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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

PROIBI-ME A RETA RAZÃO DE ADERIR AO INDIFERENTISMO EM MATÉRIA DE RELIGIÃO.



Os indiferentistas em matéria religiosa pretendem, que todas as religiões são boas1 e que, por conseguinte, não é necessário examinar se há alguma revelada por Deus, de cuja observância nos pedirá contas.

Há aqui também intoleráveis contradições.

I

Todas as religiões não podem ser verdadeiras, porque se contradizem, e o sim e o não sobre o mesmo objeto não podem ser verdadeiros ao mesmo tempo; por outra parte, uma religião falsa não pode ser boa, porque o erro é sempre um mal; tudo isto é de evidência.

Mas o indiferente admitiria que a falsidade das religiões não obsta a que sejam boas. Primeira contradição.

II

Eu creio, como todos os homens razoáveis, na existência de Deus, infinito em sabedoria e santidade.

Mas, neste sistema do indiferentismo, eu creria que Deus tem como agradáveis quaisquer homenagens, que se lhe prestem sob qualquer forma que seja – idolatria, absurda, até indecente ou criminosa; e que se deu uma religião aos homens, não se importa que a observem; o que equivale a dizer, que Deus tanto aprova o erro como a verdade; o teísmo ou o politeísmo; as superstições dos idólatras e o culto racional; os crimes pelos quais as nações obcecadas pretenderam honrá-Lo, e as virtudes em que os povos mais instruídos fazem consistir a essência da religião; em uma palavra, que Deus não é Deus. Segunda contradição ímpia e blasfema.

III

Um viajante, diz Balmes, encontra na sua frente um rio que deve transpor; serão praticáveis os vaus? Ignora-o. Outros viajantes, parados como ele à margem do rio, sondaram a altura das águas e são unânimes em declarar que uma morte certa espera o imprudente que tentar a travessia. Questão sem importância para mim, diz o insensato. E lança-se ao acaso ao rio. Não quero entrar no número destes insensatos.

Mas o indiferente em matéria de religião fá-lo-ia assim com referência ao abismo insondável do outro mundo. Terceira contradição.

IV

Não posso admitir, sem violentar a razão e a consciência, que baste cumprir certos deveres desprezando os outros; que seja suficiente observar as leis da probidade, não tendo em conta as da amizade, da gratidão, da temperança, ou da beneficência para com os infelizes.

Mas, como indiferente, eu admitiria que se Deus deu ao homem, além da lei natural, uma lei positiva, basta-me observar a primeira sem me importar da segunda. Quarta contradição.

V

Na norma da vida séria eu indesculpavelmente leve e presunçoso, se naquilo que não conheço julgasse sem me informar e se tratasse de fútil e sem importância, uma questão que sempre preocupou os homens mais sábios e esclarecidos, os maiores espíritos e mais dignos da estima universal. Mas, sendo indiferentista, não censuraria em mim como deveria essa presunção; julgando sem exame a questão religiosa, considerando como tempo perdido aquele que dedicasse ao estudo do que sempre foi a principal preocupação dos homens mais sábios e virtuosos de todos os tempos, ao qual consagraram os trabalhos mais sérios e meditações mais assíduas os gênios mais vastos, elevados e profundos, e geralmente mais estimados. Quinta contradição.2



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Fonte: Cônego E. Barthe, “Motivos da Minha Fé Religiosa”, 1ª Parte, Cap. XI, pp. 161-164. 2ª Edição, J.J. de Mesquita Pimentel – Editor, Porto, 1882.

1.  Encontra-se um fundo comum em todas as religiões. Significará isto que todas as religiões são igualmente boas? Não. Prova só que há algum bem em todas. Tem aqui perfeita aplicação a profunda sentença de Bossuet: “Todo o erro é fundado sobre alguma verdade, da qual se abusa” (Du darwinisme, etc., p. 300).

2.  O estado de dúvida é degradante para a razão humana, e aquele que sustenta o indiferentismo em matéria de religião tem em pouca valia a sua própria inteligência e a dos outros homens. A dúvida é a ignorância, e o ignorante não tem méritos para que o estimem. Para se sair da ignorância, da incerteza e da dúvida, é necessário fazerem-se esforços, e quem os faz e vence as dificuldades, guinda-se, sobe e glorifica-se; quem se mantém nesse estado de insciência, degrada-se e avilta-se. Os espíritos lúcidos distinguem e classificam; os que o não são, confundem, e não compreendem as distinções. São estes os que baralham a virtude e o vício, a verdade e o erro; dão igual categoria à verdade religiosa e às seitas falsas; confundem o Criador com as criaturas no panteísmo, e não separam o homem, ser inteligente, dos animais, criaturas inconscientes, como fazem os darwinistas. O indiferentismo em matéria de religião rebaixa o homem; assim como exalta-se e nobilita-se aquele que exerceu a sua razão, e por esforços seguidos chegou a lograr a máxima das satisfações, o conhecimento da lei moral que há de dirigi-lo nas tormentas da existência e conduzi-lo à tranquilidade da vida ulterior. [Nota do Tradutor]

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