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Vitória de Santo Tomás sobre os Hereges |
Do
livro “A Suma Teológica em Forma de Catecismo”, obra da qual
escreveu o Santo Padre Bento XV, em carta ao autor, que este soube
“acomodar ao alcance de sábios e ignorantes os tesouros daquele
gênio excelso [São Tomás de Aquino], condensando em fórmulas
claras, breves e concisas, o que ele com maior amplitude e abundância
escreveu”.
P.
Existe algum compêndio das verdades essenciais da fé?
R.
Sim, senhor;
o Credo o Símbolo dos Apóstolos. Ei-lo aqui conforme o reza
diariamente a Igreja:
“Creio
em Deus Pai Todo Poderoso,
Criador
do Céu e da terra;
e
em Jesus Cristo seu único Filho, Nosso Senhor,
o
qual foi concebido do Espírito Santo;
nasceu
de Maria Virgem;
padeceu
sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi
crucificado, morto e sepultado;
desceu
aos infernos;
ao
terceiro dia ressuscitou de entre os mortos;
subiu
aos céus
e
está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso;
donde
há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio
no Espírito Santo,
na
Santa Igreja Católica,
na
Comunhão dos Santos,
na
remissão dos pecados,
na
ressurreição da carne,
na
vida eterna.
Amém.
P.
É a recitação do Credo ou Símbolo dos Apóstolos o ato de fé por
excelência?
R.
Sim, senhor; e nunca devemos cessar de recomendar aos fiéis a sua prática diária.
P.
Podereis indicar-me alguma outra fórmula breve, exata e suficiente
para praticar a virtude da fé sobrenatural?
R.
Sim, senhor; eis aqui uma, em forma de súplica: “Deus e Senhor
meu; confiado em vossa divina palavra, creio tudo o que haveis
revelado para que os homens, conhecendo-Vos, Vos glorifiquem na terra
e gozem um dia de Vossa presença no Céu”.
P.
Quem pode fazer atos de fé?
R.
Somente os que possuem a correspondente virtude sobrenatural.
P.
Logo, não podem
os infiéis fazer atos de fé?
R.
Não, senhor; porque não creem na Revelação, ou seja, porque
ignorando-a, não se entregam confiadamente nas mãos de Deus, nem se
submetem ao que deles exige, ou porque, conhecendo-a, recusam
prestar-lhe assentimento.
P.
Podem fazê-lo os ímpios?
R.
Tampouco, porque, se bem que têm por certas as verdades reveladas,
fundadas na absoluta veracidade divina, a sua fé não é efeito de
acatamento e submissão a Deus, a Quem detestam, ainda que com pesar
seu se vejam obrigados a confessá-Lo.
P.
É possível que haja homens sem fé sobrenatural, e que creiam desta
forma?
R.
Sim, senhor; e nisto imitam a fé dos Demônios.
P.
Podem crer os hereges com fé sobrenatural?
R.
Não, senhor; porque, embora admitam algumas verdades reveladas, não
fundam o assentimento na autoridade divina, senão no próprio juízo.
P.
Logo, os hereges estão mais afastados da verdadeira fé, que os
ímpios e que os mesmos Demônios?
R.
Sim, senhor; porque não se apoiam na autoridade de Deus.
P.
Podem crer com fé sobrenatural os apóstatas?
R.
Não, senhor; porque desprezam o que haviam crido por virtude da
palavra divina.
P.
Podem crer os pecadores com fé sobrenatural?
R.
Podem, contanto que conservem a fé, como virtude sobrenatural; e
podem tê-la, se bem que em estado imperfeito, ainda quando, por
efeito do pecado mortal, estejam privados da caridade.
P.
Logo, nem todos os pecados mortais destroem a fé?
R.
Não, senhor.
P.
Em que consiste o pecado contra a fé chamado infidelidade?
R.
Em recusar submeter o entendimento, por veneração e amor de Deus,
às verdades sobrenaturalmente reveladas.
P.
E sempre que isto acontece, é por culpa do homem?
R.
Sim, senhor;
porque resiste à graça atual com que Deus o convida e impele a
submeter-se.
P.
Concede Deus esta graça atual a todos os homens?
R.
Com maior ou menor intensidade e em medida prefixada
nos decretos de sua providência, sim, senhor.
P.
É grande e muito estimável a mercê que Deus nos faz, ao
infundir-nos a virtude da fé?
R.
É em certo modo a maior de todas.
P.
Por quê?
R.
Porque, sem fé sobrenatural, nada podemos intentar em ordem à nossa
salvação, e estamos perpetuamente excluídos da glória, se Deus
não se digna conceder-no-la antes da morte.
P.
Logo, quando se tem a dita de possuí-la, que pecado será,
frequentar companhias, manter conversações ou dedicar-se a leituras
capazes de fazê-la perder?
R.
Pecado gravíssimo, fazendo-o espontânea e conscientemente, e de
qualquer modo ato reprovável, que sempre o é, expor-se a semelhante
perigo.
P.
Logo, importa sobremaneira escolher com acerto as nossas amizades e
leituras, para encontrar nelas, não embaraços, mas estímulos para
arraigar a fé?
R.
Sim, senhor;
e especialmente nesta época, em que o desenfreio de expressão,
chamado liberdade de imprensa, oferece tantas ocasiões e meios de
perdê-la.
P.
Existe algum outro pecado contra a fé?
R.
Sim, senhor;
o pecado da blasfêmia.
P.
Por que a blasfêmia é pecado contra a fé?
R.
Por ser diretamente oposta ao ato exterior da fé, que consiste em
confessá-la por palavras, e a blasfêmia consiste em proferir
palavras injuriosas contra Deus e seus Santos.
P.
É sempre pecado grave a blasfêmia?
P.
O costume de proferi-las escusa ou atenua a sua gravidade?
R.
Em vez de atenuá-la, agrava-a, pois o costume demonstra que se
deixou arraigar o mal, em lugar de dar-lhe remédio.
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Fonte:
Rev. Pe. Thomás Pègues, O.P., “A Suma Teológica de Santo Tomás
de Aquino em Forma de Catecismo”, 2ª Parte, 2ª Secção, Cap. II,
pp. 91-94, da Edição Brasileira.
A Suma Teológica, principal documento, do Santo Angélico, foi resumida
com a melhora da linguagem para iniciantes pelo Pe. Tomás Pègues, O.P.
em francês em 1919 e traduzido ao português por anônimo em 1942 e
reproduzido pela Editora SCJ, de Taubaté e já extinta, em forma de
catecismo. Esta obra tem o beneplácito de Dom Gil Antônio Moreira e do
Santo Padre Bento XV.
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