Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A EUCARISTIA – BOSSUET. 19


Quem são os que comungam indignamente?

Não se pode beber no cálice do Senhor

e no cálice dos Demônios.

A Eucaristia requer, sobretudo,

a prática da caridade fraterna.


É ainda uma terrível sentença contra os que comungam indignamente. “Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice dos Demônios: não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa do Demônio”. (I Cor. 10, 21)

Beber na taça dos Demônios, não é só beber na taça de que se lhes faz efusão: é beber a longos goles os prazeres do mundo, pelos quais nos entregamos a eles. Participar da mesa dos Demônios, não é só comer viandas que lhe foram imoladas; é entregar-se à avareza, que é uma idolatria; à gula, pela qual se faz do ventre um deus; a todos os outros vícios, pelos quais se entrega ao Demônio o que a Deus era devido.

Porém um dos pecados que a Eucaristia menos sofre é o da dissensão e do ódio contra seu irmão; porquanto o efeito próprio da Eucaristia é unir-nos para não fazermos mais que um mesmo Corpo, segundo o que diz São Paulo: “Posto que sejamos muitos, não somos todos juntos senão um mesmo pão e um mesmo corpo, nós todos que participamos de um mesmo pão”.

Portanto, todo aquele que toma esse pão de vida, que toma esse corpo que nos é dado sob a forma e sob a espécie do pão para sustentar-nos a alma e que, sendo distribuído a muitos, permanece sempre o mesmo e perfeitamente o mesmo, não sofrendo divisão alguma na substância, todo aquele que o toma deve ser um com todos os membros, como deve ser um com Jesus Cristo. E é a impressão que traz em si o pão sagrado da Eucaristia. Aquele, portanto, que a recebe, tendo o ódio no coração contra seu irmão, faz violência ao Corpo do Salvador, visto que Ele vem para fazer-nos um mesmo Corpo, e nós persistimos na desunião.

Que sucederá, porém, aos que permanecem assim desunidos, enquanto o Corpo de Jesus Cristo os vem unir? Esse divino Corpo não pode ficar sem eficácia; os que não querem deixar-se unir, Ele os parte, os põe em pedaços, divide-os contra si mesmos; a sua própria consciência condena-os: Ele os arranca da sua unidade, separa-os do Seu Corpo místico. Se eles ficam no exterior, estão separados dele segundo o espírito: são membros apodrecidos; árvores infrutíferas, duplamente mortas, desarraigadas, como dizia o Apóstolo São Judas. Parecem estar ainda em pé e assentar na raiz; mas têm a morte no seio, e a raiz não tira mais alimento.

Ide, pois, e como o próprio Salvador vos ordenou, “ide reconciliar-vos com vosso irmão”, não somente não sois dignos de participar do altar, mas ainda não sois dignos de oferecer nele o vosso presente; não só não sois dignos de participar da oblação do altar, mas não sois dignos de assistir a ela. O Sangue de Jesus Cristo que é levantado ao Céu, clama vingança contra vós, porque é um sangue que “pacificou e reconciliou todas as coisas no céu e na terra”: e não somente os homens com Deus, porém ainda os homens entre si. E não escutais “a voz desse Sangue que fala melhor do que o de Abel”. Porque fala pela paz, e o sangue de Abel clamava vingança; porém vós O constrangeis a clamar vingança, se rejeitais a paz fraterna pela qual é ele derramado. Esse sangue clama morticínio, vingança; é o matador contra quem ele clama: porque “aquele que odeia seu irmão é homicida”. Retirai-vos, infeliz, fugi à voz desse Sangue!


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Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo “A Eucaristia”, Cap. XIX, pp. 92-94. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.


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