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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 10 de setembro de 2023

O SANTÍSSIMO NOME DA VIRGEM MARIA.


FESTA DO SANTÍSSIMO NOME DE MARIA1

Como era costume entre os judeus, oito dias depois da Virgem Santíssima nascer, os seus pais deram-Lhe, inspirados por Deus, o Nome de Maria. A Liturgia, que celebra o Santíssimo Nome de Jesus poucos dias depois do Natal, instituiu esta festa ao Santo Nome de Maria dentro da Oitava da Natividade. A Espanha, por aprovação do Romano Pontífice, concedida em 1513, foi a primeira a celebrar esta festa. Inocêncio XI, em 1683, estendeu-a à Igreja Universal, em ação de graças pela vitória alcançada por João Sobieski, rei da Polônia, sobre os turcos que tinham cercado Viena e ameaçavam o Ocidente. O nome Maria, que é hebreu, quer dizer em português, Senhora Soberana. E a Senhora é realmente Soberana, em virtude da soberania que Lhe foi conferida pelo Filho, Rei e Soberano do Universo. Chamemos a Maria, Nossa Senhora, pelo mesmo título que chamamos a Jesus Nosso Senhor. Pronunciar o Seu nome é afirmar o seu domínio, implorar o seu auxílio e colocarmo-nos debaixo da sua proteção maternal.

Curva-se-ão diante de Ti os mais ricos do povo. As virgens serão apresentadas ao Rei depois d’Ela. As suas companheiras ser-te-ão apresentadas com alegria e com júbilo. Saiu do meu coração uma palavra boa: consagrarei ao Rei todo o meu ser”.

Oremos: Concedei, Senhor Onipotente, que, alegrando-nos com a proteção e o Nome da Santíssima Virgem, mereçamos, por sua intercessão maternal, ser livres de todos os males na Terra e alcançar a glória eterna no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo… Amém.


NA COLMEIA DA MEDITAÇÃO


Primeira Parte2

1º – Importância do Nome. É um dos primeiros atos que se realiza quando nasce uma criança, o dar-lhe um nome. – Todos lembram com carinho a festa do seu nome e costuma celebrar-se com solenidade semelhante, e por vezes ainda maior, do que a do dia do aniversário natalício. É uma das festas de família em que ao celebrar-se o Santo do nome do pai ou da mãe, se manifestam mais as suavíssimas expansões e alegrias profundas dos filhos.

Recorda estas festas e as que com motivo do Santo do teu próprio nome terás celebrado…; felicitações, obséquios, presentes, visitas… etc., tudo isto é próprio deste dia. – Pois bem, hoje meditemos a Festa do Nome de Maria… a Festa do dia do Santo da Santíssima Virgem… Grande dia, grande festa deve ser para os seus devotos, para seus filhos amados!

Pensa, além disso, que a importância do nome depende da conformidade com a pessoa, isto é, que quanto melhor a representar, mais adequado será aquele nome. – No mundo muitas vezes dão-se os nomes por capricho dos pais, por lembranças de família… nunca se atende a que seja digno e represente adequadamente a pessoa. – Porém, em Maria não foi assim. – Não era conveniente que se Lhe impusesse qualquer nome, senão um que reunisse todas as graças e maravilhas que Deus havia encerrado n’Ela. Por isso, ninguém podia dar-Lhe um nome completo e adequado senão o próprio Deus… E esse Nome é Maria!

2º – Grandeza deste Nome. Já se compreende qual será esta grandeza se o próprio Deus é o Autor dele. – Tanto mais, que Deus nos deu n’Ele como que um resumo do que é a Santíssima Virgem. Quando o Senhor escolhia a alguém para alguma coisa de extraordinário, o que primeiro fazia era mudar-lhe o nome, para que esse novo nome que Ele lhe dava correspondesse ao altíssimo fim a que destinava essa pessoa. – Assim mudou o nome de Abraão…, impôs o nome de Isaac… por meio de um Anjo, indica a Zacarias como se chamará o Precursor e lhe diz que será João…

O mesmo Jesus Cristo ao fundar a Igreja e ao eleger entre os Apóstolos o que será sua cabeça e fundamento, Simão, também lhe muda o nome e lhe chama Pedro. – Agora pergunta a ti mesmo, que vale a dignidade e importância do ofício confiado a Abraão, a Isaac, ao Batista e a São Pedro, em comparação com a dignidade e com o destino de Maria? – Quem pode, pois, dar-Lhe um nome digno dessa grandeza senão o próprio Deus?

Nós podemos chamar-nos de muitas maneiras, e como agora por vontade de nossos pais temos este nome atual, podíamos ter outro muito diferente. – Porém, com a Santíssima Virgem não foi assim…, chamou-A Maria e não pode ter outro nome, porque o próprio Deus não encontrou outro modo melhor de A chamar. – Vê, pois, que magnífico, que sublime não é este Santíssimo e Dulcíssimo Nome!

Em certo modo pode dizer-se, que vale tanto quanto a própria Santíssima Virgem, pois que, a Ela representa. – Por isso, o Evangelho que tão poucas palavras diz da vida de Maria, não omite este pormenor de tanta importância e expressamente diz: “e o nome da Virgem era Maria”.3 Assim, afirma São Pedro Damião, “que o nome de Maria foi tirado desde toda a eternidade dos tesouros da própria Divindade, quando no Céu foi decretada a Redenção mediante a Encarnação do Verbo”.

3º – Utilidade deste Nome. Tira, pois, por conclusão, como devemos respeitar e venerar este Santíssimo Nome e como depois do Nome de Jesus, não há outro nome nem mais Santo, nem mais doce, nem mais útil para nós, que o Nome de Maria.

Se o Nome de Jesus é santificador, também o Nome de Maria nos santifica, se soubermos pronunciá-Lo com o respeito e amor que merece.

E aqui está por que depois do Nome de Deus e do de Jesus, o Nome de Maria é o mais popular de todos. – As Mães ensinam-No a seus filhos…, os doentes e atribulados assim A chamam; os moribundos, deste modo A invocam… Quantas igrejas, quantas ermidas levantadas em todo o mundo em honra do nome de Maria!… Quantos pecadores convertidos só com esta invocação!… Quantos milagres realizados com a invocação do Nome de Maria!

Nada há mais doce às almas santas, nem mais proveitoso às pecadoras, do que juntar estes dois Nomes benditos de Jesus e Maria e pronunciá-Los e invocá-Los muito constantemente, para acostumar-se a tirar deles a imensa utilidade que a sua frequente repetição traz às almas.

Tu fazes assim? Procuras estudar a importância e a grandeza divina deste Santíssimo Nome? – O pronuncias muitas vezes com verdadeiro fervor, especialmente nas tentações, dificuldades, contrariedades e desgostos da vida? – Procuras, sobretudo, tê-Lo bem gravado no fundo do teu coração?…



Segunda Parte4

Se este Nome não nos pode ser indiferente, antes deve interessar-nos muito saber conhecê-Lo e pronunciá-Lo com fervor, é muito importante que nos detenhamos a examinar e a meditar o que ele significa. – É difícil acertar com o seu verdadeiro significado… Dão-se mais de trezentas significações dele, e foi providência do Senhor que significasse muitas coisas e todas muito boas, para dar-nos a entender que na Santíssima Virgem se reúnem todas as excelências e perfeições. – De todas estas interpretações vejamos as mais prováveis, que são as seguintes:

1º Formosa. Melhor ainda, “a Formosura”, por excelência, como se quisesse significar que só Ela é “a formosura”, e que qualquer outra fora d’Ela não existe senão na aparência. – “Formosa como a lua”, canta a Igreja; porque assim como nas trevas da noite, onde tudo é feio e triste, aparece a luz plácida, serena e bela da lua, realçando no meio das trevas e brilhando mais que todas as estrelas juntas… assim Maria destaca-Se e eleva-Se pela Sua branca formosura e comunica-a a todos os que d’Ela querem participar.

A Igreja também a chama – Tota Pulchra. – Toda formosa, pois que n’Ela não há nada que não seja formoso: seu Corpo, sua Alma, seus Olhos, seus Sentidos, seu Coração… tudo; porque n’Ela não há nada feio, ou manchado com alguma coisa que embacie essa formosura. Pensa no que o mundo chama formoso e convencer-te-ás de que ele nem sequer conhece a sombra do que é a formosura. A uma beleza corporal, muitas vezes artificial, sempre aparente, pois apenas é uma coisa exterior e nada mais… a isso chama ele formosura…; com essa formosura se contenta…; não conhece outra. Ao contrário, olha para Maria e a todo o momento a verás formosíssima, e Toda Formosa. Que bem quadra este Nome a Maria, se o significado de Maria é este!

2º Senhora e Dominadora. E é de fato verdadeira Senhora. – Nunca foi escrava, nem serva do Demônio… do pecado… das paixões… Escrava só do Senhor…; e por isso mesmo Rainha e Senhora. – O povo cristão assim o entende e por isso A chama Nossa Senhora.

Recorda como é Senhora dos Anjos, que se gloriam de poder servi-La. – Eles, foram muitas vezes seus servos; na Anunciação, na Fugida para o Egito, na Gruta de Belém… no mesmo Calvário, Anjos de dor foram a ampará-La e a chorar com Ela. – É Dominadora dos próprios Demônios que A temem, só com ouvir-lhe o Nome. – A este Santo Nome ajoelham os Céus, a terra e os abismos. – O Demônio teme a Senhora, ainda mais do que a Jesus, pois, assim quis Deus para que a humilhação fosse maior e mais admirável o triunfo de Maria.

E, finalmente, Senhora dos homens. Mas, Senhora e Rainha de Misericórdia. – Jesus dividiu o seus Reino e o seu Cetro, e ficando Ele com a Justiça, como Juiz que é dos vivos e dos mortos, deu a Maria o poder da Misericórdia. – A sua grandeza e majestade não ofende, não aterra; pelo contrário, arrasta amorosamente, mas com força, ainda que seja muito suave esta força. – Vê se não sentes em ti isto mesmo ao prostrar-te aos pés desta grande Senhora. Por isso, é Rainha e Senhora dos corações. – Ninguém, senão Ela, tem direito a mandar nos nossos corações.

Examina se é Ela que realmente manda e dispõe, como Senhora absoluta do teu coração.

3º Mar e Estrela do Mar. O mar é o conjunto de todas as águas da terra e do Céu, que caiem por meio da chuva e a ele vão parar.

Assim, diz o Gênesis, que ao criar Deus a terra, reuniu todas as águas num ponto e chamou-as Mar. – Do mesmo modo sucedeu com Maria; todas as graças que o Senhor repartiu pelas criaturas, Anjos e homens, reuniu-as em Maria – e por isso, é o mar de graças onde se encontram todas as que queiramos buscar.

Do mar se levantam as nuvens, que logo caiem em forma de chuva a fecundar a terra; assim derrama Maria do Oceano imenso das Suas graças, as que fazem frutificar as almas em virtude e santidade. As águas do mar são amargas como foram amargas as penas do Coração de Maria, verdadeiro mar de amarguras, pois sofreu mais do que todos os corações juntos, na Paixão de seu Filho. – Por isso, se chama a Rainha dos Mártires, por ter padecido mais que todos eles.

Finalmente, é Estrela do Mar, porque é a Luz que guia os navegantes deste mar do mundo…, do mar das paixões, que é no que mais facilmente podemos naufragar…, no qual navegamos geralmente às escuras, pois que a todo o instante nos cega o amor-próprio e a força da paixão dominante. – Ela é a Estrela que está no alto, para que sempre a possamos ver…, para que a possamos encontrar sempre. – Por isso, A colocou Deus tão alto, para que de qualquer parte A vejamos; mas também por isso mesmo, não A podemos ver sem levantarmos os olhos…, quanto mais os abaixares para veres as coisas da terra menos A encontrarás. – Vês como fica bem à Virgem Santíssima este Nome em todos e em cada um destes significados! – Compreendes, portanto, porque só a Ela convêm Nome tão excelso? – Trabalha por imitá-La e tê-La sempre presente, repetindo sem cessar este dulcíssimo Nome, como se gosta de repetir o nome de uma pessoa que se ama.


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1.  Missal Quotidiano e Vesperal, por Dom Gaspar Lefebvre, beneditino da Abadia de São André, Sinopse e Intróito da Missa do Santíssimo Nome de Maria (12 de Setembro), p. 1599. Desclée de Brouwer & CIE, Bruges (Bélgica). 1952. Cfr. Sl. 44, 13.15-16.

2.  Dr. D. Ildefonso Rodriguez Villar, “Pontos de Meditação sobre a Vida de Nossa Senhora”, 13ª Meditação, pp. 61-64. Tradução da 5ª edição, revista pelo Pe. Manuel Versos Figueiredo, S.J., Livraria Figueirinhas, Porto, 1948.

3.  Luc. 1, 27.

4.  Dr. D. Ildefonso Rodriguez Villar, ob. cit., 14ª Meditação, pp. 65-69.


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