Destinos diferentes para o pobre Lázaro
e o Rico Pulão (S. Luc. 16, 19-31).
“Nescit homo pretium ejus”
(Job 28, 13a).
“O homem não conhece o seu valor”
(Jó 28, 13a).
O homem não conhece quanto vale
viver na Graça de Deus, e quanto é
mau viver em Pecado Mortal.
Venturosa aquela alma que vive em
graça com Deus; infeliz aquela, porém, que vive em pecado mortal. São estes
dois estados bem diferentes para a alma; são estas duas sortes bem contrárias,
e que não podem existir na mesma alma e ao mesmo tempo. Se neste mundo pode
dar-se verdadeira felicidade, não pode havê-la maior, nem tamanha como viver na
graça de Deus; assim como se neste mundo pode haver males e desgraças, nenhuma
maior, nem tamanha como andar em pecado mortal. Oh! Se todas as pessoas
soubessem verdadeiramente avaliar ambas estas coisas! Se todas conhecessem
claramente a diferença que há em ambas as sortes, com quanto cuidado andariam
para viverem com Deus! Quantas diligências fariam todas para gozarem a graça do
Senhor! Mas, o miserável pecador não conhece esta diferença; anda
ordinariamente cego, desatinado pelas suas criminosas paixões, e não vê quanto
é bom viver na graça de Deus, e quanto é mau viver em pecado mortal! - Nescit
homo pretium ejus.
Se ele visse tudo quanto ganha,
andando em graça, e tudo quanto perde, andando em pecado, fugiria do mesmo
pecado ainda mais do que do Demônio; temeria tanto o pecado mortal como o
Inferno; procuraria sempre todos os meios de viver com Deus, e nunca se afastaria
da sua Santa Lei; resistiria com o maior valor a todas as tentações, e antes
quereria morrer, perder tudo e até a própria vida, do que perder a graça de
Deus. Porém, o mesmo pecador a nada disto olha, nada disto considera, e guiado
unicamente pelos seus desordenados apetites, cai e recai em pecados mortais;
perdendo tantos bens, e adquirindo tantos males, troca a maior felicidade pela
maior desgraça, a maior riqueza pela maior pobreza, Deus pelo Demônio, o Céu
pelo Inferno; que cegueira esta, que desgraçada sorte! Por isso, eu vou hoje
mostrar quanto é feliz quem vive em graça de Deus, e quanto é infeliz quem vive
em pecado mortal. - Eu principio.
Quem sabe distinguir as coisas
preciosas das vis, o bem do mal, é quase semelhante a Deus, diz Santo Afonso! Quem
sabe verdadeiramente amar a Deus, ganhar a sua graça, conservá-la e fugir do
pecado, sabe tudo quanto é melhor, tem a verdadeira sabedoria. Todas as pessoas
que isto sabem, ainda que sejam as mais pobres, ignorantes e desprezadas do
mundo, são mais sábias do que um Cícero, mais ricas e mais sábias do que um rei
Salomão; porque como diz o Espírito Santo: “O princípio da verdadeira sabedoria
é o temor de Deus – Initia sapientiae timor Domini”. Todas as pessoas
que tem esta sabedoria, tem um tesouro infinito, pelo qual ficam sendo
participantes da verdadeira amizade com Deus – Participes facti sunt
amicitiae Dei. Tais são as almas venturosas que vivem na graça do Senhor.
Os pagãos, guiados só pela sua razão, julgavam impossível que uma criatura
pudesse gozar verdadeira amizade com o seu Divino Criador; e falando segundo a
luz natural, diziam a verdade; porque, como ensina São Jerônimo, a verdadeira
amizade faz os amigos iguais, forma dois corações unidos, duas almas num só
corpo.
Mas o que parecia impossível aos
gentios, é uma verdade da nossa Fé, verdade que o nosso Divino Mestre ensina no
seu Evangelho. Vós sereis meus amigos, diz Ele, se fizerdes o que Eu vos mando,
se cumprirdes os Meus Mandamentos – Vos amici mei eritis, si feceritis quae
ego praescipio vobis (S. Jo. 15, 14). Não Vos chamarei servos, mas sim
amigos, vai Ele dizendo ainda – Jam non dicam vos servos; vos autem dixi
amicos. Oh! Que verdadeira felicidade esta, gozar uma baixa criatura da
terra amizade com o seu Criador pela sua graça! Uma das maiores venturas deste
mundo é qualquer pessoa chegar a ter verdadeira amizade com o seu rei; sendo
assim, entra no seu palácio, fala-lhe quando quer, e pede-lhe tudo o que quer.
Mas, que maior ventura é uma alma tratar amizade com o Rei dos reis, com o
Senhor dos Céus e da terra, vivendo na sua graça!
Porém, ainda não é só isto. Toda
a alma que vive em graça de Deus, não só goza da Sua amizade, mas também é Sua
filha, é a Sua amada, é a Sua esposa, é o Seu templo ou morada; vive unida com
Deus, e Deus com ela: tudo isto ensina o mesmo Deus. Ela é toda bela e
engraçada; um só grau de graça vale mais numa alma, do que toda a riqueza e
formosura do mundo, diz São Tomás, e tem para com Deus toda a estimação. O
Senhor não sabe tirar os olhos daquelas almas que vivem na Sua graça, e está
sempre pronto para escutar o que lhe pedem, se isso lhes convém para a sua
salvação; como Ele mesmo ensina – Oculi Domini super justos, et aures ejus
ad preces eorum (Salm. 33, 16). Faz-lhes tudo quanto lhes pedem para o bem
espiritual, e algumas vezes para o temporal; e recebe com agrado tudo quanto
elas realizam por Seu amor. Oh! Quantos merecimentos adquire qualquer alma que
vive em graça de Deus! Todos os dias, todas as horas e todos os momentos pode
arranjar graus de glória no Céu. Ela ganha em todas as suas boas obras; ganha
em seus trabalhos, se forem guiados e sofridos como Deus manda; ganha comendo e
bebendo, se isto faz unicamente para viver e servir a Deus, e só o que para
isto for necessário; ganha até dormindo.
Até dormindo? Direis vós. Sim,
irmãos meus, porque o nosso corpo não pode continuar nos trabalhos sem algum
descanso; este é indispensável; dormir mais de quatro, cinco, ou ao muito seis
horas, sem causa de moléstia, não deixará de ser excesso, ou algum pecado; mas
este tempo é preciso; e tomando este descanso com o fim de trabalhar depois, e
servir a Deus, nisto mesmo lhe agrada e merece graus de glória. Enfim, toda a
pessoa que anda em graça de Deus, anda sempre aumentando a sua coroa, os seus
merecimentos; e de mais a mais goza uma santa paz na sua consciência. Davi nos
ensina, que todos aqueles que amam e observam a Lei de Deus, tem muito sossego
e vivem descansados – Pax multa diligentibus legem tuam (Salm. 118, 165a). E esta paz, este sossego é tamanho, que
excede todo o prazer que pode causar as melhores coisas deste mundo, como diz o
Apóstolo (Filip. 4, 7). Se Deus às vezes lhes permite alguma tribulação, não
tarda em socorrê-los; se algumas vezes derramaram lágrimas no meio dos seus
escrúpulos, estas lágrimas são misturadas com muitas consolações; não são
lágrimas de desesperação. Finalmente, todos os que servem e amam a Deus, que
andam na Sua graça, vivem e morrem descansados no Senhor. Ah! Quanto é bom à
vista disto gozar a graça de Deus! Quanto é feliz quem assim vive!
Pelo contrário, quanto é mau
viver em pecado mortal! Quanto é infeliz e desgraçada toda e qualquer alma que
anda neste deplorável estado! Ela anda separada do seu Soberano Bem, que é
Deus, e unida com seu maior inimigo, que é o Demônio. Os seus pecados formam um
muro de separação entre ela e o seu Criador. Este, aborrece sumamente toda e
qualquer pessoa que O ofende gravemente, porque é ingrata a tão bom Senhor.
Deus não aborrece alguma das outras criaturas; nem ainda mesmo as mais brutas e
ferozes, como as serpentes, os sapos, estes e outros animais, porque a todos
criou para certo fim, e todos tem um bom destino que o Criador lhes deu, ainda
que nós não o saibamos; e nenhum deles se afasta desse fim ou destino que lhes
deu o seu Criador, como ensina o sábio (Sab. 11, 25-26).
Porém, Deus não pode deixar de
aborrecer muito os pecadores que o ofendem mortalmente, como ensina o seu
Profeta Davi – Odisti omnes, qui operantur iniquitatem (Salm. 5, 7a).
Ele não pode amar o pecado, por ser um grande inimigo seu. Mas se aborrece o
pecado, necessariamente deve também aborrecer e detestar quem o comete. E com
razão, porque os pecadores se afastam do
fim para que Deus os criou, qual foi para o servir e amar, e para os fazer
eternamente felizes. Oh! E que desgraça pode haver maior do que esta? Amar
Deus, as cobras, as formigas, as bestas, e todos os brutos da terra mais do que
os pecadores que andam em pecado mortal! Estimar Deus tantos animais e
animalejos tão feios e medonhos, mais do que as criaturas que Ele criou e
remiu, porque vivem em pecado mortal! Sofrer aqueles, e ameaçar e castigar
estas com rigor! Que desgraça para tais pecadores!
Se alguém tem por inimigo o rei
da terra, ou se cometeu algum grande crime, não vive sossegado, porque teme ser
preso e justiçado; mas o pecador depois de ofender gravemente ao seu Deus,
caindo assim no seu ódio e indignação, com que o pode castigar, como poderá
descansar! O criminoso pode esconder-se, pode até refugiar-se num reino
estranho para escapar-se ao castigo das leis; mas, o pecador, onde se esconderá
a Deus, ou para onde fugirá à Sua justiça! Se acaso se esconder nas covas, aí
está Deus; se procurar os esconderijos da terra, aí o vê Deus; se fugir para o
longínquo mar, aí o observa Deus; se for para o Brasil ou para o fim do mundo,
aí encontra Deus. Este por Sua imensidade em toda a parte está, em toda a parte
governa, em todo lugar o pode castigar, matar e sepultar no Inferno. Enquanto
anda em pecado, anda no seu ódio: está sempre exposto aos Seus tremendos
castigos. Como pode, pois, viver alegre e tranquilo? Que vida tão desgraçada!
Quantos males causa o pecado!
Mas ainda isto não é tudo. O
pecado mortal leva consigo a perda de todos os merecimentos ou boas obras que o
pecador antes tinha feito, e o deixa pobre e privado de todos os bens
espirituais que tinha arranjado. Ainda que o pecador antes do seu pecado
tivesse tantos merecimentos como um São Paulo e outros muitos Santos, ou quais
tanto trabalharam e sofreram por Deus, o mesmo pecador tudo perdeu pelo seu
pecado; ele fica perdido e inteiramente desgraçado. Até de filho de Deus fica
sendo escravo do Demônio; de amigo de Deus fica sendo Seu inimigo; e de
herdeiro do Céu fica sendo herdeiro do Inferno. Que sorte, e que vida esta do
pecador, tão contrária à sorte e à vida
do justo!
O justo, ou todo aquele que ama a
Deus, que observa os Seus Mandamentos, que vive na Sua graça, vive descansado;
nem os perigos, nem os trovões, nem os raios, nem os tremendos castigos, nem a
morte o aterra ou assusta muito, porque com Deus vive, com Deus espera morrer;
achando e possuindo a graça de Deus, achou e possui todos os bens e riquezas,
todas as consolações, ainda mesmo no meio dos maiores trabalhos e padecimentos.
Santo Agostinho depois de convertido dizia: “Senhor, todas as coisas deste
mundo são duras, só Vós sois o verdadeiro descanso – Dura sunt omnia, et tu
solus requies”. São Francisco de Borja dormindo sobre ásperas palhas,
sentia tanta consolação, que não podia descansar. São Francisco Xavier cheio de
trabalhos apostólicos na India, sentia tanto gosto, que dizia muitas vezes:
“Basta, Senhor, não me deis mais consolações, porque o meu coração não pode
suportá-las”. O amor Divino, ou a graça de Deus é semelhante ao mel, que faz
doces as coisas mais amargas, diz São Boaventura.
Oh! Se os pecadores gozassem a
paz e sossego espiritual que gozam os justos, aqueles que vivem em graça de
Deus! Mas não, os pecadores não vivem assim: eles passam uma vida inteiramente
contrária. Os que observam a Lei de Deus tem muita paz ou sossego na sua
consciência, diz o Santo Rei Davi – Pax multa diligentibus legem tuam
(Salm. 118, 165). Mas os miseráveis pecadores não tem paz interior, não acham
descanso, diz o Senhor por Isaías – Non est pax impiis, dicit Dominus
(Is. 48, 22). Se alguns há que vivem alegres, que andam descansados nos vícios;
se alguns há que comem e bebem, dormem e descansam na desgraçada vida do
pecado, não sentindo os seus remorsos, estes são os mais infelizes que no mundo
pode haver; pelos seus maus hábitos ou péssimos costumes, pela grande multidão
de seus pecados mortais, e pela muita ingratidão às graças e benefícios que
Deus lhes tem mandado, caíram no maior ódio e desamparo de Deus; andam cegos
inteiramente, obstinados no mal, e abandonados de todo do mesmo Deus; já dão
provas quase infalíveis da sua eterna condenação.
Mas os pecadores, que ainda não
chegaram a este ponto de desamparo do Senhor, sentem remorsos e mais remorsos;
procuram muitas vezes a paz para a sua consciência, porém não a acham; buscam sossego
para o seu coração nas coisas do mundo, mas não o encontram. Os animais, que
são criados por Deus para as coisas da terra, acham paz e gosto nas coisas da
terra: uma besta, um boi, contenta-se com uma pouca de erva; um cão satisfaz-se
com um bocado de pão; com isto os brutos se contentam e vivem satisfeitos.
Porém, o homem e a mulher, sendo criados para amar a Deus e viverem com Deus,
se o não tem na sua alma, se não gozam a sua graça, não acharão jamais paz na
sua consciência, nem sossego verdadeiro no seu coração, nem alegria completa
nos prazeres ou divertimentos sensuais.
Estes pecadores vão às festas,
aos bailes, aos teatros, a estes e a outros divertimentos para se distraírem, a
ver se acham paz e sossego, mas aí mesmo são muitas vezes atormentados de
remorsos dos seus pecados. Vestem-se à moda e com luxo; enfeitam-se, enchem os
dedos de anéis, comem e bebem a seu gosto, dormem e descansam com o corpo, mas
o seu coração sempre cheio de espinhos e de fel; sempre inquietos ou
desassossegados. Com qualquer coisa se afligem e agoniam; parecem um animal
raivoso, porque lhes falta a graça de Deus. Todo aquele que ama a Deus, ou tem
a sua graça, se conforma com com a vontade do mesmo Deus, e no meio dos
trabalhos e desgraças acha paz e sossego; mas aquele que anda em pecado mortal,
como inimigo de Deus não pode achar este sossego. O desgraçado pecador serve ao
Demônio, a um tirano que o enche de tristeza e amarguras, e por isso assim
viverá enquanto andar em pecado. Ah! Que miserável vida! Que desgraçada sorte!
Que é pois, irmãos meus, que é
uma alma que vive fora da graça de Deus? O Espírito Santo diz, que é um mar
tempestuoso que não tem sossego – Impius autem quasi mare fervens, quod
quiescere non potest. O pecador sofre uma tempestade de remorsos, de
agonias, de desesperações, de aflições; e às vezes ainda neste mundo uma
tempestade de castigos. O mesmo Deus assim o ensina, dizendo: “Pecador, como
não queres servir ao teu Senhor com alegria, servirás ao Demônio teu inimigo
com fome, com sede, com pobreza e necessidade, isto é, sofrerás por amor dele castigos e mais
castigos – Eo quod non servieris Domino Deo tuo in gaudio, servies inimico
tuo in fame, in siti, et nuditate, et omni penuria (Deut. 28, 47-48).
Ó pecadores, que miséria e que
desgraça a vossa! Por via do pecado e do Demônio passardes uma vida tão triste
e amargurada, podendo passar uma vida sossegada e cheia de consolações, se
vivêsseis na graça de Deus! Atrevei-vos a sofrer tantos remorsos e aflições
pelo Demônio, e não sois capazes de sofrer coisa alguma por Deus! Antes quereis
servir a esse tirano do Inferno, que vos promete e dá tantas penas neste mundo
e no outro, do que servir ao Senhor do Céu, que vos promete e dá tantas
consolações nesta e na outra vida, se viverdes na Sua graça! Antes quereis ser
amigos do Diabo, do que amigos e filhos de Deus! Oh! Que vida infeliz, e que
sorte desgraçada! São Francisco de Sales diz, que se os Anjos pudessem gemer e
chorar, vendo a desgraça de uma alma que anda em pecado mortal, chorariam todos
de piedade ou compaixão. Mas a maior desgraça é, diz Santo Afonso, que os
pecadores não gemem sobre o que faria gemer os Anjos se pudessem; a maior
desgraça é que os pecadores não choram sobre a sua vida desgraçada por causa
dos seus pecados.
Se os Anjos não choram, porque
não podem, vós, pecadores, podendo, devendo chorar, por que não chorais? Por
que andais alegres e descansados no pecado? Bem sei, é porque já não conheceis
a vossa desgraça em que viveis; já andais cegos e obstinados. Pecadores, abri
os olhos, e vede o estado em que andais; ponde em paz a vossa consciência por
meio de uma boa confissão e emenda dos vossos pecados. É tempo de deixardes
essa vida do pecado, vida desgraçada, e terdes uma vida sossegada na graça de
Deus. Voltai-vos, portanto, de todo o coração para o Senhor, e dizei: Ó meu
Deus, eu tenho servido mais ao Demônio do que a Vós; por isso, tenho andado
desassossegado; mas de hoje em diante não quero viver senão convosco e na Vossa
graça; saí de mim, Demônios, para fora da minha alma. Muito me pesa, Deus meu,
de Vos ter ofendido tanto, e desgraçado a minha alma; mas proponho nunca mais o
fazer. Dai-me a Vossa graça, movei o meu coração para Vós; ajudai-me, e tudo
farei. E Vós, ó Maria, Mãe de Deus, tende também piedade de mim, ajudai-me com
a Vossa proteção a cumprir os meus desejos de servir e amar a Deus. Amém.
Fonte: Pe. Fr. Manoel da
Madre de Deus, OCD, “Práticas Mandamentais ou Reflexões Morais Sobre os
Mandamentos da Lei de Deus e os Abusos que lhes são Opostos”, Prática 29ª, pp.
730-738; 3ª Edição; Casa de Cruz Coutinho – Editor, Porto, 1871.
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