A Profecia de São Nilo
(Comentada e Complementada)
Em síntese:1 Está sendo divulgada uma profecia atribuída a S. Nilo de Ancira (+ 430); terá predito a vinda do Anticristo para o século XX, com grandes danos para a Igreja Católica. Na verdade o século XX já passou sem o aparecimento do Anticristo: ao lado de acontecimentos moralmente graves entre os católicos, muitas realizações de valor ocorreram na mesma fase da história. Ademais é obscura na Bíblia a noção de um Anticristo escatológico ou prenúncio do fim dos tempos.
Via internet foi enviado à Redação de PR o texto de uma profecia sinistra atribuída a São Nilo de Ancira e causadora de inquietação em leitores contemporâneos. Eis por que vai, a seguir, publicado o mencionado texto acompanhado de comentário.
São Nilo foi monge de um mosteiro situado em Ancira (hoje Ankara na Turquia). Atribuem-se-lhe diversos escritos, alguns autênticos, outros duvidosos ou mesmo espúrios. Faleceu em 430.2
O TEXTO
A Vinda do Anticristo
Depois do ano 1900, por meados do século XX, as pessoas desse tempo tornar-se-ão irreconhecíveis…
Quando se aproximar o tempo da vinda do Anticristo, a inteligência dos homens será obscurecida pelas paixões carnais: a degradação e o desregramento acentuar-se-ão. O mundo, então, tornar-se-á irreconhecível. As pessoas mudarão de aparência, e será impossível distinguir os homens das mulheres, por causa do atrevimento na maneira de se vestir e na moda de seus cabelos.
Essas pessoas serão desumanas e como autênticos animais selvagens, por causa das tentações do Anticristo.
Não se respeitarão mais os pais e os mais idosos. O amor desaparecerá. E os pastores cristãos, bispos e sacerdotes, serão homens frívolos, completamente incapazes de distinguir o caminho à direita ou à esquerda.
Nesse tempo as leis morais e as tradições dos cristãos e da Igreja mudarão.
As pessoas não praticarão mais a modéstia e reinará a dissipação! A mentira e a cobiça atingirão grandes proporções, e infelizes daqueles que acumularão riquezas!
A luxúria, o adultério, a homossexualidade, as ações secretas e a morte serão a regra da sociedade.
Nesse tempo futuro, devido ao poder de tão grandes crimes e de uma tal devassidão, as pessoas serão privadas da graça do Espírito Santo, recebida no seu batismo, e nem sequer sentirão remorsos.
As Igrejas serão privadas de pastores piedosos e tementes a Deus, e infelizes dos cristãos que restarem sobre a terra, nesse momento! Eles perderão completamente a sua Fé, porque não haverá quem lhes mostre a luz da verdade. Eles se afastarão do mundo, refugiando-se em lugares santos, na intenção de aliviar os seus sofrimentos espirituais, mas, em toda a parte, só encontrarão obstáculos e contrariedades.
Tudo isto resultará do fato de que o Anticristo deseja ser o senhor de todas as coisas, e se tornar o mestre de todo o Universo. Ele realizará milagres e sinais inexplicáveis.
Dará também a um homem sem valor uma sabedoria depravada, a fim de descobrir um modo pelo qual um homem possa ter uma conversa com outro, de um canto ao outro da terra.
Nesse tempo, os homens também voarão pelos ares como os pássaros, e descerão ao seio do oceano como os peixes.
E quando isso acontecer, infelizmente, essas pessoas verão as suas vidas rodeadas de conforto, sem saber, pobres almas, que tudo isso é uma fraude de Satanás.
E ele, o ímpio, inflará a ciência da vaidade, a tal ponto que ela se afastará do caminho certo e conduzirá as pessoas à perda da Fé na existência de Deus, de um Deus em Três Pessoas.
Então Deus, infinitamente Bom, verá a decadência da raça humana, e abreviará os dias, por amor do pequeno número daqueles que deverão ser salvos, porque o inimigo desejaria arrastar mesmo os eleitos à tentação, se isso fosse possível.
Então a espada do castigo aparecerá de repente e derrubará o corruptor e seus servidores (Bibl. Sanctorum, v. IX, p. 1008).
COMENTANDO3
Quatro reflexões vêm ao caso:
1) Trata-se de uma revelação particular, que cada fiel católico está livre para aceitar ou não.
2) Passou-se o século XX sem o aparecimento do Anticristo e sem que o mundo acabasse. Houve, sem dúvida, acontecimentos deploráveis entre os filhos da Santa Mãe Igreja, mas houve igualmente feitos grandiosos e movimentos de renovação espiritual dignos de nota. Entre outros eventos, notem-se os que dizem respeito à figura do Papa João Paulo II, que foi tido como o homem do século XX ou, ao menos, o homem do fim do século XX. Em consequência, não menos do que o presumido século do Anticristo, o século XX foi, e até mesmo com mais razão, o século do Papa.
3) Os manuais de Patrologia, ao referirem os escritos de São Nilo, não mencionam a Profecia atrás registrada. Pode-se perguntar: será de S. Nilo (+ 430) essa profecia como é de São Malaquias (+ 1148) a Profecia forjada no século XVI e a Malaquias atribuída?
4) Carece de sólido fundamento bíblico a crença de que no fim dos tempos deverá aparecer o Anticristo, como foi dito no artigo de PR 475/2001, pp. 545ss.
COMPLEMENTANDO
Gosto muito dessa “Profecia”, mas, a bem da verdade, após procurar por um bom tempo, descobri que a dita fonte em que se baseia a mesma, não corresponde a mesma, e com isso cai em descrédito, como veremos a seguir.
Todas as Postagens que se encontram na Internet, afirmam que esta “Profecia” se encontra inserida na BIBLIOTHECA SANCTORUM, no Volume IX, na pág. 1008. Mas, este endereço informativo descreve outra realidade, que passo a revelar. Vejamos:
BIBLIOTHECA
SANCTORUM
ISTITUTO GIOVANNI XXIII
della
PONTIFICIA UNIVERSITÀ LATERRANENSE
(CITTA’ NUOVA EDITRICE)
Nihil obstat
Romae, die 15 iunii 1967
FERDINANDUS GALEA
IMPRIMATUR
Tusculi, die 20 iunii 1967
† ALOISIUS LIVERZANI
Episcopus Tusculanus
Vol. IX – Pág. 1008:
NILO il Sinaita, asceta di ANCIRA, santo. Le informazioni da noi possedute su questo personaggio sono assai diverse. Fino all’inizio del XX sec. egli era noto sotto il nome di N., asceta del monte Sinai. Secondo i sinassari bizantini sarebbe stato prefetto di Costantinopoli sotto Teodosio il Grande. Sposato con due figli, un maschio e una femmina, si separò dalla moglie col suo consenso, e partí con il figlio Teodulo per andare a vivere in un romitorio sul Sinai, mentre madre e figlia si disponevano a fare altrettanto in Egitto.
I due eremiti, padre e figlio, vissero dunque sul Monte Sinai presso altri solitari, ma un’incursione di beduini che catturarono dei prigionieri tra cui Teodulo, li separò. N. allora partí alla ricerca del figlio e finí col ritrovarlo, ai confini tra l’Arabia Petrea e la Palestina, presso il vescovo di Elusa, il quale li ordinò preti ambedue (Synax. Constantinop., col. 217, ll. 3-24).
Si parla ancora di essi nei sinassari, al 14 genn., nella notizia consacrata ai monaci martirizzati dagli arabi (ibid., coll. 389-94). Le loro reliquie sarebbero state trasportate a Costantinopoli e deposte da Giustino II nella chiesa di S. Paolo dell’Orfanotrofio (ibid., p. 217, ll. 24-29).
La realtà è ben diversa. La biografia di N. il Sinaita è stata elaborata partendo da alcuni particolari delle lettere attribuitegli a causa della sua identificazione con un Nilo, autore della passio dei monaci martiri del Sinai, che risale al sec. V. Questa biografia è passata nei sinassari e Niceforo Callisto l’ha, in un certo modo, legittimata iscrivendola nella sua Storia Ecclesiastica (XIV, 54. in PG. CXLVI, col. 256). Oggi si ammette che il vero N. fosse un antico discepolo di s. Giovanni Crisostomo, divenuto superiore di un monastero ad ANCIRA in Galazia, e morto verso il 430 o piú tardi.
Le opere attribuite a N. comprendono un intero volume della Patrologia greca del Migne (LXXIX), ma non sono tutte dello stesso autore. Oltre la passio di cui abbiamo parlato, vi sono mille e sessantuno lettere, in genere molto corte, e opuscoli ascetici. Le lettere sono indirizzate a personaggi diversi, danno spiegazioni su testi della S. Scrittura e sulla dottrina della Chiesa, combattono gli eretici e i pagani, ricordano i doveri dell’uomo politico, dei vescovi e dei superiori dei monasteri. Gli scritti ascetici precisano ciò che occorre sapere sulla vita monastica: il suo concetto, i doveri da essa richiesti, gli ostacoli contro cui urta e l’ideale della perfezione. La critica ha illustrato buona parte dei problemi posti dagli scritti che vanno sotto il nome di N. e, sebbene non sia stata ancora fatta luce completa, è quasi certo che molti di essi sono di mano di Evagrio Pontico, autore fiorito in Egitto nel sec. IV. Questo è soprattutto il caso del famoso Trattato dell’Orazione che esercitò molta influenza nei monasteri orientali.
Bibl.: Chevalier, Répertoire, I, coll. 3361-62; Synax. Constantinop., col. 217, ll. 3-29; H. C. Graef, in DthC, XI, coll. 661-74; F. Degenhardt, Der hl. Nilus, sein Leben und seine Lehre vom Mönchtum, Münster in W. 1915; K. Heussi, Untersuchungen zu Nilus dem Asketen, Lipsia 1917; F. Degenhardt, Neue Beiträge zur Nilusforschung, Münster in W. 1918; Anal. Boll., XXXVIII (1920), pp. 420-23; K. Heussi, Das Nilusproblem, Lipsia 1921; Anal. Boll., LXIV (1946), p. 272; J. Hausherr, in Enc. Catt., VIII, coll. 1882-83; Vies des Saints, XI, pp. 366-67; H. C. Graef, in LthK, VII2, coll. 870-71.
Raymond Janin.
Como o leitor bem vê, o conteúdo da página 1008 da Bibliotheca Sanctorum, Vol. IX, não corresponde com a dita profecia, que repito, gosto muito, só não sei de que origem é. Espero ter ajudado a conscientizar os católicos, afirmando a verdade.
“E conhecereis a verdade
e a verdade vos tornará livres
(do pecado)”.
(Jo. 8, 32)
3. Revista: PERGUNTE E RESPONDEREMOS – D. Estêvão T. Betencourt, O.S.B., Nº 484 – Ano 2002 – Pág. 414.
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