Lutero, para refutar tudo o que se lhe objetava contra o perigo da leitura da Bíblia concedida a todos, diz: “Se alguém vos atacar, e pretender, que a Escritura é obscura, e que é necessário pedir auxílio aos comentários dos Padres, respondei: Não é verdade; jamais se escreveu na terra livro mais claro do que a Bíblia”.1
Reconhecera, antes de morrer, que a Escritura Sagrada tem mistérios e profundezas insondáveis, diante das quais, o homem deve inclinar-se humildemente. (Pouco antes, escreveu em latim as palavras seguintes: “Ninguém, sem que tenha sido pastor cinco anos, pode compreender as Bucólicas de Virgílio; ninguém pode compreender as Geórgicas, sem ter sido lavrador cinco anos; ninguém pode entender as Cartas de Cícero, se não governar um Estado durante 20 anos. Quanto à Sagrada Escritura, ninguém pode apreciá-la devidamente, sem ter governado a Igreja durante 100 anos, com os Profetas Elias e Eliseu, com São João Batista, Cristo e os Apóstolos… Somos uns mendigos, esta é a verdade”). Mas, sempre consequente consigo, falava com o tom de arrogância e de orgulho, que lhe era natural, no testamento, onde consignara suas últimas vontades, com desprezo de todas as formas da justiça humana.2
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1. Dr. João Alzog, “História Universal da Igreja”, Tomo III, 3º Período, 1ª Época, Cap. I, Art. CCCVI, pp. 28-29. Tradução de José Antônio Freitas; Ernesto Chardron – Editor, 1882.
2. Dr. João Alzog, ob. cit., Art. 319, p. 67.
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