São Longuinhos era judeu e centurião, ou capitão de cem soldados, e foi um dos que presenciaram a execução do Salvador do mundo. Observando a profunda humildade de Jesus Cristo, e vendo como à Sua morte, toda a terra tremeu e se vestiu de luto, não pode deixar de reconhecer que Aquele Justo era o Deus único e verdadeiro, que Se oferecia em holocausto pela Redenção da humanidade, e como tal o confessou.
Depois que sepultaram o Corpo do Salvador, mandaram a Longuinhos que O guardassem com os seus soldados; e tendo ressuscitado o Senhor ao terceiro dia, mais confirmado ficou o nosso santo na sua crença.
Foi logo dar conta ao sumo sacerdote, aos escribas e aos fariseus, das maravilhas que Deus havia operado e ele e seus soldados tinham visto na gloriosa Ressureição do Senhor. Ficaram muito contrariados os sacerdotes, e desejando escurecer a glória de Cristo, procuraram perverter Longuinhos com dádivas e promessas, dizendo-lhe que publicasse, que estando os seus soldados a dormir, foram ao sepulcro os discípulos de Jesus e furtaram o seu Sagrado Corpo. Mas, o santo soldado que já estava cheio da divina luz, não quis consentir na mentira.
Como os judeus procurassem vingar-se dele, partiu de Jerusalém para a Capadócia, com dois dos seus soldados, e ali começou a pregar o que tinha visto, convertendo assim grande número de pessoas.
O presidente Pilatos, assustado com as pregações do santo e instigado pelos judeus, enviou soldados a Capadócia, para que o prendessem e matassem. Partiram os soldados, e ao chegarem a Capadócia encontraram-se com Longuinhos; e como por disposição do Senhor o não reconhecessem, contaram-lhe muito em segredo o objeto da sua vinda. Cheio de júbilo, o santo recebeu-os em sua casa, onde os obsequiou esplendidamente. Em seguida mandou chamar os dois companheiros e logo que estes chegaram disse para os enviados de Pilatos: “Sou eu o Longuinhos a quem buscais, e que só deseja morrer pelo nome de Jesus Cristo; dai-me pois a morte, que nisso me fazeis um singular benefício”.
Ficaram atônitos os soldados, mal podendo crer o que ouviam; mas, a final, cedendo às instâncias de Longuinhos e dos seus dois companheiros, ali mesmo os degolaram.
De São Longuinhos faz menção o Martirológio Romano, no dia quinze de Março, dizendo que foi ele que com a lança abriu o Lado do Salvador, já morto, do qual saiu Sangue e Água. O mesmo diz Santo Agostinho.
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Fonte: Pe. Croiset, “Ano Cristão”, Vol. III, dia 15 de Março, pp. 178-179. Traduzido do Francês e adaptado às últimas reformas litúrgicas pelo Pe. Matos Soares, professor do Seminário do Porto. Tip. “Porto Medico”, Ltda. Porto. 1923.
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