Hoje
celebramos a festa de São José operário, patrono dos
trabalhadores. Desejoso de ajudar os trabalhadores a santificar o seu
dia, já mundialmente comemorado, o Papa Pio XII instituiu esta festa
de São José, modelo do trabalhador. De origem nobre da Casa de
Davi, ganhando a vida como simples carpinteiro, São José harmoniza
bem a união, não a luta, de classes que deve existir em uma
sociedade cristã.
O
trabalho é obra de Deus. Deus, ao criar o homem, colocou-o no jardim
do Éden para nele trabalhar. O trabalho existe, portanto, antes do
pecado. Depois deste, passou a ter a conotação de penitência, pois
adquiriu uma nota de dificuldade e o necessário esforço para
desempenhá-lo: “Comerás o pão com o suor do teu rosto” (Gn
3,19).
Assim,
o trabalho tem o aspecto natural necessário para o nosso sustento e
o aspecto adicional de penitência, pois ele contraria nossa
tendência, exacerbada pelo pecado, à preguiça e ao relaxamento. O
trabalho é algo muito digno e nobre, seja ele qual for, desde que
seja honesto e nos encaminhe para Deus, seu autor. Desse modo, o
trabalho é santificador. O nobre e o mais humilde.
O
trabalho é também expressão do amor. “A expressão quotidiana
deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O texto
evangélico especifica o tipo de trabalho mediante o qual José
procurava garantir a sustentação da Família: o trabalho de
carpinteiro. Esta simples palavra envolve toda a extensão da vida de
José. Para Jesus este período abrange os anos da vida oculta, de
que fala o Evangelista, a seguir ao episódio que sucedeu no templo:
“Depois, desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2,
51).
Esta
submissão, ou seja, a obediência de Jesus na casa de Nazaré é
entendida também como participação no trabalho de José. Aquele
que era designado como o ‘filho do carpinteiro’, tinha aprendido
o ofício de seu ‘pai’ adotivo. Se a Família de Nazaré, na
ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as
famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho de Jesus ao
lado de José carpinteiro. Na nossa época, a Igreja pôs em realce
isto mesmo, também com a memória de São José Operário, fixada no
primeiro de maio.
O
trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho
uma acentuação especial. Juntamente com a humanidade do Filho de
Deus, ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi
redimido de maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho,
junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus,
José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção” (S.
João Paulo II, Ex. Apost. Redemptoris Custos).
Para
uma sadia economia, são necessários o trabalho e o capital, como
ensina o Papa Leão XIII na sua clássica formulação: “Elas (as
duas classes – a dos detentores do capital e a dos que oferecem a
mão-de-obra) têm imperiosa necessidade uma da outra: não pode
haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Rerum
Novarum 28). E fundamenta o “direito de propriedade mobiliária e
imobiliária” (incluídos os bens de produção) no fato de ela, a
propriedade, nada mais ser do que “o salário transformado”
(Rerum Novarum 9).
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