1ª
Parte
Santo
Elias:
O
Homem Providencial,
no
Antigo e no Novo Testamento.
Para
melhor compreendermos a importância do Monte Carmelo e a vida que se
propuseram os carmelitas, é preciso que voltemos o nosso olhar em
primeiro lugar para a vida do Profeta Elias. Apesar de não ser
verdadeiramente o fundador de nossa Ordem, Elias é o ideal que os
primeiros carmelitas procuraram imitar.
Elias
foi, diz São Bernardo, “modelo
de justiça, espelho de castidade, exemplo de piedade, o propugnador
da verdade, o defensor da fé, o doutor de Israel, o mestre dos
incultos, o refúgio dos oprimidos, o advogado dos pobres, o braço
das viúvas, o olho dos cegos, a língua dos mudos, o vingador dos
crimes, o pavor dos poderosos, o martelo dos tiranos, o pai dos reis,
o sal da terra, a luz do orbe, o Profeta do Altíssimo, o precursor
de Cristo, o terror dos baalitas, o raio dos idólatras”.
Segundo
uma monumental obra de Hagiografias,
“Elias nasceu em uma
povoação, situada além do Jordão, chamada Tesbis, da qual lhe
veio o nome de Tesbita. A Sagrada Escritura o
introduz como um outro Melquisedec, sem nos falar no seu nascimento
nem no nome de seus pais.
Santo Epifânio diz, que o pai se chamava Sebara, nobre e virtuoso
cidadão de Tesbis.
Outros afirmam, que foi santificado no ventre de sua mãe e
confirmado em graça como o Batista”
O
Homem de Fogo
Pater
et Dux
Carmelitarum
(Pai
e Chefe dos
Carmelitas)
O
próprio nome Elias, que significa “Yahweh
é Deus” ou “Yahweh
é meu Deus”, já
expressa seu caráter e sua função na história bíblica. Ele muito
lutou em prol do monoteísmo de Yahweh. É ele quem mantém a fé do
povo em Yahweh e quem luta com vigor pelos seus direitos. Sua árdua
luta contra todo sincretismo religioso, faz desse profeta, que
“surgiu como fogo e
cuja palavra queimava como uma tocha”,
uma figura de primeira linha na sucessão das duas Alianças.
Enquanto o livro do Eclesiástico
canta suas glórias, os livros dos Reis nos contam sua vida de forma
ampla. Nessa narração distinguem-se dois ciclos: “ciclo
de Elias”,
que se centra na atividade do profeta, e o “ciclo
de Eliseu”,
que começa com o arrebatamento de Elias, momento em que Eliseu o
sucede.
Originário
de Tesbi, Elias exerceu seu ministério no reino do Norte, no século
IX a. C., em tempos de Acab e de Ocozias.
A
tocha o simboliza muito adequadamente. Com efeito, escreve Doroteu,
Bispo de Tiro, no século IV, em sua Synopsis:
“Quando
Elias estava para nascer, seu pai, Sabacha, viu-o ser saudado por
Anjos alvos e envolvido em faixas de fogo e ser alimentado pelas
chamas. Tendo ido a Jerusalém relatou a visão e foi-lhe dito pelo
oráculo que não temesse, pois o nascituro habitaria na luz e o que
dissesse seria sentença segura e julgaria Israel com o gládio e
pelo fogo”.
Destemida
Increpação ao Rei
Em
tempos de Elias, meados do século IX a. C., a terra ocupada pelos
hebreus – a mesma originariamente prometida por Deus a Moisés –
estava dividida em dois reinos:
Israel e Judá. O Reino do Norte, Israel, caíra na idolatria e
adorava Baal, servido por 850 sacerdotes por ordem do rei Acab e de
sua mulher Jezabel, ela de origem fenícia.
“Após
o reinado de Salomão, entre os heróis e ilustres varões de Israel
tornou-se eminente Elias, que extinguiu com seu zelo e força de
alma a idolatria e a impiedade introduzidas por Salomão […] Deus
suscitou Elias que, como fogo, ardia em zelo por Deus e pela
verdadeira religião […] Efetivamente o zelo de Elias matou mais
idólatras do que converteu”.
Tomado
de zelo pela causa do Senhor, Elias levanta-se e increpa o rei
idólatra: “Viva o
Senhor Deus de Israel em cuja presença estou, que nestes anos não
cairá nem orvalho nem chuva, senão conforme as palavras de minha
boca”.
Em seguida se retira para o deserto, onde corvos levam-lhe
milagrosamente o alimento.
O
Céu se fecha e torna-se pesado como o chumbo, a terra fica árida,
rios e ribeiros secam-se, até mesmo o riacho no qual Elias se
dessedenta. E o profeta sente ele mesmo o peso do terrível castigo
imposto a Israel.
O
grande São João Crisóstomo comenta nestes termos o prodígio
eliático: “Quando Elias, profeta santíssimo, pôs os olhos
no povo prevaricador que, desprezando o Senhor, cultuava Baal, movido
pelo zelo de Deus, decretou contra a Judeia
a sentença da seca e da esterilidade da chuva. Então, subitamente a
terra lança vapores, o céu se fecha, os rios secam, as fontes se
extinguem, o bronze ferve, a temperatura tortura, a tranquilidade
fica penosa, as noites se tornam secas, os dias áridos, as searas se
torram, os arbustos fenecem, os prados
desaparecem, os bosques enlanguescem, os campos jejuam, a terra
torna-se inculta, suas ervas morrem. a ira de Deus se manifesta sobre
todas as criaturas” .
A
Primeira Ressurreição
de
que se tem Notícia na História
Elias
refugia-se, então, em Sarepta,
junto a uma viúva que, por ordem de Deus, deve alimentá-lo.
Paupérrima, ela só tem um
pouco de farinha, com a qual coze um pão para o profeta. Contudo,
acontece algo inesperado. Morre o filho único da viúva, a qual, em
seu desespero, repreende duramente o homem de Deus.
Elias,
porém, lhe diz: “Dá-me
o teu filho. E tomou-o do seu regaço e levou-o à câmara onde ele
estava alojado, e o pôs em cima do seu leito.
E clamou ao Senhor e disse: ‘Senhor, meu Deus, até a uma viúva
que me sustenta como pode, afligiste, matando-lhe seu filho?’”
Reclinando-se três vezes sobre o menino, pede a Deus: “Senhor,
meu Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas
entranhas. E o Senhor ouviu a voz de Elias”.
O
filho da viúva de Sarepta volta à vida. É o primeiro caso de
ressurreição que a História relata.
Foi
no decurso desse flagelo, contudo, que o coração de Elias mostra-se
também misericordioso. Invocando o poder de Deus, ele obtém a
ressurreição do filho único da viúva de Sarepta que o hospedava
enquanto a fome castigava Israel.
A esse propósito, Cornélio a Lapide observa: “Elias
é o primeiro homem que, desde a criação do mundo, trouxe um morto
para a vida”.
Só Eliseu, seu seguidor e
sucessor, iria depois repetir o milagre na Antiga Lei.
Profetas
de Baal Exterminados por Elias
Entrementes
a seca vai se tornando cada vez mais insuportável. O momento de agir
em grande estilo se aproxima. O rei Acab, o perseguidor dos profetas
de Deus e dos varões fiéis, vai ao encontro de Elias e o interpela:
“Porventura és tu o
perturbador de Israel?”
E Elias responde: Não
sou eu que perturbei Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por
teres deixado os Mandamentos do Senhor e por teres seguido Baal. Mas
não obstante, manda agora, e fazer juntar todo o povo de Israel no
Monte Carmelo, e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os
quatrocentos profetas dos bosques que comem da mesa de Jezabel”.
Mandou pois Acab chamar todos os filhos de Israel, e juntou os
profetas no Monte Carmelo.
Diante
dos profetas de Baal, Elias increpa o povo: “Até
quando claudicareis vós para os dois lados? Se
o Senhor é Deus, segui-o; se, porém, o é Baal, segui-o. ...Eu sou
o único que fiquei dos profetas do Senhor; mas, os profetas de Baal
chegam a quatrocentos e cinquenta homens. Contudo, deem-nos dois
bois, e eles escolham para si um boi, e, fazendo-o em pedaços,
ponham-nos sobre a lenha, mas não lhe metam fogo por baixo; e eu
tomarei o outro boi, e o porei sobre a lenha, e também não lhe
meterei fogo por baixo. Invocai vós os nomes dos vossos deuses, e eu
invocarei o nome do meu Senhor; e o Deus que ouvir, mandando fogo,
esse seja considerado o verdadeiro Deus”.
Os
profetas de Baal sacrificam o boi, colocam-no sobre a lenha e clamam,
horas a fio, por seu falso deus. Baal não lhes responde. “Gritai
mais alto, porque ele é um deus, e talvez esteja falando, ou em
alguma estalagem, ou em viagem, ou dorme, e necessita que o acordem”
– escarnece Elias.
Desesperados,
os falsos profetas cortam-se com estiletes, oferecem sangue ao ídolo.
Tudo em vão. O sangue idólatra corre, mas do Céu não desce fogo.
Elias,
então, constrói um altar de doze pedras, simbolizando as doze
tribos de Israel. Empilha a madeira, molha tudo com água, e sobre o
altar coloca o boi sacrificado. E então, se dirige a Deus: “Senhor,
Deus de Abraão e de Isaac e de Israel, mostra hoje que és o Deus de
Israel e que eu sou teu servo, e que por tua ordem fiz todas estas
coisas. Ouve-me, Senhor, ouve-me, para que este povo aprenda que Tu
és o Senhor Deus, e que converteste novamente o seu coração”.
Então
desce fogo do Céu e consome o holocausto, não só o boi, mas a
lenha, as pedras e até mesmo a água! Ao povo – que exclama, de
rosto por terra, “o
Senhor é o Deus, o Senhor é o Deus”
– ordena Elias: “Apanhai
os profetas de Baal, e não escape deles nenhum só”
.
Os
falsos profetas de Baal são trucidados junto à torrente do Cison.
Em parte pelo povo, em parte por Elias, ardendo de zelo pela causa do
verdadeiro Deus. De onde comenta Cornélio a Lápide:
“Verdadeiramente ignea
a sua palavra, ignea a sua mão, com que converteu Israel”.
Essa
sua ignipotência (poder sobre o fogo), Elias a manifestará
prodigiosamente por três vezes.
E a esse respeito, Cornélio a Lapide comenta, admirado:
“Quem
portanto resiste a Elias saiba que tem diante de si um vitorioso e
não um contendor, pois seus prélios são os triunfos das chamas -
cuja pompa é a luz e cujo aplauso é o fragor dos incêndios”.
Este
é Elias, o ígneo, o ignipotente!
Fim
da Terrível Seca,
Fuga
e Nova Missão do Profeta.
E
Elias se dirige ao rei Acab, prometendo-lhe o fim da terrível seca:
“Vai, come e bebe, porque já se ouve o ruído de uma grande
chuva”. Acompanhado de um criado, Elias sobe ao alto do Monte
Carmelo, prostra-se e reza pedindo a chuva, até que o servo lhe
comunica o aparecimento de uma pequenina nuvem. Nuvem precursora de
uma grande tempestade, que interrompeu a seca que já perdurava por
três anos, como castigo pelo pecado de idolatria em que caíra o
povo eleito.
Jezabel,
porém, fica sabendo da morte de seus profetas e jura matar Elias:
“Os deuses me tratem com toda severidade, se eu, amanhã a esta
mesma hora, não te fizer perder a vida, como tu a fizeste perder a
cada um deles”.
A
ameaça de Jezabel enche Elias de temor. Elias que fechara os Céus,
que enfrentara o poderoso rei Acab, que ressuscitara um morto, que
desafiara e vencera os profetas de Baal; Elias, cujo nome significa
“o Senhor é poderoso”, estremece com a ameaça da rainha.
Contudo, comenta Cornélio a Lápide, seu temor não vinha tanto pelo
medo da morte iminente, mas pelo receio de que, caso morresse, a
verdadeira fé se extinguisse em Israel e Baal saísse vitorioso.
Elias
foge para o deserto, onde um Anjo o alimenta com pão e água e lhe
ordena que se dirija ao Monte Horeb. Quarenta dias e quarenta noites
leva Elias para chegar ao Horeb. E chegando ao Monte do Senhor, Deus
o interpela: “Que fazes aqui, Elias?”
– “Eu
me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos –
responde Elias – porque os filhos de Israel abandonaram a tua
aliança, destruíram os teus altares, mataram os teus profetas e eu
fiquei só” .
Deus
fala com Elias, não no terremoto, mas ao “sopro de uma brisa
leve”. E lhe dá uma tríplice missão: Ungir Hazael como rei
da Síria; a Jehu como rei de Israel; e a Eliseu como profeta “em
teu lugar”, disse Deus.
Elias
encontra Eliseu arando a terra e lança sobre ele seu manto. E desde
então Eliseu é outro homem. De camponês torna-se seguidor do
profeta e profeta ele mesmo.
Morte
de Jezabel,
a
Perseguidora do Profeta.
Entrementes
a poderosa Jezabel confiscara à viva força a vinha de Nabot e o
mandara matar. Caso típico de abuso de poder e ganância. O castigo
divino não se faz esperar.
Deus
ordena a Elias aparecer diante de Acab e exprobá-lo: “Neste
lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão eles
também o teu sangue”.
O profeta anuncia ainda o castigo de Jezabel: “Os
cães comerão Jezabel no campo de Jesrael”.
Apavorado, Acab faz penitência. E Deus não o castiga. Mas a cólera
divina cai verticalmente sobre a cabeça da ímpia Jezabel.
Jogada de uma janela de seu palácio, ela é esmagada por cascos de
cavalos e devorada por cães. Quando os servos vão pegar seu corpo
para enterrá-lo, só encontram o crânio e alguns ossos.
“… eunucos
lançaram Jezabel fora pelas janelas do seu palácio; seu
corpo foi pisado pelos pés dos cavalos e devorados pelos cães.
Assim se realizavam os oráculos da justiça divina”.
Acab
é sucedido pelo rei Ocozias, o qual, adoecendo pouco tempo depois de
subir ao trono, manda consultar um oráculo de Belzebu. Elias
encontra-se com os mensageiros do rei e os interpela: “Porventura,
não há um Deus em Israel para vós virdes consultar Belzebu, deus
de Acaron?”.
E anuncia que o rei não se levantará mais da cama.
Irritado,
Ocozias manda um capitão e 50 homens para prenderem o profeta. Elias
faz descer fogo do Céu, que consome os soldados. O rei manda
novamente outro capitão com cinquenta homens, por sua vez consumidos
também por fogo do Céu. Pela terceira vez, envia Ocozias um capitão
com cinquenta soldados. Desta vez, o capitão pede misericórdia a
Elias, que o poupa e a seus comandados. E Ocozias morre após o curto
reinado de um ano.
Elias
Não Morre,
mas
é Arrebatado por Deus,
para
Retornar no Fim do Mundo.
Elias
executa o tríplice encargo divino. Aproxima-se então o momento de
ele abandonar a Terra. Para o comum dos homens isso significa pua e
simplesmente morrer. Porém, para Elias, o Profeta das grandes
exceções, a Providência tem outros planos. Arrebatado num carro de
fogo e levado por Deus para lugar desconhecido, o Profeta deixa seu
manto a Eliseu, seu discípulo e sucessor.
São
João Crisóstomo dá como causa do celeste rapto de Elias, seu zelo
extraordinário. Do contrário, teria destruído a terra. Eis o
diálogo que ele figura entre Deus e seu Profeta: “Já que
não podes suportar os pecadores pelo excesso de teu zelo, suba ao
Céu; e eu serei peregrino na terra. Pois se permaneces mais tempo
acabarás com o gênero humano, continuamente subjugado por ti...”.
E
na sua Homilia De
Ascensione Eliae, aquele
Doutor da Igreja comenta: “Deus,
Rei dos reis, quis levar .... o seu (profeta) Elias, zeloso de alma e
de corpo .... depois dos muitos e penosos trabalhos, das gravíssimas
fadigas e cruéis perseguições, das grandes e ilustres vitórias em
tantos combates. Pois convinha que se trasladasse aos reinos celestes
... o guia do povo transviado, o governador dos sacerdotes, o
dominador dos contendores voluptuosos, o condutor de Israel que
reconduziu ao jugo do temor de Deus os espíritos lascivos e
vagabundos....”.
Cerca
de 900 anos se passam e, no Monte Tabor, na cena empolgante da
Transfiguração de Jesus, Elias aparece, juntamente, com Moisés, ao
lado de Nosso Senhor. Do misterioso lugar, onde presentemente se
encontra, contempla ele o desenrolar da história da salvação, à
espera do momento de voltar a intervir, diretamente, nos
acontecimentos da Terra e preparar a segunda vinda de Cristo, antes
do Juízo Final.
E
então, mais do que nunca, aplicar-se-á a Elias o elogio que dele
faz o Espírito Santo: “E quem pode pois, ó Elias,
gloriar-se como tu? Tu que fizeste sair um morto do sepulcro…, que
precipitaste os reis na desgraça e desfizeste sem trabalho o seu
poder…, que ouviste sobre o Sinai o juízo do Senhor, e sobre o
Horeb os decretos de sua vingança; que sagraste reis para vingar
crimes, e fizeste profetas para teus sucessores; que foste arrebatado
num redemoinho de fogo…; tu, de quem está escrito que virás para
abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com
os filhos, e para restabelecer as tribos de Jacó. Bem-aventurados os
que te viram e que foram honrados com a tua amizade”.
A
vinda de Santo Elias antes do Juízo:
“E, depois de havê-los
advertido de que se lembrariam da Lei de Moisés, prevendo que ainda
ficariam muito tempo sem entendê-la espiritualmente, como se deve,
acrescentou: ‘Enviar-vos-ei Elias de Tesbis, antes de vir o grande
e luminoso dia do Senhor, que ao filho converterá o coração do pai
e ao próximo o coração do homem, por temor de que, vindo, destrua
a terra toda’. É crença muito difundida e
arraigada no coração dos fiéis, que no fim do mundo, antes do
juízo, os judeus, crerão no verdadeiro Messias, quer dizer, em
nosso Cristo, graças ao admirável e grande Profeta Elias, que lhes
explicará a Lei. Não carece de fundamento a esperança de que virá
antes da vinda do Juiz e Salvador, pois, é com razão que
ainda hoje o julgam vivo. É certo, dado o testemunho evidente e
claro das Santas Escrituras, haver sido arrebatado em carro de fogo.
Ao vir, exporá espiritualmente a Lei, entendida carnalmente pelos
judeus...”.
A
crença na vinda de Elias no fim dos tempos, juntamente, com Enoch, é
universal na Igreja já nos primeiros séculos do Cristianismo. O
testemunho da Liturgia é eloquente nesse sentido: os ritos orientais
da Igreja Católica celebram o Santo profeta, existindo até a Missa
da Ascensão de Elias.
Uma
Pergunta se Faz Necessária
Se
antes de Cristo as portas do Céu estavam fechadas aos homens,
ninguém pode, pois ter subido até lá. Assim, pois, santo Elias não
podia estar no Céu, também não poderia estar no inferno, pois era
homem justo e santo. Para onde, portanto, levou Elias, a carruagem de
fogo que o arrebatou, conforme a misteriosa descrição bíblica:
“Eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou
um do outro e Elias subiu ao céu num turbilhão”?
Não
há um consenso entre os exegetas e comentadores sobre o lugar para
onde Elias foi levado. O consenso é somente de que não estava no
Céu, pois suas portas estavam fechadas. Não ofendendo esta certeza,
existem várias opiniões, da qual sobressaem-se quatro, enumeradas
pelo exegeta Cornélio a Lápide.
A
primeira é defendida por São Jerônimo e Santo Ambrósio,
segundo a qual Santo Elias teria sido arrebatado até o céu
realmente, mas não o céu dos bem-aventurados – cujas portas só
seriam abertas por Cristo após sua subida. No céu, Elias viveria
uma vida quase celestial, até que possa usufruir dos bens celestiais
em plenitude após a subida de Cristo.
A
segunda opinião é defendida por Santo Irineu, São Justino,
Santo Isidoro de Sevilha e Santo Tomás, e afirma que Santo Elias foi
levado ao lugar na terra onde antigamente ficava o Paraíso do Éden,
onde viviam Adão e Eva antes do pecado; lá, Elias não viveria uma
vida quase celestial, como na hipótese de São Jerônimo, mas apenas
a não corrupção de seu corpo, que deve estar livre de qualquer
envelhecimento até hoje.
A
terceira opinião é de São Gregório Magno e é quase eco desta
segunda. São Gregório defende não que Santo Elias tenha sido
levado ao Paraíso do Éden, mas a algum lugar desconhecido da terra
naquela época.
A
quarta opinião é de São João Crisóstomo, Santo Agostinho,
São Cipriano e Teodoreto de Ciro e se dá justamente pelo mistério
que envolve o arrebatamento de Santo Elias: estes santos exegetas
afirmam tão somente que o local para onde foi Elias (e Enoque e
Moisés) é incerto.
Todas
estas opiniões são aceitas pela Igreja, que não possui um juízo
definitivo a respeito. O grande exegeta Cornélio a Lápide afirma,
que ele está “nos átrios da Casa do Senhor”. Tradição
certa na Igreja é que Santo Elias não morreu.
Parece
haver consenso entre o exegetas e comentadores, e esta é uma
tradição que permeia a Igreja há muito tempo, que Santo Elias não
morreu e assiste do lugar de onde está (seja qual for este lugar) o
desenrolar da história da Salvação, esperando o fim dos tempos,
nos quais, imediatamente antes do Retorno de Cristo, deverá retornar
também ele (Santo Elias mesmo), pregar o Evangelho de Deus e lutar
contra o Anticristo. E logo depois Cristo voltará. Este retorno de
Santo Elias será um retorno de Santo Elias realmente, dele mesmo, e
não o aparecimento de alguém com o seu caráter e vigor, como o foi
São João Batista, que possuía a mesma índole de Santo Elias, mas
não era ele.
Aparente
Contradição entre
o
Profeta da verdade e a mesma Verdade
“Ocorrendo-nos
à mente, porém, de outra leitura, uma sentença do Nosso Redentor,
estas palavras de hoje,
veem suscitar uma questão complexa. Com efeito, em outro lugar, o
Senhor, interrogado pelos Discípulos a respeito da vinda
de Elias, respondeu: ‘Elias
já veio, e não o conheceram, antes, fizeram dele o que quiseram. E,
se vós quereis compreender, João mesmo é o Elias’.
Ora, João, interrogado,
diz: ‘Eu não sou
Elias’. Por que,
irmãos caríssimos, aquilo que a Verdade afirma, o Profeta da
verdade nega? Pois, são duas respostas contrárias: ‘ele
é (Elias)’
e ‘não sou
(Elias)’.
Como é João Profeta da verdade, se não concorda com as palavras da
própria Verdade? Mas,
procurando-se com perspicácia a verdade, verifica-se não ser
contrário o que apenas soa contrariamente. Realmente, o Anjo disse à
Zacarias a respeito de João: ‘Ele
irá adiante do Messias com o espírito e a virtude de Elias’.
Eis, porque se diz, que João vem no espírito e na virtude
de Elias: como Elias antecederá a segunda vinda do Senhor, João
antecedeu a primeira. Assim como Elias virá como Precursor do Juiz,
João se fez Precursor do Redentor. João, portanto, em espírito,
era Elias; em pessoa, porém, não era Elias. O que o Senhor afirma a
respeito do espírito, João nega a respeito da pessoa, sendo justo
que o Senhor falasse espiritualmente de João aos Discípulos e o
mesmo João, corporalmente, à multidão carnal.
Portanto, só na aparência, mas não de fato, João se afastou do
Caminho da Verdade”.
Este
assunto fazia parte do ensino catequético, em algum lugar do
passado; é o que nos ensina o Rev. Pe. Francisco Xavier Schouppe,
S.J., no artigo sobre a “Consumação dos Séculos”: “O
Profeta Elias e o Patriarca Henoc voltarão à terra,
para lutarem contra o Anticristo, esclarecer os judeus, e sustentar
os cristãos na fé. Estes dois poderosos defensores da Fé, serão
mortos pelo Anticristo, que ele próprio, por sua vez, será, enfim,
confundido e esmagado pelo poder de Jesus Cristo”.
Retrato
Bíblico
do
Profeta de Deus
É
impossível descrever em poucas palavras a personalidade e obra desse
grande profeta.
Lendo
as poucas páginas bíblicas que nos falam dele, podemos tentar
descobrir suas características principais. Eis aqui algumas:
1.
O homem diante de Deus: Aparece
com frequência a expressão “o
Senhor a quem sirvo”
ou “perante o qual
estou”. Elias não
compartilha com ninguém seu culto e quer que o povo faça o mesmo.
2.
Levado pelo Espírito: Vede a
resposta tão saborosa de Abdias em 1 Rs. 18, 12: “Mas
quando eu me apartar de ti, o Espírito do Senhor te levará para não
sei onde...” É desta
docilidade, prontidão diante da vontade de Deus e de sua liberdade
interior que procede a força da alma de Elias.
3.
Sua fé sem divisões: Quando
do sacrifício do Carmelo,
tenta forçar o povo a
escolher entre o Deus vivo, pessoal, que intervém na história, e as
forças naturais divinizadas, os baais. Como nós, Elias crê sem
ver; porque Deus pede, anuncia a chuva…, mas sem vê-la cair.
4.
Sua intimidade com Deus: Sua
visão de Deus,
como a de Moisés,
é o modelo da vida mística: é tudo o mais que se concede ao homem
ver. Porém, Elias continua sendo um homem como nós, desanimado,
medroso…
5.
Solidariedade com os pobres:
Diante do rei e dos poderosos, defende o pobre.
6.
Seu universalismo: Como crê em
Deus sem divisões e se deixa conduzir pelo Espírito, é livre para
tratar com os pagãos;
mas também pede à mulher pagã uma fé incondicional.
O
relato popular de 2 Reis 1, contribuirá, infelizmente, para fazer de
Elias um personagem justiceiro que pede fogo do Céu contra os
pecadores, ficando de lado valores tão positivos, que são para nós
de maior importância, pois a estes valores é que somos convidados a
imitar.
Retrato
Feito Pelos Homens
do
Poderoso Profeta do Senhor
Limitamo-nos
ao que nos pintam dois célebres carmelitas:
1.
O ilustre historiador Juan Bta Lezana (+1659) escreveu este magnífico
epitáfio:
“Elogio
para alcançar a porta do paraíso terreno: Aqui vive, o mortal,
aquele celeste zelador da honra divina, Elias é o duplo espírito,
perfeito na pureza, rico em virtudes, paupérrimo em bens terrenos,
grande amigo de Deus, inimigo do Diabo, amável com os bons, terrível
para com os ímpios, nascido antes de Cristo, conversou com
Cristo, reservado após Cristo contra o Anticristo;
Patriarca exímio. Profeta celebérrimo. Sacerdote grande. Monge, Pai
dos monges, sempre casto, Fênix singular. De Cristo, futuro
apóstolo. Mártir, Precursor, Capitão, valente defensor, arauto da
verdade, ardentemente religioso, maduro sem desalento, ancião sem
velhice, mortal sem morrer, nutrido sem alimento, de uma longevidade
sem achaques e – coisa admirável! - de uma vida santíssima que
não se há de extinguir até a consumação dos séculos. Quem
flagelou os tiranos, deu morte aos sacrílegos, fechou com suas
palavras as nuvens e tornou a abri-las, ungiu Reis e instituiu
Profetas defensores; pelos Anjos foi anunciado seu nascimento,
alimentado em Carit, saudado em Horeb, de onde, em meio a fragorosa
tempestade e comoção dos montes, cobrindo-se com seu manto o rosto,
viu o quanto era talentoso para Deus, o qual se lhe manifestou na
brisa suave...”
2.
O venerável mariólogo Arnoldo Bostio (+1499) o chamou:
“Varão
Evangélico antes do Evangelho, Apostólico antes do tempo dos
Apóstolos, depreciador do mundo e de todas as coisas perecíveis,
apaixonado seguidor do eterno, primeiro Virgem, Monge e Eremita,
resplendor de costumes, regra de virtudes, arauto da Virgem sagrada.
Que com a instituição da virginal castidade antecedeu por muito
tempo o Cordeiro sem mancha, aonde quer que tivesse de ir...”
No
século XVIII, o Papa Benedito XIII concedeu permissão à Ordem
Carmelitana para colocar na própria Basílica do Vaticano uma
estátua do Santo Profeta Elias, o que se deu a
15 de fevereiro de 1727.
E com a aprovação da Sagrada Congregação dos Ritos e de vários
Soberanos Pontífices, somente
os Carmelitas estão autorizados a cantar na Ladainha de Todos os
Santos - Sancte
Pater
Elia, ora
pro nobis;
precisamente
em razão de toda essa profunda vinculação de ordem histórica e de
tradição.
Unamo-nos,
para concluir, ao culto que os maronitas prestam ao Santo Profeta, na
missa do dia 20 de julho.
“Elias
se vestiu como a luz e sua palavra foi semelhante à chama. No seu
zelo humilhou os reis e massacrou os profetas. Elias, ó Profeta
eleito, tu te manifestas com zelo de fogo por Deus, terrível e
aterrorizador para os homens da iniquidade, desembainhando tua espada
aguçada. O Jordão não pôde resistir à tua palavra e te obedeceu:
Único na coragem, possante na audácia, tu te entregas sem vacilar
ao socorro da verdade. 6 Santo Elias, adversário dos reis ímpios,
quem como tu? ”.
2ª
Parte
De
Los Precursores Buenos
De
La Segunda Venida De Cristo
Proemio
1.
¿Viven ahora Elías y Henoc?
2.
¿Que han de hacer o padecer bajo el Anticristo?
3.
¿Será Juan Evangelista o algún outro el precursor de la segunda
venida?
1.
Después que se ha hablado del Anticristo, que ha de preceder a la
segunda venida de nuestro Salvador, no como su precursor, sino como
acérrimo enemigo y perseguidor de Cristo y de los cristianos,
síguese que disertemos de los precursores buenos de esa misma
venida.
Porque
así como en páginas anteriores, tratando de la primera venida de
Cristo, pusimos por delante una disputa acerca de su precursor, San
Juan Bautista, conviene en este lugar disertar acerca de los
precursores de su segunda venida.
Pero
hay una diferencia entre los precursores de ambas venidas, y es que
San Juan Bautista nació, fué educado e hizo penitencia en aquellos
tiempos en los que dió testimonio de Cristo, y cumplió con su
ministerio u oficio de precursor y, por último, murió. En cambio,
para antes de la segunda venida de Cristo no han sido prometidos en
la Escritura precursores que en aquel tiempo han de nacer para dar
testimonio de Cristo con nuevo ejemplo de vida y de doctrina, sino
que, de entre aquellos antiguos hombres que nos precedieron hace ya
muchos siglos, se cree que han de venir Henoc y Elías para preparar
a los hombres, en especial a los judíos, a la segunda venida de
Cristo.
2.
Por lo cual, del linaje, condición de vida y eximia santidad que
lograron mientras entre los hombres vivieron, no hay razón para que
disertemos en este lugar. Porque todas estas cosas pertenecen (por
así decirlo) a su antiguo estado de ellos y a outra manera de vida y
de deberes que en otro tiempo tuvieron, cosas todas que están
bastante claras y expresadas en el Antiguo Testamento.
Por
lo tanto, nosostros tenemos que explicar, lo primero, de dónde han
de venir y, en consecuencia, si actualmente viven y dónde y cómo
viven; después tenemos que tratar cuándo y cómo han de venir, qué
harán y qué fin han de tener por fin; en último lugar indagaremos
si, además de estos dos, ha de haber otro compañero y precursor de
Cristo [en su segunda venida].
Sección
I
¿Viven
actualmente Elias y Henoc?… ¿Dónde y cómo?…
Elias
y Henoc
1.
Acerca de este punto encuentro que no ha habido error alguno
referente a Elías. En cambio, de Henoc ciertos judíos (según lo
refiere Sixto Senense)
afirmaron que murió antes de tiempo para que la malicia no cambíara
su corazón; exponiendo así aquello del Génesis:
No apareció más, porque lo llevó el Señor.
Y es que la Escritura con este modo de decir suele significar la
muerte, como en Job:
Porque no sé por cuánto tiempo he de subsistir
y si después de poco me llevará mi Hacedor…
Henoc
vive todavia – Objeción y Respuesta
2.
Pero hay que decir en primer lugar que Henoc y Elías todavia no han
pasado por la muerte, sino que viven en cuerpo y alma. Es
de fe.
Y en cuanto a Henoc, la cosa es patente por el predicho pasaje del
Génesis. Porque aquella interpretación de los judíos no puede
subsistir: primeramente, porque por el diverso modo de hablar, de
Henoc y de los demás, consta que de él se dice algo especial.
En
segundo lugar, eso lo manifiestan suficientemente las palabras
precedentes:
Y anduvo [Henoc]
con Dios, y no apareció más, porque lo llevó
el Señor. Donde
los Setenta, para explicar más el sentido, tradujeron: Porque
lo trasladó Dios;
y del mismo modo lee el pasaje Filón.
En
tercer lugar, abiertamente lo atestigua el Sabio:
Henoc agradó a Dios, y fué trasladado al
paraíso para dar penitencia a las gentes;
y más abiertamente aún San Pablo:
Henoc fué trasladado para que no viera o
experimentara muerte.
Dirás:
Por estas razones se prueba que no murió, cuando lo trasladó Dios;
sin embargo, que, después de ser trasladado, nunca hubiera muerto
allí, ¿de dónde consta?… Y es que Filón da a entender que
aquella traslación tuvo lugar tan sólo por cierta separación del
trato y convivencia de los hombres malvados a un sitio desconocido
para el vulgo y tan sólo conocido para apenas
unos pocos hombres, y ellos aventajadísimos.
Con lo cual da a entender que fué tan sólo un trasladarlo a hacer
una vida como
eremítica; por lo tanto, no es necesario que todavia viva allí.
Se
responde: Aunque por este pasaje del Génesis, tomado de por sí, no
se prueba convincentemente [nuestro aserto], sin embargo, por la
adición de los otros pasajes se concluye suficientemente. Porque San
Pablo dice que fué trasladado para que no viera
o
experimentara muerte,
sintiendo u opinando que no había de morir en el lugar adonde fué
trasladado. Y también el Sabio, diciendo que fué
trasladado [al
paraíso] para dar penitencia a las gentes,
opina que no ha de morir hasta que cumpla con esse oficio.
Añadese
a esto la tradición común y el consentimiento de los Padres a
quienes en seguida aduciremos.
Elías
vive todavia
3.
Acerca de Elías es claro el pasaje del libro de los Reyes
en el que se cuenta que Dios trasladó a Elías al cielo en un
torbellino; y más extensamente se dice en el libro
Eclesiástico:
Recibido y envuelto en un torbellino e inscrito en los juicios
de los tiempos, para amansar la ira de Dios, para conciliar el
corazón del padre hacia el del hio y para restituir o restaurar las
tribus de Jacob; y otros pasajes los traeremos después.
4.
En segundo lugar se prueba por la tradición de los santos; así, San
Agustín
dice: Ni Henoc ni Elías se secaron por vejez en edad tan larga
o prolongada; y en otra obra,
entre las cuestiones que no pertenecen a la fe, pone la cuestión de
dónde están ahora Elías y Henoc, los cuales (dice)
no dudamos de que viven em los cuerpos em los que nacieron;
y lo mismo dice en su obra
De Genesi ad litteram. Y San Jerónimo, en su carta a
Pamaquio,
escribe: Henoc fué trasladado en carne, y Elías de carne
también fué trasladado al cielo; todavia no han muerto y ya son
colonos o habitantes del paraíso, y
tienen los miembros com los que fueron arrebatados y trasladados. Lo
que nosotros imitamos con nuestro ayuno, ellos lo poseen con su
consorcio con Dios, teniendo por Señor al mismo a quien tienen por
manjar. Lo mismo dicen San Ambrosio,
San Gregorio
y San Cipriano;
y Tertuliano
escribe: Trasladados fueron Henoc y Elías, ni se encontró su
muerte, a saber, porque fué o está diferida; y por esta
razón, en su libro Contra iudaeos,
llama a Henoc candidato de eternidad; y en otra obra,
hablando de ambos, dice: Candidatos de eternidad, aprendiendo
[o experimentando] la inmunidad de su carne, de todo
vicio, de todo daño o mal, de toda injuria y contumelia. Del
mismo parecer es San Ireneo
en su escrito Contra haereses, donde habla así de
Henoc: Fué trasladado y es conservado hasta ahora testigo del
justo juicio de Dios. Lo mismo enseña San Justino,
y muy bien San Crisóstomo
y Teodoreto,
quienes aducen varias razones y congruencias; San Epifanio en su
Haeresis 64 y óptimamente en su Anchoratum;
y San Atanasio;
y San Basilio
escribe de Henoc: Séptimo desde que el hombre fué creado, no
vió [no experimentó] muerte. Y de ambos
afirma lo mismo Euquerio;
y, por último, todos los demás Padres que luego citaremos, por no
ser más prolijos de lo justo.
En
tercer lugar, como este privilegio tan inusitado depende de la
ordenación divina, su razón a priori es la divina voluntad,
y su congruencia o conveniencia hay que tomarla del próprio oficio o
fin por el que Dios los conserva; y de eso hemos de hablar en la
sección siguiente.
Y
casi todos los Padres citados añaden la razón de congruencia tomada
de la resurrección. Porque dicen que Dios quiso conservar a estos
varones, después de tantos siglos, como a ejemplares y tipos de la
resurrección, para confirmar la esperanza de la misma resurrección,
y que por lo mismo eligió dos hombres, uno incircunciso, circunciso
el otro; uno virgen, otro casado, para significar que la esperanza de
la resurrección se concede a [todos los] hombres de cualquier estado
y condición. Añade San Clemente
que Dios en Henoc y Elías (a quienes no permite experimentar muerte)
ha demostrado que hubiera podido conservar inmortales a los hombres
si lo hubiera querido.
Henoc
y Elías no Están Glorificados Todavía
5.
En segundo lugar hay que decir que estos dos hombres todavía no son
gloriosos en cuerpo y alma, sino que gozan de la divina contemplación
y del divino amor por fe y por conocimiento abstractivo.
Este
aserto es contra Procopio de Gaza,
quien afirma que Elías y Henoc ven la divina esencia y que reinan
con Cristo en cuerpos gloriosos. La misma opinión mantienen Agustín
Egubino,
y Catarino;
y a ellos parecen favorecer a veces San Epifanio y San Jerónimo, a
quienes luego explicaremos.
Pues
bien, la primera parte de la conclusión, en lo que pertenece a los
cuerpos, la enseña San Agustín,
diciendo: Ni creo, sin embargo, que ellos están ya
transformados en aquella cualidad [o modo de ser] del
cuerpo cual se promete en la resurrección, que precedió la
primera en el Señor.
Y
parece que esto se prueba bastante convincentemente; porque a Elías
y Henoc se les conserva para morir alguna vez (como lo demostraremos
en la sección siguiente); luego no es verosímil que ahora están
trasladados a poseer la gloria e inmortalidad del cuerpo. Porque tal
estado del cuerpo glorioso es perpetuo, y a quien una vez se le da,
nunca se le quita; y no estaría exento de temeridad el fingir o
inventar en esto un nuevo milagro sin autoridad o ejemplo. Y de aquí
se concluye ulteriormente que no son gloriosos en sus almas y que no
gozan de la clara visión de Dios. Cosa, ciertamente, que por otro
principio de fe es certísima en cuanto a todo el tiempo que precedió
a la pasión de Cristo, porque entonces no estaba abierta para los
hombres la puerta del reino [celestial]. En cambio, en cuanto al
tiempo restante se prueba por las cosas dichas, porque tampoco ahora
tienen cuerpos gloriosos; luego tampoco tiene la gloria del alma. La
consecuencia es patente, ya porque a la gloria del alma sigue en
seguida la gloria del cuerpo (y milagro y privilegio propio de Cristo
fué poseer la gloria del alma en cuerpo mortal), ya también porque,
cuando después vendrán para morir, no serán bienaventurados en
cuanto al alma; luego ni ahora lo son, porque aquella bienaventuranza
del alma es mucho más perpetua.
Y
aunque algunos Padres hayan opinado que a San Pablo y a Moisés se
les concedió [esa gloria del alma] para breve tiempo, por una parte
muchos más lo niegan, y por otra es privilegio mucho mayor y más
sobrenatural si eso se hubiese concedido a Elías y Henoc por tiempo
tan prolongado. Y esto lo enseñó San Justino Mártir,
el cual, sin embargo, opina lo mismo de todos los santos que con
Cristo reinan, de quienes cree que viven no en el cielo, sino en el
paraíso celeste; y por lo mismo a Henoc y Elías los iguala con
ellos.
Lo
mismo da a entender San Gregorio Nacianceno en su oración o discurso
34, donde demostrando que ninguno (viviendo en cuerpo mortal) ha
visto a Dios, dice: Henoc, aunque fué trasladado, però no
consta que haya visto por comprensión [por visión
immediata] a Dios. En cambio, en Elías (a quien elevó
al cielo un carro de fuego) atestigua que está significada una
singular virtud de aquel hombre, y virtud que sobrepuja la cumbre [lo
más alto] de lo humano. Palabras en las que da a entender la segunda
parte de nuestro aserto, a saber, que, aunque Elías después de su
traslado o traslación no goza de la clara visión de Dios, sin
embargo, tiene lograda cierta perfección de divina contemplación.
Y
lo mismo significó San Jerónimo,
diciendo que ellos gozan del consorcio divino y de un manjar
celestial; y San Epifanio,
escribiendo que ellos se alimentan con cierto manjar
espiritual, cuyo procurador o proveedor es aquel que conoce las cosas
ocultas y creó las invisibles, Dios...
Más
abiertamente dice San Agustín:
Porque no hay que pensar, o que Elías está ya como estarán
los santos cuando, terminado el trabajo del dia, recibirán su
denario, o que está todavía como están los hombres que aun no han
salido de esta vida. Así que ya tiene alguna cosa mejor, aunque
todavía no tenga lo que sin fin ha de tener [como premio]
por esta vida rectamente vivida.
Elangantísimamente
San Bernardo:
Felices hombres (dice) aquellos por quienes se
lee que fué prefigurada la ascensión del Señor: Henoc arrebatado,
Elías trasladado, manifiestamente felices, quienes para solo Dios
viven; a solo Dios están entregados, para entenderlo, amarlo,
gozarlo.
Y
la razón es clara: porque no se ha de pensar que aquellos santísimos
varones y profetas están en un continuo dormir, sin operaciones de
vida, sobre todo de vida intel·lectual; en consecuencia, se ocuparán
mayormente en perpetua contemplación y amor de Dios. Porque (como lo
veremos más abajo) gozan de grande concordia y tranquilidad de
espírito y carne, y no tienen ningún impedimento para ejercitarse
aun frecuentísimamente en tales actos. Ni es decoroso que estén
ociosos, ni necesitan de acciones externas del cuerpo para estar
ocupados.
Duda
y Respuesta – Henoc y Elías no están en Estado de Merecer
6.
Pero preguntarás si están en estado de merecer, porque de las cosas
dichas parece que se sigue que así hay que afirmar. Y es que, si
peregrinan [alejados]
del Señor,
andan por el camino de la fe; luego pueden siempre merecer más y
más, porque esto es andar
o caminar [por el camino
de la fe] hacia la bienaventuranza.
Asimismo,
parecerían ser de peor condición que los demás bienaventurados y
viandantes, porque estarían privados de la feliz presencia de
aquéllos y de la útil ausencia de éstos. De donde resulta que
estarían afectados por ciertas gran pena y muy prolongada, cual es
la carencia de la visión divina, sin ninguna utilidad propia.
Sin
embargo, parece más probable que estos varones solamente estuvieron
en el estado de merecer y que solamente pudieron crecer en gracia
hasta el tiempo aquel en el que fueron trasladados, y que al mismo
estado de merecer han de
volver cuando de nuevo vengan a preparar la segunda venida de Cristo.
Porque entonces serán viandantes del mismo modo que antes, y serán
verdaderamente mártires y conseguirán el fruto y la aureola del
martirio; en cambio, en este tiempo intermedio es más verosímil que
no merecen.
Lo
cual se puede probar del inconveniente [que se seguiría]; porque en
tiempo tan largo tendrían méritos infinitos, y fácilmente podrían
aventajar en cúmulo de méritos a todos los santos y a la misma
bienaventurada Virgen María.
Y
es que, según la santa doctrina, a aumentar la gracia y la gloria no
contribuye solamente la
intensidad de los actos, sino que también contribuye muchísimo su
multitud. Ya también porque ellos obrarán siempre con mayor
intensidad y con toda su fuerza o virtud, porque (como lo acabamos de
decir) están libres de todo impedimento para ejercitar las acciones
de su mente.
Pero
la razón propia hay que buscarla en la ordenación divina, de la que
depende que a los hombres se les defina y determine el tiempo del
mérito y demérito durante el estado de su vida mortal. Pero si bien
estos dos varones no hayan muerto, sin embargo, su traslación, hecha
por intervención divina, se les reputa como muerte para este efecto,
porque se les trasladó o pasó a otro género de vida muy diverso de
la manera de vivir en esta vida.
Henoc
y Elías están Confirmados em Gracia
7.
De aquí se sigue primeramente que en su misma traslación fueron
confirmados en la gracia y en el bien, de tal manera que no pueden
cometer pecado alguno; lo cual es gran parte de aquella felicidad
(sea cual fuera) que ahora poseen. La razón es que, siendo justos y
no pudiendo merecer, de ninguna manera conviene que puedan
desmerecer, porque no hubiera sido justa o equitativa tal condición.
8.
Infiero en segundo lugar que ellos de ninguna manera padecen
movimientos desordenados del fómite ni corrupción alguna del
cuerpo,
que ai alma da pesadez y deprime el sentido, que piensa en muchas
cosas: ya porque esto es casi necesario para la perfecta pureza y
tranquilidad del alma, ya también porque, privados como están de la
perfecta felicidad y llevando pacientísimamente por el mismo Dios
esa ausencia de Dios, es decoroso o conveniente que al menos gocen de
los mayores bienes y goces, tanto en el alma como en el cuerpo.
Estas
cosas las enseñó elegantemente San Bernardo en el pasaje poco ha
citado, diciendo: Porque ni los cuerpos, que se corrompen, hacen
pesadas aquellas almas, ni el domicilio terrestre deprime aquellos
sentidos suyos, como si pensaran en muchas cosas aquellos de quienes
se sabe que caminaron [o anduvieron] con Dios. Ya se les quitó de en
medio todo impedimento; se les quitó toda ocasión, no se les dejó
materia ninguna que dé peso a su afecto o deprima su intelecto.
Porque del primeiro (esto es, de Henoc) recuerda la Escritura que fué
arrebatado para que la malicia no venciera a la sabiduría y para que
su entendimiento o alma no pudiera en adelante ser engañada o
cambiada.
9.
En tercer lugar deduzco que ellos gozan de las mayores consolaciones
de Dios y de frecuentes ilustraciones y revelaciones divinas, al
menos de aquellas cosas que son conformes a su estado. Por lo que no
dudo de que tengan ya conocidas la venida de Cristo [al mundo] y la
redención del mundo, consumada ya por él.
Porque
antes tuvieron ya espresa fe de que había de venir y desearon por
encima de todo su venida; luego no era decoroso que ahora se
encontraran en tinieblas y en error. Más aún, de Elías consta por
el Evangelio que en el día de la transfiguración vió a Cristo y
habló con él; y lo mismo se puede pensar de Henoc, a saber, que
alguna vez vió a Cristo. En cambio, si ahora lo ven, al menos en
cuanto a su humanidad, es cosa incierta.
10.
Por fin, de estas cosas se hace patente la respuesta a la dificultad
propuesta. Porque no convenía permanecer por tanto tiempo en estado
de merecer; por lo tanto, están ya en cierto modo fuera del camino
[o del estado de viandantes], aunque no absolutamente en el término.
Ni este como destierro lo sufren con algún trabajo o pena, porque su
caridad y conformidad con la divina voluntad les proporciona gran
consolación y suavidad.
Ni
será esto sin gran utilidad de ellos, ya porque cuando de esta vida
fueron transladados, entendiendo la divina voluntad y la gran
dilación de su bienaventuranza, abrazándola con gran caridad y
obediencia, merecieron muchísimo con aquel acto; ya también porque,
habiendo de venir antes del día del juicio a resistir al Anticristo,
han de conseguir grandes méritos y grande aumento de gloria; y esto
es de mayor aprecio que la dilación temporal (por grande que sea) de
la bienaventuranza.
Por
lo cual, con esta esperanza de padecer por Cristo se rehacen
muchísimo, y su ausencia de él la llevan con igualdad de ánimo.
11.
Digo en tercer lugar: es más verosímil que Elías y Henoc no
necesitan de manjares corporales, sino que son conservados por Dios
sin ningún cambio o alteración del cuerpo.
Este
aserto no es cierto, pues no es revelado, y porque Dios puede
conservar vivos a los hombres por varios modos, durante prolongado
tiempo, en cuerpo mortal. Por lo que San Agustín,
en dicho libro De peccatorum meritis, después de las palabras
citadas, dice así: A no ser que éstos ni siquiera necesiten tal
vez de esos manjares que rehacen a quien los come, sino que desde que
fueron trasladados viven de tal manera que tengan la misma saciedad o
hartura de aquellos cuarenta días en los que Elías vivió sin
manjares por aquel vaso de agua y aquel bocado de pan. O si también
hay necesidad de estos sostenes, tal vez son alimentados, en el
paraiso, como Adán antes de que por el pecado mereciera salir de
allí. Porque (por cuanto yo pienso) de los árboles frutales tenía
refección contra la defección, y del árbol de la
vida tenía estabilidad contra la vejez; y en otra obra
dice que no ha de afirmar temerariamente si ahora se alimenta
alguno con aquel manjar, a no ser tal vez Henoc y Elías. Lo cual
afirma también de ellos alguna vez Santo Tomás, a quien hemos de
citar más abajo.
En
cambio, San Jerónimo,
en las palabras ya citadas, opina que ellos no necesitan de comida
corporal, sino que se alimentan con sólo manjar espiritual. También
a San Epifanio
se le ha de entender así, cuando dice que ellos viven
espiritualmente y no animalmente, por su traslación; y que existen
en cuerpo o carne espiritual y que no necesitan ser alimentados por
cuervos, sino que son alimentados con otro alimento espiritual, cuyo
procurador [proveedor] es Dios, que conoce las cosas ocultas y
que tiene cierto manjar ambrosíaco e incorruptible. La razón
conjetural de esto es que tal modo de conservar la vida es fácil y
más espiritual, y más abstraído de todos los cuidados de esta
vida, y más digno del poder divino. Porque
no de solo pan vive el hombre, sino de toda palabra que procede de
la boca de Dios.
Así,
pues, como conservó a Moisés en el monte durante cuarenta días sin
ninguna comida ni bebida,
y como conservó por tantos años
los vestidos de los israelitas sin ningún detrimento o desgaste, con
la misma virtud conserva los cuerpos mortales de estos héroes en el
mismo estado y sin ningún defecto, suspendiendo su influjo para que
ninguna causa, ni externa ni interna, los pueda alterar.
Henoc
y Elías, ¿ A Que Sitio Fueron Trasladados?
12.
Digo en cuarto lugar: a qué sitio fueron trasladados Elías y Henoc,
es cosa incierta. Así lo enseñan San Crisóstomo,
Teofilacto y Ecumenio;
Teodoreto
y San Agustín;
y San Cipriano
dice: Fué
trasladado [Henoc]
a donde Dios sabe...
Porque la Escritura no nos descubrió esto. Pues si bien es verdad
que en el Eclesiástico
se dice que Henoc fué
trasladado al paraiso,
sin embargo, aquella palabra paraiso
falta en los códices griegos y tiene varias significaciones. Porque
puede significar paraiso
terrestre, y así parece
que la entendieron de aquel lugar los Padres que afirmaron que Elías
y Henoc habían sido trasladados al paraiso; cosa que expresamente
enseña San Ireneo,
y la confirma por la tradición de los presbíteros de Asia, que la
recibieron de los apóstoles; y San Justino Mártir;
y San Atanasio, en la carta más arriba citada, dice que
Adán, en cuanto fué creado, fué colocado en el paraíso, y que, en
cambio, Henoc, tiempos después de su nacimiento, habiendo agradado a
Dios, fué trasladado al paraíso. Lo mismo dan a entender San
Agustín
y San Jerónimo,
llamando éste a Elías y a Henoc colonos
o moradores del paraíso.
San Isidoro
dice así: Henoc, el
séptimo después de Adán, sin conocer o experimentar la muerte,
mereció ser llevado a aquel sitio del que fué expulsado el
protoplasta, a saber, a un domicilio igual de vida bienaventurada; y
todavia permanece en su cuerpo; en el fin del mundo será devuello
con Elías a la condición de vida mortal.
Del
mismo parecer es Santo Tomás
en cuatro pasajes, en el
último de los cuales cree probable que es conservado por la ayuda
del árbol de la vida.
Pero
aquella palabra paraíso
puede explicarse de otra manera, de suerte que no sea el nombre
propio del sitio aquel
en que fué creado Adán, sino el nombre
general, que significa
cualquier lugar ameno y hermoso y agradable. Porque éste es el
significado primordial y muy usado de aquella palabra, como lo
enseñan todos los intérpretes
en el principio del capítulo 2 del Génesis;
y se hace patente por aquello del Cantar de los Cantares:
Tus emisiones son
paraíso. Y en este
sentido no se podrá colegir [lo que se desea] de aquel pasaje: que
Henoc fué trasladado al paraíso aquel en el que fué creado Adán,
sino solamente (como tratando de Elías escribe San Gregorio)
que fué arrebatado y
llevado a alguna secreta región de la tierra, donde ya vive con
grande tranquilidad de carne y de espíritu.
Por
lo cual, Ruperto
dice claramente que la Escritura nunca significa que Elías y Henoc
fueron trasladados a aquel paraíso, donde puedan comer del árbol de
la vida, sino a alguna secreta región de la tierra, como escribe San
Gregorio.
En
tercer lugar, aunque en aquel pasaje del Eclesiástico entendamos por
el nombre paraíso
el sitio aquel en que fué creado el primer hombre, y aunque,
consiguientemente, confesemos que Henoc fué trasladado a aquel
lugar, no resulta de ahí que ahora está en él ni que Elías fué
trasladado allí; porque muchos piensan con
probabilidad que el paraíso quedó desecho por las aguas del
diluvio. Y esta opinión, aunque no sea antigua, se apoya, sin
embargo, en tantas conjeturas fundadas en la Escritura, que no se la
puede tener por improbable, como copiosamente diserta sobre ello
Benedicto Pereiro;
y la tocó más brevemente y la afirmó más categóricamente
Genebrardo.
Y lo mismo opinó Jansenio
en su Concordia,
y Oleastro
y Agustín Egubino en el
lugar ya citado. Y si eso es verdadero, habrá que decir que Henoc en
el tiempo del diluvio fué trasladado a otro sitio, y así que es
incierto dónde están ahora él y Elías.
En
cuarto lugar no faltaron Padres que dijeran que Henoc y Elías fueron
trasladados a algún lugar celeste, superior a todo lugar de la
tierra. Así lo insinúa San Jerónimo,
porque dice que ellos subieron al cielo, y parece deducirse del
contexto que no se habla del cielo aéreo. San Ambrosio
dice de Henoc que fué
arrebatado al cielo; y
Doroteo
escribe así de Elías: Es
el primero de entre los hombres que indicó a los hombres la subida o
carrera al cielo; el primero de los hombres que enseñó el camino
único de los ángeles y de los hombres; el que había adquirido
domicilio en la tierra, penetró también de repente en el cielo.
Y con tal antítesis indica lo bastante que habla del cielo etéreo.
Y explicando más la misma antítesis, añade: El
que por la tierra andaba, vive entre ángeles a modo de espíritu.
De
modo semejante, Alcimo Avito,
en su libro IV De
diluvio, tratando de
Noé, escribe en esta forma:
A
proavo, quem prisca fides et conscia virtus in caelum sine morte
tulit, sic celsa petenti successit magnis non imparell filius actis.
Nec minimum est illum salvi cum corporis usu Terrenas liquisse domos,
intrasse supernas...
«Del
bisabuelo..., a quien su antigua fe y su virtud concienzuda llevó al
cielo sin morir; así, a quien subía a las alturas, sucedió su hijo
[o nieto], no desigual por sus grandes hechos; y no es el menor que
él, usando de su cuerpo salvo, dejó la morada terrena y penetró en
la celestial...»
Donde,
oponiendo como opone la habitación celestial a la terrena,
claramente opina que habla de la habitación o morada celestial, a la
cual también escribe más abiertamente haber subido Elías:
Quanquam
quo Noë proavus conscenderat Henoc, Elías cursu post tempora longa
secutus, scribitur, ignitis scandens penetrasse quadrigis.
«Aunque
a donde había ascendido o subido Henoc, bisabuelo de Noé, se
escribe que Elías, siguiéndole en su curso tras largos tiempos,
penetró [allá mismo], subiendo sobre quadrigas de fuego».
Y
más abajo concluye diciendo:
Nos
igitur satis est caelum potuisse mereri membrorum sub lege sitios...
«Para
nosotros, pues, es bastante haber podido merecer el cielo, puestos
como estamos bajo la ley de los miembros...»
Incertidumbre
del Sitio en que Están Henoc y Elías
13.
Por lo tanto, por estas considerciones consta suficientemente que
hemos afirmado con verdad que el lugar en que habitan Henoc y Elías
es desconocido, y que Sixto Senense
afirmó con demasiada libertad ser contra la regla de la recta fe el
negar que Henoc y Elías fueron trasladados al paraíso terrenal. Con
más sabiduría niega San Agustín
que esta cuestión sea de las que pertenecen a los dogmas de la fe.
Pero,
si se ha de dar algún juicio o parecer, perece mucho más probable
que ellos habitan algún lugar de la tierra, más bien que un sitio
celestial, como lo afirman San Gregorio y Ruperto y lo suponem San
Agustín y los demás Padres citados.
Por
lo que casi todos los demás que escriben de la ascensión de Cristo
muestro Señor, entre otras diferencias, ponen ésta entre la
ascensión de Cristo y el rapto de Elías: que aquél subió
verdaderamente al cielo etéreo para habitar en él; en cambio, Elías
tan sólo fué elevado al cielo aéreo, no ciertamente para
permanecer en él, sino para por él ser transportado a otra región
de la tierra. Y de este modo piensan que se ha de entender aquello
del libro IV de los Reyes:
Subió al cielo Elías en un torbellino; y aquello del libro I
de los Macabeos:
Elías, mientras celante cela la ley, es recibido en el cielo.
Y del mismo habrá que explicarse lo que de Henoc se dice en el
Eclesiástico:
Nadie
nació en la tierra cual Henoc,
porque
también él fué arrebatado de la tierra...
Y
de esta materia puede leerse a San Crisóstomo;
óptimamente San Ambrosio;
San Gregorio Máximo y otros,
Teofilacto;
y de las cosas dichas más arriba se puede tomar la rezón
conjetural.
Y
es que Elías y Henoc todavia viven en sus cuerpos mortales; ahora
bien, el lugar adecuado para tales cuerpos no es el del cielo, sino
el de la tierra.
Por
otra parte, si el paraíso terrenal subsiste todavia, ningún hombre
prudente y cuerdo negará que estos santos varones habitan allí, ya
por la autoridad de los Padres, ya también porque aquel lugar es muy
adecuado a su vida feliz, que más arriba hemos descrito. Más aún,
aunque concediéramos sin más ni más que la amenidad del paraíso
se perdió por las aguas del diluvio, todavia se puede hacer la
conjetura probable de que estos santos varones se pasean en aquel
sitio de la tierra donde desde el principio estuvo situado el
paraíso; porque el lugar aquel superaba a todos los otros lugares
de la tierra, no solamente en el ornato y elegancia de los árboles y
en la fecundidad del suelo, sino también mayormente en
el clima o temple del aire y en la benignidad del cielo; ahora bien,
dicho está, según el parecer de San Gregorio y de Ruperto, que
ellos habitan alguna región secreta de la tierra, pero ótima y
felicísima, según que a su estado conviene; y ninguna parece más
apta que aquélla. Pero, ora sea ella, ora otra tal vez de igual!
Comodidad y conocida de Dios, es verosímil, sin embargo, que el
lugar que ellos habitan es hermosísimo y adornadísimo, no menos tal
vez de lo que fué el paraíso terrenal.
Y
si el sitio en que estaba
Henoc fué cubierto y destrozado o disipado por el diluvio, mientra
que él, o fué sacado de allí, o de otra manera conservado por
divina intervención, también se puede creer que, pasado el diluvio,
el sitio fué restituído o restaurado a su prístino estado y
hermosura. Porque si Dios conservó a Henoc de modo tan admirable que
lo llevó de nuevo a su primer sitio, ¿qué tiene de admirable que
también restituyera o instaurara de modo semejante la hermosua y
amenidad del sitio? Pues ¿por
qué había de privarle (sin culpa) de los bienes que él le había
concedido y de aquella parte (cualquiera que fuera) de su felicidad?
Por
último, si Dios desde el principio plantó el paraíso de deleites
por los hombres, de quienes sabía que habán de usar de él por
aquel brevísimo tiempo, ¿ qué tiene de admirable que después del
diluvio reparara aquel mismo sitio u otro semejante, tal vez desigual
en grandeza, pero no desigual en ornato y elegancia, para que dos
varones tan santos y para él tan queridos, quienes por su amor y
obediencia carecen por tan prolongado tiempo
de la bienaventuranza celestial, [para que varones tan santos, digo]
lleven en la tierra al mismo tiempo una vida feliz en alma y cuerpo?
Por
lo tanto, este pensamiento parece bastante verosímil, y, si no
deseáramos evitar prolijidad, podría hacerse la opinión más
verosímil con varias conjeturas.
Pero
por estas cosas se puede conjeturar, finalmente, que estos dos
varones habitam la misma región y el mismo sitio, y que habitan
juntos, y que a veces hablan de cosas divinas.
Porque
estos y semejantes bienes, que contribuyen de alguna manera a la
felicidad de esta vida, y por otra parte no indican ningún
inconveniente ni repugnancia, no hay por qué creer que se les hayan
negado a ellos.
Sección
II
¿Han
de venir Elías y Henoc al tiempo del Anticristo?
¿Qué
cosas han de hacer o padecer?
[Errores
de Los Herejes Modernos]
1.
Los hereges de este tiempo niegan que Elías y Henoc han de venir
personalmente para oponerse al Anticristo y para disponer o preparar
a los hombres a la segunda venida de Cristo. Porque de Henoc nada
dice expresamente la Escritura. Ya que lo que en el Eclesiástico se
dice:
Fué arrebatado para dar penitencia a las gentes, en griego se
lee: Fué arrebatado como ejemplo de penitencia para las
generaciones. Lo cual se puede rectamente interpretar (como
también los católicos lo interpretan) que fué arrebatado, o porque
había sido un ejemplo de penitencia para los hombres por su santidad
de vida e inocencia de costumbres, o para que con tal ejemplo se
incitasen los hombres a hacer penitencia, viendo honrado de tal
manera por Dios a un hombre justo y santo. De aquí que no hayan
faltado algunos Padres que nieguen a Henoc la prerrogativa de ser
precursor de la segunda venida, a saber, San Hilario, Victorino y
otros, que han de ser citados en la sección siguiente.
Y
respecto a lo que en Malaquías se dice de Elías,
que vendrá antes del día del Señor, está explicado por el
mismo Cristo de Elías, no en persona, sino en espíritu. Pues dice
así, refiriéndose a San Juan Bautista:
El es Elías, que ha de venir. Y en el capítulo 17, a los
discípulos que preguntaban:
¿Qué es eso que dicen que conviene que primero venga Elías?,
respondió Cristo: Elías ya ha venido y no le han conocido.
Lo cual es necesario entenderlo de Elías en espíritu; así que de
manera semejante se dice de Elías que vendrá antes de la segunda
venida de Cristo, no en persona, sino en espíritu.
Por
lo que San Jerónimo, al exponer el sobredicho pasaje de Malaquías,
no lo entiende de la persona de Elías, sino que bajo ese nombre está
significado todo el coro de profetas, que dan testimonio de
Cristo. Y sobre el mismo pasaje, Ruperto, movido por la autoridad
de San Jerónimo, nó se atreve a definir si el tal lugar hay que
entenderlo de la persona de Elías; otros, en cambio, como el
Burgense y Vátablo, lo interpretan de San juan Bautista.
Elías
y Henoc Serán Precursores
de
la Segunda Venida de Cristo
2.
En primer lugar debe decirse que Elías y Henoc han de ser
precursores de la segunda venida de Cristo.
Este
aserto es o de fe o muy próximo a proposición de fe. Y se prueba
primeramente porque en el Apocalipsis
se dice que vendrán dos testigos divinos, vestidos de saco, los
cuales profetizarán durante mil doscientos sesenta días en tiempo
del Anticristo; y es evidente que por estos dos varones no se indican
dos santos o predicadores de Cristo cualesquiera, sino dos hombres
determinados de cierta santidad y virtud eximia. Pues de ellos se
dice:
Estos son dos olivas y dos candelabros que están en la presencia
del Señor de la tierra; y se añade que tendrán poder para
realizar eximios prodigios y milagros, y que, por úlyimo, serán
muertos, y que sus cuerpos permanecerán insepultos durante tres días
y medio en las pazas de Jerusalén, y que los hombres impíos se han
de gozar con la muerte de ellos,
porque estos dos profetas les atormentaron; y [se añaden]
cosas semejantes que diremos más bajo, y que de ninguna manera se
pueden entender sino de dos hombres determinados.
3.
Ahora bien, que estos dos hombres hayan de ser Elías y Henoc, no lo
declara abiertamente San Juan; però, consideradas todas las
circunstancias de las personas que describe y las que en otros
pasajes están escritas de Elías y Henoc, casi de común acuerdo de
todos los expositores, más aún, de toda la Iglesia (como, comentado
aquel pasaje, lo dice Aretas), ha sido creído que aquellos dos
hombres no son otros que Elías y Henoc, quienes fueron trasladados y
son conservados en vida mortal sin otro fin que el de oponerse o
resistir al Anticristo al fin del mundo y el de dar testimonio de
Cristo.
Así
lo enseñan allí Beda, Anselmo, Santo Tomás, San Agustín y San
Ambrosio (si son ellos tales comentarios), y Victorino Mártir, y San
Gregorio,
y además todos los Padres citados en la sección anterior (quienes
afirman que ellos viven) y otros que en seguida citaré.
4.
En segundo lugar se prueba de Elías por el sobredicho pasaje de
Malaquías,
el cual de ninguna manera se puede entender de Juan Bautista. Pues
allí se trata del día del juicio, como claramente consta desde el
principio del capítulo hasta el fin, y por aquellos epítetos:
Día del Señor, grande y horrible.
Ni
tampoco puede entenderse de algún otro hombre que habría de
revestirse del espíritu de Elías. Primero, por la propiedad del
nombre; propiedad que no puede trasladarse a metáfora sin autoridad
suficiente, sobre todo porque tambíen el sobrenombre de Tesbites
parece que ha sido añadido allí por los Setenta Intérpretes, en
cuanto se puede colegir de San Jerónimo y Teodoreto y de San
Cirilo,
de Tertuliano,
San Agustín,
de Eutimio
y Crisóstomo.
Segundo,
fácilmente se puede entender esto mismo comparando este pasaje con
el capítulo 48 del Eclesiástico, donde sin duda ninguna se trata de
la persona de Elías, de quien se dice:
Porque fué arrebatado en un torbellino de fuego para calmar la
ira de Dios, para reconciliar el corazón del padre con el del hijo y
para restaurar las tribus de Jacob. Y el sentido de estas
palabras es que él ha sido destinado por Dios a desempeñar alguna
vez estos cargos, a saber, a suavizar la ira de Dios y a convertir
los corazones de los hombres. Y Malaquías, por su parte, casi con
las mismas palabras, dice que él vendrá a estos mismos
ministerios:
Y convertirá el corazón de los padres hacia los hijos, y el
corazón de los hios hacia los padres, no sea que venga yo y hiera la
tierra con anatema. Luego habla de la misma persona; más aún,
el autor del libro Eclesiástico parece haber aludido a este pasaje y
haberlo interpretado.
Además,
Cristo nuestro Señor no excluye esta interpretación, sino más bien
la supone, cuando al preguntarle los discípulos:
¿Por qué, pues, los escribas dicen que primero tiene que venir
Elías?, respondió ante todo: Elías vendrá y restaurará
todas las cosas. En las cuales palabras no puede hablar de Juan
Bautista, porque ya había venido y no había de venir más; ni se
puede verificar en él que haya restituído todas las cosas,
ni en ningún otro que no fuese el verdadero Elías, de quien
hablaban los discípulos, y el cual convertirá muchos judíos y
apóstatas a Cristo, y de quien por eso se dice que restaurará todas
las cosas. Pero después, en cambio, cuando añade Cristo:
En verdad os digo que Elías ya ha venido, es cuando ya habla
metafóricamente de Juan Bautista, por la semejanza del Espíritu y
del ministerio.
Y
así interpretan este pasaje todos los Padres: Orígenes,
San Hilario
y el Crisóstomo,
y, comentando el mismo sitio de San Mateo, San Jerónimo, Beda,
Anselmo, Teofilacto, Eutimio, los cuales casi todos unen el pasaje de
Malaquías con las palabras de Cristo.
De
la misma manera exponem estos textos Teodoreto y la Glosa,
Orígenes
y San Gregorio Niseno,
San Gregorio Magno,
San Justino Mártir;
y egregiamente lo tratan Tertuliano
y San Agustín,
el cual, por último, en el libro XX de La Ciudad de Dios
(cap. 29) testifica que esta interpretación es celebérrima en las
conversaciones y en los corazones de los fieles.
Henoc
Será Precursor del Juicio Universal
5.
En tercer lugar, de Henoc no tenemos tan expresos testimonios de la
Escritura; se insinúa, con todo, en aquellas palabras del libro
Eclesiástico:
Henoc fué arrebatado para dar penitencia a las gentes. Porque
no sin causa es conservado hasta este día viviendo vida mortal. Por
lo que en aquellas últimas palabras se significa que su predicación
ha de tener lugar al fin del mundo.
Ni
debe obstar a esto el que en griego se lea para ejemplo de
penitencia a las generaciones, porque esta lectura no es
contraria y admite el sentido que llevan consigo las palabras del
Intérprete de la Vulgata, las cuales de ninguna manera deben ser
rechazadas, sobre todo cuando todos los Padres citados y los que
citaremos comprueban con este testimonio la futura venida de Henoc.
Asimismo,
de ese sentido se colige una razón óptima de congruencia: para que
antes de la segunda venida sean enviados dos precursores, siendo así
que sólo vino uno antes de la primera venida. A saber, porque en la
primera venida Cristo sólo fué enviado de una manera immediata para
los judíos, según aquello:
No he sido enviado sino a las ovejas que perecieron de la casa de
Israel; y por lo mismo solamente fué enviado un solo precursor,
y éste de entre los judíos.
En
cambio, en la segunda venida vendrá a la Iglesia universal, formada
por judíos y gentiles; y por lo mismo se envía un precursor de
entre los circuncidados, a quien se le atribuye especialmente la
conversión de los judíos:
Y restaurar las tribus de Jacob; y otro, en cambio, vendrá de
entre los gentiles, a quien en el predicho pasaje parece
encomendársele especialmente la conversión de las gentes:
Para que dé penitencia a las gentes.
6.
Por último, en cuarto lugar puede también añadirse la tardición
de todos los Padres, que puede constar suficientemente por todos los
aducidos, tanto en esta como en la precedente sección. Pero
principalmente se pueden notar las palabras de San Ambrosio
tratando aquel texto de San Pablo:
Porque pienso que Dios a nosotros los apóstoles nos exhibió como
los últimos. Esto (dice San Ambrosio) lo juzga como propio de
su persona, precisamente porque siempre estuvo en necesidad, habiendo
padecido persecuciones y apreturas más que todos los demás, como
las han de padecer Henoc y Elías, que han de ser apóstoles en los
últimos tiempos. Pues tienen que ser enviados delante de Cristo,
para preparar al pueblo de Dios, para unir las Iglesias y para
resistir al Anticristo, de quienes la lectura del Apocalipsis
atestigua que han de padecer persecuciones y muerte. Cosas
parecidas repite
comentando la primera Epístola a los Tesalonicenses.
Muy
bien también Tertuliano en su libro De anima (capítulo 35),
donde, disputando contra la transmigración pitagórica de las almas
(según la cual interpretaban algunos herejes aquello de que Elías
ya vino, esto es, el alma de Elías en Juan Bautista), dice:
¿Acaso también los judíos consultaban a Juan por opinión
pitagórica: «¿Eres tú Elías?», y no más bien por predicción
divina: «He aquí que os enviaré a Elías Tesbita»? Pues la
metempsicosis de aquéllos es la vuelta de un alma hace tiempo muerta
y venida de nuevo a otro cuerpo. Pero Elías no ha de venir, no,
después de haber dejado la vida, sino después de haber sido
trasladado; ni va a ser devuelto a un cuerpo del cual no ha sido
separado, sino que va a ser devuelto al mundo, del cual fué
trasladado; no vendría del umbral ulterior de la vida, sino de la
realización de la profecía; él, y el mismo, con su propio nombre y
con su propia humanidad. Y hablando de ambos (de Elías y de
Henoc), dice en el capítulo 50: Son conservados para
morir, para que con su sangre extingan al Anticristo.
Además,
San Jerónimo
afirma esto mismo de Elías comentando a San Mateo; aunque en
Malaquías declara un sentido espiritual más bien que el literal. Lo
mismo dice Doroteo;
Contra el Anticristo (habla de Elías) se le conserva como
general de guerra, etc.
Casi
lo mismo dicen Teofilacto,
Teodoreto,
Lactancio,
Juliano Pomerio,
el Crisóstomo,
los cuales, aunque sólo nombren uno, no excluyen, con todo, al otro.
De Henoc, por su parte, dice San Agustín:
Aun se le reserva vivo, sin muerte, para testimonio del último
tiempo. Y al mismo lo nombra
junto con Elías, como lo nombran Próspero
y el Damasceno.
7.
En último lugar se pueden traer algunas razones de congruencia por
las que Dios haya querido preparar al mundo a su venida más bien por
estos dos hombres que por otros.
Asimismo,
por qué por hombres reservados de antiguas edade para este cometido,
más bien que por hombres nacidos en aquella última edad. Porque
estas y semejantes cosas, o no tienen otra razón fuera de la
elección y voluntad divinas, o están ocultas en los tesoros de la
sabiduría de Dios, el cual obra estas y semejantes cosas según el
consejo o parecer de su voluntad.
Y
dicen los escritores antiguos que Dios eligió a Henoc porque
sobresalió grandemente entre los primeros hombres por su
religiosidad y por su culto a Dios; y a Elías, porque fué el más
celoso defensor de su culto y porque se distinguió sobremanera por
el espíritu y la eficacia de la profecía. Las cuales cosas son
verdaderas considerando el orden de la ejecución. Porque (si miramos
la divina predestinación) más bien recibieron estos dones porque
habían sido elegidos a cargo tan superior. Y quiso Dios reservar a
estos hombres desde las primeras edades hasta el fin del mundo para
este ministterio, por una parte, para que su predicación y su
testimonio resultasen más maravillosos; por otra parte también,
para que se hiciese ver el mismo Dios, autor de toda ley (de la de la
naturaleza, de la escrita y de la gracia); y [para que se
manifestase] el mismo Cristo, t la misma fe, que se predica desde el
principio del mundo hasta su fin y que persevera en la misma Iglesia
militante.
La
Predicación de Henoc y Elías
Ha
de Durar Breve Tiempo
-
Objeción y Respuesta -
8.
En segundo lugar debe decirse que Elías y Henoc terminarán muy en
breve este su oficio de precursores y que por fin padecerán
martirio.
Estos
asertos constan por el Apocalipsis,
con la exposición o explicación que hemos confirmado valiéndonos
de la tradición de los Padres.
Porque
en primer lugar se dice, mejor dicho, se supone que estos dos varones
aparecerán de repente. En cambio, de qué modo hayan de venir, a
saber, si vendrán visiblemente trasladados por los aires en un carro
de fuego o en una nube, o de una manera semejante; o si vendrán
invisiblemente, esto es, apareciendo súbitamente en Jerusalén o en
otro sitio, sin que a ningún hombre se le dé a conocer su
traslación, esto ni se dice en la Escritura ni lo explican los
Padres. No hay, por tanto, por qué investigar este assumpte; Dios
obrará como le plazca.
En
segundo lugar se dice:
Profetizarán durante mil doscientos sesenta días; donde se
ve que el verbo profetizar no significa predicción de cosas
futuras (que entonces no será necesaria), sino verdadera
interpretación de la fe y de la Sagrada Escritura, propuesta y
predicada con gran espíritu de Dios y confirmada con prodigios. Por
lo que de ellos se dice que estarán
vestidos de saco; con lo cual se significa aspereza de vida,
pobreza y humildad, y después se explica con muchas palabras su
virtud de poder: éste es, pues, el género de vida que llevarán
durante aquellos mil doscientos sesenta días. Y por esto entendemos
que su predicación será treinta días más breve que el imperio del
Anticristo. Por lo cual se hace verosímil el que ellos vendrán
cuando el Anticristo se haya adueñado de todas las cosas, como lo
significa San Agustín,
diciendo que Elías vendrá para restablecer a aquellos que la
persecución del Anticristo habrá perturbado; y esto mismo lo enseña
con más claridad Anselmo.
Y
puede emplearse como razón el que estos santísimos varones vendrán
para oponerse o resistir al Anticristo; luego vendrán cuando la
persecución del Anticristo sea más abierta y poderosa.
También,
porque (por lo que del mismo pasaje del Apocalipsis se colige) poco
después de la muerte de estos precursores perecerá el Anticristo y
cesará su persecución; por lo tanto, como esta persecución ha de
durar mil doscientos sesenta días, se deduce que la predicación
de los precursores comenzará juntamente con aquella persecución o
poco después.
Dirás:
¿Cómo podrán en tan breve tiempo predicar por todo el mundo?...
Se
responde:
En
primer lugar no es necesario que enseñen en todas partes, sino que
principalmente recorrerán aquellos sitios por onde más se mueva el
Anticristo o sus más poderosos ministros.
Además,
no se debe creer que Henoc y Elías andarán siempre juntos, sino que
es más verosímil que recorrerán distintas regiones, hasta que a
una señal de Dios se junten en el lugar donde ambos juntos deberán
ser martirizados.
Por
fin es creíble que no sólo de palabra, sino que también por
escrito consolarán y confirmarán a los fieles, a quienes animará
también o levantará muchísimo la fama de la virtud y del poder de
ellos contra el Anticristo. Añaden también algunos que han de tener
discípulos, a los que enviarán por todo el orbe.
En
tercer lugar, después de este tiempo los matará el Anticristo, y
sus cuerpos yacerán en las plazas de Jerusalén durante tres días y
medio, a la vista de todos los habitantes de aquella tierra y de los
que se gozarán de su muerte, quienes no permitirán que sus cuerpos
sean sepultados. Así se enseña con bastante claridad en el
Apocalipsis.
Y de este mismo pasaje se colige que, aunque el Anticristo les odie a
estos varones desde el principio con odio capital, sin embargo no
maquinará contra ellos la muerte desde el principio, porque nadie
podrá prevalecer contra ellos por su increíble virtud y poder:
Y si alguien quisiese dañar a ellos, saldrá fuego de su boca de
ellos y devorará a sus enemigos. Con las cuales palabras parece
que San Juan alude a la historia del libro IV de los Reyes,
donde por mandato de Elías descendió fuego del cielo y mató a los
ministros del rey; y a las palabras del libro del Eclesiástico:
Se levantó el profeta Elías como fuego, y su palabra ardía como
hacha; con la palabra del Señor cerró el cielo y tres veces hizo
caer fuego del cielo. Así, pues, en el caso presente se puede
entender a la letra que también entonces hará descender fuego del
cielo para defenderse de sus enemigos, o bajo esta señal o milagro
se pueden entender también otros modos admirables de que usarán
para aterrorizar a sus enemigos.
En
cambio, después, cuando haya llegado el tiempo determinado por Dios,
dejarán de hacer esos prodigios estupendos, y así serán muertos. Y
el que sus cuerpos queden insepultos en público lugar, aunque será
debido al odio y a la ira de los enemigos de Cristo, vendrá a ser,
sin embargo, por especial providencia de Dios, para más ilustre
confirmación de la fe.
En
consecuencia, se añade en cuarto lugar que después de tres días y
medio resucitarán ante el estupor de los hombres, que les verán
resucitar, y que el cielo serán llamados con esta voz:
Subid aquí; y que en seguida subirán al cielo en una nube en
presencia de todos, y se añade:
En aquella hora se produjo un gran terremoto, y la décima parte
de la ciudad cayó, y murieron en el terremoto siete mil individuos
de hombres, y los demás vinieron en temor y glorificaron a Dios.
Cosas
todas tan claras que no necesitan explicación; y así (como el
contexto lo lleva consigo) se entienden a la letra por todos los
Padres arriba citados.
Sección
III
Además
de Elías y Henoc,
¿Ha
de Haber Algún Otro Precursor
de
la Segunda Venida de Cristo Nuestro Señor?
¿Será
San Juan Evangelista o Algún Otro?
Jeremías
no ha de ser Precursor de Cristo
Cuando
Venga al Juicio Universal
1.
Sólo de tres hombres encuentro que se haya opinado entre los
católicos que han de ser precursores de Cristo, o a la vez con Elías
y Henoc o en vez de uno de ellos.
La
primera sentencia fué la de Victorino,
quien dijo que Jeremías sería uno de los precursores de la segunda
venida, y parece opinar que solo él será el compañero de Elías.
San Hilario
afirma que ésta fué opinión de muchísimos, y puede apoyarse en
aquellas palabras de Jeremías:
Antes
de que salieras del vientre te santifiqué
y
te constituí profeta entre las gentes.
Ahora
bien, Jeremías hasta ahora no ha sido profeta de las gentes, sino de
los judíos; por lo tanto, tiene que venir de nuevo antes del día
del juicio, para profetizar a las gentes. Y Victorino confirma esto
con la tradición de los antiguos, que
afirman que Jeremías vive todavia, porque su muerte no se encuentra
en las Escrituras.
Pero
esta opinión es justamente rechazada por San Hilario en el
sobredicho lugar, y tácitamente es reprobada por todos los Padres
arriba citados; quienes, afirmando que Henoc será el compañero de
Elías y contando en todas partes dos únicos precursores, excluyen
lo bastante esta opinión.
Además,
no tiene en la Escritura fundamento alguno; porque no se predice de
Jeremías que será profeta de las gentes por el heco de que alguna
vez predicara a las gentes, sino o porque predicó no sólo en Judea,
sino también en Babilonia y Egipto, escribiendo a los judíos que
allí moraban; o también porque en sus profecías profetizó de
cosas que no sólo pertenecían a los judíos, sino también a los
gentiles, como a los asirios, egpcios y otros, como expone
allí San Jerónimo.
Por
lo tanto, es todavia mucho más frívolo el afirmar que Jeremías no
ha muerto, porque en la Escritura no se describa su muerte; como si
se hubiera de creer que viven eternamente todos aquellos cuya muerte
no narran las Escrituras.
Y
que fué muerto, apedreado y sepultado entre piedras por su pueblo en
Egipto, es cosa que secriben San Epifanio,
San Isidoro
y Doroteo,
quienes añade que fué sepultado en el sitio donde había habitado
Faraón, y que su sepulcro era tenido en grande estima por los
egipcios. Luego esta opinión debe ser rechazada como improbable.
Moisés
no ha de ser Precursor de la Segunda Venida de Cristo
2.
La segunda opinión es que con Elías vendrá Moisés. La sostuvo San
Hilario
en el referido canon, donde
afirma que Moisés vive. Esta sentencia, en cuanto a su segunda
parte, la tratamos más arriba, al hablar de la transfiguración; y
en cuanto a sus dos partes la siguieron Catarino
y Juan Arbóreo.
Pero éstos no afirman que vendrá Moisés con solo Elías, sino a la
vez con Henoc. También se dice que tuvo esta sentencia el Abad
Joaquín,
y, aunque de distinta manera, la siguió también Gagneo;
pues piensa que Moisés murió, sí, pero que resucitará en aquel
tiempo para prevenir la segunda venida de Cristo.
El
fundamento de San Hilario fué que Moisés y Elías fueron en la
primera venida de Cristo testigos de su gloria y majestad en el día
de la transfiguración; luego estos mismos serán testigos antes de
su segunda venida.
Esto
lo confirma Gagneo con aquellas palabras del Apocalipsis:
Tienen poder sobre las aguas para convertirlas en sangre y
para castigar la tierra con toda clase de plagas.
Porque vemos que sólo Moisés usó de esta potestad, y por lo mismo
le cuadran muy bien estas palabras.
Sin
embargo, esta sentencia tiene poca probabilidad: primero, por la
antigua tradición de casi todos los antiguos, que (como vimos)
afirman que Henoc vendrá con Elías.
Segundo,
porque ya demostramos más arriba por las Escrituras que Moisés
murió; de donde resulta que su alma estuvo con los Santos Padres en
el seno de Abrahán antes de la muerte de Cristo y que después de
ella reina y es feliz con él. ¿Y
quién se atreverá temerariamente, sin autoridad o fundamento de
razón, a exceptuar el alma de Moisés de esta ley general de la fe?
Luego no es verosímil que haya de volver a cuerpo mortal, porque no
debe ser privada de la gloria, que ya posee, ni será feliz en cuerpo
mortal. Ambas cosas son milagro inusitado, que no se debe fingir sin
gran fundamento, como más arriba argumentábamos acerca de Henoc y
Elías.
Ademá,
el haber aparecido Moisés en la transfiguración de Cristo no es
argumento alguno para que haya de venir antes del juicio. Porque,
¿cual es la razón de esta consecuencia?... Y es que entonces
apareció por conveniencias que entonces ocurrían, y que en su lugar
tocamos. Y en cuanto a aquellas palabras del Apocalipsis, aunque
parezcan aludir a los prodigios o señales obrados por Moisés en
Egipto, no por eso indican que vendrá el mismo Moisés, que obró
entonces aquellos prodigios, sino que significan tan sólo que Cristo
puede otorgar con facilidad poder semejante a sus precursores.
3.
La tercera sentencia es que
con Elías y Henoc ha de ser precursor de la segunda venida de Cristo
San Juan Evangelista. La cual opinión supone primeramente que
todavía no ha muerto, por las palabras de Cristo:
Así quiero que él permanezca hasta que yo venga, ¿a ti
qué?
Y
es que allí Cristo habla de su segunda venida, cuando dice: Hasta
que yo venga; porque no hay otra venida de Cristo después de la
resurrección; luego por voluntad de Cristo permanecerá Juan así,
esto es, sin morir hasta la segunda venida de Cristo; y así
entendierón los discípulos las palabras de Cristo.
Y
esta opinión se confirma con las historias, porque ni se cuenta la
muerte de Juan Evangelista ni se encuentran por ninguna parte sus
reliquias o restos mortales; lo único que de él se cuenta es que,
habiendo esntrado vivo en el sepulcro, mandó retirarse de allí a
sus discípulos, quienes, habiendo vuelto al día siguiente, no
hallaron nada en aquel lugar.
De
aquí se infiere en segundo lugar que permanece todavía en cuerpo
mortal y que alguna vez ha de morir. Se prueba primero con aquella
sentencia:
Está determinado que los hombres mueran una vez. Y con la
otra:
¿Quién es el hombre que vivirá y no verá la muerte? Luego
tiene que volver para pagar su tributo de muerte, como acerca de
Elías y de Henoc argumentan San Agustín
y Santo Tomás;
y esto es lo que quiso corregir el mismo San Juan cuando escribió:
Y no dijo Jesús: «No muere», sino: «Así quiero que permanezca
él hasta que yo venga». Porque, aunque hubieran entendido
rectamente que Juan habría de permanecer así hasta la venida del
Señor, se equivocaban deduciendo de ello que no moriría, porque eso
ni lo había dicho Cristo ni se sigue de sus palabras.
Y
es que aquellas palabras: Hasta que yo venga, no deben
entenderse inclusive (por así decirlo), sino exclusive, esto es,
hasta que sea inminente mi venida.
En
segundo lugar se puede confirmar esto por otras palabras de Cristo:
Ciertamente que bebereis mi cáliz; donde el Crisóstomo
las expone así: lograréis la corona del martirio, y saldréis de
la vida con una muerte violenta, como yo. En consecuencia, como
hasta ahora Juan Evangelista no ha padecido el martirio, es necesario
(para que se cumplan estas palabras de Cristo) que alguna vez sufra
martirio hasta padecer la muerte. De aquí, por fin, resulta
verosímil que Juan Evangelista ha de venir con Elías y Henoc para
dar testimonio de Cristo en el fin del mundo. Porque no parece que
pueda quedar reservado para otro tiempo ni para otro fin.
Y
se confirma por el capítulo 10 del Apocalipsis,
donde el ángel dijo a Juan: Conviene que tú profetices otra vez
a las gentes, y a los pueblos, y a las lenguas, y a muchos reyes;
pero es así que esto no se ha cumplido hasta ahora; luego deberá
cumplirse por lo menos en la consumación del mundo.
Por
último, se puede añadir una congruencia, y es que el testimonio de
San Juan será aptísimo y eficacísimo, ya porque, si han de venir
testigos de la ley natural y de la ley antigua, ¿por qué no también
de la ley de gracia?; ya también porque San Juan será testigo
ocular y el que durante más tiempo trató con Cristo, y el que
predijo (con más extensión que ningún otro) cuanto al Anticristo
y al día del juicio se refiere.
Y
esta opinión la sostuvo estre los antiguos Hipólito,
y la indica el Damasceno,
donde, tratando de aquellas palabras de San Lucas:
Hay algunos de los que están aquí que no morirán hasta que vean
al Hijo del hombre en su reino, dice así: Ciertamente, si
hubiere dicho, como de uno solo: «Hay uno de los aquí presentes»,
quizá hubiésemos conjeturado que se significaba lo mismo por las
palabras: «Así quiero que permanezca él hasta que yo venga, ¿a ti
qué?» Lo cual se dijo de Juan el teólogo como de quien hasta la
venida de Cristo ha de permanecer exento en absoluto de la muerte;
pues así han expuesto ya este pasaje algunos hombres de eminente
erudición.
Casi
la misma sentencia la sostiene San Ambrosio
tratando de las mismas palabras de San Lucas; y la misma
refieren Teofilacto
y Eutimio,
y la dejan como probable. También la sostuvo Simeón Metafraste;
y de entre los más recientes la defienden Sabélico,
y Jorge Trapezuncio,
y Catarino.
Asimismo, San Antonino
nombra a Teófilo y a Juan Domínico en favor de esta
sentencia, y él no se aparta de la misma. Lo mismo parece opinar
Freculfo.
Exposición
del Texto de San Juan (21, 22)
4.
Sin embargo, parece más probable que San Juan Evangelista ua murió.
Primero, porque así lo atestiguan los Padres más antiguos y las
historias: Eusebio,
quien lo refiere, tomándolo de Polícrates, cuyas palabras son muy
de notar: En Asia se encuentran durmiendo el sueño de la muerte
esclarecidos semilleros de nuestra religión, que resucitarán el
último día de la venida del Señor; y más abajo: A éstos se añade
Juan, el que descansó sobre el pecho del Señor, sacerdote, mártir
y doctor, quien también durmió en Efeso [el sueño de la muerte].
El
mismo Eusebio
y luego San Jerónimo escriben: Consumido por la ancianidad, murió
sesenta y ocho años después de la pasión del Señor, y fué
sepultado junto a la misma ciudad. Lo cual repite San Jerónimo
otras dos veces;
lo mismo escribió Nicéforo;
y Tertuliano
dice: Murió también Juan, de quien vanamente hubo esperanza de
que permanecería hasta la venida del Señor. San Ambrosio
insinúa esta sentencia cuando dice: ninguno deseó para sí el
permanecer así. Se pensó que eso se prometió a Juan, però no se
creyó; tenemos las palabras, de ellas derivamos su sentido. El mismo
Juan niega en su libro que se le hubiera prometido que no había de
morir, para que con su ejemplo a nadie decepcionara una vana
esperanza. San Agustín
dice que Juan murió sin herida y sin tormento; y así expone
(como diremos) las palabras del mismo San Juan.
Lo mismo trata y enseña más ampliamente en el tratado 124 in
johannem; y así opinan también Beda,
Teofilacto y Eutimio en los pasajes arriba citados y el Crisóstomo.
Porque este último dice que San Juan habitó ciertamente en Asia en
cuanto al cuerpo, pero en cuanto al alma se retiró a aquel sitio que
le era idóneo y adecuado para obrar tales cosas por las que aboliera
por completo las opiniones de los gentiles, mientras cada día se
hicieran más ilustres sus enseñanzas. [Así] San Isidoro;
y Doroteo
sólo dice que Juan vivió ciento veinte años; terminados los
cuales, estando aún vivo, se sepultó a sí mismo en Efeso por
voluntad del Señor Lo cual lo explicó más abiertamente San
Epifanio en la Herejía 79, donde, habiendo igualado a Elías
y a Juan en el don de la virgindad, añade: Pero ni Elías debe
ser adorado, aunque se encuentre entre los vivos; ni Juan, aunque por
sus propias preces haya hecho admirable su propia dormición; más
aún, haya recibido más bien gracia del mismo Dios.
Además,
en el Concilio de Efeso se dice así:
Arden en deseos de ver y de abrazar las sagradas reliquias de los
santos y triunfadores mártires, principalmente del beatísimo Juan,
teólogo y evangelista; y por su parte Celestino Papa
dice: Ante vosotros principalmente conviene considerar y recordar una
y otra vez; ante vosotros, a quienes el apóstol Juan predicó, cuyas
reliquias honráis presentes. Casi lo mismo se encuentra en el
séptimo Sínodo,
donde se cuenta el milagro de Juan el Anacoreta.
Por
todas estas cosas consta bastantemente que San Juan murió y que su
cuerpo está sepultado en Efeso. Porque lo que algunos fingieron
(como San Agustín y San Isidoro lo cuentan más arriba) que San Juan
fué, sí, verdaderamente sepultado, pero que se conserva bajo tierra
vivo y, dormido, es increíble y fingido o inventado sin ningún
fundamento. A esta sentencia da también gran crédito la autoridad
de la Iglesia, como lo diré.
Ni
se puede oponer nada (tomándolo de las palabras de Cristo) contra
esta historia y tradición, recibidas y admitidas. Pues, dejando a un
lado muchas cosas que se podrían decir de las varias lecciones o
modos de leer de aquel pasaje (que se pueden ver en los recientes
expositores de aquel texto y en Francisco Lucas en sus anotaciones;
porque el leer si, o así, o si así quiero que él permanezca,
no importa mucho ni varía el sentido de las palabras
de Cristo), pasando, pues, por alto (como digo) estas cosas, tres son
los sentidos probables.
Primero,
que Cristo no habla sino de su venida para tomar venganza de los
judíos, no por su presencia personal, sino por los efectos. Según
esta exposición, Cristo quiso dar a entender que Juan había de
perseverar vivo hasta la destrucción de Jerusalén. Esta sentencia
la refiere Teofilacto y la sigue Francisco Toledo.
El
segundo sentido es que Cristo habla de su segunda venida, pero que no
afirmó nada, sino que iludió la curiosidad de Pedro, tan sólo con
preguntarle con una frase condicional. Y este sentido parece
seguir el Crisóstomo, y más claramente lo da San Cirilo.
El
tercero es que Cristo afirmó solamente que San Juan no le habría de
seguir por la cruz y por la muerte violenta del martirio, y que en
este sentido dijo: Así quiero que permanezca él hasta que
yo venga, a saber, hasta que yo
le reciba conmigo. Así San Agustín en los pasajes citados, y a él
le imitan Beda y Santo Tomás.
San
Juan Evangelista Goza ya de la Bienaventuranza
5.
De este fundamento se colige que San Juan Evangelista reina ya con
Cristo en la celeste bienaventuranza, como queda patente por las
cosas que decíamos acerca de Moisés.
Porque
es ley general de la fe que el hombre justo
(perfectamente purgado) consiga la bienaventuranza inmediatamente
después de su muerte.
Y
esto lo confirma mucho la tradición de la Iglesia, que celebra la
fiesta de San Juan Evangelista; siendo así que a nadie da culto si
no es bienaventurado y si no goza ya de Dios; y esto lo supone
abiertamente la Iglesia en todo el oficio de aquella festividad. Con
lo que también se confirma
lo que dijimos acerca de su muerte. Porque ningún hombre entra en la
bienaventuranza antes de su muerte corporal.
En
cambio, dijeron algunos que San Juan es
bienaventurado no sólo en cuanto al alma, sino también en cuanto al
cuerpo; no porque hubiese sido asunto o elevado a aquel estado sin
pasar por la muerte, sino porque resucitó gloriosamente en seguida
de morir. Lo cual confirman con las conjeturas arriba citadas: porque
no aparecen sus reliquias o restos mortales y, además, porque parece
que así se interpretan más propiamente las palabras de Cristo; pues
por la brevedad de su muerte y rapidez de su resurrección puede
decirse que siempre permanece así;
porque aquella muerte puede reputarse como nada, como más arriba lo
dijimos en un caso semejante,
al exponer el pasaje de San Pablo a los tesalonicenses.
Y de esta sentencia hacen mención San Ambrosio
y San Jerónimo,
y no la rechazan, como tampoco la rechazan Santo
Tomás,
y la sigue Nicéforo en el lugar arriba citado.
Pero
no tiene ningún fundamento suficiente, porque por testimonios ya
referidos de los antiguos Padres consta que sus restos o reliquias
permanecieron durante mucho tiempo en Efeso; más aún, San Juan
Crisóstomo, habiendo dicho:
No sabemos dónde yacen los huesos de muchos de los
apóstoles, añade: Bien
manifiestos son los sepulcros de Pedro y Pablo, de Juan y Tomás;
y manifiestamente habla del sepulcro en que se hallaban los huesos de
San Juan, los cuales supone que estaban en Efeso. Pero después
pudieron ser trasladados a otro lugar e ignorarse su paradero o
perderse por cualquier accidente.
Y
en cuanto a aquella historia
de que entró vivo en el
sepulcro, es apócrifa e incierta, sobre todo si damos crédito
a Abdías,
quien cuenta la muerte de San Juan de distinta manera y afirma que él
estuvo presente a ella.
Y
aunque admitamos la primera historia, sólo podemos aceptar de ella
(lo que referimos más arriba, tomándolo de San Epifanio) que San
Juan murió de un modo singular y admirable.
San
Juan Evangelista no será Precursor de la Segunda venida de Cristo
6.
De todo esto se concluye que San Juan no vendrá con Elías y Henoc
para ser precursor del último juicio.
Se
prueba por las razones dichas, aplicando las expuestas para el caso
de Moisés y de Jeremías. Porque el alma ya bienaventurada no debe
unirse de nuevo al cuerpo mortal para padecer, sobre todo no habiendo
ningún argumento para fingir este inusitado milagro.
Por
último, se concluye que los únicos precursores de la segunda venida
de Cristo serán Henoc y Elías. Se prueba por enumeración
suficiente de las razones, y todas ellas se confirman por el
testimonio del Apocalipsis,
donde de solos dos se dice que vendrán como precursores y que
padecerán bajo el Anticristo.
Y
lo que en el capítulo 10 dice de sí mismo San Juan
que todavía ha de
profetizar a las gentes, tiene este sentido: que en aquella
revelación que cuenta en aquel capítulo entendió que él había de
ver y escribir todavía otras muchas visiones proféticas
relacionadas con las gentes.
Otros
dicen que escribió aquellas palabras refiriéndose al Evangelho que
después compuso, por medio del cual profetizó a muchas naciones y
reinos.
Otros,
más sencillamente, dicen que aquello se cumplió cuando predicó de
nuevo en Asia, vuelto de la isla de Patmos, a la que había sido
deportado.
Respuestas
a los Argumentos Contrarios
7.
Y con estas explicaciones casi se ha satisfecho a los fundamentos de
la primera sentencia. Sólo falta que respondamos a aquellas palabras
de Cristo:
Cierto que beberéis mi
cáliz.
A
las que responde San Jerónimo
que esto quedó cumplido
cuando a San Juan se le metió en el caldero de aceite hirviente, o
en Efeso ( como escribe Abdías),
o en Roma (como escribe Tertuliano)
y lo confirma la antiquísima tradición de la Iglesia romana.
Porque,
si bien entonces no hubiese nuerto, sin embargo, como se entregó
voluntariamente a la muerte en testimonio de la fe, y la causa
aquella era de por sí suficiente para producir la muerte, de no
haber sido impedida milagrosamente, esto es suficiente para que se
diga que bebió el cáliz
de Cristo; por lo cual
muchas veces lo llama mártir
la Iglesia.
Añade
Eutimio
que el cáliz de Cristo lo bebe no sólo el que muere violentamente
por Cristo, sino también el que por él padece destierros, azotes y
otras cosas parecidas, y persevera luchando así hasta la muerte.
Cosas todas que es manifiesto encontrarse en San Juan con gran
perfección y dignidad.
8.
Y a l'última congruencia es fácil responder diciendo que en la ley
de gracia hay tantos testigos de Cristo que no es necesario entonces
un nuevo testimonio de San Juan. Porque entonces habrá muchos santos
y predicadores, que se juntarán a Elías y Henoc.
Ni
el testimonio de la fe depende de la visión de los ojos, de modo que
por eso sea necesario el testigo ocular. Y si también esto
quisiéramos conceder, presente estará Elías, que vió a Cristo en
carne mortal y en la claridad de la gloria en el día de la
trasnfiguración.
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