A perseverança, efeito da Comunhão frequente.
Aplicar-se a receber bem o seu Deus.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica em mim e eu nele”.1 O grande dom pelo qual suspiram os cristãos é o da perseverança, que nos assegura a coroa, que nos une, que nos incorpora a Jesus Cristo para fazer-nos eternamente um com Ele, sem jamais podermos ser d’Ele separados. Eis o grande dom de Deus, o dom que é unir-se à Sua predestinação eterna: e Jesus Cristo nos ensina que há na Eucaristia uma graça particular para no-lo alcançar. Portanto, se quisermos perseverar na virtude, devemos comungar e comungar amiúde; pois é o mais poderoso meio que nos seja dado para alcançar a perseverança; é o pão dos cristãos, o seu alimento comum e de todos os dias.
Ó meu Deus, como o cristão têm o coração duro, já que vêm tão raramente à sagrada mesa! Se eles saboreassem a Jesus Cristo Crucificado viria celebrar com frequência o mistério dessa morte. Ficamos comovidos na Sexta-feira Santa por causa de celebrarmos a memória da morte do Salvador. Vinde, meus filhos, é todos os dias a Sexta-feira Santa; todos os dias se erige o Calvário no santo altar. Vinde, e lembrai-vos dessa morte que é a nossa vida; vinde receber um Sacramento em que se aprende a ficar em Jesus Cristo, em que se recebe a força, a coragem, a graça de ficar n’Ele.
Mas também devemos tremer quando recaímos nas nossas faltas depois da comunhão visto que Jesus Cristo não diz: Aquele que come a minha carne está em mim, porém fica apegado a mim, nem: Eu estou nele, porém: Eu fico nele, e nunca o deixo. Jesus é fiel, nunca nos deixa: somos nós que O deixamos quando caímos no pecado. Infelizes, devemos bem recear não O termos recebido como convém, pois teríamos ficado n’Ele, e ai, O deixamos. Recebê-Lo como convém, é recebê-Lo detestando os próprios pecados, afastando as ocasiões de cometê-los, buscando na Eucaristia o sustentáculo da nossa fraqueza e da nossa instabilidade.
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Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo “A Eucaristia”, Cap. XXI, pp. 97-98. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.
1. Jo., VI, 57.
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