Contra o Conformismo
ao Espírito do Mundo.
Após o Concílio, a Igreja vive numa sociedade à qual deseja transmitir sua mensagem de Salvação,1 e da qual sofre, talvez mais do nunca, uma pressão de profanidade, de secularização e amoralidade.
Nesta ambígua situação que deve fazer a Igreja? De que tem necessidade o povo cristão, para conservar-se como tal e para exercitar sua função de luz e sal da terra, de animador espiritual e moral do tempo, no qual a Providência lhe destinou viver?
A resposta não é fácil sem simples. Mas, podemos encontra-la numa fórmula antiga e nova, rica de imenso significado. Ei-la: Hoje a Igreja, isto é, o Povo de Deus, ou melhor, cada fiel, deve repetir a si mesmo a palavra de São Leão Magno: “Agnosce, o christiane, dignitatem tuam”.2 Cristão, toma consciência de tua dignidade, tu que és convidado a participar da natureza Divina.3 Não queiras decair na baixeza da antiga conduta. Lembra-te de que Cabeça e de que Corpo Místico és membro. Recorda o fato de tua libertação do poder das trevas e de tua transferência para a luz e para o Reino de Deus.
Sim, é necessário que todo cristão tenha consciência viva e operante da própria dignidade, daquilo que se tornou pela regeneração misteriosa, maravilhosa e real do Batismo. Fala-se tanto da dignidade da pessoa humana no plano natural. É já algo de altíssimo e muito digno. Deveria fazer com que evitássemos as degradações animais, bárbaras e infra-humanas, às quais tão facilmente cede nossa civilização, que não mais, ou que não é ainda digna deste nome.
Pois bem, no nível sobrenatural esta dignidade foi extraordinariamente superada. Lembremos as palavras lapidares do Prólogo de São João: “A todos aqueles que O receberam, aos que creem no seu Nome, deu-Lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas sim de Deus”.4
Fonte: São Paulo VI, Audiência Geral de 1 de Outubro de 1969, Sedoc, Dez. 69, p. 676.
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1. Gaudium et Spes, 1.
2. Serm. I, de Nativ., PL 54, col. 192.
3. 2 Ped. 1, 4.
4. Jo. 1, 12-13.
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