).
O
rei de ‘Jacanan do Carmelo’ era um dos chefes cananeus,
que foram derrotados por Josué:
“… um
rei de Cades; um rei de Jacanan do Carmelo…” (Josué
12, 22).
O
Monte Carmelo
O
magnífico Monte incrustado na atual divisa com o Líbano, foi o
palco de uma das maiores manifestações da força Divina em toda a
história da Humanidade. Ali, abraçaram-se a justiça e a
misericórdia, o fogo e a chuva, o medo e a confiança, a força e a
fraqueza, o desespero e a glória!
Quantos
princípios foram dados ao homem ali, naquele dia em que a Luz venceu
as Trevas, no famoso desafio do Profeta Elias.*
Monte
Carmelo é mais conhecido como o local de confronto de Elias com os
profetas de Baal. Foi aqui que Elias desafiou em nome de Deus os
deuses de Jezabel casada com Acabe, o local foi bem escolhido por
Deus para mostrar a sua superioridade sobre o deus pagão. Nesta
demonstração em que o clímax está na descida do fogo do céu para
queimar o seu sacrifício ensopado de água (1 Rs 18, 19-40).
Depois
de Elias ser elevado ao céu, foi Eliseu ao Monte Carmelo, mas
somente uma vez – recebeu ali a sunamita, aquela consternada mãe,
cujo filho lhe foi restituído vivo (2 Rs 4, 25). Cidade na região
montanhosa de Judá (Jos.
15, 55), e que nos é familiar por ter sido a residência de Nabal (1
Sm 25, 2)
e a terra natal da predileta esposa de Davi, a carmelita Abigail (1
Sm 27, 3; 1 Cr
3, 1). Foi este, sem dúvida,
o lugar, onde Saul levantou um monumento depois de ter alcançado
vitória na batalha com os amalequitas (1 Sm 15, 12).
Os
egípcios chamavam ao Carmelo “promontório sagrado” e os
cananeus parecem ter tido ali um santuário ao ar livre, que Elias
escolheu para demonstrar a impotência de Baal e o poder de Jeová
(1Rs 18, 17-46). Elias parece ter vivido no Monte Carmelo durante
algum tempo (2Rs 4, 23-25). No século IV a.c.,
os gregos chamaram ao Carmelo “o monte sagrado de Zeus” e na base
de uma estátua do século II ou II a.c.,
recentemente descoberta, lê-se: “(Dedicada) ao Zeus Heliopolitano
(do Monte) Carmelo, por G. Julius Eutychas, um colono de Cesareia”.
Isto mostra quão tenazmente o culto de um deus pagão se colou à
imagem da montanha. O nome atual do Carmelo é Jebel Karmel ou Jeber
Mâr Elyâs.
Hoje
duas aldeias drusas estão situadas no Monte
Carmelo. A religião
drusa é um desdobramento da fé Islã a partir do
ano 1000 d.c.
As pessoas drusos falam árabe, vivem também nas montanhas da
Galileia e nas
Colinas de Golã, e tem
boas relações com os judeus de Israel. Eles são muitas vezes
perseguidos pelos muçulmanos.
O
Monte Carmelo
Berço
da Ordem Carmelitana
A
Ordem Carmelitana teve seu berço no Monte Carmelo, na Palestina, e
seu espírito está caracterizado por dois elementos: sua origem
eliana (S. Elias) e sua dedicação a Maria. São os gérmens que
abrem, continuam e fecharão a história, a tradição e a
espiritualidade do Carmelo.
O
Monte Carmelo foi, com o correr dos tempos, cenário de interessantes
dramas humanos. Ali viveu Elias, o Profeta, saboreando a presença
divina e ao levantar-se “como uma chama”, marcou a história de
Israel. Seu zelo ardoroso foi recompensado ali mesmo com a visão
misteriosa da nuvem. Em sua mente se iluminou então a ideia de uma
sucessão espiritual consagrada ao serviço de Deus e realizou sua
obra, depois de si uma sucessão de profetas, que estabeleceram uma
escola, sendo o primeiro deles o Profeta Eliseu.
Pela
Montanha bíblica do Carmelo passaram também muitas raças e
civilizações orientais e ocidentais. Os Cruzados lhe deram nova
vida, com a chegada de homens fervorosos para a vida eremítica, de
maneira que, se pode dizer, com eles começou propriamente a história
da Ordem, ao organizarem-se os eremitas sob a direção de São
Bertoldo, congregados por Aymérico de Malafaida.
Vários
mosteiros de monges funcionavam no Monte Carmelo:
– O
convento de São Brocardo, no vale dos Mártires, cujas ruínas foram
recentemente descobertas.
– O
mosteiro de Santa Margarida, primeiro de monges gregos e logo de
Carmelitas, a uns 5 quilômetros da fonte de Elias: grutas cavadas
nas rochas imponentes que fecham o extenso vale.
– O
convento do Sacrifício, no lugar em que os arqueólogos assinalaram
como o correspondente à grande façanha de Elias.
– O
convento atual do Promontório, onde Santa Helena construíra uma
Basílica e onde agora se levanta o formosíssimo templo com a efígie
da “Grande Milagrosa” e a gruta de Elias.
– Finalmente,
do Carmelo saíram para a Europa em 1291 os moradores carmelitas, ano
em que se apoderam do monte os muçulmanos.
Durante
três longos séculos, os religiosos permanecem ausentes da Santa
Montanha, até que retornam em 1631, graças ao zelo e aos esforços
do Pe. Próspero do Espírito Santo, OCD, ganhando-o para a Reforma
Teresiana.
No
Monte Carmelo pediu asilo Napoleão para seus feridos. De 1914 a 1918
esteve em poder dos alemães e logo dos ingleses. Em 1948 voltam a
ocupá-lo os ingleses. Nesse mesmo ano cai em poder dos judeus, e
hoje o Monte forma parte de Israel.
Desde
a Reforma Teresiana os carmelitas se encontram no Monte Carmelo e
sucessivamente foi eremitério, missão, noviciado e casa de estudos.
Hoje,
o Monte Carmelo, sendo morada dos Carmelitas Teresianos, não todo
ele, moram aí israelitas em alguns lugares. Nos dois lugares mais
importantes moram os Carmelitas: o convento do Sacrifício e o
Santuário, berço da Ordem, onde seus moradores tratam de reviver
recordações antiquíssimas bordadas de histórias e de lendas.
Parece todavia, ouvir-se a voz de Isaías que disse: “A santidade
se assentará sobre o Carmelo” (Is. 32, 16),
repetida como num eco pelo profeta Jeremias: “Conduzi-os à terra
do Carmelo para que comêsseis os seus melhores frutos” (Jer. 2,
7).
Fonte:
Frei Patrício Sciadini, OCD, “O Carmelo – História e
Espiritualidade”, cap. 1, pp. 13-15; Edições Loyola, São Paulo,
1997.
Os
Santos e o Monte Carmelo
“São
Jerônimo diz que Carmelus significa Ciência da
Circuncisão” (Beato Nicolau Gálico, “Ignea Sagitta”,
cap. 1).
“Se
na Terra existe um lugar que pode ser comparado ao Céu, o Carmelo é
este lugar” (Santa Teresa D’Ávila).
“Assim,
digo agora que, embora todas as que trazemos este sagrado hábito do
Carmo sejamos chamadas à oração e contemplação (porque foi
essa a nossa origem; descendemos dos Santos Padres do Monte Carmelo
que, em tão grande solidão e com tanto desprezo do mundo, buscavam
esse tesouro, essa pérola preciosa de que falamos), poucas de
nós nos dispomos a que o Senhor nos revele esse tesouro” (S.
Teresa de Jesus, M 5, 1, 2).
“Para
viver no Carmelo só necessitava de uma coisa que é a vocação;
muito persuadido estava dele, como todavia, também estou, de que
para viver como anacoreta, solitário ou eremita, não necessitava de
edifícios que logo iam desmoronar-se; nem me eram indispensáveis as
montanhas da Espanha, pois acreditava haver em toda a extensão da
terra bastantes grutas e cavernas para fixar nelas minha morada”
(Beato Francisco Palau, “Elogio da Vida Solitária”, cap. 2).
“Há
10 anos que, nos verões, venho a este monte dar conta a Deus de
minha vida, e, consultar os desígnios de sua Providência sobre a
Ordem a que pertenço. Aí segue a história sobre o passado, o
presente e o porvir da Ordem do Carmo
Elias,
profeta grande, e os filhos de sua Ordem sois, e adiante sereis
meu dedo e o Dedo de Deus e meu braço nas batalhas contra os
Demônios e contra a Revolução...”
(Obras Selectas del Beato Francisco Palau, Carta ao Revmo. Pe.
Pascual de Jesus Maria, Procurador Geral, em Roma, da Ordem do
Carmo, Carta
115).
“Quem
sois vós, filhos caríssimos?… Vindes do Monte Carmelo e
trazei-Nos a recordação e quase a inspiração do grande Profeta,
arauto potente de Javé, Elias, figura do Precursor que anunciou a
chegada do Messias, Jesus?
E sois vós os sequazes dos ascetas, aos quais Santo Alberto de
Vercelli, o longínquo Patriarca latino de Jerusalém, deu a primeira
Regra (1208), toda orientada para a oração na solidão e na
penitência e que o Nosso distante Predecessor Honório III, em 1226,
aprovou? Vós determinais: Sim. Aquela é ainda a norma espiritual e
ascética basilar, a qual consagramos a nossa vida; mas, nós, em
verdade, somos os Carmelitas Descalços que descendem da Reforma
operada há quatro séculos por dois grandes Mestres da Mística
Católica, São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus. Grande
e ilustre Família Religiosa, que representa historicamente um dos
mais insignes e eficazes esforços da Igreja Católica, decidida,
após o Concílio de Trento, a redescobrir as próprias expressões
mais ousadas e características da santidade, toda orientada,
mediante a humildade e o despojamento de si, e por uma vida
comunitária tornada escola de caridade, de simplicidade, de ciência
espiritual,
à contemplação...
E
que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora, vos conforte, filhos
caríssimos, em vossa vocação carmelitana; Ela vos conserve o gosto
das coisas espirituais; Ela vos obtenha os carismas das santas e
árduas ascensões para o conhecimento do mundo divino e para as
inefáveis experiências de suas noites obscuras e seus luminosos
dias; Ela vos dê o anelo pela santidade e o testemunho escatológico
do Reino dos Céus; Ela vos torne exemplares e fraternos na Igreja de
Deus; Ela vos introduza um dia na posse de Cristo e de sua glória, à
qual toda a vossa vida quer ser desde agora consagrada. Para tanto,
vos conforte a Nossa Bênção Apostólica, que particularmente
concedemos aos Prepósitos Gerais, ao de ontem e ao recém-eleito, a
vós todos Capitulares e à inteira, santa e dileta Ordem dos
Carmelitas Descalços” (São Paulo VI, Alocução aos Padres
Capitulares da Ordem dos Carmelitas Descalços; cfr. “Sinal do
Reino - Paulo VI aos Religiosos e às Religiosas”, pp. 207-212;
Edições Paulinas, São Paulo, 1972).
“O
Carmelo é uma fábrica de santos!”
“Toda
Igreja é devedora ao Carmelo” (Teólogo H. W. Baltassar).
Retrato
do Glorioso
Patriarca
Santo Elias
É
impossível descrever em poucas palavras a personalidade e obra desse
grande Profeta.
Lendo
as poucas páginas bíblicas que nos falam dele, podemos tentar
descobrir suas características principais. Eis aqui algumas:
1.
O homem diante de Deus:
Aparece com frequência a expressão “o Senhor a quem sirvo” ou
“perante O qual estou”. Elias não compartilha com ninguém Seu
culto e quer que o povo faça o mesmo.
2.
Levado pelo Espírito:
Vede a resposta tão saborosa de Abdias em 1 Rs. 18, 12: “Mas
quando eu me apartar de ti, o Espírito do Senhor te levará para não
sei onde...” É desta docilidade, prontidão diante da vontade de
Deus e de sua liberdade interior que procede a força da alma de
Elias.
3.
Sua fé sem divisões:
Quando do sacrifício do Carmelo (1 Rs. 18), tenta forçar o povo a
escolher entre o Deus vivo, pessoal, que intervém na história, e as
forças naturais divinizadas, os baais. Como nós, Elias crê sem
ver; porque Deus pede, anuncia a chuva…, mas sem vê-la cair (1 Rs.
18, 41 ss.).
4.
Sua intimidade com Deus:
Sua visão de Deus (1 Rs. 19), como a de Moisés (Êx. 33, 18 ss.), é
o modelo da vida mística: é tudo o mais que se concede ao homem
ver. Porém, Elias continua sendo um homem como nós, desanimado,
medroso…
5.
Solidariedade
com os pobres:
Diante do rei e dos poderosos, defende o pobre (1 Rs. 21).
6.
Seu universalismo:
Como crê em Deus sem divisões e se deixa conduzir pelo Espírito, é
livre para tratar com os pagãos (1 Rs. 17); mas também pede à
mulher pagã uma fé incondicional (17, 13).
O
relato popular de 2 Rs. 1, contribuirá, infelizmente, para fazer de
Elias um personagem justiceiro que pede o fogo do Céu contra os
pecadores, ficando de lado valores tão positivos, que são para nós
de maior importância, pois a estes valores é que somos convidados a
imitar.
Testemunhos
Ilustres
Limitamo-nos
ao que nos pintam dois célebres carmelitas:
1.
O ilustre historiador Juan Bta Lezana (+1659) escreveu este magnífico
epitáfio:
“Elogio
para alcançar a porta do paraíso terreno: Aqui vive, o mortal,
aquele celeste zelador da honra divina, Elias é o duplo espírito,
perfeito na pureza, rico em virtudes, paupérrimo em bens terrenos,
grande amigo de Deus, inimigo do Diabo, amável com os bons, terrível
para com os ímpios, nascido antes de Cristo, conversou
com Cristo, reservado após Cristo contra o Anticristo;
Patriarca exímio. Profeta celebérrimo. Sacerdote grande. Monge, Pai
dos monges, sempre casto, Fênix singular. De Cristo, futuro
apóstolo. Mártir, Precursor, Capitão, valente defensor, arauto da
verdade, ardentemente religioso, maduro sem desalento, ancião sem
velhice, mortal sem morrer, nutrido sem alimento, de uma longevidade
sem achaques e – coisa admirável! - de uma vida santíssima que
não se há de extinguir até a consumação dos séculos. Quem
flagelou os tiranos, deu morte aos sacrílegos, fechou com suas
palavras as nuvens e tornou a abri-las, ungiu Reis e instituiu
Profetas defensores; pelos Anjos foi anunciado seu nascimento,
alimentado em Carit, saudado em Horeb, de onde, em meio a fragorosa
tempestade e comoção dos montes, cobrindo-se com seu manto o rosto,
viu o quanto era talentoso para Deus, o qual se lhe manifestou na
brisa suave...”
2.
O venerável mariólogo Arnoldo Bostio (+1499) o chamou:
“Varão
Evangélico antes do Evangelho, Apostólico antes do tempo dos
Apóstolos, depreciador do mundo e de todas as coisas perecíveis,
apaixonado seguidor do eterno, primeiro Virgem, Monge e Eremita,
resplendor de costumes, regra de virtudes, arauto da Virgem sagrada.
Que com a instituição da virginal castidade antecedeu por muito
tempo o Cordeiro sem mancha, aonde quer que tivesse de ir...”
Ele
Voltará!
Elias
executa o tríplice encargo divino. Aproxima-se então o momento de
ele abandonar a Terra. Para o comum dos homens isso significa pura e
simplesmente morrer. Porém, para Elias, o Profeta das grandes
exceções, a Providência tem outros planos. Arrebatado num carro de
fogo e levado por Deus para lugar desconhecido, o Profeta deixa seu
manto a Eliseu, seu discípulo e sucessor.
Cerca
de 900 anos se passam e, no Monte Tabor, na cena empolgante da
transfiguração de Jesus, Elias aparece, juntamente, com Moisés, ao
lado de Nosso Senhor. Do
misterioso lugar, onde presentemente se encontra, contempla ele o
desenrolar da história da salvação, à espera do momento de voltar
a intervir diretamente nos acontecimentos da Terra e preparar a
Segunda vinda de Cristo antes do Juízo Final.
E
então, mais do que nunca, aplicar-se-á a Elias o elogio que dele
faz o Espírito Santo: “E
quem pode pois, ó Elias, gloriar-se como tu? Tu que fizeste sair um
morto do sepulcro…, que precipitaste os reis na desgraça e
desfizeste sem trabalho o seu poder…, que ouviste sobre o Sinai o
juízo do Senhor; e sobre o Horeb os decretos de sua vingança; que
sagraste reis para vingar crimes, e fizeste profetas para teus
sucessores; que foste arrebatado num redemoinho de fogo…; tu,
de quem está escrito que virás para abrandar a ira do Senhor, para
reconciliar o coração dos pais com os filhos, e para restabelecer
as tribos de Jacó.
Bem-aventurados os que te viram e que foram honrados com a tua
amizade”
(Eclo.
48, 4-11).
Fonte:
Rev. Pe. Everaldo Bon Robert, “Bebendo nas Fontes”, cap. 2, pp.
23-26; Obra Privativa da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora
do Monte Carmelo, Sodalício de Campos dos Goytacazes/RJ, 2014.
*
Recomendo vivamente esta riquíssima literatura; quem puder
adquiri-la, será um felizardo.
A
Essencialidade e a Intensidade
da
Vida Carmelitana
Quando alguém deseja viver intensamente
o seu Batismo, procura se submeter a uma Regra para aplicar na sua
vida uma intensa disciplina que o configure sempre melhor ao que Deus
lhe pede. Busque a Deus! Eis a regra primeira que está
gravada na alma de cada ser humano. Fomos criados por Ele e para Ele.
Enquanto não repousarmos nEle, não teremos felicidade, dizia Santo
Agostinho. Iluminados pelos dogmas da fé, saímos nesta busca
incessante que deve nos levar à união com Deus. E para se unir a
Ele é preciso se tornar perfeito como Ele é perfeito (Mt. 5,
48). Este é o objetivo da vida monástica. Para iniciar este gênero
de vida, não é preciso ser perfeito, mas desejar atingir esta
perfeição. Pois, assim disse o Senhor: “Se queres ser
perfeito, vai, vende teus bens e dá aos pobres e terás um tesouro
no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt. 19, 21) Primeiro disse:
vai! E, depois: vem! Neste vai, estão contidos todos
os esforços para deixar as riquezas, os prazeres da carne e a
soberba. É a purificação do homem velho. É o esvaziamento de si
mesmo descrito na carta aos Filipenses (2,7-8). Por outro lado, neste
vem, identificamos o processo de crescimento espiritual na caminhada
de perseverança da alma rumo à transformação unitiva que S. João
da Cruz identifica como o topo do Monte Carmelo. Aqui está o
fundamento de todas as regras! “Meu amado me disse: levanta-te
minha amada e vem!” (Cânt. 2, 10) Semelhante modelo nos
oferece Nosso Pai Santo Elias que recebeu de Deus esta Regra: Sai
e permanece. Em duas ocasiões, Deus lhe deu esta ordem:
1 - “Sai daqui e retira-te para as
bandas do oriente, esconde-te na torrente de Carit. Fique aí e bebas
da torrente” (I Reis 17, 3-4).
2 - “Sai e permanece em cima do
monte na presença do Senhor” (I Reis 19, 11).
Na
primeira ocasião, saindo, ele fez o processo de purificação e de
afastamento de tudo que impede a plena união com Deus, e, depois,
ele permaneceu junto à fonte (Deus) e bebia da torrente, ou seja, se
inebriava do amor de Deus. Da mesma forma, num segundo momento, teve
esta outra experiência mística cumprindo esta Regra: sai e
permanece. Após percorrer a longa subida de 40 dias e 40 noites
(tempo de purificação) saiu (da caverna escura do entendimento) e,
permanecendo (na presença de Deus), viu Deus passar, ou seja, teve a
notícia espiritual da essência divina. Assim, temos o exemplo de
Elias que, obedecendo a Deus e perseverando, atingiu a perfeição do
amor, significada por sua subida no carro de fogo” (“Juxta
Fontem”; Fr. Tiago de S. José Ecarm.).
LADAINHA
DOS SANTOS E BEATOS CARMELITAS
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus
Cristo, atendei-nos.
Deus
Pai do Céu, tende piedade de nós!
Deus
Filho Redentor do Mundo, tende piedade de nós!
Deus
Espírito Santo, tende piedade de nós!
Santíssima
Trindade que sois Um só Deus, tende piedade de nós!
Santa
Virgem Maria do Monte Carmelo, rogai por nós!
Santa
Virgem Maria, Mãe da Divina Graça,
Santa
Virgem Maria, Mãe e Irmã dos Carmelitas,
Virgem
do Santo Escapulário,
São
José, Patrono do Carmelo,
Santo
Elias, Patriarca do Carmelo, rogai por nós.
Santo
Eliseu, Profeta do Carmelo,
Santo
Alberto de Jerusalém, Legislador de nossa Ordem,
São
Brocardo,
São
Bertoldo,
Santa
Teresa de Jesus, nossa mãe,
São
João da Cruz, nosso pai,
Santa
Teresa do Menino Jesus,
São
Simão Stock,
Santa
Teresa Margarida Redi,
Santa
Teresa de Jesus dos Andes,
Santa
Teresa Benedita da Cruz,
São
Pedro Tomás (Bispo),
Santo
André Corsini (Bispo),
São Henrique de Ossó e Cervelló, 80.
São Alberto de Trapani,
São
Rafael Kalinowski,
Santa
Maravilhas de Jesus,
Santa
Maria Madalena de Pazzi,
Beato
Tito Brandsma,
Beato
Dionísio da Natividade,
Abençoado redimido por Cruz,
Beato
Nuno Álvares Pereira,
Beato
João Soreth,
Abençoado Francisco Palau y Quer,
Beato Ciríaco Elias
Chavara,
Santíssimo Batista Mantovano,
Beata
Maria de Jesus Crucificado,
Beata
Elizabete da Trindade,
Beata
Elias de São Clemente,
Beato
Eufrásio do Menino Jesus,
Beato
Eusébio e companheiros,
Beato
Jorge Häfner (presbítero da OCDS),
Beato
Lucas de São José e companheiros,
Beata
Maria Cândida da Eucaristia,
Beata
Maria Josefina de Jesus Crucificado,
Beata
Ana de São Bartolomeu,
Beata
Maria da Encarnação,
Beata
Maria dos Anjos,
Beata
Maria de Jesus,
Beata
Teresa de Santo Agostinho e companheiras,
Beata
Maria Sacrário de São Luís de Gonzaga,
Beata
Teresa Maria da Cruz,
Beatas
Maria Pilar, Teresa e Maria Angeles,
Abençoado Isidore Bakanja,
Beata
Josefa Naval Girbés (virgem da OCDS),
Beato
Afonso Mazurek,
Todos
os Bem-aventurados de nossa Ordem,
Todos
os Santos e Santas de Deus, intercedei por nós.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo: perdoai-nos Senhor!
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo: ouvi-nos, Senhor!
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo: tende piedade de nós!
Rogai
por nós, todos os Santos e Santas carmelitas: para que sejamos
dignos das promessas de Cristo!
Oremos:
Ajude-nos, ó Deus Todo-Poderoso, o patrocínio da Bem-Aventurada
Virgem Maria, nossa Mãe, e a intercessão dos Santos e Santas
carmelitas, para que, seguindo fielmente seus exemplos, sirvamos
generosamente vossa Igreja com a oração e a vida apostólica. Por
Cristo Nosso Senhor. Amém.
LADAINHA
DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Senhor,
tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus
Cristo, atendei-nos.
Jesus
Cristo, atendei-nos.
Deus
Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus
Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus
Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima
Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa
Maria, rogai por nós,
Mestra
da vida interior,
Caminho
seguro na Noite Escura,
Virgem
da fé,
Virgem
do Caminho de Perfeição,
Virgem
fiel,
Virgem
que sabe ouvir,
Mãe
das Fundações,
Mãe
do abandono perfeito,
Mãe
da Pequena Via,
Mãe
da caridade,
Mãe
da humildade,
Senhora
das Moradas eternas,
Senhora
do “SIM”,
Senhora
do Monte Carmelo,
Fiel
esposa de José,
Esposa
da Viva Chama de Amor,
Perfeita
esposa do Cântico Espiritual,
Estrela
do Carmelo,
Flor
do Carmelo,
Formosura
do Carmelo,
Nossa
Senhora da Subida do Monte Carmelo,
Modelo
de oração,
Modelo
de vida interior,
Caminho
que leva a Deus,
Alma
enamorada de Deus,
Auxílio
dos Carmelitas,
Serva
de Javé,
Sublime
filha de Sião,
Esperança
dos Carmelitas,
Rainha
do silêncio,
Rainha
do Castelo Interior,
Rainha
do Carmelo,
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
V.
Rogai por nós, Rainha e Formosura do Carmelo.
R.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos:
“Venha, Ó Deus, em nosso auxílio a
intercessão da gloriosa Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, para
que possamos, sob sua proteção, subir ao monte, que é Cristo. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo”. Amém.
___________________
Fonte:
Da Carta de Pio XII, 11 de fevereiro de 1950, por ocasião do VII
Centenário do Escapulário da Virgem Mãe de Deus do Monte Carmelo.
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