Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 19 de agosto de 2017

AS QUALIDADES E AS EXCELÊNCIAS DE UM BOM PASTOR E DE UM SACERDOTE SANTO.




O maior sinal da ira de Deus sobre o seu povo, e o pior castigo que Ele pode infligir sobre ele, neste mundo, é quando permite que, como punição por seus crimes, o povo caia nas mãos de Pastores que o são mais de nome do que de fato, que mais exercem contra o povo a crueldade dos lobos famintos, do que a caridade dos Pastores carinhosos, e que, em vez de cuidadosamente lhes oferecerem um repasto, despedaçam-no e o devoram cruelmente; em vez de levar o povo para Deus, vende-o para Satanás; em vez de dirigi-lo para o céu, arrasta-o consigo para o Inferno; e, em vez de ser o sal da terra e a luz do mundo, são o veneno e a escuridão.

Porque nós, Pastores e Sacerdotes, diz São Gregório Magno, seremos condenados diante de Deus como assassinos de todas as almas que todos os dias são entregues à morte eterna pelo nosso silêncio e pela nossa negligência: Tot occidimus, quot ad mortem ire tepidi et tacentes videmus [1]. Como também, diz o mesmo santo[2], não há nada que mais ofenda a Deus (e, portanto, que mais provoque a sua ira, e atraia mais maldições, seja sobre os Pastores e sobre o rebanho, sobre os Sacerdotes e sobre o povo), que quando Deus vê aqueles que Ele estabeleceu para a correção dos outros, darem exemplo de uma vida depravada, e em vez de evitar que Ele seja ofendido, somos os primeiros a persegui-Lo, já que não temos o mínimo cuidado pela salvação das almas; que sonhamos senão apenas em satisfazer nossas inclinações; que todos os nossos afetos terminam nas coisas da terra; que estamos alimentando vorazmente a vã estima dos homens, fazendo com que os Mistérios da bênção sirvam à nossa ambição; que abandonamos os negócios de Deus para atender aos do mundo; e que, ocupando um lugar de santidade, tratamos apenas dos trabalhos terrestres e profanos. Quando Deus permite que as coisas sejam assim, temos com certeza uma prova de que está extremamente irado contra o seu povo, e este é o rigor mais terrível que possa exercer sobre ele, ainda neste mundo. É por isso que Ele grita incessantemente a todos os cristãos: Convertimini ad me, et dabo vobis pastores juxta cor meum [3]: “Convertei-vos a Mim, e eu Vos darei Pastores segundo o Meu Coração”. Isso mostra claramente que o desregramento da vida dos Pastores é um castigo pelos pecados do povo; e que, por outro lado, o maior resultado da misericórdia de Deus para com o povo, e a graça mais preciosa que Ele possa conceder, é quando Ele dá Pastores e Sacerdotes segundo o Seu Coração, que só buscam Sua glória e a salvação das almas. Este é o dom mais precioso e o favor mais insigne que a bondade de Deus pode conceder à Igreja, a dádiva de um bom Pastor, seja Bispo ou Padre. Pois é a Graça das graças e o Dom dos dons, que carrega consigo todos os outros dons e todas as outras graças.




Jean Eudes, 
Mémorial de la vie ecclésiastique. 
In Œuvres complètes, 
Tome III, p. 22-23.


_________________________

[1] Homil. 12 super Ezech.

[2] Nullum, puto, fratres charissimi, majus praejudicium ab aliis quam a Sacerdotibus tolerat Deus: quando eos quos ad aliorum correctionem posuit, dare de se exempla pravitatis cernit; quando ipsi peccamus qui compescere peccata debuimus: officium quidem sacerdotale suscipimus, sed opus officii non implemus.» Homil. 27 in Evang.

[3] Jer. 3, 5.

* * *

Nosso mais profundo agradecimento a um bom sacerdote pela tradução realizada a partir do original.



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