Mudança – eis a palavra mágica de nosso tempo.
De certa forma, Ela resume, com as retificações impostas pela história o conteúdo de todos os mitos desgastados que fascinaram muitas gerações. Ou, pelo menos, Ela salva o que há de essencial neles: a aspiração à realização da Utopia, que foi a fórmula com a qual o Tentador seduziu o primeiro homem (“Sereis como deuses…”), e que é o substrato característico de todos os movimentos de heresia, apostasia e rebeldia que através dos tempos se têm levantado contra a Cidade de Deus…
E assim a mística da mudança vai avançando no seio do Povo de Deus.
E vai ganhando um dinamismo próprio, em função do qual seu alcance se aprofunda cada vez mais. Partindo da periferia e afetando de início apenas ritos, roupagens, calendários e temas de livre discussão, vai atingindo o próprio cerne da Fé…
A esse respeito Paulo VI advertia os fiéis, num discurso pronunciado a 28/5/1969: “Na mentalidade do homem moderno, de todos nós, existe, por assim dizer, a persuasão de que tudo muda. A observação da vida contemporânea nos dá a impressão de que tudo está em transe de transformação, em movimento. Nada do que cai sob nossa experiência parece estável e seguro; tudo muda, tudo evolui, tudo decai e tudo se renova. Estamos como que aprisionados e impressionados por esta ideia da instabilidade das coisas. E se este sentimento nos provoca a princípio um certo temor e algum pesar, logo se converte em complacência, porque vemos que este enorme e geral fenômeno de mutação toma nomes sugestivos: evolução, progresso, dinamismo, descobrimento, conquista, superação, desenvolvimento, renovação, novidade, etc.”.
E coloca então o Papa a questão crucial: “Não estará a Religião submetida também a alguma mudança importante?
A Resposta do Santo Padre é modelar e mereceria ser gravada em metal e afixada à porta de muitas salas de reuniões ou posta sobre a mesa de trabalho de muitas pessoas de quem dependem soluções fundamentais para a vida da Igreja em nossa época: “Religião é o que é; não muda, ainda que mudem os tempos e os costumes; deve ser aceita em sua genuína, originária e autorizada formulação, embora resulte difícil, embora pareça desconforme com a psicologia de quem a escuta, ainda que seja misteriosa”.
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Fonte: Revista “Hora Presente”, Ano II, n. 6, pp. 5-9, de Maio de 1970.
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