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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

A NECESSIDADE DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA.


Se não houvesse o sol, que seria da Terra? Oh! Tudo seria trevas, horror, esterilidade e desolação.

E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós? Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens, sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a todos os raios da cólera de Deus.

Alguns há que se admiram, e acham que, de certo modo, Deus mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se nomeava de Deus dos Exércitos, e falava ao povo do meio das nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da justiça que castigava os pecados.

Por um único adultério, mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da tribo de Benjamim.1

Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo, enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas pereceram setenta mil pessoas.2

Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez que cinquenta mil deles perecessem.3

E agora suporta, com paciência, não só vaidades e irreverências, mas adultérios, os mais vergonhosos, escândalos gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis, que muitos cristãos vomitam contra Seu Nome Santíssimo.

Por que assim acontece? Por que tão grande mudança de conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais culpáveis, já que os imensos benefícios de Deus se multiplicam cada dia.

A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama JESUS, se oferece ao Eterno Pai. Eis aí o sol da Santa Igreja, que dissipa as nuvens e torna sereno o céu.

Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio para mim que, se não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas iniquidades.

A Santa Missa é o poderoso sustentáculo que lhe permite subsistir.

Concluí, de tudo isto, quanto este divino Sacrifício é necessário; assim então, sabei aproveitá-lo o máximo que for possível.

Para isto, quando participamos da Santa Missa, devemos imitar Afonso de Albuquerque. Achando-se, com sua frota, em perigo de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração: tomou nos braços uma criança que viajava em sua nau, e, elevando-a ao alto, exclamou: “Se todos somos pecadores, esta criaturinha é certamente sem mácula. Ah! Senhor, por amor deste inocente, compadecei-Vos dos culpados!” Acreditareis? A vista dessa criança inocente agradou tanto a Deus, que Ele acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados já pelo terror da morte certa.

Ora, qual pensais seja a atitude do Eterno Pai, quando o Sacerdote, levantando a Santa Hóstia, lhe apresenta o Divino Filho? Ah! Seu amor não pode resistir à vista do inocente Jesus; Ele se sente forçado a acalmar nossas tormentas, e acudir a todas as nossas necessidades. Sem esta Santa Vítima, portanto, sem JESUS sacrificando por nós, primeiro sobre a Cruz, e todos os dias sobre nossos altares, estaríamos perdidos, e poderia cada um dizer a seu companheiro: “Até à vista no Inferno! Sim, sim, no Inferno, no Inferno! Até à vista no Inferno!”

Mas, com este tesouro da Santa Missa a nosso alcance, nossa esperança renasce; e, se não opusermos obstáculos, teremos assegurado o Paraíso.

Deveríamos, portanto, beijar nossos altares, perfumá-los de incenso, e sobretudo honrá-los com nosso máximo respeito, pois que deles nos vêm tantos bens.

Juntai as mãos e agradecei a Deus Pai, que nos deu o mandamento tão doce de oferecer-Lhe, sobretudo, pelo imenso proveito que dela recebeis, se sois fiel não somente em oferecê-La, mas de fazê-lo para os fins a que nos foi concedido este dom tão precioso.




_________________________

Fonte: São Leonardo de Porto-Maurício, O.F.M., “Tesouro Oculto – ou, As Excelências da Santa Missa”, conforme a edição romana de 1737 dedicada a S. S. O Papa Clemente XII.

1.  Juízes 20, 46.

2.  II Samuel 24, 15.

3.  I Samuel 6, 19.


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