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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

AOS CONGREGADOS MARIANOS: SOBRE A MODÉSTIA NO VESTIR.

Congregados Marianos de Regensburg (Alemanha) 
em visita ao Papa Bento XVI.


 


Da Modéstia:




"Nos tempos que correm, muita gente de todas as classes é escrava das modas inde­centes. Desapareceu do mundo o apreço da modéstia. Os bons cris­tãos, que ainda ze­lam pela mo­déstia e decoro, são considerados tímidos, excêntri­cos e exagerados.

Congregados! Podem Filhos de Maria seguir as máximas do mundo e concorrer para a descristia­nização dos costumes? Certamente que não. Pela simples razão de que não podemos imaginar a puríssima Virgem Maria, senão revestida e adornada de mo­déstia.

Vejamos, pois, primeiro, como essa virtude é nobre e celeste; segundo, como é podero­sa; tercei­ro, como é apostólica.

Congregados Marianos

 
1. Virtude Celeste: Donde vem a verdadeira beleza de Maria, que transluz e resplande­ce, exteri­ormente, em toda a sua graciosa fisionomia? A Sagrada Escritura enca­rece a formosu­ra da alma e do corpo da Virgem Imaculada, quando A exalta, dizendo que é 'tota pulchra − toda formosa'.

Donde vem o encanto admirável de sua modéstia, tão atraente e tão celestial que con­centrava em si os olhares e a admiração do próprio Deus?

Olhai a Virgem Puríssima. Como é mortificada no olhar, simples em seu porte, modesta no modo de vestir e recatada no modo de viver! Como em sua fronte, em seu rosto se refletem e harmonizam a austeridade para consigo e a inefável doçura para com o próximo! No seu trato e na sua conversação, não sabemos o que admirar mais: se o retraimento e reserva que atraem, se a amabilidade e graça que cativam.

Maria Santíssima quer ser e parecer a Virgem modesta, sempre e em toda parte. Na ora­ção, no trabalho e recreio nada faz ou diz que seja contrário às prescrições da boa educação, da honra e da virtu­de: nunca a menor falta de decoro em seus trajes, nunca uma expressão menos discreta em suas con­versas, jamais um ato contrário ao pudor, ja­mais um gesto inconveniente. Tudo Nela respira nobreza in­descritível, recato piedoso, modéstia celestial.

O principal motivo de Maria proceder tão santamente era seu filial temor e arden­te amor de Deus; era este contínuo pensamento inspirado pela Fé e Confiança: Deus Me vê, o Altíssimo está junto de Mim!

Na Epístola aos Filipenses, São Paulo, tendo exortado à modéstia, em seguida alega a última ra­zão, dizendo: 'Dominus prope est − o Senhor está perto!'

O Apóstolo quer dizer: Convencidos de que Deus infinitamente Santo e Justo está pre­sente sem­pre e em todo lugar; considerando que exige de nós provas especiais de amor e res­peito: cumpramos o nosso dever de zelar pelos bons costumes, pela honra e pela virtude, trajan­do-nos sempre com o decoro cristão e procedendo com a modéstia digna dos filhos de Deus.
A virtude da modéstia recebe do Céu toda sua consagração, nobreza e formosu­ra: quem ama a Deus e anda continuamente em sua presença não pode deixar de prati­cá-la.

Exemplo: A vida admirável de São Francisco de Sales, filho da Congregação Mariana, aí está a nos provar a mesma verdade. Monsenhor Camus, Bispo de Velley, observava o Santo em seu aposento. Nunca, porém, notou que Francisco descurasse a mais pequena regra do decoro e da modéstia. Qual se mostrava na companhia dos ou­tros, tal era sozinho; e qual era sozinho, tal aparecia em público. Julgar-se-ia que estava no meio de todos os Anjos e Santos. Em todo caso, sabia o Santo que se achava em companhia Daquele de cuja Onipresença estava perfeita­mente compenetrado.


Entrega da Vela

2. Virtude Poderosa: Muito bem dizemos que Maria Santíssima é Rainha da Paz. É isenta de toda a perturbação; nada lhe inquieta o espírito. No seu semblante reluz a mais formo­sa serenidade. No seu ânimo, no seu coração reina uma tranquilidade per­pétua e deleitosa... Mas que meio eficaz empre­gou para conservar essa paz interior?

Cheios de admiração, veneramos Maria como a Virgem Imaculada. É toda formo­sa e sempre li­vre de toda mancha de pecado; é toda perfeita e sem sombra de imperfei­ção... Como conservou, porém, limpo o coração, dotado de virtude e ornado de Graça Divina?

Maria Santíssima passou a vida inteira na mais íntima união com Deus... Que foi que contribuiu mais poderosamente para manter essa familiaridade com o Altíssimo?

Foi o grande amor da modéstia, o domínio absoluto sobre os sentidos e as ma­neiras re­catadas em relação aos demais.

São Bernardo, um dos maiores vultos da ciência e santidade, era muito modesto em seu exterior, reservado no falar e recatado no olhar. Seus discípulos diziam que olha­va e nada via, ouvia e nada escu­tava, parecendo que não fazia uso dos sentidos.

Por que tanta modéstia? É que São Bernardo bem sabia que os sentidos são as portas e janelas por onde entram no coração os inimigos da alma − inquietações e peca­dos − que nos vêm a roubar a paz, a alegria e Graça sobrenatural. A virtude da modés­tia, qual sentinela fiel e vigilante, está, porém, de guarda nessas portas e janelas, especi­almente nos olhos e na boca, para cerrá-las a quanto possa pôr em perigo nossa Inocência e pureza.

Sede recatados e modestos em qualquer tempo e lugar! Sem modéstia, Congre­gados, a castida­de está sempre em grande perigo de perder-se. Por isso evitai cuidado­samente as faltas de modéstia, principalmente a curiosidade indiscreta e perigosa, os olhares imodestos, os gestos indecorosos, os vesti­dos excessivamente curtos, ajustados ou decotados, a linguagem equívoca, arrogante e atrevida, as fa­miliaridades levianas, numa palavra, tudo o que possa ofender a ho­nestidade e o pudor.

A modéstia é a melhor salvaguarda da vida interior. Cercados desse baluarte po­deroso, os heróis cristãos, tendo à frente a Rainha dos Santos, mantinham-se perseve­rantes na pureza dos costumes, no desapego do mundo, no fervor da oração e na perfei­ção da vida sobrenatural da Graça.

Conta-se que certo veado levava ao pescoço uma lâmina com a inscrição em le­tras de ouro: 'Alto! Não me toques! Pertenço a César!'

Muito melhor que essa lâmina, defende-nos da corrupção do século a santa mo­déstia. Contra a vaidade sensual do corpo, contra a moda ridícula e impudica, contra os vícios do mun­do paganizado, le­vante cada Congregado modesto um brado enérgico e resoluto: 'Alto lá! Não me toques! Pertenço a Je­sus, sou Filho de Maria!'


Entrega da Fita Azul

3. Virtude Apostólica: Olhos humanos jamais puderam contemplar aquela for­mosíssima perfei­ção interior que se ocultava na Alma Santíssima de Nossa Senhora. Apenas viam exterior­mente um refle­xo da mesma formosura celestial, que Ela mostrava no aspecto sereno, na mei­guice das maneiras, na afabilidade do trato e no procedimento humilde e modesto.

Seu exterior virtuoso e santo manifesta que o Arcanjo tinha razão, dizendo ao saudá-la: 'Domi­nus tecum − O Senhor é convosco'.

Seu exterior modesto atestava que era 'gratia plena − cheia de Graça, benedicta tu in muliéribus − bendita entre as mulheres'.

No seu exterior edificante irradiava tanta humildade e modéstia, tão sublime e perfeita santidade, que não só atraía, mas arrastava os cristãos a praticar a virtude e a seguir seu belíssi­mo exemplo.

Depois do Filho de Deus Humanado, não havia modelo de piedade mais amável e mais atraente no mundo, que a Virgem Santa e Modesta.

Bastava ser vista uma só vez, e sua imagem encantadora calava tão profunda­mente no ânimo, que ninguém podia deixar de conhecer e proclamar que a verdadeira grandeza, a verda­deira nobreza está na humildade, modéstia, caridade, pureza de costu­mes, desapego das vaida­des do mundo e perse­verante amor de Deus.

Esse é o efeito que a presença de Maria Santíssima produzia entre os cristãos da Igreja nascen­te: essa a grande missão apostólica que cumpria com o bom exemplo. − Eis o que se faz necessário hoje mais do que nunca.

Jovens e donzelas, particularmente vós, que sois Filhos de Maria, sabeis que a Igreja vos chama ao mesmo apostolado. Sede apóstolos do bem e da virtude, ao lado da Mãe Imaculada. O vosso bom ex­emplo será a melhor pregação!

'Vamos pregar!' Disse uma vez o Seráfico São Francisco de Assis a um irmão re­ligioso. E o San­to entrou com ele na cidade, passando por uma rua e voltando por outra.

Perguntou o companheiro: 'Meu pai, não me dissestes que íeis pregar na cidade?' E Francisco respondeu: 'Já está feita a nossa pregação, todos os que viram a nossa modéstia e re­colhimento hão de crescer no espírito de devoção, no desejo dos bens da vida eterna e darão louvores e graças ao Nosso Pai que está no Céu'.

Congregados! Cerca-nos um mundo fascinado por uma educação livre, sem Fé, sem Vir­tude, sem Temor de Deus. Vivemos numa sociedade que, ébria de mil prazeres, vai se lançando no abismo da desgraça e da perdição. Torna-se, portanto, indispensável o vosso apostolado. Como podeis concorrer para a salvação do próximo? Repeli com desprezo a libertinagem, as Modas sedutoras, as companhias viciosas, os divertimentos imorais. Guardai a modéstia sem­pre e em toda parte, praticai a mortificação, desem­penhai fielmente os vossos deveres religio­sos e sociais. Vosso bom exemplo pode alcan­çar a con­versão de uns e estimular a perseveran­ça de outros. Animai-vos com as pala­vras de São Francisco: 'Va­mos pregar!', isto é, com a vossa vida virtuosa e modesta mostrai ao mundo inteiro que não há (melhor) virtude.

São Bernardino de Sena tinha tanta modéstia e decoro que já na mocidade inspi­rava aos compa­nheiros grande estima dessa virtude. Bastava alguém dizer: 'Lá vem Ber­nardino!', para to­dos se compor­tarem bem.

Igual efeito devem também produzir estas palavras: 'Lá vem um Congregado de Maria!' Podería­mos dar maior honra à Congregação e mais alegria a Nossa Mãe Celes­te? Por isso 'Va­mos pregar!'" (R. Pe. Henrique Opitz, S. J., "Escola de Maria", Part. I, Cap. XXIV, pp. 167-173, 5ª edição, Vozes, 1956).


Entrega do Manual

Dizia a três jovens São Fiel de Sigmaringen: "Um jovem deve desprezar os adornos vaido­sos. Se se enfeita como uma mulher é indigno da glória, que não se pode conquistar senão so­frendo e calcando aos pés os prazeres..." (R. Pe. Croiset, "Ano Cristão", Vol. IV, 24 de Abril − Festa de São Fiel de Sigmaringen, pp. 332-335, Porto, 1923).


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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".

Um comentário:

Alexandre Martins disse...

fr. Fidelis de Sigmaringen (no século Marco Rey) era Congregado mariano em Friburgo (Suíça).

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