Congregados Marianos de Regensburg (Alemanha)
em visita ao Papa Bento XVI.
Da
Modéstia:
► "Nos tempos
que correm, muita gente de todas as classes é escrava das modas
indecentes. Desapareceu do mundo o apreço da modéstia. Os bons
cristãos, que ainda zelam pela modéstia e decoro,
são considerados tímidos, excêntricos e exagerados.
Congregados! Podem Filhos
de Maria seguir as máximas do mundo e concorrer para a
descristianização dos costumes? Certamente que não. Pela
simples razão de que não podemos imaginar a puríssima Virgem
Maria, senão revestida e adornada de modéstia.
Vejamos, pois, primeiro,
como essa virtude é nobre e
celeste; segundo, como é
poderosa;
terceiro, como é apostólica.
Congregados Marianos
1. Virtude Celeste:
Donde vem a verdadeira beleza de Maria, que transluz e resplandece,
exteriormente, em toda a sua graciosa fisionomia? A Sagrada
Escritura encarece a formosura da alma e do corpo da Virgem
Imaculada, quando A exalta, dizendo que é 'tota pulchra − toda
formosa'.
Donde vem o encanto
admirável de sua modéstia, tão atraente e tão celestial que
concentrava em si os olhares e a admiração do próprio Deus?
Olhai a Virgem Puríssima.
Como é mortificada no olhar, simples em seu porte, modesta no modo
de vestir e recatada no modo de viver! Como em sua fronte, em seu
rosto se refletem e harmonizam a austeridade para consigo e a
inefável doçura para com o próximo! No seu trato e na sua
conversação, não sabemos o que admirar mais: se o retraimento e
reserva que atraem, se a amabilidade e graça que cativam.
Maria Santíssima quer
ser e parecer a Virgem modesta, sempre e em toda parte. Na oração,
no trabalho e recreio nada faz ou diz que seja contrário às
prescrições da boa educação, da honra e da virtude: nunca a
menor falta de decoro em seus trajes, nunca uma expressão menos
discreta em suas conversas, jamais um ato contrário ao pudor,
jamais um gesto inconveniente. Tudo Nela respira nobreza
indescritível, recato piedoso, modéstia celestial.
O principal motivo de
Maria proceder tão santamente era seu filial temor e ardente
amor de Deus; era este contínuo pensamento inspirado pela Fé e
Confiança: Deus Me vê, o Altíssimo está junto de Mim!
Na Epístola aos
Filipenses, São Paulo, tendo exortado à modéstia, em seguida alega
a última razão, dizendo: 'Dominus prope est − o Senhor está
perto!'
O Apóstolo quer dizer:
Convencidos de que Deus infinitamente Santo e Justo está presente
sempre e em todo lugar; considerando que exige de nós provas
especiais de amor e respeito: cumpramos o nosso dever de zelar
pelos bons costumes, pela honra e pela virtude, trajando-nos
sempre com o decoro cristão e procedendo com a modéstia digna dos
filhos de Deus.
A virtude da modéstia
recebe do Céu toda sua consagração, nobreza e formosura: quem
ama a Deus e anda continuamente em sua presença não pode deixar de
praticá-la.
Exemplo:
A vida admirável de São Francisco de Sales, filho da Congregação
Mariana, aí está a nos provar a mesma verdade. Monsenhor Camus,
Bispo de Velley, observava o Santo em seu aposento. Nunca, porém,
notou que Francisco descurasse a mais pequena regra do decoro e da
modéstia. Qual se mostrava na companhia dos outros, tal era
sozinho; e qual era sozinho, tal aparecia em público. Julgar-se-ia
que estava no meio de todos os Anjos e Santos. Em todo caso, sabia o
Santo que se achava em companhia Daquele de cuja Onipresença estava
perfeitamente compenetrado.
Entrega da Vela
2. Virtude Poderosa:
Muito bem dizemos que Maria
Santíssima é Rainha da Paz. É isenta de toda a perturbação; nada
lhe inquieta o espírito. No seu semblante reluz a mais formosa
serenidade. No seu ânimo, no seu coração reina uma tranquilidade
perpétua e deleitosa... Mas que meio eficaz empregou para
conservar essa paz interior?
Cheios de admiração,
veneramos Maria como a Virgem Imaculada. É toda formosa e
sempre livre de toda mancha de pecado; é toda perfeita e sem
sombra de imperfeição... Como conservou, porém, limpo o
coração, dotado de virtude e ornado de Graça Divina?
Maria Santíssima passou
a vida inteira na mais íntima união com Deus... Que foi que
contribuiu mais poderosamente para manter essa familiaridade com o
Altíssimo?
Foi o grande amor da
modéstia, o domínio absoluto sobre os sentidos e as maneiras
recatadas em relação aos demais.
São Bernardo, um dos
maiores vultos da ciência e santidade, era muito modesto em seu
exterior, reservado no falar e recatado no olhar. Seus discípulos
diziam que olhava e nada via, ouvia e nada escutava,
parecendo que não fazia uso dos sentidos.
Por que tanta modéstia?
É que São Bernardo bem sabia que os sentidos são as portas e
janelas por onde entram no coração os inimigos da alma −
inquietações e pecados − que nos vêm a roubar a paz, a
alegria e Graça sobrenatural. A virtude da modéstia, qual
sentinela fiel e vigilante, está, porém, de guarda nessas portas e
janelas, especialmente nos olhos e na boca, para cerrá-las a
quanto possa pôr em perigo nossa Inocência e pureza.
Sede recatados e modestos
em qualquer tempo e lugar! Sem modéstia, Congregados, a
castidade está sempre em grande perigo de perder-se. Por isso
evitai cuidadosamente as faltas de modéstia, principalmente a
curiosidade indiscreta e perigosa, os olhares imodestos, os gestos
indecorosos, os vestidos excessivamente curtos, ajustados ou
decotados, a linguagem equívoca, arrogante e atrevida, as
familiaridades levianas, numa palavra, tudo o que possa ofender
a honestidade e o pudor.
A modéstia é a melhor
salvaguarda da vida interior. Cercados desse baluarte poderoso,
os heróis cristãos, tendo à frente a Rainha dos Santos,
mantinham-se perseverantes na pureza dos costumes, no desapego
do mundo, no fervor da oração e na perfeição da vida
sobrenatural da Graça.
Conta-se que certo veado
levava ao pescoço uma lâmina com a inscrição em letras de
ouro: 'Alto! Não me toques! Pertenço a César!'
Muito melhor que essa
lâmina, defende-nos da corrupção do século a santa modéstia.
Contra a vaidade sensual do corpo, contra a moda ridícula e
impudica, contra os vícios do mundo paganizado, levante
cada Congregado modesto um brado enérgico e resoluto: 'Alto lá! Não
me toques! Pertenço a Jesus, sou Filho de Maria!'
Entrega da Fita Azul
3. Virtude Apostólica:
Olhos humanos jamais puderam contemplar aquela formosíssima
perfeição interior que se ocultava na Alma Santíssima de
Nossa Senhora. Apenas viam exteriormente um reflexo da
mesma formosura celestial, que Ela mostrava no aspecto sereno, na
meiguice das maneiras, na afabilidade do trato e no procedimento
humilde e modesto.
Seu exterior virtuoso e
santo manifesta que o Arcanjo tinha razão, dizendo ao saudá-la:
'Dominus tecum − O Senhor é convosco'.
Seu exterior modesto
atestava que era 'gratia plena − cheia de Graça, benedicta tu in
muliéribus − bendita entre as mulheres'.
No seu exterior
edificante irradiava tanta humildade e modéstia, tão sublime e
perfeita santidade, que não só atraía, mas arrastava os cristãos
a praticar a virtude e a seguir seu belíssimo exemplo.
Depois do Filho de Deus
Humanado, não havia modelo de piedade mais amável e mais atraente
no mundo, que a Virgem Santa e Modesta.
Bastava ser vista uma só
vez, e sua imagem encantadora calava tão profundamente no
ânimo, que ninguém podia deixar de conhecer e proclamar que a
verdadeira grandeza, a verdadeira nobreza está na humildade,
modéstia, caridade, pureza de costumes, desapego das vaidades
do mundo e perseverante amor de Deus.
Esse é o efeito que a
presença de Maria Santíssima produzia entre os cristãos da Igreja
nascente: essa a grande missão apostólica que cumpria com o
bom exemplo. − Eis o que se faz necessário hoje mais do que nunca.
Jovens e donzelas,
particularmente vós, que sois Filhos de Maria, sabeis que a Igreja
vos chama ao mesmo apostolado. Sede apóstolos do bem e da virtude,
ao lado da Mãe Imaculada. O vosso bom exemplo será a melhor
pregação!
'Vamos pregar!' Disse uma
vez o Seráfico São Francisco de Assis a um irmão religioso. E
o Santo entrou com ele na cidade, passando por uma rua e
voltando por outra.
Perguntou o companheiro:
'Meu pai, não me dissestes que íeis pregar na cidade?' E Francisco
respondeu: 'Já está feita a nossa pregação, todos os que viram a
nossa modéstia e recolhimento hão de crescer no espírito de
devoção, no desejo dos bens da vida eterna e darão louvores e
graças ao Nosso Pai que está no Céu'.
Congregados! Cerca-nos um
mundo fascinado por uma educação livre, sem Fé, sem Virtude,
sem Temor de Deus. Vivemos numa sociedade que, ébria de mil
prazeres, vai se lançando no abismo da desgraça e da perdição.
Torna-se, portanto, indispensável o vosso apostolado. Como podeis
concorrer para a salvação do próximo? Repeli
com desprezo a
libertinagem, as Modas
sedutoras, as companhias
viciosas, os divertimentos imorais. Guardai
a modéstia sempre e em toda parte, praticai
a mortificação, desempenhai fielmente os vossos deveres
religiosos e sociais. Vosso bom exemplo pode alcançar a
conversão de uns e estimular a perseverança de outros.
Animai-vos com as palavras de São Francisco: 'Vamos
pregar!', isto é, com a vossa vida virtuosa e modesta mostrai ao
mundo inteiro que não há (melhor) virtude.
São Bernardino de Sena
tinha tanta modéstia e decoro que já na mocidade inspirava aos
companheiros grande estima dessa virtude. Bastava alguém dizer:
'Lá vem Bernardino!', para todos se comportarem bem.
Igual efeito devem também
produzir estas palavras: 'Lá vem um Congregado de Maria!'
Poderíamos dar maior honra à Congregação e mais alegria a
Nossa Mãe Celeste? Por isso 'Vamos pregar!'" (R. Pe.
Henrique Opitz, S. J., "Escola de Maria", Part. I, Cap.
XXIV, pp. 167-173, 5ª edição, Vozes, 1956).
Entrega do Manual
► Dizia a três jovens
São Fiel de Sigmaringen: "Um
jovem deve desprezar os adornos vaidosos. Se se enfeita como uma
mulher é indigno da glória, que não se pode conquistar senão
sofrendo e calcando aos pés os prazeres..." (R.
Pe. Croiset, "Ano Cristão", Vol. IV, 24 de Abril − Festa
de São Fiel de Sigmaringen, pp. 332-335, Porto, 1923).
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
Um comentário:
fr. Fidelis de Sigmaringen (no século Marco Rey) era Congregado mariano em Friburgo (Suíça).
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