Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 29 de outubro de 2023

REX GLORIAE.

 


REI DA GLÓRIA1


Em três diferentes sentidos é Cristo Rei da Glória. 1. Porque é Rei de todos os habitantes e povo escolhido da terra dos vivos. 2. Porque toda a glória que eles gozam, o Senhor lha mereceu, e lha concede por decreto de Sua vontade justa e misericordiosa. 3. Porque a Ele só é devida toda honra e glória, sem nenhum dos que a participam atribuir a si, nem um só átomo dela; senão que todos permanecem tão desprendidos da honra e exaltação que possuem, como a terra o está da claridade do sol que a ilustra, alegra e fertiliza.

Pondera atentamente, alma minha, como este Reinado, ou Império de Cristo, é justo, é pacífico, é dilatado e é perdurável. É justo; porque a quem podia competir senão ao Filho Unigênito de Deus, que com Sua vida e morte mereceu a Predestinação de todos os escolhidos, e os demais benefícios, que dela procedem? É pacífico; porque Cristo unicamente domina nos corações e almas de todos, e todos O amam com amor incessante, puríssimo e ardentíssimo: e assim já não podem cometer pecado algum, nem a mínima imperfeição, nem ter dissenção consigo ou com outros, como cá nos dias da sua mortalidade acontecia, ainda entre varões santos. É dilatado; porque quanto aos espaços materiais daquele Reino, o Céu Empíreo compreende dentro em seu côncavo toda a grandiosidade do Universo, e em comparação da grandeza dele desaparece o Firmamento; sendo que em comparação do Firmamento desaparece todo o globo do mar e terra, que cá os Reis e Potentados andam dividindo entre si a ferro e fogo: de sorte que, para que a terra fosse visível aos olhos de quem estivesse olhando para baixo lá desde o Firmamento, seria necessário que esta fosse sessenta e quatro vezes maior do que é.2 Que será logo em comparação do Empíreo, este mundo, cujos bocadinhos nós amamos tão loucamente, que por essa causa perdemos o Céu? E é dilatado quanto ao povo de quem é Rei Cristo Jesus: porque dos homens diz São João, que viu uma multidão que ninguém pode contar: e dos Anjos diz o Angélico Doutor, São Tomás, que são mais que todos os indivíduos e criaturas materiais, sensíveis e insensíveis. E cada qual destes vassalos do Rei da Glória é tão ilustre e soberano, que os Imperadores da terra (se têm luz da verdade) se reputam por ditosos, em os servirem e adorarem.

E é também este Reinado perdurável; porque não tem fim. Durará quanto Deus dure; eternidades e eternidades. Para aqui, alma minha: estende o teu conceito quanto puderes, a ver se pode entrar no pasmo da consideração desta eternidade. Ver a Deus! Estar com Deus! Viver de Deus! Gozar de Deus! Louvar a Deus sempre, sempre, por séculos infinitos! Oh felicidade! As do mundo eram coisas vãs, coisa pintada, e de zombaria. Desapareceu o século e tudo o mais que andava na sua roda. Lá vão os dias, que assinalava o Sol com seus giros. Já não há mar, nem terra, nem o que sobre ela edificou a vaidade humana. Já não há morte, nem pecado, nem trabalhos, nem cuidados, nem esperanças. Restou unicamente o Amor de Deus, diamante que não tem consumo. Este entrou nas alturas a receber o prêmio, engastando-se na coroa de Deus. Ali vive, quanto o mesmo Deus vive. Ó Rei da Glória, Cristo Jesus: dá-me o teu amor. Ó Rei da Glória, Filho de Deus vivo: leva-me a onde reinas: leva-me Senhor, que a Ti só desejo. Oh, seja o Teu beneplácito ouvir-me e conceder-me este bem, para o qual me criaste e remiste!


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Fonte: Ven. Pe. Manoel Bernardez, Oratoriano, “Luz e Calor – Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição”, 2ª Parte, Opúsculo III, Meditação XXXIII, III Ponto, pp. 403-404. Nova Edição, Lisboa, 1871.

1.  Psalm. 23, 7.

2.  Pelo computo do P. João Batista Ricciedo, insigne Matemático da Companhia de Jesus.


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