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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 2 de novembro de 2021

O PURGATÓRIO, NAS VISÕES DE UMA MÍSTICA.


Em 14 de Março de 1910 faleceu na cidade de Pointre Claire, no Canadá, uma mulher extraordinária, santa mãe de família, um modelo de esposa e cristã verdadeira, Madame Brault, Maria Luíza Richard. A publicação da vida extraordinária e maravilhosa desta grande mística, há bem pouco, causou sensação em todo mundo, tais os prodígios contados e provados desta mulher que se pode enfileirar ao lado de Ana Maria Taigi e das grandes místicas da Igreja. Dotada de uma grande simplicidade, espírito bem equilibrado e sensato, de uma piedade muito provada e sincera, hoje está perfeitamente averiguado que não se tratava de nenhum espírito mistificador nem de alguma falsa visionária. Teólogos e Prelados ilustres examinaram fatos, Confessores doutos e esclarecidos depuseram como testemunhas fidedignas no exame dos fatos impressionantes da vida maravilhosa desta grande mística de nosso século. Madame Brault tinha contato com as Almas do Purgatório e como o Santo Cura d’Ars podia dar testemunho da sorte das pobres almas. Dizia ela chorando, num dia de Finados: “Os egoístas da terra se esquecem dos mortos. Como deve ser cruel para as pobres Almas do Purgatório o abandono do homem! Dizem que amam os pais e parentes defuntos! Que mentira! Nós que amamos a Deus devemos amar nossos amigos do Purgatório todos os dias de nossa vida. Eu gostaria de ser capaz de sofrer sozinha tudo o que padecem as Almas do Purgatório para poder libertá-las.

Madame Brault teve muitas visões das Almas do Purgatório. Elas lhe pediam orações, Missas e sacrifícios. As pessoas que ela via eram desconhecidas às vezes e fizeram inquéritos rigorosos de datas, lugares e circunstâncias, chegando-se à conclusão da impossibilidade de qualquer mistificação. Eram impressionantes as revelações desta mística. Em 1905, uma religiosa acompanhada de outra foi visitar Madame Brault. “Não quero visitar esta louca”, disse a Mestra de Noviças. “Ó, minha irmã, não diga assim! Madame é tão equilibrada e santa, tão discreta e humilde!” Afinal, tiveram uma entrevista com ela. Foi uma palestra amável e singela. Depois de alguns instantes, Madame Brault chamou a Irmã e lhe disse: “Minha Irmã, a senhora não reza mais por seus parentes falecidos?”

Meus parentes morreram há muito tempo e eram muito bons, devem estar no Céu.

Sim, vosso pai e vossa mãe estão no Céu. Um irmão, porém, morreu repentinamente em tal lugar e tal data, e um sobrinho. E a senhora nunca mais rezou por eles. É preciso dizer ao sobrinho que vai se ordenar, que digo logo algumas Missas por seu tio.

A Religiosa pasmou diante do que ouvira. Era impossível que Madame tivesse tido informações tão fiéis de seus parentes. Outra Irmã perdera o pai em 31 de Julho de 1903. Madame Brault lhe disse: “Tenha confiança, Irmã, seu pai está no Céu. Tinha ele uma grande devoção à Santíssima Virgem, gostava de rezar o rosário e morreu num Sábado. Naquele Sábado mesmo Nossa Senhora o fez entrar no Céu.

Ela nunca ouvira falar deste homem, e não lhe era possível conhecer tal pessoa.

Sejamos libertadores das Almas do Purgatório”, repetia ela depois dos êxtases. “Nosso Senhor nos deu as chaves da prisão do Purgatório: a oração, o sofrimento, o sacrifício…”.

No dia 21 de Dezembro de 1907, na relação que foi obrigada a fazer por escrito ao seu Diretor espiritual, viu ela um Padre no Purgatório. Estava revestido de ornamentos sacerdotais e com um cálice todo em fogo. As mãos pareciam roídas e apareciam até os ossos. Úlceras por todo o corpo e torturas horríveis. À vista deste tormento, Madame Brault gemeu: “Ó meu Bem Amado, meu Jesus, quero sofrer por esta alma; por que não me dais a graça de sofrer mais para aliviá-la? Depois vi Jesus se aproximar do Padre e derramar sobre aquelas chagas seu precioso Sangue. As chagas cicatrizaram-se e as cadeias do pobre Sacerdote caíram. Depois, meu Jesus me disse que libertaria aquela alma pelas minhas orações. A face do Padre ficou limpa das úlceras, uma bela estola roxa lhe adornava o pescoço e os paramentos me pareceram mais brilhantes e belos. Jesus me disse que libertaria a alma do Sacerdote”.

No dia de Finados de 1908, foi a cemitério rezar pelos mortos e viu, Madame Brault, muitos mortos que lhe apareciam saindo das sepulturas em queixas doloridas de cortar o coração: Estamos esquecidas de nossos parentes! Não rezam por nós! Nossos amigos nos esqueceram, nos abandonaram!!!

Fez ela uma Via Sacra pelos defuntos e se retirou muito amargurada, pelo esquecimento dos pobres mortos.

Compreendo, dizia ela ao Confessor, o martírio das pobres almas nas chamas do Purgatório!” Viu um Padre conhecido no Purgatório que lhe disse: “Eu sofro muito por ter rezado tantas vezes meu Breviário quase sem pensar que falava com Deus e por rotina, e também pela minha pouca preparação e ação de graças muito rápida depois da Santa Missa”.



Enfim, seria longo narrar as impressionantes visões do Purgatório de Madame Brault, a grande mística de nossos dias. A biografia desta mulher extraordinária foi publicada pelo Pe. Louis Bouhier, S.S., antigo pároco da vidente. É a obra “Une mystique canadienne – Vie extraordinaire de Madame Brault” – Vie extraordinaire de Madame Brault – Edition Beauchemim, 1941.



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Fonte: Mons. Ascânio Brandão, “Tenhamos Compaixão das Pobre Almas!”, 27 de Novembro, pp. 215-218. 2ª Edição, Editora “AVE MARIA” Ltda, São Paulo/SP, 1956.


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