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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 26 de maio de 2024

A SÉTIMA MORADA E A SANTÍSSIMA TRINDADE.


Nesta última morada, as coisas são diferentes. O nosso bom Deus quer já tirar-lhe as escamas dos olhos, bem como que veja e entenda algo da graça que lhe é concedida – embora isso se efetue de modo um tanto estranho.

Introduzida a alma nesta morada, mediante visão intelectual1 se lhe mostra, por certa espécie de representação da verdade, a Santíssima Trindade – Deus em três Pessoas: Primeiro lhe vem ao espírito uma inflamação que se assemelha a uma nuvem de enorme claridade. Ela vê então nitidamente a distinção das divinas Pessoas; por uma notícia admirável que lhe é infundida, entende com certeza absoluta serem as três uma substância, um poder, um saber, um só Deus.

Dessa maneira, o que acreditamos por fé é entendido ali pela alma por vista, se assim o podemos dizer, embora não seja vista dos olhos do corpo nem da alma, porque não se trata de visão imaginária. Na sétima morada, comunicam-se com ela e lhe falam as três Pessoas. Elas lhe dão a entender as palavras do Senhor que estão no Evangelho: que viria Ele, com o Pai e o Espírito Santo, para morar na alma que O ama e segue Seus Mandamentos.2

Oh! Valha-me Deus! Ouvir essas palavras e crer nelas é uma coisa; entender a sua verdade pelo modo de que falo é algo inteiramente diverso! E cada dia se espanta mais essa alma, porque lhe parece que as três Pessoas nunca mais se afastaram dela. Pelo contrário, vê nitidamente – do modo que dissemos3 – que estão em seu interior. E, no mais íntimo de si, num lugar muito profundo – que ela não sabe especificar, porque é ignorante – percebe em si essa Divina Companhia.

Lendo o que digo, pode parecer-vos que ela não fica em si, mas tão embevecida que não dá atenção a coisa alguma. Mas a alma o faz, sim, e muito mais do que antes. Dedica-se a tudo o que é serviço de Deus e, faltando-lhe as ocupações, permanece naquela agradável Companhia…


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Fonte: Castelo Interior ou Moradas, Sétima Morada, Cap. 1, nn. 6-11. Cfr. Obras Completas de Teresa de Jesus, pp. 568-570. Edições Loyola, São Paulo/SP. 1995.

1.  Padre Gracián retocou essa passagem no autógrafo: “Mediante visão ou conhecimento intelectual que nasce da fé [?] Ribera riscou a correção. Frei Luís, em contrapartida, julgou-se no dever de proteger o texto teresiano com uma longa nota marginal, em sua edição príncipe: “Embora o homem nesta vida, perdendo o uso dos sentidos e elevado por Deus, possa ver de passagem a Sua essência, como provavelmente aconteceu a São Paulo, Moisés e alguns outros, a Madre não fala aqui desse tipo de visão, que, mesmo breve, é clara e intuitiva. Ela fala de um conhecimento desse Mistério que Deus concede a algumas almas por meio de uma grandíssima luz que lhes infunde, e não sem alguma espécie criada. Mas, como essa espécie não é corporal nem representada na imaginação, a Madre diz que essa visão é intelectual, e não imaginária” (p. 234).

2.  Jo. 14, 23.

3.  Ou seja, por visão intelectual; cfr. n. 6.


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