3 novembro, 2014
Por Cristina Siccardi – Corrispondenza Romana | Tradução: Fratres in Unum.com -
Existe na história da Igreja, além da leitura dos acontecimentos, real
ou falsa, uma outra leitura, a dos místicos, que têm o privilégio de ser
objeto da predileção divina e, portanto, de serem informados
diretamente pelo Céu sobre os eventos, fazendo-se de porta-vozes dos
anúncios sobrenaturais e das profecias.
Nos
tempos atuais de confusão, mistificação, engano e erro da e na Fé,
torna-se muito interessante ler o que o Padre Pio de Pietrelcina escreve
a seu confessor, Padre Agostinho, em 7 de abril de 1913. Nesse sofrido
escrito o santo descreve uma aparição de Cristo agonizante devido ao
comportamento dos sacerdotes indignos.
“Na sexta-feira de manhã eu me encontrava
ainda na cama, quando Jesus me apareceu. Estava todo maltratado e
desfigurado. Ele me mostrou uma grande multidão de sacerdotes regulares e
seculares, entre os quais diversos dignitários eclesiásticos; destes,
alguns estavam celebrando, outros se desviando, e outros se despindo das
vestes sagradas.
“A visão de Jesus angustiado causava-me
muita pena, por isso quis Lhe perguntar por que sofria tanto. Não obtive
nenhuma resposta. Contudo, seu olhar se dirigiu para aqueles
sacerdotes; mas pouco depois, quase horrorizado e como se fosse parar de
fitar, retirou o olhar e, quando o voltou para mim, observei com grande
horror duas lágrimas que Lhe sulcavam o rosto. Distanciou-se daquela
turba de sacerdotes com uma grande expressão de desgosto na face,
gritando: ‘Açougueiros!’
“E voltando-se para mim, disse: ‘Meu
filho, não acredites que minha agonia foi de três horas, não; Eu
estarei, por causa das almas mais beneficiadas, em agonia até o fim do
mundo. Durante o tempo da minha agonia, meu filho, não se deve dormir.
“‘Minha alma vai em busca de algumas
gotas de compaixão humana, mas infelizmente me deixam sozinho sob o peso
da indiferença. A ingratidão e o sono de meus ministros tornam minha
agonia mais pesada. Oh, como correspondem mal ao meu amor! O que mais me
aflige é que à indiferença essas pessoas juntam o desprezo, a
incredulidade.
“‘Quantas vezes Eu estive para
fulminá-los, se não tivesse sido contido pelos anjos e pelas almas
enamoradas de Mim… Escreve ao teu confessor e narra-lhe o que viste e
ouviste de Mim esta manhã. Diz-lhe que mostre a tua carta ao Provincial
…’. Jesus ainda continuou, mas o que Ele disse não posso jamais revelar a
criatura alguma neste mundo. Essa aparição me causou uma tal dor no
corpo, mas ainda mais na alma, que durante todo o dia fiquei prostrado e
julguei que fosse morrer, se o dulcíssimo Jesus já não me tivesse
revelado… Jesus infelizmente tem razão para lamentar de nossa
ingratidão! Quantos desgraçados de nossos irmãos correspondem ao amor de
Jesus lançando-se de braços abertos na seita infame da maçonaria!
Rezemos por eles, a fim de que o Senhor
ilumine suas mentes e toque seus corações. Encoraje o nosso padre
provincial, que receberá do Senhor um copioso socorro de favores
celestes. O bem da nossa província mãe deve ser a sua constante
aspiração. Para isso devem tender todos os seus esforços. Para esse fim
devem ser direcionadas as nossas orações, tudo o que possuímos. Na
reorganização da província, não podemos poupar ao provincial as
dificuldades, as doenças, as fadigas; contudo, cuidar para não perder o
ânimo, o misericordioso Jesus sustentará a empresa. A guerra dos
cossacos vai se intensificando cada vez mais, mas não tenha medo, com a
ajuda de Deus” (Padre Pio da Pietrelcina, Epistolario I, por Melchiorre da Pobladura e Alessandro da Ripabottoni, San Giovanni Rotondo 2004, pp. 350 e ss., carta no. 123).
Padre Pio, como ele assinava, demonstra
com este documento o seguinte: 1) Na Igreja existem ministros que fazem
agonizar e irar (desejo de fulminá-los) o Filho de Deus; 2) Esses
ministros demonstram sua indiferença e ingratidão para com Quem os
chamou a uma tão alta honra; 3) Eles desagradam seriamente o Senhor
Jesus, a ponto de O fazerem gritar, referindo-se a eles, “Açougueiros!”,
pelo fato de se aproximarem do Santíssimo Sacramento com indiferença,
desprezo e descrença; 4) Eles são abertamente acusados de entrar e fazer
parte da “seita infame da maçonaria”; 5) A guerra lançada pelos maçons
na Igreja é cada vez mais forte (estamos no ano 1913), mas não faz temer
o Padre Pio, porque ele confia na ajuda do Onipotente.
O que estamos testemunhando hoje nas
nossas paróquias, nas nossas dioceses, na nossa Roma só pode confirmar o
que o santo de Pietrelcina escreveu um século atrás.
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