Meus
filhos, chegamos ao Sacramento da Ordem. É um Sacramento que parece
não dizer respeito a ninguém dentre vós, e que diz respeito a toda
gente. Esse Sacramento eleva o homem até a Deus. Que é o
Sacerdote? Um homem que ocupa o lugar de Deus, um homem que é
revestido de todos os poderes de Deus. “Ide,
diz Nosso Senhor ao Sacerdote. Assim como meu Pai me
enviou, assim eu vos envio… todo poder me foi dado no Céu e na
terr. Ide, pois, instruí todas as nações… Quem vos escuta a mim
escuta; quem vos despreza a mim despreza”.
Quando
o Padre perdoa os pecados, não diz: “Deus vos perdoe”.
Diz: “Eu vos absolvo”.
Na consagração, ele não diz “Isto é o Corpo de Nosso
Senhor”. Diz: “Isto
é meu Corpo”.
São
Bernardo diz-nos que tudo veio por Maria, pode-se dizer também que
tudo nos veio pelo Sacerdote: sim, todas as venturas, todas as
graças, todos os dons celestes.
Se
não tivéssemos o Sacramento da Ordem, não teríamos Nosso Senhor.
Quem foi que o pôs aí nesse tabernáculo? Foi o Padre. Quem foi que
recebeu vossa alma à sua entrada na vida? O Padre. Quem a alimenta
para lhe dar a força de fazer a sua peregrinação? O Padre. Quem a
prepara para comparecer perante Deus, lavando essa alma pela primeira
vez no Sangue de Jesus Cristo? O Padre, sempre o Padre. E se essa
alma vier a morrer, quem a ressuscitará? Quem lhe restituirá a
calma e a paz? Ainda o Padre. Não vos podeis lembrar de um só
benefício de Deus sem encontrardes, ao lado dessa lembrança, a
imagem do Padre.
Ide-vos
confessar à Santíssima Virgem ou a um Anjo: eles vos absolverão?
Não. Dar-vos-ão o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor? Não. A
Santíssima Virgem não pode fazer descer seu divino Filho à hóstia.
Tivésseis aí 200 Anjos, e eles não poderiam absolver-vos. Um
Padre, por mais simples que seja, pode-o; pode dizer-vos: “Ide
em paz, eu vos perdoo”. Oh!
Como o Padre é alguma coisa de grande!
O
Padre só será bem compreendido no Céu… Se o compreendêssemos na
terra, morreríamos, não de pavor, mas de amor…
Os
outros benefícios de Deus de nada nos serviriam sem o Padre. De que
serviria uma casa cheia de ouro, se não tivésseis ninguém para vos
abrir a porta? O Padre tem a chave dos tesouros celestes; é ele quem
abre a porta; ele é o ecônomo de Deus, o administrador dos seus
bens.
Se
não fosse o Padre, a Morte e a Paixão de Nosso Senhor de nada
serviriam. Vede os povos selvagens: de que lhes serviu que Nosso
Senhor morresse? Ai! Eles não poderão ter parte no benefício da
Redenção enquanto não tiverem Padres para lhes fazerem a aplicação
do seu Sangue.
O
Padre não é Padre para si: não dá a si a absolvição, não
administra a si os Sacramentos. Ele não é para si, é para vós.
Depois
de Deus, o Sacerdote é tudo!… Deixai uma Paróquia vinte anos sem
Padre, adorarão ali os animais.
Se
o Sr. Missionário e eu nos fôssemos embora, vós diríeis: “Que
fazer nesta igreja? Não há mais Missa, Nosso Senhor não está mais
nela, tanto vale rezar em casa…”.
Quando
se quer destruir a Religião, começa-se por atacar o Padre, porque
onde quer que não haja mais Padre, não há mais Sacrifício, e onde
não há mais Sacrifício, não há mais religião.
Quando
o sino vos chama à igreja, se vos perguntassem: “Onde
ides?” Poderíeis responder:
“Vou alimentar minha alma”.
Se vos perguntassem, mostrando-vos o tabernáculo: “Que é
essa porta dourada? – É a
copa: é o guarda-comida de minha alma. –
Quem é que tem a chave dele, quem faz as provisões, quem
apronta o festim, quem serve à mesa?
– É o Padre. – E a comida? – É o precioso Corpo de
Nosso Senhor…”. Ó
meu Deus, meu Deus, como nos amastes!…
Vede
o poder do Padre! A língua do Padre, de um pedaço de pão faz um
Deus! É mais do que criar o mundo. Alguém dizia: “Santa
Filomena obedece então ao Cura d’Ars”
Certo, ela bem pode obedecer-lhe, já que Deus lhe obedece.
Se
eu encontrasse um Padre e um Anjo, cumprimentaria o Padre antes de
cortejar o Anjo. Este é o amigo de Deus, mas o Padre faz as vezes de
Deus… Santa Teresa beijava o lugar por onde um Padre havia passado…
Quando
virdes um Padre, deveis dizer: “Eis aquele que me tornou
filho de Deus e me abriu o Céu pelo Santo Batismo, aquele que me
purificou depois do meu pecado, que dá a comida a minha alma…”.
À vista de um campanário, podeis dizer: “Que há ali? – O
Corpo de Nosso Senhor. – E por
que está ele ali? – Porque um Padre passou por ali e
disse Missa”.
Que
alegria tinham os Apóstolos depois da Ressurreição de Nosso
Senhor, por verem o Mestre que tanto haviam amado! O Padre deve ter a
mesma alegria vendo Nosso Senhor que ele segura nas mãos… Dá-se
grande valor aos objetos que foram depositados na escudela da
Santíssima Virgem e do Menino Jesus em Loreto. Mas os dedos do
Padre, que tocaram a Carne adorável de Jesus Cristo, que mergulharam
no Cálice onde esteve o seu Sangue, no Cibório onde esteve o seu
Corpo, não são porventura mais preciosos?…
O
Sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando virdes o Padre,
pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Fonte:
Pe.
Alfred Monnin,
O Espírito do
Cura D’Ars,
Cap. IX, pp. 50-52. Uma Publicação de: Ontem,
Hoje e Sempre,
Campos dos Goytacazes/RJ. Cfr. A. Monnin, Florinhas
de Ars,
Cap. XXII, pp. 74-75. Editora Vozes Ltda. Petrópolis?RJ, 1952.
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